Sá
1.-
Zás
Recentemente
Paulo Martínez Lema vem de publicar um interessantíssimo artigo
(Aproximación
lingüístico-etimológica a la toponimia de las comarcas de Xallas,
Fisterra y Soneira,
Revista de Filología Románica 2010, vol. 27 237-262), baseado na
sua própria tese doutoral, que os amantes da toponomástica podemos
consultar aqui.
Um dos topónimos estudados neste artigo é Zás, correspondente a
três lugares na província da Corunha:
- Zás, concelho, freguesia e lugar na terra de Soneira.
- Zás, freguesia e lugar em Negreira.
- Zás de Rei, freguesia em Melide.
Estes
topónimos vêm sendo considerados como idênticos cos topónimos Sás
que temos na Galiza (em Paderne, Sarreaus, Coles, Ourense...), ao
menos desde o artigo que Joseph Piel publicara em 1973 dedicado ao
hispano-godo
*sal-. Já foi o próprio Piel quem em 1940 (Boletim
de filologia, tomo VI, fascículo 2) propusera para os topónimos
Sá
do norte de Portugal, Sá,
Saavedra
e Saa
da Galiza, a sua orige no germánico *sal-
'casa / povoado'. Aliás, Paulo Martínez Lema amossa que, ao menos
para o Zás de Soneira, nom hai base para considera-lo derivado de
*sala: ao contrário, a copiosa documentaçom medieval, que sempre
amossa este topónimo coas formas Sat,
Saz,
nom mostra nunca o hiato [aa], resultado esperável da queda dum /l/
intervocálico desde o grupo [ala]. Em consequência, e desbotando a
etimologia germánica para Zás, Martínez Lema propom como étimo
deste topónimo o latino SALICE > *sal'ce > saz, cumha evoluçom
paralela à de ULICE > *ul'ce > uz.
Porém,
o caso do Zás de Melide é distinto: Zás
de Rei tem
boa documentaçom diacrónica que si amossa a sua pertença ao
conjunto dos topónimos derivados de *sal-:
'Saas
de Rey' (Documentos
da catedral de Lugo século XIV,
1340)
'sancto
Iuliano de Salas
regis' (CODOLGA: Sobrado, 1225)
'sancti
Iuliani de Sala
regis' (CODOLGA: Sobrado, 1205)
'Sancti
Iuliani de Saas
de Rege' (CODOLGA: Sobrado, 1177)
2.-
Sá < Sala
Retornemos
ao artigo de 1940 de Joseph Piel. Ali já el propunha a orige destes
topónimos Sá,
Saa, Saavedra,
numha forma germánica *sala, cognata da nossa actual sala,
salom,
derivados do francês salle,
de orige remoto franco. Dieter Kremer recentemente (em “El
elemento germánico y su influencia en la historia linguística
peninsular”) indicava a possível identidade deste topónimo co
nosso apelativo sá
(“ser
da mesma sá”,
compartir orige, ser da mesma geraçom), que teria ao seu ver um
contido semántico similar ao dos nossos germanismos caste,
castiço.
Pola
sua banda Coromines propunha (no seu Breve
diccionario etimológico de la lengua castellana, s.v..)
para o castelám sala
a provável confluência dum gótico *sal-
e máis do francês salle.
Em quaisquer caso, ambas derivariam dumha forma feminina *sala
(cf.
DuCange s.v.),
de igual significado e orige que as formas proto-germánicas *salaz
e *saliz
'casa, vivenda, salom' das que derivam as formas conhecidas das
diversas línguas germánicas, que em contraste coas formas romances
som sempre masculinas ou neutras. Assi, Vladimir Orel (2003 s.v.)
propom como étimo proto-germánico:
*saliz
~ *salaz
sb.m./n.:
De onde antigo nórdico
salr
‘hall’, antigo inglês sele
‘hall, house, dwelling’, sæl
‘hall’, frisom seal
id., antigo saxom seli
id., antigo alto-alemám sal ‘house, hall’.
