(Actualizaçom do meu post de setembro de 2008 “De suevos, salas, samanos, gasallas e gasalianes”)



1.- Zás



Recentemente Paulo Martínez Lema vem de publicar um interessantíssimo artigo (Aproximación lingüístico-etimológica a la toponimia de las comarcas de Xallas, Fisterra y Soneira, Revista de Filología Románica 2010, vol. 27 237-262), baseado na sua própria tese doutoral, que os amantes da toponomástica podemos consultar aqui. Um dos topónimos estudados neste artigo é Zás, correspondente a três lugares na província da Corunha:

  • Zás, concelho, freguesia e lugar na terra de Soneira.
  • Zás, freguesia e lugar em Negreira.
  • Zás de Rei, freguesia em Melide.

Estes topónimos vêm sendo considerados como idênticos cos topónimos Sás que temos na Galiza (em Paderne, Sarreaus, Coles, Ourense...), ao menos desde o artigo que Joseph Piel publicara em 1973 dedicado ao hispano-godo *sal-. Já foi o próprio Piel quem em 1940 (Boletim de filologia, tomo VI, fascículo 2) propusera para os topónimos do norte de Portugal, Sá, Saavedra e Saa da Galiza, a sua orige no germánico *sal- 'casa / povoado'. Aliás, Paulo Martínez Lema amossa que, ao menos para o Zás de Soneira, nom hai base para considera-lo derivado de *sala: ao contrário, a copiosa documentaçom medieval, que sempre amossa este topónimo coas formas Sat, Saz, nom mostra nunca o hiato [aa], resultado esperável da queda dum /l/ intervocálico desde o grupo [ala]. Em consequência, e desbotando a etimologia germánica para Zás, Martínez Lema propom como étimo deste topónimo o latino SALICE > *sal'ce > saz, cumha evoluçom paralela à de ULICE > *ul'ce > uz.



Porém, o caso do Zás de Melide é distinto: Zás de Rei tem boa documentaçom diacrónica que si amossa a sua pertença ao conjunto dos topónimos derivados de *sal-:

'Saas de Rey' (Documentos da catedral de Lugo século XIV, 1340)

'sancto Iuliano de Salas regis' (CODOLGA: Sobrado, 1225)

'sancti Iuliani de Sala regis' (CODOLGA: Sobrado, 1205)

'Sancti Iuliani de Saas de Rege' (CODOLGA: Sobrado, 1177)





2.- Sá < Sala



Retornemos ao artigo de 1940 de Joseph Piel. Ali já el propunha a orige destes topónimos Sá, Saa, Saavedra, numha forma germánica *sala, cognata da nossa actual sala, salom, derivados do francês salle, de orige remoto franco. Dieter Kremer recentemente (em “El elemento germánico y su influencia en la historia linguística peninsular”) indicava a possível identidade deste topónimo co nosso apelativo (“ser da mesma sá”, compartir orige, ser da mesma geraçom), que teria ao seu ver um contido semántico similar ao dos nossos germanismos caste, castiço.



Pola sua banda Coromines propunha (no seu Breve diccionario etimológico de la lengua castellana, s.v..) para o castelám sala a provável confluência dum gótico *sal- e máis do francês salle. Em quaisquer caso, ambas derivariam dumha forma feminina *sala (cf. DuCange s.v.), de igual significado e orige que as formas proto-germánicas *salaz e *saliz 'casa, vivenda, salom' das que derivam as formas conhecidas das diversas línguas germánicas, que em contraste coas formas romances som sempre masculinas ou neutras. Assi, Vladimir Orel (2003 s.v.) propom como étimo proto-germánico:

*saliz ~ *salaz sb.m./n.:

De onde antigo nórdico salr ‘hall’, antigo inglês sele ‘hall, house, dwelling’, sæl ‘hall’, frisom seal id., antigo saxom seli id., antigo alto-alemám sal ‘house, hall’.



