BRIGS e BRIGĀ (II)
B.-
BRIGS E BRIGĀ COMO PRIMEIRO ELEMENTO:
B.1.-
+AETIOBRIS*
(topónimo antigo; nom localizado)
Este
topónimo está implícito no adjectivo em dativo AETIOBRIGO <
*AETIOBRICO, aplicado ao deus galaico-lusitano Bandue, sendo um
derivado do topónimo AETIOBRIS* mediante sufixo velar, um recurso
típico das línguas celtas em geral e das línguas pré-latinas
hispánicas em particular:
[3]CIUS
/ AVI(T)I F(ILIUS) BA/NDU(A)E AET/IOBRIGO / V(OTUM) L(IBENS)
A(NIMO) S(OLVIT) (Sarreaus, Ourense; HEp-07, 00547)
Nom
tenho umha boa etimologia para o primeiro termo; tal vez provenha do
particípio PIE *h2eg-et-,
conhecido em latim e nas línguas célticas co valor de 'guiado' ou
'conduzido' (IEW: 4-6); ou melhor de *aito-,
particípio de *ai- 'dar' (cf.
Prósper 2002: 283). Neste último caso podemos interpretar
*Aitiobris como 'O Castro do que é entregado' (= 'Castro da Dote'?)
B.2.-
+ABOBRICA (topónimo antigo; nom localizado) 'Monte do Rio?'
Oppidum
mencionado em forma adjectival (derivada co sufixo *-ko-, e em boa
medida equivalente ao nosso Ourense < Auriense ao compararmo-lo co
topónimo do que procede, Auria) por Plínio no livro IV da sua
Historia Natural, depois das Ilhas Cíes, e segundo descrevia a costa
caminho do sul:
'a
Cilenis conventus Bracarum Helleni, Grovi, castellum Tyde, Graecorum
subolis omnia. iae Siccae, oppidum Abobrica.'
(Plinio IV, 112)
Abobrica
remete-se, penso, a um topónimo base *Abobrixs.
O seu primeiro elemento pode ser o tema hidronímico céltico *ab-
'rio' (antigo irlandês ab
'idem', IEW: 1); consequentemente *Abobrix = 'Monte / Castro do rio'
(Santa Tegra na Guarda?).
B.3.-
+ADROBRIS*
(topónimo antigo; nom localizado)
Cidade
situado por Pompónio Mela numha extensa ria de estreita embocadura,
nas terras dos ártabros, cujas terras para el chegavam até as terra
dos Ástures. Consequentemente, Adrobrica podia estar em quaisquer
lugar da costa norte da Galiza (tal vez na ria de Ferrol?).
'Adrobricam
urbem' (Mela, CHOROGRAPHIA,
III.9)
O
seu primeiro elemento poderia-se ser, outra vez, *ad-ro-
'rio' (Curchin 2008: 115). Adrobrica seria umha forma adjectival.
B.4.-
+AGUBRI (topónimo
antigo; nom localizado)
O
topónimo aparece em ablativo numha inscriçom asturiana, indicando a
orige dumha mulher de nome Bodogena Aravi:
BODOC/ENA
AR/AVI F(ILIA) C(ASTELLO) / AGUBRI / AN(NORUM) XII H(IC)
S(ITA) E(ST) (Belmonte; HEp-05, 00039 )
Prósper
interpreta-o como umha forma sonorizada do elemento PIE *ak-
'agudo, aguzado', mais penso que é máis simples fazer vir o
primeiro elemento do PIE *haeĝ-
'conduzir' e 'loitar' (ou incluso de *h1eĝh-
'vaca', donde irlandês ag 'vaca',
(Oxford: 140) termos bem representado nas línguas celtas (cf.
Matasovic s.v. *ag-o-; Falileyev, s.v. ag-; Oxford: 280).
B.5.-
+AIOBRIGIĀ*
(topónimo antigo; nom localizado)
Castro
mencionado em dous importantes documentos epigráficos, e que num
deles cambia de mans, dos Gigurros aos Susarros, polo que penso que
deve situar-se em terras do Courel, de Valdeorras, ou do ocidente do
Berço, mesmo no próprio Sam Pedro de Esperante, onde se descobriu o
bronze do Courel.
IMP(ERATOR)
CAESAR DIVI FIL(IUS) AUG(USTUS) TRIB(UNICIA) POT(ESTATE) / VIII{I} ET
PROCO(N)S(ULE) DICIT / CASTELLANOS PAEMEIOBRIGENSES EX / GENTE
SUSARRORUM DESCISCENTIBUS / CETERIS PERMANSISSE IN OFFICIO COG/NOVI
EX OMNIBUS LEGATIS MEIS QUI / TRANSDURIANAE PROVINCIAE PRAE/FUERUNT
ITAQUE EOS UNIVERSOS IM/MUNITATE PERPETUA DONO QUOSQ(UE) AGROS ET
QUIBUS FINIBUS POSSEDE/RUNT LUCIO SESTIO QUIRINALE LEG(ATO) / MEO EAM
PROVINCIAM OPTINENTE{M} / EOS AGROS SINE CONTROVERSIA POSSI/DERE
IUBEO / CASTELLANIS PAEMEIOBRIGENSIBUS EX / GENTE SUSARRORUM QUIBUS
ANTE EA(M) / IMMUNITATEM OMNIUM RERUM DEDE/RAM EORUM LOCO RESTITUO
CASTELLANOS / AIIOBRIGIAECINOS
EX GENTE GIGURRO/RUM VOLENTE IPSA CIVITATE EOSQUE / CASTELLANOS
AIIOBRIGIAECINOS
OM/NI MUNERE FUNGI IUBEO CUM / SUSARRIS / ACTUM NARBONE MARTIO / XVI
ET XV K(ALENDAS) MARTIAS / M(ARCO) DRUSO LI/BONE LUCIO CALPURNIO
PISONE CO(N)S(ULIBUS) (Bierzo ; HEp-11, 00286)
APPIO
IUNIO SILANO P(UBLIO) SILIO / NERVA CO(N)S(ULIBUS) / TILLEGUS AMBATI
F(ILIUS) SUSARRUS / |(CASTELLO) AIOBRIGIAECO HOSPITIUM / FECIT
CUM LOUGEIS CASTELLANIS / TOLETENSIBUS SIBI UXORI LIBE/RIS
POSTERISQUE SUIS EUMQ/UE UXOREM LIBEROSQUE EIUS / IN FIDEM
CLIENTELAMQUE SUA/M SUORUMQUE IN PERPETUO CAS/TELLANEI TOLETENSIS
RECEPERUNT / EGIT TILLEGUS AMBATI IPSE / MAG(ISTRIS) LATINO ARI ET
AIO TEMARI (S. Pedro de Esperante; HEp-08, 00334)
O
seu primeiro elemento poderia ser o PIE *haóyus-
'força vital' (Oxford: 195; donde o antigo irlandês āes
'vida, idade'),
que nas línguas célticas vem dar verbas co significado de 'idade,
eternidade, longevidade' (Delamarre s.v. aiu-) que se reflexa tamém
na antroponímia indígena, incluído o magistrado AIO TEMARI. O
segundo elemento, -brigā, é máis típico da toponímia dos povos
ástures e galaicos brácaros, fronte as formas em -bre máis
frequentes entre os lucenses.
B.6.-
SANTA BAIA DE ALCAVRE / ALCABRE (freguesia com 3139 hab.- Vigo,
Pontevedra)
Nom
conheço documentaçom antiga deste topónimo, mais semelha cousa
razoável supo-lo relacionado com outros posteriores, como Alcobre.
O /a/ tónico como vogal de uniom no composto (a vogal de uniom máis
comum nos compostos célticos é /o/) da-se tamém noutros
topónimos extintos: Arcabria
ou Artabria..
Com respeito ao primeiro elemento, alc-,
poderia remeter ao nome do alce (cf. Delamarre, s.v. *alco-),
lembremos que os cérvidos eram bestas totémicas na nossa velha
Galiza, como amossam os petroglifos do nosso país. Poderia tamém
ter-se originado -como o seguinte topónimo- por dissimilaçom de
vibrantes.