*sala-,
*salam,
germ., st. N. (a): nhd. Haus, Halle, Saal; ne. house (N.), hall;
RB.:
got., ae., afries., as., ahd.; gótico sal-jan
(1) 9, sw. V. (1), herbergen, bleiben, unterkommen, Herberge finden;
anglo-saxom sal-or,
N., Saal, Wohnung, Haus, Gebäude; antigo alto-alemám sal
(1), sali*, 6, st. N. (a), Saal, Haus, Vorsaal;
*saliz,
germ.,
st. M. (a):
antigo nórdico sal-r,
st. M. st. M. (i), Gebäude, Saal;
Esta
informaçom já tinha sido empregada por Pokorny (Indogermanisches
Etymologisches Wörterbuch:
898) para reconstruir a raiz *sel-
(1) ‘morada':
antigo
alto-alemám sal
m. `Wohnung, Saal, Halle', longobardo sala
`Hof, Haus, Gebäude', antigo saxom seli
m. `Wohnung, Saal, Tempel', antigo inglês sæl
n., salor
n., `Halle, Palast', sele
m. `Haus, Wohnung, Saal', antigo islandês salr
m. `Saal, Zimmer, Haus', Pl. `Wohnung, Hof', sel
(*salja-) `Sennhütte'; gótico saljan
`einkehren, bleiben', saliþwōs
Pl. `Einkehr, Herberge', antigo alto-alemám salida,
antigo-saxom selitha,
antigo inglês seld
`Wohnung';
Particularmente
interessante é para mim o longobardo sala
'granja, casa, edifício', sala propia
'domus vel familia'
(DuCange), pola possível ligaçom coas nossas sás. Consulte-se a
seguinte entrada da Wikipédia italiana:
http://it.wikipedia.org/wiki/Sala_(Longobardi))).
De facto, cada sala era tanto unha unidade de produçom agrária como
de fiscalizaçom desta.
Com
sala está relacionado o nosso medieval gasalian
'esposa, aliado, membro dumha congregaçom religiosa' (o germánico
ga-
comparte orige co latino co-,
de aí e literalmente 'con-casa-' = 'que compartem casa), cognado do
antigo alto alemám gisello
'sócio, camarada, companheiro' (Gerhard Köbler, Althochdeutsches
Wörterbuch s.v.), e o actual, com rendimento toponímico, gasalha
'propriedade em mam-comum'. Dum e outro agasalhar,
literalmente 'compartir (a casa)'.
Vamos
agora cumha listage actualizada dos topónimos que conheço e
pertencem a esta serie. Tem sido elaborado usando tanto o nomenclátor
do nosso país, como os topónimos recompilados no Projecto
Toponímia de Galicia (projecto ainda parcial), como a informaçom
toponímica contida na nossa rica documentaçom medieval, e hoje
facilmente acessível em Internet num conjunto de corpus: CODOLGA
para a documentaçom latina, TMILG
para a documentaçom em galego, e Corpus
Xelmírez, que incorpora documentaçom em latim, galego e
castelám.
