BRIGS E BRIGĀ (IV)
B.90.-
RANHOVRE / RAÑOBRE (197 hab.- Osseiro, Arteijo, Crunha)
'noticia
de hereditatibus quas habet Petrus Odoarii in
Ponte, terciam partem integram de Sumessu, terciam integram de
Ranoure,
quartam integram de Manue.'
(Sobrado 1202)
Se
nom é assimilaçom temperá *βlaniobre
> *βraniobre > Raniobre
'Castro (do) Cham', do que nom hai prova, será tal vez *Reginobris,
de *regini- 'duro' (Matasovic
s.v.), ou pode que dum derivado de *reg- 'rei, governar' (IEW:
854-57): *Reg(i)nobre > *Regnobre > Ranovre /raɲoβɾe/.
Prósper
propom um primeiro elemento baseado em *rannā
'fronteira' < IE *rndh-nā,
ou em *pras-na 'parte' > antigo irlandês e antigo
galês rann (2002: 379); eu nada
oponho, sempre que assuma a mediaçom dum sufixo com iode:
*Rann-yo-bris.
B.91.-
SANÇOVRE(?) / SANSOBRE (32 hab.- Vimianço, Vimianço, Crunha)
O grupo [ns]
nom pode ser primário (por se reduzir geralmente em [s:] > [s]),
polo que, seguindo a Prósper (2002: 379) considero que temos acô um
provável *Sançovre, de *Sentiobris, do proto-céltico *sentu-
'senda' (cf Matasovic s.v.), de onde antigo irlandês sēt
galês hynt bretom hent
'caminho, senda', ou melhor, de *sentiyo-,
galês médio hennydd
'companheiro', bretom hantez
côrnico hynsads 'vizinho' (IEW:
908; Matasovic. s.v. *sentu-) A abertura do /e/ átono em
sílaba inicial em /a/ é frequente na evoluçom da língua popular
galega (cf Ferreiro 1999: 52). Consequentemente, 'Castro do Caminho',
ou 'Castro dos Companheiros' (ou 'dos Vizinhos'), nomes bons e
generoso, a boa fé que si.
B.92.-
SEIXAVRE / SEIXABRE (108 hab.- Mos, Ponte Vedra).
B.93.-
XEIXAVRE / XEIXABRE (mato, Ortonho, Ames, Crunha)
Poderia vir
tal vez de *Seisabris
< *Segisa-bris,
com palataliçazom de /s/ polo iode. Nesse caso, a *sego-
'forte' (Matasovic s.v.), co sufixo comparativo -is-:
'O castro máis forte'. Nom obstante, dado que os nossos Sísamo
e Sésamo procedem provavelmente de *Segisamo-, a orige pode
ser bem distinta.
B.94.-
SEABRA (Zamora, Leom)
O nome da
comarca leonesa da Seabra (leonês Senabria,
castelám Sanabria) é bem
conhecido de antigo, Seabria
< Senabria
< *Senabriga.
Com
respeito à etimologia do topónimo , 'Castro Velho' se
do céltico *seno- 'velho'
(Matasovic s.v; IEW: 907-908), mais cabem outras opçons (v. Prósper
2002: 341).
'ad
Auriensem: Palla Auria, Vesugio, Bevalis, Teporos, Guereus, Pincia,
Passavit, Verecanos, Senabria,
Galabacias maiores.'
(CODOLGA: Liber Fidei – Divisio Theudemiri 569)
'ad
Auriensem. Palla auria. Vesugio. Bebalos. Teporos. Geviros. Pincia.
Cassavio. Verecanos. Senabria'
(CODOLGA:
Lugo – Divisio Theudemiri 569)
'Veremundus
Paez de Senabria'
(CODOLGA:
Lugo
929)
'ecclesias
quae sunt in Bregantia pro illo rivulo quod dicitur Tuella, et
discurrit usque dum intrat in Dorio contra Zamoram, ad partem
Orientis, de Aliste et Sanabria, Tribes,
Caunoso, Caldelas, Courele et Cairoga et Yurres ad integritatem ut
illas obtinuistis de patri nostro divae memoriae dominus Ranimirus
rex' (CODOLGA: Astorga 954)
'fundatus
in territorio Senabriense subtus mons Sispiaco super
maris lacum' (CODOLGA: Castanheira 1028)
'Sancti
Iacobi de Requixo que est in
Senabria'
(CODOLGA:
TB 1183)
'maiorinis
Michele Iohannis de Seabria'
(CODOLGA: Ourense
1223)
'Mendo
de Seabre'
(TMILG: Vida e Fala, 1443)
As gentes
galego-falantes da 'Alta Sanabria' (concelhos de Hermisende, Porto,
Lubiam e Pias) chamam xabreses às
gentes da Sanabria, tradicionalmente de fala leonesa: Xiabreses
< Seavreses
< *Senabrienses.