B.7.-
ALCOVRE / ALCOBRE (23 hab.- Pilonho, Vila de Cruzes, Pontevedra)
Temos
bastante documentaçom deste lugar, sendo a mais antiga na forma
Arcobre, o que etimologicamente
liga-o, pode que junto com o Alcabre viguês, à Arcobriga
celtíbera, entre Saragoça e Sória, ou à Arcobriga
da inscriçom da fonte do ídolo, em Braga (Moralejo 2010: 474).
Pouco máis tarde é já Alcobre,
por dissimilaçom r..r > l..r:
'et
est ipsa Pastoriza territorio Deza super Pilonio monasterio iuxta
Arcobre.'
(CODOLGA: TA 991)
'arca
de illo plano qui diuidet Mercia et Alcobre' (CODOLGA:
Carvoeiro 1062)
'in
ualle nuncupatu Pilonio inter flumen Ulie et Deze subtus castro
Alcobre medietatem ex eo, quam michi euenit inter fratres meos
per sucessionem genitoris mei Fredernandi et genitricis mee regine
domne Sancie, cum omni suo debito et bonis eius uel adiuncionibus per
omnia sua loca. ipsam medietatem integram confero de premisso
monasterio post partem sancte ecclesie et eius apostolo Sancto
Iacobo, et de aliis monasteriis que similiter sunt fundata in eodem
territorio Pilonii, uidelicet: Auriolos et Alacobre' (CODOLGA:
TA 1087)
'in
ualle nuncupata Pilonio, inter duo flumina Uliam et Dezam subtus
castrum Alcobre' (CODOLGA:
TA 1100)
'sicut
iste audiuit. postea presens fuit iste in castello de Alcobre
in diebus illis quando archiepiscopus P. Suerii fecit castellum
ipsum' (CODOLGA: Carvoeiro 1246)
Interessa
ver como Alcobre é chamado várias veces castro ou
castelo. Por outra banda, etimologicamente, o primeiro elemento do
composto remete-nos provavelmente ao PIE *h2erk-
'guardar, proteger, possuir' (Oxford: 271), de onde o latim arca
'arcóm, cofre' e arx 'castelo,
fortaleza' (cf. Martínez Lema 2010: 78) Quer-se dizer, Arcobre <
*Arcobrixs = Arcobriga 'Castro Protegido / Guardado'. É provável a
relaçom co deus Arco (Cuchin: 116), ou
cos epítetos de Lugus: LUGUBO ARQUIENOBO.
Contodo
pergunto-me se podemos desbotar umha possível relaçom com formas
céltica como o galês archen
'roupa, calçado', bretom arc'henna
'calçar sapatos', irlandês médio accran
'sapatos, roupa' (Cf. William Owen, A
dictionary of the Welsh language). Lembremos que Lugus é tido
por padrom dos sapateiros, e que na Galiza temos umha inscriçom LUG
ARQUIEN.
B.8.-
+ALCABRIA
(extinto, por Goo, Oíncio, Lugo)
Este
topónimo teria derivado de *Alcabriga ou de *Arcabriga. Temos outro
idêntico em Portugal, nom longe de Longroiva: 'Ordinamus
nostros castellos id est Trancoso Moraria Longobria Naumam Uacinata
Amindula Pena de Dono Alcabria'
(PMH: 960):
'cautum
de Uilla Saturnin et de Sala sicut antiquitus predictis reges cum
regia uoce Deo et prefato monasterio dederunt, per suos terminos,
quomodo incipit per deum uallati antiquum de Alcabria
et uadit ad illos linares ueteres et idem per illam aquam usque ad
montem de rege et inde per illum alceanum ad aream de Mauris et inde
per montem Medariz ad Lacum de Ledania et inde tornat ad fontem de
Regina et postea per penam usque ad pectum et inde ad (...) per
uulturarium, deinceps ad auri(...) que diuidunt inter Saturnin et
Sendin, deinde regreditur per ipsa aqua discurrente usque ad terminum
de Alcabria' (CODOLGA: Santiago 1153)
'villam
Sancti Saturnini, Villam de Saa, que sunt in Tria Castella, in ripa
Minii, cum omnibus regalibus de [Biris] ad se pertinentibus, per hos
terminos: per vallatum antiquum de Alcabria, et
per linares ueteres, et per illum patronum qui diuidit inter Saa et
Sanctam Mariam de Gua et Montem de Rege, et inde in directum per
ipsum [veranum] ad aream de mauris et per montem Melariz, et ascendit
ad montem ad locum Ledanie, et tornat ad fontem de regina que antiquo
ita uocata est iuxta montem de Penna usque ad Petritum, et inde ad
Rogitorium, et inde per Uusturariam et descendit ad collem montis,
ubi stat patronus fixus qui diuidit inter Saturnin et Senym ........
villam Senym, et inde per illas Saleyras ad ........ et Saa ........
Alcabria et per ipsum uallum [exit] ad alium
patronum unde incoauimus. Constitit' (CODOLGA: Santiago, 1228)
Note-se
que, como nos máis destes topónimos situados no S da província de
Lugo e na província de Ourense, o segundo elemento deriva do máis
antigo *-brigā. Com respeito a primeiro elemento, de ser primário e
nom umha evoluçom de *ark-, seria tal vez o PIE *hxók^is
'alce' (cf. Delamarre s.v. alco-; Oxford: 139).
B.9.-
ARCABRIA
ou
ARTABRIA
(antigo nome de Parada? Castrelo de Minho, Ourense)
Este
topónimo é conhecido apenas polo testemunho dos Tombos de Sobrado,
e A de Santiago, que recolhem senlhas variantes dum mesmo diploma do
rei Ordonho II, do ano 922. Resulta ser o antigo nome polo que era
conhecido o lugar de Parada, na freguesia de Ponte Castrelo, em
Castrelo de Minho, Ourense:
'tam
de illa parte
Mineo quam de ista, per omnes suos terminos anticos et cum edificiis
et uineis, salto, uel omni prestatione sua, et uocitant ipsam uillam
Arcabriam
et Parata, et fuerunt de Uizoi et Giluira.'
(TA 922)
'tam
de illa parte Minei quam de ista, per omnes suos terminos antiquos et
cum omnibus edificiis, uel uineis, salto uel omni procuratione sua;
et uocatur ipsa uilla Artabria et Parata et
fuerunt de Uizoi et Geloire.' (Sobrado 922)
A
cópia de Sobrado é provavelmente posterior, e inclue alguns
elementos adicionais e estranhos como o emprego do ano do nascimento
de Cristo para datar o documento. A minha impressom é que o topónimo
original é Arcabria; nom penso que o escrivám pudesse ver-se
atraído na sua cópia polos Artabros,
pois careceria seguramente de acesso aos autores clássicos que falam
deste povo. Em todo caso, de ser Arcábria é o mesmo topónimo que
os anteriores, se é Artábria, é 'O Castro do Osso', ou algo
similar (cf. PIE *h2rtkˆos
'osso, urso', donde antigo irlandês art,
idem; Oxford: 138; IEW: 875).
B.10.-
+ALOBRE
(antigo castro em
Vila Garcia)
Temos
vários documentos medievais em referencia a umha igreja de Sam
Cristobo de Alobre, ou mesmo a Alobre como nome alternativo da
própria Santa Baia de Area Longa; Area Longa remete-nos ao velho
areal de Vila-Garcia, desde Carril a perto de Vila Joám. O topónimo
remete, de facto, aos restos arqueológicos hoje chamados 'Casto de
Alobre' (Cf. Bouza-Brey 1957):
'et
cum Sancta Eulalia de Arena Longa et Sancto
Christoforo qui uocatur Alobre
cum omnibus suis bonis, cum suo stario
integro et combonas integras que sunt inter ambas ipsas ecclesias et
intus in passales in toto circuitum de ipsas ecclesias, sicuti
intrant in mare; et sunt ipsas eclessias cautate in toto giro per
petras erectas et scriptas. et ecclesiam Sancti
Uincentii de Ogrobre cum totis suis directuris et familia.'