Foto: Nasa |
2.a.-
Província da Corunha:
Río
de Sá
(rio,
Silhovre, Fene):
'in
valle de Sillovre, id est, in villa que dicitur Sala
meam porcionem' (CODOLGA: Caaveiro, 1224);
'sauto
de Sala'
(CODOLGA: Caaveiro, 1125);
'una
que est in territorio Bisaquis vocitant illa Saa,
et iacet in valle de Sillovre discurrente ad aulam Sancti Iuliani,
secus flumen Iuvie' (CODOLGA: Caaveiro 1102)
Sá
de Abaixo / de Arriba (Vila Velha, Pontes
de Garcia Rodríguez)
Sá
(Peçovre, Santisso)
'Item no couto de Peçovre tomou Martin Fernandez Iohan
Perez serviçal de Sancha Rodriges do casal de Saa'
(Corpus Xelmirez: 1380);
'quomodo se diuidit de hereditate de Saa
et de Pezouere' (CODOLGA: Sobrado 1174)
Sar
(Sespom, Boiro)
'et
mando ibi mecum hereditatem meam de Sala
et hereditatem meam de Fontano quantum mihi conuenit ex auo et de
ganancia et hereditatem ipsam de de Gracio ab ipsis superiores
marchis usque sursum, et de ipsis superiores marchas deorsum mando ad
germano meo Munio Pelaiz. Item mando hereditatem meam de Sauagiaes'
(Toxos Outos: 1152);
'Et in territorio Pistomarchos erga aulam Sancti
Vincencii de Sespaone vendo uobis et dono ab integro porcionem meam
integram tam de auolencia quomodo de ganancia in uillas et
hereditatibus Saa
et Danaria' (Toxos Outos: 1140)
Saa
(Esteiro, Cedeira)
Sá
(Veiga, Ortigueira)
Sá
(Senra, Ortigueira)
A
un destes dous topónimos corresponde o seguinte fragmento:
'in
Ortigaria, de monasterio sancti Pelagis meam porcionem integram. de
Sala
quantum ibi habeo' (CODOLGA: Xubia 1162)
Sás
(Vilouçás, Paderne)
San
Xiao de Zás
de Rei
(freguesia,
em Melide)
'Saas
de Rey' (Lug. XIV, 1340);
'sancto
Iuliano de Salas
regis' (CODOLGA: Sobrado, 1225);
'sancti
Iuliani de Sala
regis' (CODOLGA: Sobrado 1205);
'Sancti
Iuliani de Saas
de Rege' (CODOLGA: Sobrado, 1177)
+
Sala
(extinto? por Porçomilhos, Oza dos Ríos ou Requiám, Betanços)
'mamulam
que stat inter Ferrarios et Jenrocio. per petram de Sala
per mamulam que stat inter Porcimilios et Villar de Custodia'
+ Sala
(extinto? Grijalva, Sobrado)
'casale
de Lagona et inde per illos marcos de inter Saa
et Syxto, et fer ad portu de Munio et inde per illo rego usque ad
Pelago de iudeo de Mandeu et inde per illa uallina usque ad archa
antiqua, et inde per ipsa carrale usque ad Lagona unde incepimus'
(Sobrado s.d);
'in
ualle Presares, Teyxario, Mera, Maquis, Sancto Tyrso, Cerzedello,
Sturedo, Ederosa, Sancto Martino, uilla Odorici, Negrelli, Ruderiz,
Centum casas, uillar Raso, Guistrunir, Pardinas, Uillela, Sala,
Randulfi' (CODOLGA: Sobrado 1037)
+ Sala
(extinto? Malpica ou Ponte-Cesso)
'uilla
Uaralango. uilla Sala.
uila Genesio. hereditates in Nidones. uilla Lanqueiron. uilla
Cauriol.' (CODOLGA: Santiago 1105)
+ Sala
(extinto? Naron ou Ferrol)
'et
in Trasancis de Sancta Maria de Sequeiro; et de Sala
nostra porcione integra; et in Mandian' (CODOLGA: Caaveiro 1154);
Com
dúvidas:
'et
hereditate de Ortigaria, scilicet, Sancti Iuliani de Baruaos medium
et de uilla Meandi medium et de uilla de Castro medium et de Lamas
medium et de Saa
medium et Sanctam Mariam de Nareiu cum hereditate laycalia' (CODOLGA:
Sobrado s.d.)