Similarmente Gerhard Köbler reconstrue (Germanisches Wörterbuch 3rd ed. s.v):

*sala-, *salam, germ., st. N. (a): nhd. Haus, Halle, Saal; ne. house (N.), hall;

RB.: got., ae., afries., as., ahd.; gótico sal-jan (1) 9, sw. V. (1), herbergen, bleiben, unterkommen, Herberge finden; anglo-saxom sal-or, N., Saal, Wohnung, Haus, Gebäude; antigo alto-alemám sal (1), sali*, 6, st. N. (a), Saal, Haus, Vorsaal;

*saliz, germ., st. M. (a): antigo nórdico sal-r, st. M. st. M. (i), Gebäude, Saal;



Esta informaçom já tinha sido empregada por Pokorny (Indogermanisches Etymologisches Wörterbuch: 898) para reconstruir a raiz *sel- (1) ‘morada':

antigo alto-alemám sal m. `Wohnung, Saal, Halle', longobardo sala `Hof, Haus, Gebäude', antigo saxom seli m. `Wohnung, Saal, Tempel', antigo inglês sæl n., salor n., `Halle, Palast', sele m. `Haus, Wohnung, Saal', antigo islandês salr m. `Saal, Zimmer, Haus', Pl. `Wohnung, Hof', sel (*salja-) `Sennhütte'; gótico saljan `einkehren, bleiben', saliþwōs Pl. `Einkehr, Herberge', antigo alto-alemám salida, antigo-saxom selitha, antigo inglês seld `Wohnung';



Particularmente interessante é para mim o longobardo sala 'granja, casa, edifício', sala propia 'domus vel familia' (DuCange), pola possível ligaçom coas nossas sás. Consulte-se a seguinte entrada da Wikipédia italiana: http://it.wikipedia.org/wiki/Sala_(Longobardi))). De facto, cada sala era tanto unha unidade de produçom agrária como de fiscalizaçom desta.



Com sala está relacionado o nosso medieval gasalian 'esposa, aliado, membro dumha congregaçom religiosa' (o germánico ga- comparte orige co latino co-, de aí e literalmente 'con-casa-' = 'que compartem casa), cognado do antigo alto alemám gisello 'sócio, camarada, companheiro' (Gerhard Köbler, Althochdeutsches Wörterbuch s.v.), e o actual, com rendimento toponímico, gasalha 'propriedade em mam-comum'. Dum e outro agasalhar, literalmente 'compartir (a casa)'.



Vamos agora cumha listage actualizada dos topónimos que conheço e pertencem a esta serie. Tem sido elaborado usando tanto o nomenclátor do nosso país, como os topónimos recompilados no Projecto Toponímia de Galicia (projecto ainda parcial), como a informaçom toponímica contida na nossa rica documentaçom medieval, e hoje facilmente acessível em Internet num conjunto de corpus: CODOLGA para a documentaçom latina, TMILG para a documentaçom em galego, e Corpus Xelmírez, que incorpora documentaçom em latim, galego e castelám.



Foto: Nasa


2.a.- Província da Corunha:



Río de Sá (rio, Silhovre, Fene):

'in valle de Sillovre, id est, in villa que dicitur Sala meam porcionem' (CODOLGA: Caaveiro, 1224);

'sauto de Sala' (CODOLGA: Caaveiro, 1125);

'una que est in territorio Bisaquis vocitant illa Saa, et iacet in valle de Sillovre discurrente ad aulam Sancti Iuliani, secus flumen Iuvie' (CODOLGA: Caaveiro 1102)

de Abaixo / de Arriba (Vila Velha, Pontes de Garcia Rodríguez)

(Peçovre, Santisso)

'Item no couto de Peçovre tomou Martin Fernandez Iohan Perez serviçal de Sancha Rodriges do casal de Saa' (Corpus Xelmirez: 1380);

'quomodo se diuidit de hereditate de Saa et de Pezouere' (CODOLGA: Sobrado 1174)

Sar (Sespom, Boiro)

'et mando ibi mecum hereditatem meam de Sala et hereditatem meam de Fontano quantum mihi conuenit ex auo et de ganancia et hereditatem ipsam de de Gracio ab ipsis superiores marchis usque sursum, et de ipsis superiores marchas deorsum mando ad germano meo Munio Pelaiz. Item mando hereditatem meam de Sauagiaes' (Toxos Outos: 1152);

'Et in territorio Pistomarchos erga aulam Sancti Vincencii de Sespaone vendo uobis et dono ab integro porcionem meam integram tam de auolencia quomodo de ganancia in uillas et hereditatibus Saa et Danaria' (Toxos Outos: 1140)

Saa (Esteiro, Cedeira)

(Veiga, Ortigueira)

(Senra, Ortigueira)

A un destes dous topónimos corresponde o seguinte fragmento:

'in Ortigaria, de monasterio sancti Pelagis meam porcionem integram. de Sala quantum ibi habeo' (CODOLGA: Xubia 1162)

Sás (Vilouçás, Paderne)

San Xiao de Zás de Rei (freguesia, em Melide)

'Saas de Rey' (Lug. XIV, 1340);

'sancto Iuliano de Salas regis' (CODOLGA: Sobrado, 1225);

'sancti Iuliani de Sala regis' (CODOLGA: Sobrado 1205);

'Sancti Iuliani de Saas de Rege' (CODOLGA: Sobrado, 1177)

+ Sala (extinto? por Porçomilhos, Oza dos Ríos ou Requiám, Betanços)

'mamulam que stat inter Ferrarios et Jenrocio. per petram de Sala per mamulam que stat inter Porcimilios et Villar de Custodia'

+ Sala (extinto? Grijalva, Sobrado)

'casale de Lagona et inde per illos marcos de inter Saa et Syxto, et fer ad portu de Munio et inde per illo rego usque ad Pelago de iudeo de Mandeu et inde per illa uallina usque ad archa antiqua, et inde per ipsa carrale usque ad Lagona unde incepimus' (Sobrado s.d);

'in ualle Presares, Teyxario, Mera, Maquis, Sancto Tyrso, Cerzedello, Sturedo, Ederosa, Sancto Martino, uilla Odorici, Negrelli, Ruderiz, Centum casas, uillar Raso, Guistrunir, Pardinas, Uillela, Sala, Randulfi' (CODOLGA: Sobrado 1037)

+ Sala (extinto? Malpica ou Ponte-Cesso)

'uilla Uaralango. uilla Sala. uila Genesio. hereditates in Nidones. uilla Lanqueiron. uilla Cauriol.' (CODOLGA: Santiago 1105)

+ Sala (extinto? Naron ou Ferrol)

'et in Trasancis de Sancta Maria de Sequeiro; et de Sala nostra porcione integra; et in Mandian' (CODOLGA: Caaveiro 1154);

Com dúvidas:

'et hereditate de Ortigaria, scilicet, Sancti Iuliani de Baruaos medium et de uilla Meandi medium et de uilla de Castro medium et de Lamas medium et de Saa medium et Sanctam Mariam de Nareiu cum hereditate laycalia' (CODOLGA: Sobrado s.d.)

+ Sala (extinto? Carantonha, Minho)

'hereditate mea propria quam habeo in villa nuncupata Sala, concurrencia ad ecclesiam Sancti Iuliani de Carantonia' (CODOLGA: Caaveiro 1154)



2.b.- Província de Pontevedra



(Val de Sangorça, Agolada)

(Borrajeiros, Agolada)

(Camposancos, Guarda)

Saa (Beade, Vigo)

Saa (Santa Marinha de Pescoço, Rodeiro)

Santiago de Saa (freguesia, Doçom)

'in terra de Deçon in parrochia sancti Iacobi de Saa' (CODOLGA: Oseira 1274);

'in villa que vocatur Saa, in parrochia sancti Iacobi de Saa' (CODOLGA: Oseira 1251);

'et iacet in Dezum cum sua portione Sancti Iacobi de Saa' (CODOLGA: Dozón 1124);

'in Dezone alias villas, id sunt villa que vocitant Sala, villa Amenetello, et de alia parte villa Pinniario' (CODOLGA: Celanova, 993)

Saa (Fornelos, Salvaterra de Minho)

+ Sala (extinto? Sobroso, Mondariz)

'villam etiam nomine Salam circa fluvium Tenae sub castello de Suberoso' (CODOLGA: Tui 1170)

+ Saa (extinto? Carvoentes, Rodeiro)

'Item en Baroncelle un lugar que tem Lopo Conde, chamamlle Saa, dam hum moyo de pam. - Item en Arvo Sagro ha un lugar de que dam quatro fanegas de pam et quatro maravedis de dereytura.' (Corpus Xelmirez: 1473)



2.c.- Provincia de Ourense:



(Alvarelhos, Boborás)

(Serantes, Leiro)

(Araújo, Lóvios)

(Condado, Padrenda)

(Valongo, Cortegada)

'villa Sala et ecclesia sancti Georgii in territorio Valongo' (CODOLGA: Celanova, 1088)

(Domês, Verea)