(CODOLGA: Santiago 912)
'et
de Arauca medietatem de hea, cum sua ecclesia et cum suis salinis;
Sanctam Eulaliam de Alobre
que nuncupant Arenalonga, et Sanctum
Christoforum cum bonis suis; Sanctum Uincencium de Ogobre cum suis
terciis et cum omnibus' (CODOLGA: Santiago 912)
'sanctam
Eulaliam de Arenalonga et sanctum Cristophorum
quem nuncupant de Alobri'
(CODOLGA: Santiago 1115)
O
primeiro fragmento é extraordinário. Por umha banda revela que Area
Longa estava na beira-mar; por outra, amossa que o couto estava
formado por pedras ergueitas e 'escritas', com petroglifos ou marcas
das que chamavam characteres na documentaçom medieval.
Finalmente, é tamém a máis temperá cita da verba galega
pré-latina comboa / camboa
/ gamboa 'Pesquera
a la orilla del mar con estacada o paredilla de piedras, donde quedan
cautivos los peces al bajar la marea.'
(DdD: Elixio Rivas); 'La COMBOA está
generalmente cercada con muro, vallado o seto y una puerta de madera,
la cual se cierra en la pleamar para que en el reflujo queden allí
los peces que hubieran penetrado. En la ensenada de Ferrazo, al sur
de Villagarcía, hay un estero natural que se llama CAMBOA, y ha dado
origen a coplas marineras; y en Vigo existe la calle de la Gamboa,
que según Rodríguez Elías tamién se llama camboa, y a cuyo final
estaba la puerta de la Gamboa, famosa porque en ella recibió cuatro
balazos de las tropas napoleónicas el héroe gallego Cachamuíña,
en el año 1809.' (DdD: Eladio Rodríguez), do céltico
galaico *combonā, do celta
*kambos
'torto, revirado, curvado' ou *kumbā
'val' (cf. Ward s.v.).
Sobre
a etimologia do nome, *alo- pode
por-se em relaçom co galés al
'descendência, gente, povo' (IEW: 1300), do PIE *hael-
'medrar, engendrar' (Oxford: 192). Assi, *Alobre seria 'O Castro do
Povo', tendo um equivalente semántico no composto germánico
Teutoburgo.
Mais nom desboto outras possibilidades, como a raiz hidronímica
*el-/*ol-
'fluir' apontada por Prósper (2002: 376), quem tamém aportava os
topónimos, aparentemente idênticos, Alúbriga
(Santa Engracia, Rioja) e Alovergium
(Britania). Poderia ser tamém que Alobre seja umha grafia de
**Allobre ou **Aliobre? Nesse último caso este seria o mesmo
topónimo que a Aliobrix
mencionada por Ptolomeu no ocidente da Ucránia (cf. Falileyev s.v.
Aliobrixs), remetendo-nos, como já indicara Bouza-Brey, a um
primeiro elemento *allo- ou *alyo- 'o outro, segundo': 'Castro ou
Monte de alô?'. Cf. cos nossos topónimos Alemparte.
B.11.-
ALGIVRE / O ALXIBRE (Rio
Torto, Rio Torto, Lugo)
Nom
tenho máis infomaçom deste lugar. Prósper (2002: 380) propom
Algivre
< *Alisi-brem, de *Alisi-bris ou *Alis-yo-bris 'Castro / Monte dos
Amieiros', do PIE *haéliso-
'amieiro' (Oxford: 158).
B.12.-
ANÇOVRE / ANZOBRE (92 hab.- Armentom, Arteijo,
Crunha)
De
Ançovre temos boa informaçom diacrónica. Etimologicamente, Prósper
(2002: 376) fai-no vir dumha forma (nominativa) *Antyo-bris, cum
primeiro elemento indo-europeu *h2enti-
'ante'. Mais o feito de coincidirem as duas citas máis antigas em
formas que situam umha vocal entre o /n/ e o /t/, e presentar a
terceira um hiato de vocais idênticas, com nasalidade em posiçom
implosiva, aconselha ao meu entender a busca doutras possibilidades
(pace
Moralejo 2010: 474). Por exemplo Ançovre < Aançovre <
*Ãaçovre < Anazobre < Anezobre < *An-et-yo-brigs,
cum primeiro elemento formado pola partícula, de valor intensivo ou
negativo, *an-, máis a preposiçom *eti 'além': Ançovre nom está
longe dos confins entre as antigas terras de Faro e Bergantinhos,
polo que o seu nome poderia
fazer referência a esta condiçom fronteiriça entre grupos tribais.
Por outra banda Delamarre e Ward reconstruem um elemento *anat-
'alento, alma' com certo rendimento onomástico em antropónimos e
etnónimos (porém, cf. Falileyev s.v. anat-). Tampouco pode
desbotar-se um tema indo-europeu como o que origina o latino anta
(cf. Oxford: 224; IEW: 42).
'in
uilla Bracantinos, uilla Anezoure quas emimus de fratres de
Destriana' (CODOLGA:
Sobrado 966)
'in
Bragantinos, uilla Guntilani et uilla Anazobre. in
Pistomarcos, uilla Lonio, uilla Uernimes, uilla Curugito et ecclesia
sancti Christofori, quam dicunt Celis. ' (CODOLGA:
Sobrado, 971)
'quarum
videlicet nomina sunt: Veranio, Aancoure, monasterio Viones
cum suis haereditatibus siue hominibus, Carris cum suis directis,
medio de Castro et Limodre' (CODOLGA:
Crunha 1122)
Nom
sei se haverá quaisquer relaçom entre Ançovre < Anezobre <
*Anetiobre e máis o monte dos Pirenéus Aneto.
B.13.-
SAM PEDRO DE ANHOVRE / AÑOBRE (freguesia com 119 hab.- Vila
de Cruzes, Pontevedra)
Pósper
interpreta este topónimo como procedente 'posiblemente de
Amno-bris (…) No se pueden escluir protoformas como *Ambyo-bris o
*(p)anyo-bris' (Prósper 2002: 376). Mais, ao contrario que em
castelám, em galego nunca os grupos consonánticos -mn- ou -nn- dam
orige à nasal palatal [ɲ]
(Moralejo 2010: 474). Porém, a documentaçom medieval fornece umha
possibilidade ainda máis surpreendente: a forma antiga do topónimo
poderia ser Arnovre, cum primeiro elemento hidronímico que achamos
no rio italiano Arno -em
Florença- ou no rio Arnego <
*Arnaico?, que desauga no Ulha, ou do rio Arnóia,
afluente do Minho.
'qui
diuidet de Palacios cum ecclesia de Arnobre ab integro'
(CODOLGA: Camanço 1122)
'quantam
hereditatem cum plantatibus et omnibus aliis suis directuris ipsi
habent et habere debent in Bendania de alende, que est versus
Camancium, in filigresia sancti Petri
de Arnoure, cum
quanto dominio terre ipsi habent in illa hereditate, ita' (CODOLGA:
Camanço 1273)
'Dominicus
Dominici de Arnoure;'
(CODOLGA:
Camanço 1286)
O
passo do grupo /rn/ à nasal palatal é inaudito, até o ponto de
Moralejo (2010: 474) negar a identidade de Anhovre e Arnoure,
mais esta identidade semelha inquestionável à vista do testemunho
indicando a filigresia de sancti Petri de Arnoure (1273). Pode
ser que o étimo for *Arn-yo-brigs?
B.14.-
ANHOVRES / AÑOBRES (75 hab.- Moraime, Mugia, Crunha)
Aparentemente
estamos ante um topónimo que provém do caso em nominativo, e para o
que se pode sugerir o étimo *Anyobris,
composto co primeiro elemento *ano-
'devanceiro' (IEW: 36-7), ou *āno-
'anel' (cf. Ward s.v.), ou *(p)ano-
'auga, lamaçal, esteiro' (cf. Matasovic s.v. *feno; Falileyev s.v.
ano-).