+ Sala
(extinto? Carantonha, Minho)
'hereditate
mea propria quam habeo in villa nuncupata Sala,
concurrencia ad ecclesiam Sancti Iuliani de Carantonia' (CODOLGA:
Caaveiro 1154)
2.b.-
Província de Pontevedra
Sá
(Val de Sangorça, Agolada)
Sá
(Borrajeiros,
Agolada)
Sá
(Camposancos, Guarda)
Saa
(Beade, Vigo)
Saa
(Santa Marinha de Pescoço, Rodeiro)
Santiago
de Saa
(freguesia, Doçom)
'in terra de Deçon in parrochia sancti Iacobi de Saa'
(CODOLGA: Oseira 1274);
'in villa que vocatur Saa, in parrochia sancti Iacobi de
Saa'
(CODOLGA: Oseira 1251);
'et iacet in Dezum cum sua portione Sancti Iacobi de
Saa'
(CODOLGA: Dozón 1124);
'in Dezone alias villas, id sunt villa que vocitant
Sala,
villa Amenetello, et de alia parte villa Pinniario' (CODOLGA:
Celanova, 993)
Saa
(Fornelos, Salvaterra de Minho)
+ Sala
(extinto? Sobroso, Mondariz)
'villam
etiam nomine Salam
circa fluvium Tenae sub castello de Suberoso'
(CODOLGA: Tui 1170)
+ Saa
(extinto? Carvoentes, Rodeiro)
'Item en Baroncelle un
lugar que tem Lopo Conde, chamamlle Saa,
dam hum moyo de pam. - Item en Arvo Sagro ha un lugar de que dam
quatro fanegas de pam et quatro maravedis de dereytura.' (Corpus
Xelmirez: 1473)
2.c.- Provincia de Ourense:
Sá
(Alvarelhos, Boborás)
Sá
(Serantes, Leiro)
Sá
(Araújo, Lóvios)
Sá
(Condado, Padrenda)
Sá
(Valongo, Cortegada)
'villa Sala
et ecclesia sancti Georgii in territorio Valongo' (CODOLGA: Celanova,
1088)
Sá
(Domês, Verea)
'hereditatem in Sancto Martino de Domet, que hereditas
dicitur Saa'
(CODOLGA: Celanova, 1228)
Saa
(Carvalheda, Carvalheda de Ávia)
Saa
(Seoane de Arcos, Carvalhinho)
'e a abadessa e o conventu de Lobaes dan a nos o seu
casar de Saa, que est en villa que dizen
sancte Iohanne de Arcus' (Corpus Xelmirez: 1266)
Saa
(Sadurnom, Cenlhe)
'cautum de Uilla Saturnin et de Sala'
(CODOLGA: Santiago, 1153)
Saa
(Mourisco, Paderne de Alhariz)
Saa
(Sam Cibrao de Armental, A Peroja)
'in loco qui vocatur Saa,
sub parrochia sancti Cipriani in terra de Temes' (CODOLGA: Osseira,
1250)
Sá
(San Cristovo de Armariz, Nogueira de Ramuin)
Sás
(Santa Marinha de Alvám, Coles)
Sás
(Sarreaus, Sarreaus)
Sás
(Beiro, Ourense)
Sás
(Untes, Ourense)
San
Fiz de Sás
de Penelas (freguesia, Castro Caldelas)
Sás
de Junqueira (Junqueira, Pobra de Trives)
Sam
Pedro de Sás
do Monte (freguesia,
Monte de Ramo)
+ Saa
(extinto? Vilar de Santos)
'in villa que vulgariter
appellatur Villare de Santos, in loco quod dicitur Saa'
(CODOLGA: Ourense, 1256)
2.d.-
Província de Lugo:
+
Sala
(extinto? Louseiro, Sárria)
'nosso casal de Saa
que he sub signo de San Matino de Loseyro' (Documentos Catedral Lugo
s. XIV, 1381);
'in Sala
de Lugeiro tres quartas de ipsa villa' (CODOLGA: Lugo 1160)
+ Sala
(extinto? San Joám de Pena, Lugo)
'en Sayoane de Pena no casal de Saa'
(Documentos Catedral Lugo s. XIV, 1306);
'ecclesiam sancti Joannis de Pena cum villa de Sala
cum omnibus hominibus ad eam concurrentibus et cum suo Caritel '
(CODOLGA: Lugo, 1160)
+ Sala
(extinto? Martul, Outeiro de Rei)
'in Martur villam quam dicunt Sala'
(CODOLGA: Lugo 1160)
+Sala
(extinto? Recesende, Baralha)
'in Recesendi villam de Sala
cum ecclesia et hominibus habitantibus in villa cum suo caritel'
(CODOLGA: Lugo 1160)
+Sala
(Deade, Pantom)
'noso casar de Saa,
con todas súas herdades, árvores et formaes que ha et aver deve sub
o signo de San Viçemço de Deade' (Corpus Xelmirez: 1484);
'et in valle de Eire, que dicunt Sala,
et alia Palacio' (Samos, 1091)
+ Saa
(extinto? por Goó, Oíncio)
'villam Sancti Saturnini, Villam de Saa,
que sunt in Tria Castella, in ripa Minii, cum omnibus regalibus de
[Biris] ad se pertinentibus, per hos terminos: per vallatum antiquum
de Alcabria, et per linares ueteres, et per illum patronum qui
diuidit inter Saa
et Sanctam Mariam de Gua et Montem de Rege' (CODOLGA: Santiago 1228)
+ Sala
(extinto?