Nom sei se hai
quaisquer relaçom co nosso senra/seara/serna < senara
? '(monte) cavado / cultivado / roçado'.
B.95.-
XABREGA (lugar e rio à beira
do Sil, Sober, Lugo)
Antigo
Portum de Senabreca (Moralejo nom semelha conhecer este
topónimo, cf Moralejo 2010: 478); hoje, lugar e rio de Xabrega,
á beira do Sil, em Sober, Lugo:
'ripas
et saltos et piscarias fluminum, et ipsum portum de Senabreca
ab integro' (CODOLGA: Ribas de Sil 921)
'ecclesiarum
mearum Sancte Marie Bulmenti et Sancti Petri de Sanabrega'
(Colecçom diplomática de St. Cristina de Ribas de Sil: 876)
'et
saltibus et piscariis predicti fluvii Silis cum portu de Senabrega
integre' (CODOLGA: Ribas de Sil 1214)
Máis tarde, no século 14, foi granja do mosteiro de Santa Cristina, tal e como se lê na colecçom diplomática, já o seu topónimo na forma Seabrega. Aparentemente,
é um derivado adjectival em -kā sobre um lugar de nome Senabre; ou
bem é um caso singular de preservaçom do /g/. A evoluçom mais
provável é *Senabrica
> Senabrega >
*Seabrega > *Xabrega
'(A do) Castro Velho'.
Moito
interessante o post
adicado a este lugar (no seu blogue) polo profesor Antón
Rodicio.
B.96.-
XIAVRE / XIABRE (monte nos concelhos de Caldas-Catoira-Vila
Garcia, Pontevedra)
O monte
Xiavre, de 640 metros, separa o val de Caldas das Terras de Arousa,
sendo um importante ponto visual em toda a ria. Ainda que nom acho
documentaçom medieval del, o seu nome é quase com total seguridade
a forma local correspondente à Senabria
zamorana: Senabri
> Seavre
> Xiavre.
B.97.-
XABRE (mato, Moanha,
Pontevedra)
Lugar
nom habitado, em Domaio, Moanha. Provavelmente de Senabri.
B.98.-
Santa Marinha de SILHOVRE / SILLOBRE (freguesia com 1197 hab.-
Fene, Crunha)
Na idade média
alternam formas com /e/ e /i/, provavelmente indicando um étimo
*sil-, com /i/ breve, ou com /e/
breve é metafonia (latim meliore
> galego melhor / milhor).
Nom desboto o céltico *sīlo-
'semente, descendência' (Matasovic s.v.); a nível semántico é
atraente o PIE *sel- 'vivenda,
assentamento' (Oxford: 223), ainda nom tendo deixado restos nas
línguas célticas:
'in
Besaucos ecclesie sce. Eulalie in Caurio. scm. Uincentium in Carois.
scm. Tirsum in Magobre. sca. Eulalia in Lubre. scm. Iulianum in
Siliobre. scm. Iacobum iuxta Siliobre.' (CODOLGA:
Santiago 830)
'facerem
tibi textum scripture firmitatis sicut et facio de ecclesia de sancta
Marina de Selioure, et est inter duos flumines Eume et Iuuia,
subtus monte Budlio' (CODOLGA: Júvia 1044)
'una
que est in territorio Bisaquis vocitant illa Saa, et iacet in valle
de Sillovre discurrente ad aulam Sancti Iuliani, secus flumen
Iuvie' (CODOLGA: Caaveiro 1102)
'in
territorio Bisaquis, una servicialia integra, discurrente ad aulam
Sancte Marine de Sillovre, secus flumen Iuvie, subtus monte
Coto.' (CODOLGA: Caaveiro 1105)
'Froyla
presbiter ecclesie sancti Iacobi de Baraliobre confirmo. Froyla
presbiter ecclesie sancti Mametis de Laragia confirmo. Iohannes
presbiter ecclesie sancte Marine de Seliobre confirmo.