B.15.-
SANTA MARIA DE OMBRE (freguesia com 522 hab.- Pontedeume, Crunha)
Temos
moita documentaçom referida a este topónimos, cuja forma primitiva
era Anobre:
'et
im Prucius, VIIIa de Sancta
Maria de Anovre,
cum omnibus aiunccionibus suis, intus et foris, cum quantum ad
prestitum hominis est; et ibi in Anovre
una servicialia, et media de villa de Grandal, cum omnibus suis
directuris; et IIIIa de Villa Plana, integra, cum omnibus
aiunctionibus suis; et nostra porcione integra de Sancto Iohanne de
Caliovre;'
(CODOLGA: Caaveiro 1114)
'et
illas duas partes de Sancta Maria de Anovre, et
cum VIIIa de Sancto Iuliano de Mugardos, et cum meo quinione de
Sancta Marina de Tabulata.' (CODOLGA: Caaveiro 1117)
'in
terra Prucius, in valle de Nugeyroa, de ecclesia Sancte
Marie de Anovre' (CODOLGA: Caaveiro 1138)
'territorio
Prucius in cauto de Nogueirosa, scilicet, longo usque dum hereditate
de Anobre' (CODOLGA: Carvoeiro 1151)
'Luba
Menendiz de Anovre, do et offero et concedo et
testamentum facio omnipotenti Deo et monasterium Sancti Iohannis de
Kalavario et canonicis eiusdem loci, hereditatem meam quam habeo et
habere debeo de abiorum et parentorum meorum, sive de ganancia
quomodo de comparatione; et est nominata in villa que vocitant Ouvre
de Radreiro, et est una servicialia integra cum tota
sua directura, intus et foris, cum quantum ad prestitum hominis est,
per ubicumque eam melius potuerint invenire; et iacet in terra
Prucii, in cautum de Nugeirosa, discuarente ad Sancta Maria
de Oovre.' (CODOLGA: Caaveiro 1221)
'nostra
porcione integra de ecclesia Sancte Marie de Oovre'
(CODOLGA: Caaveiro, 1236)
'Et
outrosy en este día miismo veemos a Sancta María d-Oovre
et achámoslle tanta herdade que lle fora dada per homes boos per que
se podía dar et pagar esta renda que le fora posta per ella'
(Caaveiro, 1240)
A
evoluçom fonética nom é complexa (cf. Moralejo 2007: 176):
Anobre
>
> Anovre (leniçom de /b/ > /β/) >
> Ãobre (perda de /n/ intervocálico com nasalizaçom da consoante precedente) >
> Õovre (assimilaçom de vocais em hiato) >
> *Õvre (crase de vocais idênticas) >
> Ombre (desnasalizaçom da vocal, com regeneraçom de nasal em posiçom implosiva. Este fenómeno é típico do ocidente da Galiza).
> Anovre (leniçom de /b/ > /β/) >
> Ãobre (perda de /n/ intervocálico com nasalizaçom da consoante precedente) >
> Õovre (assimilaçom de vocais em hiato) >
> *Õvre (crase de vocais idênticas) >
> Ombre (desnasalizaçom da vocal, com regeneraçom de nasal em posiçom implosiva. Este fenómeno é típico do ocidente da Galiza).
Ombre
é o máis comum deste tipo de topónimos derivados de compostos
rematados em *-brigs, o que indica que o seu significado devia ser
comum para a civilizaçom dos habitantes dos castros da Galiza.
Etimologicamente, procede dum composto cum primeiro elemento ano-,
pode que de *āno-
'anel' ou de *(p)ano-
'lamaçal, esteiro'.
B.16.-
OMBRE (9 hab.- Pastor, Pinho, Crunha)
Mencionado
num documento do século X:
'in
ripa Nantone iuxta castrum Zamarone, monasterium sancte Marie
Mosoncio cum omni debito suo, uilla Cardario. in ualle Bauegio, uilla
Anobre
cum adiacentiis suis, uilla Oseui cum adiacentiis suis, prope Sanctum
Iacobum, monasterium de Ranneta cum totum suum debitum in omni giro.'
(CODOLGA:
Sobrado
971)
B.17.-
OMBRE
(78 hab.- Almeiras, Culheredo, Crunha)
B.18.-
OMBRE
(207 hab.- Vila Nova, Minho, Crunha)
B.19.-
OMBRE (27 hab.- Viceso, Briom, Crunha)
Coa
mesma orige que os anteriores.
B.20.-
A
HORTA DE
OMBRE
(Minhortos, Porto d'Oçom, Crunha)
Junto
ao lugar do castelo,
perto da igreja paroquial de Minhortos, o que semelha ser um velho
castro que vejo no SIGPAC que está a ser comesto por novas vivendas
uni-familiares. Guardo-me os qualificativos e pergunto-me onde é que
se fam as catas arqueológicas. Ombre < Anobre, antigo nome de
Minhortos?
B.21.-
+ANOBRE
(extinto, por San Vicente de Vilouchada, Traço)
Temos
algumha documentaçom medieval referida a este topónimo hoje
extinto:
'uilla
uidelicet nuncupata Anobre cum omni sua
prestantia, que est in territorio Montanos, iuxta ecclesiam sancti
Uincentii, ripa Tamaris.' (CODOLGA:
Sobrado 1023)
'et
tempore sit ipsa uilla de Anobre (…) hec est
notitia uel inuentario de uillis de Anobre. id
sunt: uillas de Froila Ermigildis et de sua muliere, quas fuerunt de
ipso Ermegildo et domna Toda, integra Anobre et
Attanidi per suos terminos antiquos.' (CODOLGA:
Sobrado 1027)
Com
el som seis ou sete os topónimos galegos com idêntica etimologia,
os mais deles a nom mais dum quilómetro da costa ou na beira do rio
Tambre. Tamém existe em Condeixa-a-Nova, Coimbra, Portugal, um lugar
de nome Anobra, que pudesse ser o equivalente desta serie
toponímica desde a forma *Anobriga
> *Anobria > Anobra, com preservaçom moçárabe de /n/
intervocálico.
B.22.-
+AVILIOBRIS
(topónimo antigo, pola Costa da Morte)
Conhecemos
este lugar por umha inscriçom latina cumha saúda a Júpiter polo
próprio castro:
I(OVI)
O(PTIMO) M(AXIMO) / |(CASTELLUM) AV/ILIOB/RIS
PR(O) S(ALUTE) (Cores; HEp-04, 00344 )
O
primeiro elemento do composto é provavelmente o céltico *awelā-
'vento' (Curchin 2008: 117; Falileyev s.v. Aviliobris),
do PIE *awe-
'soprar' (IEW: 81-4). Teríamos um topónimo similar aos actuais
Ventoso
ou Pena
Ventosa.
B.23.-
+AOBRIGĀ* / AVOBRIGĀ* (topónimo antigo; nom localizado)
Documentado
no padrão dos povos de Chaves (CIL
II 2477) como AOBRIGENSES. O primeiro elemento deve ser ao-
< *awo-,
remetendo-nos ao mesmo ou similar topónimo que AVOBRIGENSE
(in CIL II, 4247; Cf. Curchin: 117). Logo, 'Castro do Rio', se de
*awo- 'afastar-se' (Falileyev s.v. *au-, *auo- 'moving away'), sem
desbotar outras possibilidades, como *aw-yo- 'proteger' (Matasovic
s.v.).
B.24.-
+AZOBRE (extinto, por Culheredo, Crunha)
Topónimo
extinto que conhecemos polo seguinte testemunho, que o situa por
Culheredo:
'in
terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et ecclesia sancta Maria, et
uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla Basobre, uilla de Azobre.'
(CODOLGA: Sobrado c. 1001)
De
*Āk-yo-bris
'Castro-do-pico' ou 'Castro-agudo'? (cf. Ward s.v. āKUS).
B.25.-
BAIOBRE
(58 hab.- Brançá, Arçua; e Besenho, Touro, Crunha)
De
*Bad-yo-bris 'Castro Dourado' (PIE
*badyos
'amarelo, pardo', Oxford: 334) ou de *Bāg-yo-bris
'Castro das faias' (PIE *bhehaĝós
'faia', Oxford: 112), ou de *Bāg-yo-bris
'Castro da Loita' (PIE *bhegh-,
IEW: 115 e Falileyev s.v. bagos-). Cf. Irlandês antigo bāg
'combate', buide 'dourado'.