Mondonhedo)
'et
hereditate de Saa
que est iuxta ripam fluminis quod dicitur Masma' (CODOLGA: Lourençá,
1192)
'Villa
in Francos iusta Lagona inter uilla de Sala,
iusta Masuma, quinta in ea' (CODOLGA:
Lourençá, s.d.)
+ Sala
de Monte (Teilám,
Bóveda)
'
hereditatem de Sala
de Monte' (CODOLGA: Santiago, 1153)
Sá
(lugar desabitado, Bazar, Castro de Rei)
Sá
(lugar desabitado, Lousada, Samos)
Sá
(lugar desabitado, Vila Pedre, Sárria)
As
Sás
(lugar desabitado, Pino, Cospeito)
Sá
(San Jiao de Mós, Castro de Rei)
Sá
(Mourícios, Chantada)
Sá
(Cordido, Foz)
Sá
(Recaré, Valadouro)
Sá
(Covelas, Ribadeo)
Santiago
de Sá
(freguesia, Páramo)
'in monasterio de Saa
de Paramo' (CODOLGA: Samos, 1195).
Sá
(Baltar, Pastoriça)
'in uilla que uocitant Saa,
secus flumen Mineo, concurrente ad ecclesiam sancti Felicis de
Baltar' (CODOLGA: Lourenzá, 1186)
'en no couto de Saa,
sub signo de San Fiins de Baltar' (Corpus Xelmirez: 1410)
Sá
(Ínsua, Vilalva)
Saa
(Saavedra, Begonte)
Saa
(Cadoalha, Becerreá)
'in terra de Navia in Sala
de Auseli' (CODOLGA: Samos, 1125)
'in Auselio in Sala
media' (CODOLGA: Samos 1087)
'villam meam propiam, quam nuncupant Sala,
VIIa integra; et est ipsa villa in terra de Navia ' (CODOLGA: Samos,
1085)
Santiago
de Saa
(freguesia, Lugo)
Saa
(Lavrada, Guitiriz)
Saa
(Santa Locáia de Parga, Guitiriz)
'in territorio Parrice, uilla de Sala media cum
adiuntionibus suis' (CODOLGA: Sobrado s.d.)