Ordonius presbiter ecclesie sancti Saluatoris de Seliobre
confirmo' (Historia Compostelana 1110)
'et
in terra Bisauquis in uilla de Silobre totum meum directum.'
(CODOLGA: Júvia 1196)
'un
agro que jaz sobrela egreja de Uilla Noua en Seloure a chantar
de pereyros e de maceyras ou doutras aruores' (Documentos s XII-XIII
1259)
Houbo
um lugar português de igual nome, ainda que na variante briga: 'meas
ecclesias qui sunt fundatas sancto martino de Seliobria et
sancta cristina' (PMH: 907)
B.99.-
TALHOVRE / TALLOBRE (9 hab.- Ouviaño, Negueira de Munhiz, Lugo)
Supostamente
de *Taliobris, onde o primeiro elemento lembra a um certo hidrónimo
(rio Tálhara, em Lousame), tal vez de IE *(s)tel-
'deixar fluir' (IEW: 1018). Embora **, provavelmente provem de *tel-
'cham, plano' (IEW: 1061), donde o céltico *talu-
'fronte, parte alta da cabeça' (Matasovic s.v.; Delamarre s.v.), do
que antigo irlandês talam 'A
Terra', galês, córnico, bretom tal
'fronte'. Logo, Talhovre pode ser 'O Castro (do) Cham / O Castro da
Fronte / O Castro de Arriba', dependendo da evoluçom semántica
seguida pola palavra.
B.100.-
Santo André de TROVE / TROBE (freguesia com 46 hab.- Vedra,
Crunha)
Pode proceder
dum étimo similar ao do anterior topónimo, como sugere a sua forma
máis antiga Talobre, mais
nom desboto umha relaçom directa co antigo hidrónimo Talegio,
hoje Teo:
'de
Talobre
modium I; de Talegio quartas VI; de Vaamundi modium I.; de sco.
Andrea quartas III; de sco. Juliano modium I; de sco. Felice mod. I;
de Lestedo mod. I; de Sergudi mod. I; de Lamas quartas III; de Vigo
mod. I; de Laureda mod. I; de Geadanes quartas II; de Previdinos mod.
I; de Foganes mod. I; de Aural mod. I; de Minuci q.tas III' (CODOLGA:
Santiago 914)
'monasterio
Sancti Andree uocitato Talobre cum omni suo debito et
creatione et suis omnibus adiunctionibus ubique; Pausata cum suos
hominibus et apendiciis, que est sita in Ripa Ulie; hereditatem omnem
de Froila Didaci, tan solia quam domos, inter Uliam et Tamar
consistentem' (CODOLGA: TA
1107)
'regalengo
et infantatico quod habeo inter Uliam et Tamar pernominato de
Talobre' (CODOLGA: TA
1112)
'et
dent de ipsa ecclesia Sancto Justo modios III de pane annuatim per
taleyga de Tohoure'
(Tojos Outos 1207)
'Amarante
cum uacauerint et Argallo uacans pro prestimoniis asignantur. nomina
autem prestimoniorum sunt hec. Aocio. Rex. sca. Eulalia uetus.
Carcacia. Taoubre. Valga. scs. Petrus de Sarandon. Lestedo.
Ariis. Briales.' (CODOLGA:
Santiago 1228)
'Jtem
en Caançoure
media de hũa seruiçaya et en Begoa meadade doutra (…) Ora [t]ẽeno
os Boquetes et téuoo Martín Ssánchez de Griloure
(…) de Gatẽte que he na frijges´ja de Santo André de Tooure
et tódoslos outros herdamentos, cassas et chãtados que forõ'
(TMILG: Santiago 1390)
A evoluçom do
topónimo é Talobre
> Taovre
(perda do /l/ intervocálico) > Toovre
(assimilaçom das vocais em hiato) > Trove
(metátese
da vibrante).