Desconheço se terá quaisquer relaçom com outros topónimos galegos
como Baiom.
B.26.-
BANHOVRE / BAÑOVRE (8 hab.-
Lavrada, Guitiriz, Lugo).
B.27.-
A Ponte de BANHOVRE / BAÑOBRE
(ponte, Ferreira, Sam Sadurninho, Crunha)
B.28.-
BANHOVRE / BAÑOBRE (272 hab.- Santa Maria de Castro, Minho,
Crunha)
Prósper
(2002: p. 377) pensa vir este topónimo, 'sin duda', de *Bannobris
'Castro do Monte' (de *bando-
'pico, cúmio', cf. Matasovic s.v., Delamarre s.v. banno-),
sem reparar em que em galego nunca o grupo -nn- da umha nasal palatal
(cf. Moralejo 2010: 474); na nossa língua as nasais palatais
procedem em geral dum grupo de n mais iode [ny] (Espanha
< latim HISPANIAM), ou dum [i] ou [e] em hiato (minha
< mia < latim MEAM;
dialectal senha 'seja' < seea,
do latim sedere). Um étimo como *Bannobri teria dado **Banovre
em galego. Nom obstante, umha forma *Bann-yo-brixs
coa mesma etimologia, si poderia ter levado ao resultado actual.
Outra possível
etimologia: de *Bānyobrixs,
'Castro-branco'. Cf. antigo irlandês bān
'branco' (Matasovic s.v. bāno-), de PIE *bhā-
'brilhar' (IEW: 104-5), veja-se máis adiante Vendabre,
e repare-se nos topónimos Vilalva,
Casa Branca...
Nom me convence a proposta de Moralejo (2010: 474), que parte de
*Blaniobris com dissimilaçom de líquidas/vibrantes, por quanto a
própria leitura BLANIOBRENSIS é debatida: Hispania Epigráfica
prima a leitura ELANIOBRENSIS.
Só
acho duas citas antigas (na segunda coido que já o é
grafia dumha nasal palatal ):
'et
est ipsa hereditate in villa que vocitant Baniovre,
territorio Prucii' (CODOLGA: Caaveiro 1143)
'Vermudo
in Villar et in Nogueirosa et in Banobre et do
ibi habere meum' (CODOLGA: Pontedeume 1151)
B.29.-
BARALHOVRE / BARALLOBRE
(18 hab.- Bravio, Betanços, Crunha)
B.30.-
BARALHOVRE / BARALLOBRE (8 hab.-
Carvalho, Friol, Lugo)
B.31.-
Santiago de BARALHOVRE / BARALLOBRE (freguesia
com 1859 hab.- Fene, Crunha)
Este
último dispom de boa documentaçom medieval:
'in
ecclesia Sancti
Iacobi de Baralouvre' (CODOLGA:
Caaveiro 1107)
'Froyla
presbiter ecclesie sancti Iacobi de
Baraliobre confirmo. Froyla presbiter ecclesie
sancti Mametis de Laragia confirmo. Iohannes presbiter ecclesie
sancte Marine de Seliobre confirmo.
Ordonius presbiter ecclesie sancti Saluatoris de Seliobre confirmo.'
(Historia Compostelana 1110)
'et
est ipsa hereditate in terra de Bisaquis, secus flumen Iubia, sub
aula Sancti Iacobi de Baralovre' (CODOLGA:
Caaveiro 1115)
'in
terra Bisauquis de aecclesia sancti Stephani de Herenes, de medietate
aecclesia ipsius quinta, et alia medietate sexta, similiter et
laycali hereditate. de aeclesia sancti Jacobi de Francia quarta
integra. de aecclesia sancti Jacobi de Barallobre
porcionem nostram totam.' (CODOLGA: Júvia 1125)
'porcionem
eclesie sancti Martini de Aares et meam porccionem de Varaloure'
(CODOLGA: Júvia 1125)
'et
de ecclesia Sancti Iacobi de Baralovre et de
ecclesia Sancti Salvatoris de Maninos nostras ibi damus integras
portiones' (CODOLGA: Caaveiro 1133)
'secus
flumen Iubie, discurrente ad aulam Sancti Iacobi de
Baralovre' (CODOLGA: Caaveiro
1157)
Provavelmente
da palavra baralha,
de orige desconhecida, que nas fontes medievais vem significar
'assemblea,
reuniom, juízo, debate, parlamento, discurso, discussom, peleja,
tumulto'. Nom
acredito na possibilidade de proceder do moi tardio varal
'vara', nom usado antes do século XV, de onde poderíamos tirar um
interessante 'Castro da Paliçada' ou similar. Porém, suspeito e
imagino que estes castros seriam lugares principais, onde as gentes
de castros vizinhos viriam a se reunir para a toma de decisons de
natureza jurídica. De aí, *Baraliobrigs (nom.) > Baralhovre
(ac.) = 'Castro do Parlamento'. No post 'Baralhovre',
de Frornarea,
estudei mais a fundo, com maior ou menor fortuna, este topónimo
junto coa palavra baralhar.
B.32.-
+BASOBRE (extinto,
por Culheredo, Crunha)
'in
terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et ecclesia sancta Maria, et
uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla Basobre,
uilla de Azobre'
(Sobrado s.d., antes do s. XII)
O
primeiro elemento do mesmo pode talvez proceder do proto-celtico
*banssu-
'pacto, tradiçom, costume' (Matasovic s.v. *banssu-),
que teria evoluído em galego até *basso-.
Semanticamente, 'Castro do Pacto'. Menos provavelmente do mesmo IE
*bed-to-
que da orige ao latino
bassus
'grosso, fértil' (IEW: 96).
Hai
um par de topónimos de aparência pré-latina que amossam nomes
similares: Basonhas
(Porto do Som), e Basadre
(freguesia em Agolada) co seu diminutivo Basadroa
< *Basadrola. Consequentemente, nom acho necessário recorrer ao
antropónimo latino Bassus
para explicar o primeiro elemento deste topónimo (cf. Moralejo 2010:
475).
B.33.-
BEDROVE / BEDROBE (129 hab.-
Cavaleiros, Tordoia, Crunha)
A
única forma antiga que conheço, Bredovre,
permite reconstruir um étimo *Brito-brigs
'Castro do Juízo', do proto-céltico *briti-
'juízo' (literalmente 'levada', do PIE *bher-
'levar': galo vergobreto 'máximo
magistrado, entre as civitas dos Aeduos', irlandês brith
'juízo'; IEW: 128-132; Matasovic s.v. *briti-), que teria
evoluído no actual Bedrove por dissimilaçom de vibrantes:
'et
Johan Afonso et Afonso Rodriges moradores en Bredovre'
(TMILG: Santiago 1385)
Moitos
dos topónimos rematados em -rove procedem de formas que têm
sofrido perda dumha vibrante por dissimilaçom (cf. Prósper 2002:
375, que confunde castelám e galego) : Bedrove <
Bredovre, Castrove < *Castrobri, Cortove <
*Cortobri, Landrove < *Landrobri, Lestrove <
*Lestrobri, Montrove < *Montrobre, Ogrove <
Ogrovre...
B.34.-
Sam Miguel de BIOBRA (83 hab.-
Ruviá, Ourense)
Nom
conheço documentaçom antiga deste topónimo. O segundo termo deve
proceder com seguridade da forma, comum no sudeste da Galiza, -brigā
> -bria > -bra. Para o primeiro elemento temos um importante
número de candidatos: *bedo-
'cal, cárcova' (cf. Matasovic s.v.; Delamarre s.v.), *widu-
'bosque' (IEW: 1177), ou incluso *biwo-
'vivo' (IEW: 467-9; Matasovic s.v.). Eis a importáncia de contar com
boa informaçom diacrónica à hora de interpretar um topónimo.