'hereditatem in Sancto Martino de Domet, que hereditas dicitur Saa' (CODOLGA: Celanova, 1228)

Saa (Carvalheda, Carvalheda de Ávia)

Saa (Seoane de Arcos, Carvalhinho)

'e a abadessa e o conventu de Lobaes dan a nos o seu casar de Saa, que est en villa que dizen sancte Iohanne de Arcus' (Corpus Xelmirez: 1266)

Saa (Sadurnom, Cenlhe)

'cautum de Uilla Saturnin et de Sala' (CODOLGA: Santiago, 1153)

Saa (Mourisco, Paderne de Alhariz)

Saa (Sam Cibrao de Armental, A Peroja)

'in loco qui vocatur Saa, sub parrochia sancti Cipriani in terra de Temes' (CODOLGA: Osseira, 1250)

(San Cristovo de Armariz, Nogueira de Ramuin)

Sás (Santa Marinha de Alvám, Coles)

Sás (Sarreaus, Sarreaus)

Sás (Beiro, Ourense)

Sás (Untes, Ourense)

San Fiz de Sás de Penelas (freguesia, Castro Caldelas)

Sás de Junqueira (Junqueira, Pobra de Trives)

Sam Pedro de Sás do Monte (freguesia, Monte de Ramo)

+ Saa (extinto? Vilar de Santos)

'in villa que vulgariter appellatur Villare de Santos, in loco quod dicitur Saa' (CODOLGA: Ourense, 1256)





2.d.- Província de Lugo:



+ Sala (extinto? Louseiro, Sárria)

'nosso casal de Saa que he sub signo de San Matino de Loseyro' (Documentos Catedral Lugo s. XIV, 1381);

'in Sala de Lugeiro tres quartas de ipsa villa' (CODOLGA: Lugo 1160)

+ Sala (extinto? San Joám de Pena, Lugo)

'en Sayoane de Pena no casal de Saa' (Documentos Catedral Lugo s. XIV, 1306);

'ecclesiam sancti Joannis de Pena cum villa de Sala cum omnibus hominibus ad eam concurrentibus et cum suo Caritel ' (CODOLGA: Lugo, 1160)

+ Sala (extinto? Martul, Outeiro de Rei)

'in Martur villam quam dicunt Sala' (CODOLGA: Lugo 1160)

+Sala (extinto? Recesende, Baralha)

'in Recesendi villam de Sala cum ecclesia et hominibus habitantibus in villa cum suo caritel' (CODOLGA: Lugo 1160)

+Sala (Deade, Pantom)

'noso casar de Saa, con todas súas herdades, árvores et formaes que ha et aver deve sub o signo de San Viçemço de Deade' (Corpus Xelmirez: 1484);

'et in valle de Eire, que dicunt Sala, et alia Palacio' (Samos, 1091)

+ Saa (extinto? por Goó, Oíncio)

'villam Sancti Saturnini, Villam de Saa, que sunt in Tria Castella, in ripa Minii, cum omnibus regalibus de [Biris] ad se pertinentibus, per hos terminos: per vallatum antiquum de Alcabria, et per linares ueteres, et per illum patronum qui diuidit inter Saa et Sanctam Mariam de Gua et Montem de Rege' (CODOLGA: Santiago 1228)

+ Sala (extinto? Mondonhedo)

'et hereditate de Saa que est iuxta ripam fluminis quod dicitur Masma' (CODOLGA: Lourençá, 1192)

'Villa in Francos iusta Lagona inter uilla de Sala, iusta Masuma, quinta in ea' (CODOLGA: Lourençá, s.d.)

+ Sala de Monte (Teilám, Bóveda)

' hereditatem de Sala de Monte' (CODOLGA: Santiago, 1153)

(lugar desabitado, Bazar, Castro de Rei)

(lugar desabitado, Lousada, Samos)

(lugar desabitado, Vila Pedre, Sárria)

As Sás (lugar desabitado, Pino, Cospeito)

(San Jiao de Mós, Castro de Rei)

(Mourícios, Chantada)

(Cordido, Foz)

(Recaré, Valadouro)

(Covelas, Ribadeo)

Santiago de (freguesia, Páramo)

'in monasterio de Saa de Paramo' (CODOLGA: Samos, 1195).