B.101.-
+TALABRIGA (extinta)
Castro
dos límicos. Conhece-se pola seguinte inscriçom:
ANCEITUS
VACCEI F(ILIUS) LIMI/CUS |(C) TALABRIGA
AN(NORUM) / XXX H(IC) S(ITUS) E(ST) S(IT) T(IBI) T(ERRA) L(EVIS)
[F]LAVUS AQUILUS FRATER / SUUS ET TALAVIUS CLOUTIUS / CLOUTAI
F(ILIUS) ET URTIENUS / TURDAE F(ILIUS) ET FRATRES EIUS / [F]ACIENDUM
CURAVERU[NT] / OB M(ERITA) EIUS (Huelva: AquaeFlaviae
00326 = CILA-01, 00024)
É
tamém mencionada por Appiano (Ταλάβριγα, Hispania
75), como cidade galaica revoltosa; ali, e (traduço da versom
em Inglês)
“após Bruto ir contra ela, os habitantes
pedírom perdom e oferecérom-se a se render incondicionalmente.
Primeiro el demandou deles que lhe entregaram todos os desertores e
prisioneiros, todas as armas, e reféns a maiores, ordenando-lhes
depois que evacuaram a cidade, junto coas suas mulheres e os seus
filhos. Assi que tinham obedecido estas ordes, rodeou-nos co seu
exercito e deu-lhes um discurso, dizendo-lhes com que frequência se
revolveram e renovaram a guerra com el. Tendo-lhes metido um grande
medo, coa crença que ia a lhes infringir um terrível castigo,
acabou coa sua repreensom. Logo de lhes quitar tamém os seus
cavalos, reservas, erário público, e outros recursos gerais,
entregou-lhes de novo a cidade para que a habitaram, contrariamente
as expectativas.”
A
seguinte, achado à beira do Límia, pode ser umha referência ao
mesmo topónimo.
CAMALA
AR/QUI F(ILIAE) TAL/ABRIGEN/SIS GENIO T/IAURAUCEAI/CO(?)
V(OTUM) S(OLVIT) L(IBENS) M(ERITO) (Estorãos, Ponte de Lima, VC; D
09297 = AE 1952, 00065 )
Existiu tamém
umha Talabriga na Lusitánia, perto do actual Aveiro
(Falileyev s.v.). Como
é comum na toponímia do convento bracarense, o segundo elemento é
a variante *brigā, a comum na Hispánia, Gállia e Británia, fronte
ao máis comum na Galécia Lucense *brigs.
B.102.- Sam
Martinho de TIOVRE / TIOBRE (610 hab.- Betanços, Crunha)
Prósper, que
desconhece toda documentaçom medieval, propom um étimo *Teno-bris
ou *Tilo-bris (Prósper 2002: 379), idêntico tal vez ao Tenobrica
da Ravennate. Mais a documentaçom medieval referente a este lugar
amossa que esta proposta é incorrecta:
'in
comisso de Plutios. scm. Xpoforum ad Eume. latum portum. scm.
Martinum in Tiobre'
(CODOLGA: Santiago 830)
'in
Brucios, Oriales, Bonia, Lambre, Barueita, uilla Usaz, Toyobre'
(CODOLGA: Sobrado 1037)
'abbas
Petrus de Luvre,
cf. abbas Didacus de Torovre,
cf. Veremudus Ranemiriz, clericus'
(CODOLGA:
Caaveiro
1154)
'et
in ripa agro de Mexeneda que tenet Ruderico Brauo que habemus per
exquisa de abbate Didaco de Toebre
et de Petro de Deus et Petro monaco de Brauio et de Pelagio Martini
de Oyx, medietate de Cinis et medietate de Genrrozo'
(CODOLGA:
Sobrado sd)
'medietatem
burgi de Faro, cum pedagio navium et iuri fisci; villas de Ceia, in
Nemancis, et de Oca in Bragantinis, de Leilolio, in Senia, de
Abegondo, de Piavela, Degio, Luvre et de Ruis, in Nendis, de Toiobre
in Pruciis' (CODOLGA: TB