B.35.- Sam
Joám de CALHOVRE / CALLOBRE (freguesia com 225 hab.- Minho,
Crunha)
Som ao menos
quatro as freguesias e lugares chamados Calhovre / Callobre, cum
primeiro elemento que Prósper (2002: 377) considera é o mesmo
pressente na verba calhau,
que o dicionário galego de Rodíguez define 'Pedazo
grande de piedra ó piedra bastante grande pero que se pueda mover
facilmente y aun arrojar. En portugues se pronuncia igualmente.'
(DdD: Rodríguez 1855). Supostamente, do céltico *kaliawo,
do PIE *kal- 'duro' (IEW:
523-24), ainda que eu nom desbotaria umha possível relaçom co termo
céltico *kallī-
'bosque' (Matasovic s.v.), do que poderia se originar o nosso étnico
'Galegos
< Callaicos' e indirectamente mesmo o nome do país, Galiza.
No primeiro dos casos, deve ter relaçom co topónimo antigo
Caladunum, na Gallaecia Bracarense. Moralejo (2010: 476) indica
tamém, entre outras possibilidades, o proto-céltico *kalyo-
'spot' (pinta).
Para este
freguesia do concelho de Minho conheço ao menos estas citas
medievais. Repare-se na inesperada grafia Cayovre
no documento de Vilar de Donas, que parece indicar que o notário da
Ulhoa sentiu algo estranho:
'sub
aula Sancti Ioannis de
Callobre
medio de uno cassale, sub aula Sancti Georgii de Torres tres
cassales, uno medio, alio integre et
alio mediato'
(CODOLGA: Monfero, 1088)
'et
im Prucius (…) et nostra porcione integra de Sancto
Iohanne de Caliovre;'
(CODOLGA: Caaveiro 1114)
'Domingo
Eanes de Cayoure e
morador en Betanços' (TMILG: Vilar de Donas 1339)
'Dada
et outorgada enna nosa Granna de sante Ysidino da fiiglesia de Seoane
de Calobre
seys dias do mes de março anno Domini milesimo quatuorcentesimo
bicesimo tercio.'
(TMILG: Mondonhedo 1423)
É
um topónimo frequente, do que presumo um significado comum para a
cultura dos nossos devanceiros; pode que equivalente a 'Vilar do
Mato'. Tém um provável cognato em -brigā na antiga sede
episcopal de Caliabria, no norte da Lusitánia.
A
vila de Caiom na Laracha era na idade média Calion.
B.36.-
CALHOVRE / CALLOBRE (107 hab.- Cuinha, Oça dos Rios, Crunha)
Temos algumha
documentaçom medieval referente a este lugar de Oça dos Rios:
'in
Nemitos Generozo, Uiuenti, Caliobre,
Uendabre, Pontelia, Teoderici, Heletes cognomento Limenioni, Crendes,
uillare Porcimilio'
(CODOLGA: Sobrado 887)
'et
alias archas et decorias que diuident inter Lemenioni et ipsas
Parietes et Caliobre. et concludent per fontem
bonam in directo usque ad ipsam archam quem primiter inceperunt inter
Codais et Parietes.' (CODOLGA: Sobrado 942)
'in
Dei nomine. ego Iohannes Calioure,
filius Martini Ouequit et Guntrode Froyle de Calioure,
uobis fratribus Sancte Marie Superaddi dono per cartam donationis et
testationis omnem hereditatem patris et matris me, quam habeo in
Calioure
intus et foris cum omnibus pertinentiis suis, quantum pertinet ad
uocem patris et matris mee, quia ego solus remansi ex omnibus filiis
eius et totam hereditatem quam habeo ex parte patris mei in Parrega
in uilla que uocatur Osendi de Sancta Cruce.'
(CODOLGA: Sobrado 1204)
B.37.- SAM
MARTINHO DE CALHOVRE /CALLOBRE (482 hab.- Estrada, Ponte Vedra)
B.38.-
CALHOVRE / CALLOBRE (sd.- Céltigos, Ortigueira, Crunha)
B.39.-
Monte CALLOBRE (cultivo, Magalofes, Fene, Crunha)
B.40.- O
CALLOBRE (arboredo, Briom,
Briom, Crunha)
B.41.- Rua
de CALLOBRE (extinto, Santiago
de Compostela)
Idênticos aos
anteriores. Monte Callobre em Fene, e O Callobre em Briom, som
lugares nom habitados. A Rúa de Callobre de Santiago é a moderna
Rua da Caldeiraria (Rúa da Calderería).
B.42.-
+CALUBRIGA* (extinto, por
Valdeorras, Ourense)
Conhecemos
este(s) topónimo(s) por duas inscriçons latinas, umha achada em
Valdeorras e a outra em Celorico de Basto, em Portugal. Pola primeira
delas sabemos que este lugar (ou um deste lugares) pertencia aos
Gigurros, de cujo nome vem o actual Valdeorras ( <
Valle d'Orras < Valle d'Orres < Valle de Iorres < Valle de
Gigurris):
L(UCIO)
POMPEIO L(UCI) F(ILIO) / POM(PTINA) REBURRO FABRO / GIGURRO
CALUBRIGEN(SI)
/ PROBATO IN COH(ORTE) VIII PR(AETORIA) / BENEFICIARIO TRIBUNI /
TESSERARIO IN |(CENTURIA) / OPTIONI IN |(CENTURIA) / SIGNIFERO IN
|(CENTURIA) / FISCI CURATORI / CORN(ICULARIO) TRIB(UNI) / EVOC(ATO)
AUG(USTI) / L(UCIUS)FLAVIUS FLACCINUS / H(ERES) EX T(ESTAMENTO)
(Cigarrosa; HEp-02, 00583)
ARTIFICES
/ CALUBRIGENS/ES ET ABIANIEN(SES) / F(ACIENDUM)
C(URAVERUNT) (Refojos de Basto; HEp-10, 00717)
O
segundo elemento é -brigā, o esperável na zona; o primeiro poderia
ser o já visto PIE *kal- 'duro' (IEW: 523-24).
B.43.-
CANÇOVRE / CANZOBRE (60 hab.- Morás, Arteijo, Crunha)
Prósper
(2002: 377), por desconhecimento da seguinte informaçom diacrónica,
interpreta a primeira parte deste topónimo como a preposiçom *kmti-
'com'. Nom obstante, dada a seguinte história evolutiva, Cançovre
<
Caançovre <
Caranzobre, o étimo deste topónimo deve ser a forma
céltica *Carantiobrigs,
de *kar-ant-
'amigo' (IEW: 515; Matasovic s.v. *karant-).
No seguinte, o lugar de Begoa é Brégua, em Culheredo,
limítrofe com Cançovre:
'Jtem
en Caançoure
media de hũa seruiçaya et en Begoa
meadade doutra'
(TMILG: Santiago 1390)
'Yten,
outro tarreo da pereyra d'Eldara Peres que se departe do tarreo de
Pedro Fernandes e ten fondo do tarreo de Joaquin de Caranzobre
(…) Yten, o tarreo da pedra d'Eldara Peres que fas cabo do tarreo
de Maria de Ben e do tarreo de Juan de Caranzobre'
(TMILG: Crunha 1399)
A evoluçom
com perda de r intervocálico é mui similar à que se produz na
evoluçom de Braga < Bragaa < Bracara, com dissimilaçom entre
vibrantes. Hai
outros topónimo similares na Galiza para os que nom se da esta perda
de r, por quanto nom tem contexto para a dissimilaçom,:
Carantonha
/ Carantoña
(87 hab.- Lousame, Crunha) < 'ennas
villas de Chave et Carantono,
et en toda a frigresia de San Pedro de Tallares'
(TMILG: Noia 1342) < 'hereditate nostra propria
quam habemus de suscepcione auorum nostrorum et jacet in loco
nominato Beesar et sunt margines tres sub aula Sancti Petri in uilla
Carantonio' (Tumbo de
Tojos Outos 1151)
Carantonha
/ Carantoña (21 hab.- Porto do Som, Crunha)
Sam
Martinho de Carantonha / Carantoña (720 hab.- Vimianço, Crunha)
Sam
Juliám de Carantonha / Carantoña (166 hab.- Minho, Crunha) <
'in villa nuncupata Sala, concurrencia ad ecclesiam Sancti Iuliani
de Carantonia'
(CODOLGA: Caaveiro 1154)
Carantos
(54 hab.- Coristanco, Crunha)
Resumidamente,
Cançovre deve ser 'Castro Amado', ou 'Castro Bo', ou
'Castro dos Amigos'. Som moitos os topónimos franceses de similar
étimo: Carantec, Carentan, Charenton... E máis o antigo
Carantomagus (Falileyev s.v.).