Saa
(Cedrom,
Láncara)
'sancto Iohane in
Cedron Sala'
(CODOLGA: Samos 997)
Saa
(Toubilhe, Láncara, Lugo)
'item eclesias ipsas sancta Maria de Sala'
(CODOLGA: Samos
997);
' villa que vocitant Sala
subtus domo Sancte Marie' (CODOLGA:
Samos, 982);
'villam hic vocabulo sancti Salvatoris et sancte Marie
vocitata Sala,
iuxta rivulum Narie' (CODOLGA:
Samos, 993)
Saa
(San Lourenço de Aguiar, Outeiro de Rei)
Saa
(Meixide, Palas de Rei)
Saa
(Marrube, Savinhao)
Santa
María de Saa
(freguesia, Pobra de Brolhom)
Saa
(Toiriz, Pantom)
Saa
(Sam Pedro de Oíncio, Oíncio)
Saa
(Santa Maria do Mao, Oíncio)
'Dum Pinnol, villa Uoliz, Sancti Iuliani de Reuoredo,
Sala,
Villamar, Gundani cum suis directuris' (CODOLGA: Lourençá, 1177);
'per terminos de Sala
usque in terminos de sancto Salvatore' (CODOLGA: Samos, 1061)
Sás
(Gundivós, Sober)
2.e.-
Em Portugal:
Os dados que conheço de Portugal som aqueles fornecidos
por Piel em 1940; é quase seguro que haverá máis. O super-índice
indica o número de topónimos iguais por concelho:
Sá
(Arcos de Valdevez, VC)
Sá
(Melgaço, VC)
Sá3
(Monção, VC): 'in territorio Valladares (...) villam quam dicunt
Sala'
(CODOLGA: Celanova, 916)
Sá
(Ponte de Lima, VC): 'vestram hereditatem que est in Corneliana, id
est Saa'
(CODOLGA: Tumbo C, 1235)
Sá
(Valpaços, VR)
Sá
(Régua, VR)
Sá
(Vila Nova de Famalicão, BR)
Sá3
(Barcelos, BR)
Sá4
(Braga, BR)
Sá4
(Guimarães, BR)
Sá3
(Vila Verde, BR)
Sá3
(Terras de Bouro, BR)
Sá2
(Fafe, BR)
Sá3
(Amarante, PO)
Sá3
(Vila Nova de Gaia, PO)
Sá3
(Felgueira, PO)
Sá2
(Maia, PO)
Sá
(Paredes, PO)
Sá
(Penafiel, PO)
Sá
(Santo Tirso, PO)
Sá2
(Lousada , PO)
Sá
(Baião , PO)
Sá
(Valongo , PO)
Sá
(Sinfães, VI)
Sá2
(São Pedro do Sul, VI)
Sá
(Anadia, AV)
Sá
(Arouca, AV)
Sá
(Ol. De Azeméis, AV)
Sá
(St. María da Feira, AV)
Sá (Castelo de
Paiva, AV)
2.f.- Em Astúrias:
La Sala
(Salas)
Sala
(Castrillón)
Salas
(Salas): 'in strata publica quae uenit de Luerzes et uadit ad Salas
et pertransit flumen Nonagiam' (CODOLGA: Oviedo, 895)
Salas
(Lena)
Sales
(lugar e paróquia de Colunga)
2.g.- Em Leom:
Salas
de la Ribera (Puente de Domingo Flórez)
Salas
de los Barrios (Ponferrada)
Salas
(Crémenes)
2.h.-
Topónimos adjectivados:
Uns
poucos destes topónimos apresentam-se adjectivados. Um par deles co
adjectivo vedra 'velha'; vedra
/ vedro < vetera/veterum é adjectivo que acompanha frequentemente
obras e edifícios, ou instalaçons próprias para o aproveitamento
económico: Ponte Vedra, Torre Vedra, Burgo Vedro, Eija Vedra ( ? <
Ecclesia Vetera)... Gustovedro ( ? < Bustu Veteru), Eira Vedra,
Muinho Vedro, Pardavedra ( < Parata Vetera)... De Sala
Vetera 'Sala Velha' temos:
Saavedra
(Dadim, O Irijo, Ourense)
Santa María de Saavedra
(freguesia, Begonte, Lugo)
'Lupa Roderici de Saa Vetera'
(CODOLGA: Lourençá, 1252)
De Salas Dominicas 'Salas do Senhoriais / do
Senhor':
San
Lourenço de Sasdónigas
(freguesia, Mondonhedo)
'uilar de Lausada sit terminat per lomba que iacet inter
Salas Donegas' (CODOLGA: Lourenzá
s.d.);
'Salas D'Onegas' (CODOLGA:
Lourenzá, 1087)
O
emprego do adjectivo dominicum co valor “do senhor” é
antigo, e nom moi frequente: Vila Dónega, Vila Dóniga, Vila
Donga, Vilar Dongo, Quinta Dóniga, Monte Dónigo... Em geral
todas elas posses territoriais ou unidades de produçom agrária,
antes que lugares propriamente habitáveis. Em particular, umha forma
como Sala Dominica é recolheita por Du Cange, co valor de
'residência do senhor' (= domus dominica).