(Baltar, Pastoriça)

'in uilla que uocitant Saa, secus flumen Mineo, concurrente ad ecclesiam sancti Felicis de Baltar' (CODOLGA: Lourenzá, 1186)

'en no couto de Saa, sub signo de San Fiins de Baltar' (Corpus Xelmirez: 1410)

(Ínsua, Vilalva)

Saa (Saavedra, Begonte)

Saa (Cadoalha, Becerreá)

'in terra de Navia in Sala de Auseli' (CODOLGA: Samos, 1125)

'in Auselio in Sala media' (CODOLGA: Samos 1087)

'villam meam propiam, quam nuncupant Sala, VIIa integra; et est ipsa villa in terra de Navia ' (CODOLGA: Samos, 1085)

Santiago de Saa (freguesia, Lugo)

Saa (Lavrada, Guitiriz)

Saa (Santa Locáia de Parga, Guitiriz)

'in territorio Parrice, uilla de Sala media cum adiuntionibus suis' (CODOLGA: Sobrado s.d.)

Saa (Cedrom, Láncara)

'sancto Iohane in Cedron Sala' (CODOLGA: Samos 997)

Saa (Toubilhe, Láncara, Lugo)

'item eclesias ipsas sancta Maria de Sala' (CODOLGA: Samos 997);

' villa que vocitant Sala subtus domo Sancte Marie' (CODOLGA: Samos, 982);

'villam hic vocabulo sancti Salvatoris et sancte Marie vocitata Sala, iuxta rivulum Narie' (CODOLGA: Samos, 993)

Saa (San Lourenço de Aguiar, Outeiro de Rei)

Saa (Meixide, Palas de Rei)

Saa (Marrube, Savinhao)

Santa María de Saa (freguesia, Pobra de Brolhom)

Saa (Toiriz, Pantom)

Saa (Sam Pedro de Oíncio, Oíncio)

Saa (Santa Maria do Mao, Oíncio)

'Dum Pinnol, villa Uoliz, Sancti Iuliani de Reuoredo, Sala, Villamar, Gundani cum suis directuris' (CODOLGA: Lourençá, 1177);

'per terminos de Sala usque in terminos de sancto Salvatore' (CODOLGA: Samos, 1061)

Sás (Gundivós, Sober)





2.e.- Em Portugal:



Os dados que conheço de Portugal som aqueles fornecidos por Piel em 1940; é quase seguro que haverá máis. O super-índice indica o número de topónimos iguais por concelho:



(Arcos de Valdevez, VC)

(Melgaço, VC)

3 (Monção, VC): 'in territorio Valladares (...) villam quam dicunt Sala' (CODOLGA: Celanova, 916)

(Ponte de Lima, VC): 'vestram hereditatem que est in Corneliana, id est Saa' (CODOLGA: Tumbo C, 1235)



(Valpaços, VR)

(Régua, VR)



(Vila Nova de Famalicão, BR)

3 (Barcelos, BR)

4 (Braga, BR)

4 (Guimarães, BR)

3 (Vila Verde, BR)

3 (Terras de Bouro, BR)

2 (Fafe, BR)



3 (Amarante, PO)

3 (Vila Nova de Gaia, PO)

3 (Felgueira, PO)

2 (Maia, PO)

(Paredes, PO)

(Penafiel, PO)

(Santo Tirso, PO)

2 (Lousada , PO)

(Baião , PO)

(Valongo , PO)



(Sinfães, VI)

2 (São Pedro do Sul, VI)



(Anadia, AV)

(Arouca, AV)

(Ol. De Azeméis, AV)

(St. María da Feira, AV)

(Castelo de Paiva, AV)





2.f.- Em Astúrias:


La Sala (Salas)

Sala (Castrillón)

Salas (Salas): 'in strata publica quae uenit de Luerzes et uadit ad Salas et pertransit flumen Nonagiam' (CODOLGA: Oviedo, 895)

Salas (Lena)

Sales (lugar e paróquia de Colunga)





2.g.- Em Leom:



Salas de la Ribera (Puente de Domingo Flórez)

Salas de los Barrios (Ponferrada)

Salas (Crémenes)





2.h.- Topónimos adjectivados:



Uns poucos destes topónimos apresentam-se adjectivados. Um par deles co adjectivo vedra 'velha'; vedra / vedro < vetera/veterum é adjectivo que acompanha frequentemente obras e edifícios, ou instalaçons próprias para o aproveitamento económico: Ponte Vedra, Torre Vedra, Burgo Vedro, Eija Vedra ( ? < Ecclesia Vetera)... Gustovedro ( ? < Bustu Veteru), Eira Vedra, Muinho Vedro, Pardavedra ( < Parata Vetera)... De Sala Vetera 'Sala Velha' temos:



Saavedra (Dadim, O Irijo, Ourense)

Santa María de Saavedra (freguesia, Begonte, Lugo)

'Lupa Roderici de Saa Vetera' (CODOLGA: Lourençá, 1252)



De Salas Dominicas 'Salas do Senhoriais / do Senhor':

San Lourenço de Sasdónigas (freguesia, Mondonhedo)

'uilar de Lausada sit terminat per lomba que iacet inter Salas Donegas' (CODOLGA: Lourenzá s.d.);

'Salas D'Onegas' (CODOLGA: Lourenzá, 1087)



O emprego do adjectivo dominicum co valor “do senhor” é antigo, e nom moi frequente: Vila Dónega, Vila Dóniga, Vila Donga, Vilar Dongo, Quinta Dóniga, Monte Dónigo... Em geral todas elas posses territoriais ou unidades de produçom agrária, antes que lugares propriamente habitáveis. Em particular, umha forma como Sala Dominica é recolheita por Du Cange, co valor de 'residência do senhor' (= domus dominica).



Por outra banda, um pequeno número de topónimos galegos e asturianos actuais derivam aparentemente de sintagmas formados pola verba Sala seguida dum nome de pessoa em caso genitivo, expressando consequentemente propriedade e possessor. Já que nom estou certo de ser esta proposta totalmente correcta, nom tenho engadido estes topónimos nem no mapa anterior nem no posterior:



Salouzáns (Estrada, Pontevedra), de Sala Auzanis? (cf. Vilouçám, Ouçás, do antropónimo expressado em genitivo Avizanis, frequente na idade media).

Sargende (Barreiros, Lugo), de Sala Gendi/Sendi? (cf. Xende/Gende, vários lugares por toda a Galiza).

Sanformar (Negueira de Munhiz, Lugo), de Sala Frumarii? (de Frumarius, coma o régulo suevo do século V).



E máis os desaparecidos:



Sala Leovegildi (perto do Minho): 'circa Castro de Mineo villa de Pelagos, hereditate de Ostofredo integra quam nobis pariauit a Sala Leouegildi' (Colecçom diplomática dop mosteiro de Chouzám, 998).

Sagilde (?): 'Iohannis Andreas de Saagilde' (Corpus Xelmirez: 1274). De Sala Agildi?



Em Astúrias:



Samagán (Castropol), probabelmente de Sala *Magani ‘Sala de Magan’. Hai um lugar de nome Magán em Cúntis (Pontevedra), que tem o vivo aspecto de se corresponder co genitivo dum antropónimo Magga (Altdeutsches Namenbuch: 1067).

Samarfún (Franco)





2.i.- Sela < Salella (?)



Temos também um número de topónimos Sela, na Galiza, Astúrias e Portugal, que podem remeter à verba sela (cadeira, ou sela de montar), ou bem serem derivados de sala: Sela < Saella < *Salella. A forma Saella tem ao menos um testemunho medieval: “uillam Sci. Jacobi et monasterium uestrum. vnum agrum dicunt de Saellas qui iacet ad illam incrucelatam, uidelicet inter uiam que uadit (…) et alius ager iacet iunctus cum ipso iam dicto de Saella et ex alia parte fert de testa in agrum de (…) ager qui dicitur de Aona jacet similiter iuxta ipsum de Saellas. et inter istum et illum de Saellas est uia que (…) iuxta ipsum de Saellas. et inter istum et illum de Saellas est uia que uenit ad Abellariam et ad Sar.” (CODOLGA: Santiago, 1162)



Contodo, dada a incerteza inerente à orige concreta de cada um destes topónimos, nom os incorporo no mapa:

Sela (Braga, BR)

Sela (Melgaço, VC)

Sela (Montalegre, VR)

Selas (Barcelos, BR)

Santa Maria de Sela (freguesia, Arvo)

Selas (Calvelhe, Pereiro de Aguiar)



Hai no ocidente de Astúrias (Taramundi, Vilanova de Oscos, Veiga de Ribadeo, Castropol) e máis no nordeste de Lugo (Pontenova, Pastoriza, Ribeira de Piquim, Riotorto) vários lugares chamados A Sela / La Sela que suspeito, pola presença constante do artigo, que som referencias a algumha característica do terreo.