B.44.-
+CANIBRI
B.44bis.-
+CANOBRI
Senlhos
topónimos registados no Ravennate, Canobri na beira-mar, polo atual
norte de Portugal, Canibri tamén na costa, mais bem passada
Brigantium, pode que nas Marinhas de Lugo ou já nas Astúrias. Ambos
compartem o primeiro elemento, do celta *can-
'cana' (Curchin 2008: 119), ou melhor, penso, do proto-céltico
*kani- 'bom, fermoso' (Matasovic
s.v.).
B.45.-
CASTROVE
(monte, perto de Ponte Vedra)
Monte
duns 600 metros que delimita a ria de Pontevedra ao norte e defende o
val do Salnês. É bem visível tamém desde o mar de Arousa. Ainda
que foneticamente semelha ser um híbrido latino-céltico,
*Castrobre,
a informaçom diacrónica nem o confirma nem o desminte, sendo
contodo a forma máis antiga conhecida Castovre.
Prósper (2002: 334 e 376) sugere relaçom cum proto-indo-europeu
*kns-to-
> *kansto-
> *kasto-
'notorio, destacado', de onde latim censeō
'valorar,
estimar',
presente na antroponímia celta da Gália no nome
Casticus;
o monte
é visível desde dúzias de quilómetros à redonda. Nom obstante,
Mallory e Adams (Oxford: 356), incidindo na semántica do PIE
*kˆe(n)s-, sinalam que esta está máis próxima do campo das
solenidades judiciais e cultuais, que do relevo físico:
'in
territorio salinensis ad radicem alpe Castovre'
(CODOLGA: Santiago 1025)
'et
est in territorio salinensis ad radicem alpe Castovre'
(CODOLGA: Santiago s. XI)
'illud
monasterio de Sancta Maria de Armentaria et Guandiis et Castrum
malum, ex illa Arinada del Conde usque ad Genguvi et de Pines usque
ad Castrum Sancti Cipriani et de illud Portum de Barrantes usque ad
illud portum de Serem et ex inde usque ad illam fontem de Castrove.'
(CODOLGA: Armenteira 1151)
'cacumen
montis de Custodiis et inde per cacumen montis de Castroue
et inde quomodo ferit per saltum de Olidi, et inde per montem de
Bazar, et inde per Sanctum Iohannem de Ramo, et inde quomodo diuidit
de terra de illa Fraga, et inde quomodo intercluditur per flumen
Lerce et ferit ibi.' (CODOLGA: TA 1169)
B.46.-
SAM SALVADOR DE CECEVRE / CECEBRE (freguesia com
1322 hab.- Cambre, Crunha)
A sua primeira
mençom é Zercebre, o que nos
remete a um étimo que poderia estar relacionado co vento Cérceo
< latim CERCIUM (verba de orige gala ou hispana), e máis co latim
CIRCULUM, do PIE *(s)ker-
'virar, dobrar' (IEW: 935-938), raiz que da
orige a numerosas palavras celtas. Poderíamos estar ante um 'Castro
/ Monte do Curro', em referência as próprias fortificaçons,
cercas, do castro. Embora,
Moralejo (2010: 476) considera a leitura Zercebre espúria,
assumindo consequentemente um étimo baseado num primeiro elemento
*keke/io- vel sim:
'in
Nemitos, eclesia Sancti Saluatoris et uilla Zercebre
quod michi concessit plus pater domnus Sauaricus episcopus'
(CODOLGA:
Celanova
942)
'in
ualle Nemitos, uilla de Adois cum adiacentiis suis, uillar Spelunce,
uilla Barbeito, uilla Uarzena cum adiunctionibus suis, uilla Melangos
cum adiunctionibus suis, uilla Illobre cum pumaribus de Ponteliar,
uilla Calambre cum adiacentiis suis et cum sua creatione, uilla
Zezebri.' (CODOLGA:
Sobrado 971)
'Spelunca,
uillare Riquilani, uillare de domno Suario, Pontelias, ecclesia de
Calambre cum adiacentiis suis, uilla Odroci, uilla Prauio, uilla
Cicebre, uilla de Noz, uilla de Oix cum
adiacenciis suis. in terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et
ecclesia sancta Maria, et uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla
Basobre, uilla de Azobre.' (CODOLGA: Sobrado 1001c)
'et
mediam ecclesiam de Sarantes et uilla de Ceceure'
(CODOLGA: Sobrado 1165)
A
perda de r no grupo -rc- nom é frequente, mais neste contexto, -rce-
é foneticamente equivalente a -rs-, que evolue regularmente em -ss-:
ursum > osso, Santum Thirsum > Santisso, persicum
> pêssego > pêxego. Tamém Somoça < Submontia. Por
último, conhecemos por umha inscriçom de Ourense um topónimo
similar, LARI CIRCEIEBAECO PROENEITAEGO (Prósper 2002: 364); a
dedicaçom ao Lar de Circeieb- sugere a existência dum topónimo
*krikyobris ou *kerkyobris.
B.47.-
CEÇOVRE / CEZOBRE (s.d.- Borrajeiros, Agolada, Pontevedra)
'Item
mando a o moesteyro de San Andre d'Orrea o meu cassal de Çezobre
que he meu.'
(TMILG : Osseira 1335)
Poderia
ter a mesma orige que o anterior topónimo, ou ser máis bem a
evoluçom dumha Caitiobris
– idêntica ao étimo de Setúbal,
em Portugal, que Ptolomeo recolhia como Καιτοβριξ
(Prósper 2002: 359). Provavelmente de *kayto-
'bosque' (Matasovic s.v.) com latinizaçom do ditongo /aj/ em /ae/, e
posterior monotongaçom. Para Setúbal,
em Portugal: Caetobriga
> *Cetobria > *Cetobra e, com interferência da língua árabe,
Setúbal.
B.48.-
CILHOVRE / CILLOBRE (70 hab.- Sésamo, Culheredo, Crunha)
B.49.-
CILHOVRE / CILLOBRE (39 hab.- Cornado, Touro, Crunha)
B.50.- As
Torres de CILLOVRE / CILLOBRE (53 hab. - Torás, Laracha, Crunha)
Um possível
étimo para estes topónimos pode ser *Kail-yo-brigs
'Castro-auspicioso' > *Cēliobre > *Cėliobre > *Ciliobre,
com feche da vogal átona por inflexom por iode (Ferreiro: 50). O
tema *kaylo-
'augúrio' (Matasovic s.v.) tem boa presença
nas línguas indo-europeas, especialmente nas línguas célticas
(IEW: 520):
galês coel
'pressagio', antigo bretom coel
'adivinho', antigo irlandês. cēl
'augúrio'.
Gótico hails,
antigo alto alemám heil
'íntegro, saudável' (e 'Saúde!')
Outras opçons
som *Kēl-yo-brigs ou *Kil-yo-brigs
'Castro-companheiro' (antigo irlandês ceile,
galês cilydd <
*keil-iyo-s
'companheiro', IEW: 539-40, Matasovic s.v. *kēlyo-).
Ou mesmo *Koyl-yo-brigs 'Castro-Magro',
de *koylo-
(Matasovic s.v.) 'estreito, magro, delgado', idêntico ao nome
autóctone de Castromao (Celanova), Κοιλιοβριγα
(Prósper 2002: 359), capital dos Coilernos. Assi que se nom é um
'Castro Bo', será um 'Castro Pequeno', ou um 'Castro dos
Companheiros'.
B.51.-
+COILIOBRIGA (Castromau, Celanova, Ourense).