Por
outra banda, um pequeno número de topónimos galegos e asturianos
actuais derivam aparentemente de sintagmas formados pola verba Sala
seguida dum nome de pessoa em caso genitivo, expressando
consequentemente propriedade e possessor. Já que nom estou certo de
ser esta proposta totalmente correcta, nom tenho engadido estes
topónimos nem no mapa anterior nem no posterior:
Salouzáns
(Estrada, Pontevedra), de Sala Auzanis?
(cf. Vilouçám, Ouçás,
do antropónimo expressado em genitivo
Avizanis, frequente
na idade media).
Sargende
(Barreiros, Lugo), de Sala Gendi/Sendi?
(cf. Xende/Gende,
vários lugares por toda a Galiza).
Sanformar
(Negueira de Munhiz, Lugo), de Sala Frumarii?
(de Frumarius, coma o
régulo suevo do século V).
E
máis os desaparecidos:
Sala
Leovegildi (perto
do Minho): 'circa Castro de Mineo villa de Pelagos, hereditate de
Ostofredo integra quam nobis pariauit a Sala Leouegildi' (Colecçom
diplomática dop mosteiro de Chouzám, 998).
Sagilde
(?):
'Iohannis Andreas de Saagilde'
(Corpus Xelmirez: 1274).
De Sala
Agildi?
Em
Astúrias:
Samagán
(Castropol), probabelmente de Sala *Magani
‘Sala de Magan’. Hai um lugar de nome Magán
em Cúntis (Pontevedra), que tem o vivo aspecto de se corresponder co
genitivo dum antropónimo Magga
(Altdeutsches
Namenbuch: 1067).
Samarfún
(Franco)
2.i.-
Sela < Salella (?)
Temos
também um número de topónimos Sela, na Galiza, Astúrias e
Portugal, que podem remeter à verba sela
(cadeira, ou sela de montar), ou bem serem derivados de sala:
Sela < Saella < *Salella. A forma Saella tem ao menos um
testemunho medieval: “uillam Sci. Jacobi et monasterium uestrum.
vnum agrum dicunt de Saellas
qui iacet ad illam incrucelatam, uidelicet inter uiam que uadit (…)
et alius ager iacet iunctus cum ipso iam dicto de Saella
et ex alia parte fert de testa in agrum de (…) ager qui dicitur de
Aona jacet similiter iuxta ipsum de Saellas.
et inter istum et illum de Saellas
est uia que (…) iuxta ipsum de Saellas.
et inter istum et illum de Saellas
est uia que uenit ad Abellariam et ad Sar.” (CODOLGA: Santiago,
1162)
Contodo,
dada a incerteza inerente à orige concreta de cada um destes
topónimos, nom os incorporo no mapa:
Sela
(Braga, BR)
Sela
(Melgaço, VC)
Sela
(Montalegre, VR)
Selas
(Barcelos, BR)
Santa
Maria de Sela
(freguesia, Arvo)
Selas
(Calvelhe, Pereiro de Aguiar)
Hai
no ocidente de Astúrias (Taramundi, Vilanova de Oscos, Veiga de
Ribadeo, Castropol) e máis no nordeste de Lugo (Pontenova,
Pastoriza, Ribeira de Piquim, Riotorto) vários lugares chamados A
Sela /
La Sela
que suspeito, pola presença constante do artigo, que som referencias
a algumha característica do terreo.
Uns
pensamentos adicionais aos já expostos no seu dia, no post original:
-
O elemento sala introduziu-se no latim vulgar galego, como demonstram
Sasdónigas, Saavedra, ou formas como Sala
Leouerici,
mais caiu em desuso cedo, como evidência a ausência do artigo nos
máis destes topónimos, que se apresentam nus (Sá,
Sás),
ou a ausência da palavra sala como apelativo nos nossos documentos
medievais.