3.- Eppur si muove?



Uns pensamentos adicionais aos já expostos no seu dia, no post original:



- O elemento sala introduziu-se no latim vulgar galego, como demonstram Sasdónigas, Saavedra, ou formas como Sala Leouerici, mais caiu em desuso cedo, como evidência a ausência do artigo nos máis destes topónimos, que se apresentam nus (Sá, Sás), ou a ausência da palavra sala como apelativo nos nossos documentos medievais.



- A sua distribuiçom é certamente singular, e já que isto é o blogue dum amador, podo permitir-me algum excesso: penso que pode ser descrita como um processo temporal, que partindo das terras do ocidente do antigo convento bracarense, de Vigo até ao sul do Porto, avança ao norte e ao leste polos vales do Minho e do Límia até a valgada de Ourense. Daí avança logo até Lemos, ao norte, seguindo ao Leste por Caldelas e Trives até o Bierço. Polo norte, de Lemos vai até Sárria, e daí a Lugo. De Lugo ao oeste, ás terras da Ulha, e subindo polo Arnego até Doçom. E ao norte, desde Lugo, ocupando a Terra Chá, e desta ao nordeste às Marinhas luguesas; polo noroeste ás terras de Trasancos e Ortigueira, e ao oeste às Marinhas de Betanços. Seria interessante ver que relaçom hai, se a hai, coas vias romanas.



- Estes assentamentos nom se acham polo geral nos vales, senom a média altura. É notável o renque de topónimos Sá/Sela/Sás à beira do Minho, da Guarda até Ambas Mestas. Ou a distribuiçom em forma de circo arredor dos vales de Lemos ou Sárria



- Surpreende a pratica ausência de Sás nas terras do antigo bispado de Íria, desde o Morraço e até Betanços. Esta mesma zona nom abunda, penso, em materiais arqueológicos germánicos, que si podemos atopar contodo em Bueu, Antas de Ulha ou Cidadelha.



- É notável a reduzida presença destes topónimos numha comarca como a Límia, e máis nas terras de Chaves, que sabemos fórom repovoadas no século IX.



- Seria interessante ver que outros topónimos cumprem estes mesmos padrons na sua distribuiçom, que em soma é compatível cos avances dos suevos pola Galécia, seguindo a crónica de Hidácio, desde o seu assentamento inicial na extrema ocidental da Galiza (em provável referência à Galécia bracarense), até a sua posterior expansom polas partes médias da Galécia e pola Lusitánia: lembremos que Lugo nom é tomada polos suevos assentados nas proximidades da cidade até o ano 460.



Comentarios

  1. Parabéns por esta contribuiçom tam exaustiva, ambiciosa e rigorosa coma sempre! E obrigado também pola citaçom que fas do meu artigo de RFR. O certo é que esse trabalho, baseado com efeito em materiais da minha tese doutoral (que por certo, está publicada pola USC em formato CD), tem algum tempo já e há nele cousas que quiçá agora nom subscreveria com tanta facilidade. Porém, no que diz respeito ao Zás da Terra de Soneira sigo pensando e mesmo sobre a sua etimologia e, desde logo, sobre a impossibilidade de conectá-lo com o germánico *sala.
    Por certo, Santa Maria de Sela (concelho de Darvo) aparece como "Seela" num par de ocasions, o qual reforça a verosimilhança de um étimo *SALELLA no qual acredito. Nom tenho aqui a referência documental exata, mas se introduzires "Seela" no TMILG encontrarás a atestaçom sem problemas.
    Parabéns mais umha vez, meu!

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  2. Graças, meu! A informaçom que fornecias do Zás de Soneira é rotunda: nom há , ponto:-)

    Graças também, moitas, polas indicaçons com respeito ao Sela de Darvo. Está nessa linha do Minho...

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  3. E Salido? Era apelido dun meu avó da banda de Monfero?

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  4. Desculpa, Carlos, som-che um péssimo anfitriom! Efetivamente, o apelido é frequente por Monfero (http://ilg.usc.es/cag/Controlador?busca=SALIDO), e já era conhecido no 1261, quando um home de nome Pedro Salido, de Ambroa na Irijoa, é mencionado num documento em galego. Tem orige numha alcunha, provavelmente, mais nom che sei o significado :-(

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