Topónimo
citado por Ptolomeu (Κοιλιοβριγα)
como principal cidade
dos coelernos, tem sido identificado co castro de Castromao, em
Celanova; é topónimo em -brigā, como é comum entre os nomes de
lugar da Gallaecia Bracarense e máis da Asturicense. O seu primeiro
elemento deve ser o céltico *koylo-
'magro, delgado' (IEW: 610), senom é *kaylo-
'augurio' (IEW:
520), que
origina algumhas palavras celtas como galês
coel
'pressagio', antigo bretom coel
'adivinho', antigo irlandês. cēl
'augúrio'.
B.52.-
CIOVRE / CIOBRE (s.d.- Val, Narom, Crunha)
A informaçom
que temos deste lugar é serôdia, sendo praticamente impossível ter
certeza da consonante perdida entre i e o. Poderia ser /l/ ou /b/,
/d/, /g/ ou /v/, ou pode que /n/.
'hereditatem
de Ciobre
quae est in terra Trasanquis' (CODOLGA:
Júvia 1162)
'hereditas
de uilla Cornelli diuiditur per ubi se diuidet de Ciobre et
quomodo se diuidit de ualle Malo et inde per Grandalem et inde ad
Lamam Molinum.' (CODOLGA:
Sobrado 1173)
'in
Trasanquos. et de monasterio de Narahon et de laycali quam de
aecclesiastica totum meum directum. in sancti Mamete de Atenos
portione meo integro et in uilla de Cioure meo portio integro,
et in rrio Malo portio mea. et in terra de Ortigaria totas meas
hereditates' (CODOLGA:
Júvia 1188)
Tam só como
possibilidade: de *kiwo-
'brétema, nevoeiro' (Matasovic s.v.) Note-se a interessante entrada
que Moralejo (2010: 476) dedica a este topónimo.
B.53.-
COEVRE / COEBRE (16 hab.- Loureda, Cessuras, Crunha)
Pace
Moralejo (2010: 476), moi provavelmente era Colobre
em 935:
'uillas
que uocitant Coua [Vilacova,
Avegondo] cum adiacentiis
suis, Uilores [Viós,
Avegondo], Colobre,
Preseto [Presedo,
Avegondo]'
(CODOLGA: Sobrado 935)
Certamente,
Viós e Presedo som freguesias próximas a Vilacova, como o é a
freguesia de Loureda, em Cessures, à que pertence Coevre. Suponho
umha historia evolutiva mediada por um episódio de dissimilaçom:
Colobre
> *Colovre > *Coovre > Coevre. Tal
vez de *Kwolobris,
do Pie *kwolo-
'roda, volta' (IEW: 639-40; Matasovic s.v. kwolu-),
que da o antigo irlandês cul
'carro, vagom' < *kwolō,
būachail
'vaqueiro' ( 'torna-vacas' < PIE *gwou-kwolos, cf. Oxford:
283).
Teríamos assi um possível 'Castro / Outeiro da Reviravolta /
Curral'.
B.53bis.-
O COBRE (bosque, em Ames, Ames,
Crunha)
Poderia
ou nom ter as mesma orige que o anterior.
B.54.-
Santo Adrám de COVRES / COBRES (1446
hab.- Vilaboa, Pontevedra)
B.55.-
Santa Cristina de COVRES / COBRES
(1183 hab.- Vilaboa, Pontevedra)
Recebiam
o nome de o Coobre ou os Coobres,
e nalgures lim tamém Coovre,
na documentaçom galega medieval, o que leva a considera estes
topónimos como derivados dum antigo *Colobres,
coa mesma orige etimológica que Coevre.
Sem desbotar um possível Canobris
(ver máis arriba) > *Caovres
> Coovres
.
'aforo
et dou em aforamento a vos Gonçalvo do
Coobre, morador na fiigresia
de Santo Andre de Figerido (...) o dito Gonçalvo do
Coobre (…) Et eu o dito
Gonçalvo do Coobre'
(Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1433)
'Testemoyas
que foron presentes, Juan Rodrigues de Verdusedo, escudeiro, et
Lourenço dos Coobres,
mareantes'
(Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1435)
'Lourenço
dos
Coobres,
mareante.'
(Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1437)
B.56.
+COOZOVRE
(extinto, perto de Sam Miguel de Raris, Teo, Crunha)
'ecclesie
sci. Michaelis de
Raariz
(...)
predicte ecclesie de Raariz hereditatem quam habeo in casali de
Coozoure'
(CODOLGA: Santiago 1269)
As vocais
idênticas em hiato revelam a perda segura dumha consonante,
provavelmente /l/ ou /n/, sem descartar /d/, /b/ ou /v/. Umha
possibilidade razoável é fazer vir este topónimos dum hipotético
*Konet-yo-brig-s:
*Conetiobri
> *Coneçobre
> *Cõeçovre
> Cõõçovre (assimilaçom),
que teria rematado num *Conçovre
/ *Coçovre
/ *Cosovre.
Similar resultado teríamos partindo de *Kolet-yo-brig-s
ou similar.
B.57.-
CORTOVE / CORTOBE (51 hab.- Burres, Arçua, Crunha)
De
*Korto-brigs
(Prósper 2002: 374; Falileyev s.v. corto-),
cum primeiro elemento *korto-
que poderia ou nom estar tamém no celtibérico KorToniKum
(que
penso representa um elemento *gorto-, cognato do latin hortus,
germánico gard- 'recinto').
A perda do /r/ teria-se dado por
dissimilaçom: *Cortobre
>
Cortobe.
Ou
de *Koret-o-brigs,
relacionado com *koretyos
'pedrafita, menir' (Ward s.v. corets).
Hola, Cossue, muy interesante esto de las -brigas. Me encuentro muy liado y trataré de leerlo con más atención y ...tiempo.
ResponderEliminarAbobriga y Avobriga son bien distintas.
Abobriga creo que ya ha sido identificada como lo que hoy llaman: "Santa Trega" (no Tegra) y la con "uve" (Avobriga) es posible lo sea la Citania de Briteiros a la orilla del "Ave".
Un saludo amigo Cossue y adelantandome un poco te deseo unas felices fiestas de Navidad en compañía de los tuyos.
Un saludo
Perdón, soy Abo
ResponderEliminary dentro de las -brigas te falta: Berobriga (Castro de Donón, Cangas do Morrazo). Donde un Santuario y aras dedicadas al Dios de Berobriga y también al Dios Lar de Berobriga.
ResponderEliminarPerdón...ya paro, ya paro.
Abo.
Boas Cossue...os meus parabéns mási sentidos polo exhaustivo traballo de recopilación das terminacións en -obre e a súa documentada análese interpretativa.
ResponderEliminarSeguramente coñeces o estudio pra os mesmos de Luis MOnteagudo no Anuario Brigantino de 1996, dentro dun amplísimo e fermoso estudo sobor dos "outeiros" e outros aspectos da sacralidade da Callaecia.
Como fose o caso de non me parecer miralo entre a documentada bibliografía que citas, e polo que teño o atrevemento de che acercar a url onde poderás ler o PDF, valaí vai:
http://anuariobrigantino.betanzos.net/Ab1996PDF/1996%20011_118.pdf
No número 22 de dita revista, ano de 1999, aporta un interesante estudio de toponimia sobre os nomes rematados en -es, que supón de base etrusca, no que d enovo incide brevemente nos rematados en -obre. Este é o enderezo:
http://anuariobrigantino.betanzos.net/Ab1998PDF/1998_045_066.pdf
Reiterando os meus parabéns polo blogue e o artigo, xa me vou despedindo, mandando un saúdo pra todos e todas.
Rafael.
Graças, meu! Botarei-lhe umha olhada aos trabalhos que me indicas. E desculpas por minhas vagáncias...
ResponderEliminarAbo! Grazas, meu, e desculpa polo tempo transcorrido: collinme unhas necesarias vacacións de min mesmo... O mellor neste ano que comeza para ti e máis os teus.
ResponderEliminarSobre Abobriga e Avobriga, totalmente de acordo en que son dous topónimos e lugares distintos. Sobre Berobr- do Lar Berobreo... Preferín deixalo fóra polo momento, mais éche ben certo que é topónimo a engadir a colección... Para a próxima revisión!