1178)
'medietatem
Burgi de Faro, cum pedagio navium et iuri fisci; vilas de Ceeya in
Nemancos, et de Oca in Bregantinos, de Leiloio in Seaia, de Avegondo,
Piavela, Deio, Luvre et de Rivis in Endis, de Toovre
in Pruciis cum cautis, ecclesiis et pertinenciis suis' (CODOLGA:
TB 1199)
'et
si vero male sitis maledicti. data apud ecclesiam Sancti
Martini de Toovre' (CODOLGA: Caaveiro 1240)
'de
Betanços item das çinquo nonas de san Martino de Teoure'
(TMILG: Mondonhedo, 1373)
'Gonçalo
Vasques clerigo que se dees da cura de San Martino de
Tiovre' (TMILG: Santiago, 1435)
A
evoluçom do topónimo penso que parte dum hipotético *Togyo-brig-s
'Castro Defendido' / 'Monte das Casas', vel sim,
topónimo baseado no tema *(s)teg-
'cobrir' (Oxford: 226) de onde, por exemplo, galês ti
'casa', to 'teito', toi
'cobrir' (cf. Matasovic s.v. *tegos-; Delamarre s.v. attegia),
e na minha opiniom tamém a nossa toponímia em tei-
(vários topónimos galegos medievais sugerem a existência dumha voz
autóctone, de orige pré-latina, *tei 'casa': Teibilide <
*Tei Billiti, Teivente < *Tei Valenti, Tadoufe <
Teiadaulfi, Teimende < *Tei Menendi...). De *Togiobrigs,
achamos na alta idade media Toyobre (perda de g) > Toovre
(com perda de iode) > Teovre > Tiovre (por
dissimilaçom).
B.103.-
TENOBRICA (extinta)
Cidade
citada polo Ravennate, pola beira-mar do oceano. Nom é fácil saber
se este topónimo estava pola Marinha luguesa, ou máis alô. De
*teno-
'lar, fogo' (cf. Delamarre s.v. tessi)
B.104.-
TRAGOVE (631 hab.- Corvilhom, Cambados, Ponte
Vedra)
Um
dos meus favoritos. De *Trāgobri,
com dissimilaçom de vibrantes. O primeiro elemento é o
proto-céltico *trāgi-
'praia, areal, maré baixa' (galês treio
'refluir do mar', cf. Matasovic s.v.). 'Castro do Areal' é um
magnifico nome para um castro assentado numha península na beira da
ria de Arousa. Ver tamém Prósper (2002: 373).
B.105.-
TRUEVE / TRUEBE (137 hab.- Malhom, Santa Comba, Crunha)
Tal vez de
*Turibris, como a(s) cidade(s)
lusitana(s) de nome Turibriga ou Turobriga, 'Cidade
Forte'. A evoluçom, de ser esse o caso, seria: *Turibri
> *Turebre > (?!) *Truebre > Truebe.
Do PIE *teurH- 'manter,
encerrar' (Falileyev s.v. tur-): 'Monte da Cerca'.
Conhecemos
tamém a inscriçom dum Aemiliano Flaco, com origo no castelo de
TUREOBRIGA, Torebria no Parochialem.
B.106.-
+VEIGEBRE (extinta)
Conhecemos
este lugar por umha dedicatória à divindade Bandu desse lugar:
V(OTUM)
S(OLVIT) L(IBENS) M(ERITO) / BANDU(A)E / VEIGEBR/EAEGO /
M(ARCUS) SILONI/US GAL(ERIA) SI/LANUS / SIG(NIFER) COH(ORTIS) I /
GALL(ICAE) C(IVIUM) R(OMANORUM) (Rairiz de Veiga / Aquae Flaviae,
IRG-04, 00085 = AquaeFlaviae 00122 = HEp-11, 00344 = AE 1968, 00237 )
Prósper
(2002: 259) considera que estamos ante um derivado do IE *wegh-yo-
'mover, carregar, conduzir'. Mais, dado o facto de
representar às vezes um e longo /E:/, pergunto-me si nom poderia
melhor remeter-se este topónimo a * wēko-
'loita' (cf. Ward s.v.)