-
A sua distribuiçom é certamente singular, e já que isto é o
blogue dum amador, podo permitir-me algum excesso: penso que pode ser
descrita como um processo temporal, que partindo das terras do
ocidente do antigo convento bracarense, de Vigo até ao sul do Porto,
avança ao norte e ao leste polos vales do Minho e do Límia até a
valgada de Ourense. Daí avança logo até Lemos, ao norte, seguindo
ao Leste por Caldelas e Trives até o Bierço. Polo norte, de Lemos
vai até Sárria, e daí a Lugo. De Lugo ao oeste, ás terras da
Ulha, e subindo polo Arnego até Doçom. E ao norte, desde Lugo,
ocupando a Terra Chá, e desta ao nordeste às Marinhas luguesas;
polo noroeste ás terras de Trasancos e Ortigueira, e ao oeste às
Marinhas de Betanços. Seria interessante ver que relaçom hai, se a
hai, coas vias romanas.
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Estes assentamentos nom se acham polo geral nos vales, senom a média
altura. É notável o renque de topónimos Sá/Sela/Sás à beira do
Minho, da Guarda até Ambas Mestas. Ou a distribuiçom em forma de
circo arredor dos vales de Lemos ou Sárria
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Surpreende a pratica ausência de Sás
nas terras do antigo bispado de Íria, desde o Morraço e até
Betanços. Esta mesma zona nom abunda, penso, em materiais
arqueológicos germánicos, que si podemos atopar contodo em Bueu,
Antas de Ulha ou Cidadelha.
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É notável a reduzida presença destes topónimos numha comarca como
a Límia, e máis nas terras de Chaves, que sabemos fórom repovoadas
no século IX.
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Seria interessante ver que outros topónimos cumprem estes mesmos
padrons na sua distribuiçom, que em soma é compatível cos avances
dos suevos pola Galécia, seguindo a crónica de Hidácio, desde o
seu assentamento inicial na extrema ocidental da Galiza (em provável
referência à Galécia bracarense), até a sua posterior expansom
polas partes médias da Galécia e pola Lusitánia: lembremos que
Lugo nom é tomada polos suevos assentados nas proximidades da cidade
até o ano 460.
Parabéns por esta contribuiçom tam exaustiva, ambiciosa e rigorosa coma sempre! E obrigado também pola citaçom que fas do meu artigo de RFR. O certo é que esse trabalho, baseado com efeito em materiais da minha tese doutoral (que por certo, está publicada pola USC em formato CD), tem algum tempo já e há nele cousas que quiçá agora nom subscreveria com tanta facilidade. Porém, no que diz respeito ao Zás da Terra de Soneira sigo pensando e mesmo sobre a sua etimologia e, desde logo, sobre a impossibilidade de conectá-lo com o germánico *sala.
ResponderEliminarPor certo, Santa Maria de Sela (concelho de Darvo) aparece como "Seela" num par de ocasions, o qual reforça a verosimilhança de um étimo *SALELLA no qual acredito. Nom tenho aqui a referência documental exata, mas se introduzires "Seela" no TMILG encontrarás a atestaçom sem problemas.
Parabéns mais umha vez, meu!
Graças, meu! A informaçom que fornecias do Zás de Soneira é rotunda: nom há , ponto:-)
ResponderEliminarGraças também, moitas, polas indicaçons com respeito ao Sela de Darvo. Está nessa linha do Minho...
Er... "nom há /aa/"
ResponderEliminarE Salido? Era apelido dun meu avó da banda de Monfero?
ResponderEliminarDesculpa, Carlos, som-che um péssimo anfitriom! Efetivamente, o apelido é frequente por Monfero (http://ilg.usc.es/cag/Controlador?busca=SALIDO), e já era conhecido no 1261, quando um home de nome Pedro Salido, de Ambroa na Irijoa, é mencionado num documento em galego. Tem orige numha alcunha, provavelmente, mais nom che sei o significado :-(
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