B.107.-
+VENDABRE (extinto, por Betanços, Crunha)
'in
Nemitos, Generozo, Uiuenti, Caliobre, Uendabre,
Pontelia, Teoderici, Heletes cognomento Limenioni, Crendes, uillare
Porcimilio'
(CODOLGA: Sobrado 887)
Pace Prósper
(2002: 379), penso que de *Windo-brig-s
'Castro Branco', de *windo- 'branco' (cf. Matasovic s.v.; cf.
topónimos galos Vindomagus,
Vindobona, Delamarre s.v.
uindos). Os
montes Vindios citados por Ptolomeo alçavam-se da Galécia e
até a Cantábria. Outros topónimos galegos modernos semelham
ter relaçom etimológica:
Bendimom
< *Vend-yo-mon- 'Monte Branco' (?)
Bendia
/ Vêndia <
'in
ualle Ortigaria, Quintanella, Triauada, Egecani, Uendena'
(Sobrado 1037)
< *Vedena '(A que é) Branca'
E
pode que Bendanha, Bendolho...
B.108.-
VERUBRI* (
Em
Laça temos umha incriçom votiva dedicada à divindade BANDU
VERUBRICO, é dizer, de Verubri*:
BANDU(AE)
V/ERUBRICO / MONT() MO[N]/TANUS CO/NSACRA(VIT) / EX VOTO
(Arcucelos, IRG-04, 00084 = AquaeFlaviae 00118 = HEp-11, 00340)
Etimologicamente,
é um composto co primeiro elemento *veru-
'largo, longo' (Curchin: 129;cf. Delamarre s.v.), logo 'Castro
Longo', como Vila Longa.
B.109.-
Santiago de BOEVRE / BOEBRE
(freguesia com 419 hab.- Pontedeume, Crunha)
Dado que a
máis antigo testemunho deste topónimo é Volebre,
com /v/, provavelmente estamos perante um topónimo derivado de
*wolo-
'vontade, elecçom; governar sobre' (IEW: 1137-1138; Falileyev s.v.
Vologatae), ou de *wolo-
'redondo' (IEW: 1140-1144), via *Wol-yo-brig-s
(cf.
tamém Moralejo 2010: 475).
'in
scriptura de auio nostro, Uictemirus prepositus fundauerit ipse
monasterio de Uolebre
cum omnes suas aiacencias, villas prenominatas. id est Uermaneo'
(CODOLGA: Lourençá, 922)
'in
terra de Prucios, monasterio sancti Iacobi de Bulebre
cum aiunctionibus suis' (CODOLGA: Lourençá 1064)
'qui
est territorio Prucius, concurrente ad ecclesiam Sancti Iacobi de
Boevre' (CODOLGA:
Caaveiro 1103)
'ecclesiam
Sancte Marie de Doronia et ecclesiam Sancte Marie de Centronia, et
ecclesiam Sancti Iacobi de Boevre'
(CODOLGA: Caaveiro 1147)
B.110.-
XENXIBRE (5
hab.- Duarria, Castro de Rei, Lugo)
Um topónimo
intrigante. Nom sei ser terá quaisquer relaçom cos vários Ginço
que na Galiza hai, cuja etimologia ou sentido desconheço, para além
da evoluçom Ginzo < Genesio. Entom, hipoteticamente: *Genesiobri
> *Genesibri
> *Gensibre
> *Genxivre
(cf. Anxeriz
< Anserici).
B.111.-
Santa Maria do XOBRE
(freguesia com 1441 hab.- Pobra do Caraminhal, Crunha)
Nom conheço
nada da história evolutiva deste topónimo, o que dificulta
imensamente o seu estudo etimológico. Atrai-me a seguinte
possibilidade: O Xobre < *Osobri <
*Uxsobris, cum primeiro
elemento o céltico *uxs- 'alto'
(cf. Matasovic s.v. *owxs-), mais dada a sua situaçom
abeirada ao mar de Arousa, estranha esse hipotético “Castro Alto”.
Prósper (2002: 379) indica como possível um étimo *Salo-bris “con
primer término hidronímico”.
B.112.-
+IELVIBRI (extinto)
VECIVS
CL/VTAMI F COI/[- - -] ) IELVIBRI / VEROBLIV/S
VECI F MILI/ CORTI TERT/IA LVCES MIL/ITAVIT ANNIS // MAETARIV (Lugo:
CIL II 2584 = IRLu 25 = IRG II, 82)
Possível
castro dos cóporos (Vecius Clutami militava na Cohorte III de
Lucenses) melhor que dos Coelernos. Relacionado com *yalo-
'claro (do bosque)'?
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