Freguesias da Terra Chá
Abstract: The Galician region of Terra Chá (The Levelled Land), near the city of Lugo, shows a very humanized landscape, where the name of one third of its 168 parishes has an anthroponimical origin, most of them Germanic (Suebic), while many of the main local rivers still bear Celtic or pre-Roman names. Two of them have or had Germanic names: the Parga river ( ˂ Parrica, 'Park'), and the Abadín-Anllo, former Guada ( ˂ *Wada, 'Wade; Ford, Moor').
A comarca luguesa da Terra Chà, ao norte da capital, abrangue 168 freguesias e 10 concelhos. Vou fazer um percorrido, forçosamente extenso mais pouco profundo, polos seus nomes, tentando chegar a seu étimo e orige. Nesta jeira havemos ver um conjunto moi humanizado, onde a antroponímia (nomeadamente, a germánica) rege a toponímia. Veremos tamém umha importante conservaçom de toponímia prelatina, especialmente na hidronímia, ainda que esta última veu-se afectada tamém pola chegada dos suevos.
A.- FITOTOPONÍMIA:
Coido que 11 paroquias pertencem nesta categoria.
Aveledo/Abeledo (Santa Maria) (179 hab.- Abadim), do latim ABELLANETUM 'lugar com aveleiras'. Um exemplo idêntico, referente a Aveledo em Santa Maria de Foxado em Curtis, é recolhido numha carta de Sobrado: 'alia sancte Marie que est fundata in uilla Auellaneto, cum omnibus bonis suis ab omni integritate' (Sobrado 995). A grafia já antiga é com v.
Árvol/Árbol (Sam Lourenço) (588 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Laurentius de Arbore' (CODOLGA: Mondonhedo 1128), do latim ARBOREM 'árvore'.
Cadavedo (Sam Bartolomeu) (63 hab.- Pastoriça), abundancial de cádavo 'pau queimado, chamiço, guiço', verba de orige prelatina sem boa etimologia indo-europea (Fitotoponímia: 123-6).
Carvalhido/Carballido (Santa Maria) (315 hab.- Vilalva), abundancial de carvalho, verba prelatina de provável orige indo-europeu (de *kar 'duro'). Nom este lugar mais outro é citado no seguinte fragmento : 'Villa de Elisas in Carvalieto: ecclesia de sancta Cruce integra, quam nobis incartavit Odisolus presbiter' (CODOLGA: Lugo 998). A grafia antiga é com v.
Sam Fiz de Cerdeiras (Sam Fiz) (132 hab.- Begonte). De cerdeira 'cereijeira', derivado galego do latim vulgar CERESIA, do grego κέρασοσ. A nossa forma galega cerdeira é bem peculiar na sua evoluçom, se a comparamos coa portuguesa cerejeira: CERESARIA ˃ *CERZEIRA ˃ cerdeira, com [z] ˃ [δ] por dissimilaçom (Fitotoponímia: 200-9).
Codessido/Codesido (Sam Martinho) (355 hab.- Vilalva), abundancial de codesso 'piorno', do latim CYTISUM, do grego χυτισοζ (Fitotoponímia: 218-20). Citando algum lugar da Límia 'in Bubalo Parata, in caput Limie Villare et Codesseta cum suis adiunctionibus' (Celanova 950).
Sam Cosme de Pinheiro/Piñeiro (Sam Cosme) (143 hab.- Pastoriça), forma galego-portuguesa derivada do latino PINUM 'pinho'.
Pinheiro/Piñeiro (Sam Martinho) (136 hab.- Germade) ˂ 'felegresia de Sancto Martino de Pineiro' (CODOLGA: Mondonhedo 1128).
Pinho/Pino (Sam Martinho) (533 hab.- Cospeito, Lugo).
Reigosa (Santiago) (193 hab.- Pastoriça). Do galego reigosa, do latim RADICOSAM 'lugar rico em raízes': RADICOSAM ˃ *raigosa (perda do /d/ intervocálico e conversom da oclusiva [k] na aproximante [δ]˃ reigosa (Fitotoponímia: 457).
Viveiró/O Viveiró (Santa Maria) (138 hab.- Muras, Lugo), diminutivo de viveiro 'Llaman así a aquel sitio en donde se siembran bellotas, castañas, piñones, etc., muy espesos, para que nazcan las plantas, y las cuales se han de trasplantar después. Es buena voz, y corresponde a seminario, y viene de vivarium.' (DdD, Sarmiento, s.v. viveiro): *VIVARIOLO ˃ *viveirolo ˃ *viveiroo (pérda do /l/ intervocálico) ˃ viveiró (crase de vogáis idénticas em hiato).
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B.- HAGIOTOPONIMIA E RELIGIOM
5 freguesias.
Irijoa/Irixoa (Sam Jilhao) (60 hab.- Muras), do latim eclesiástico ECCLESIOLA 'pequena igreja', como no exemplo que segue 'in Castella, uilla Trasarici, ad ecclesiola Pinzana, Dornellas, Cusanca, Uerduzedo, Bitolarios, Sandurci' (Sobrado 887). Ignorando os posiveis *:
ECCLESIOLA ˃ eclesiola ˃ egresiola ˃ eresiola ˃ irisiola ([e] ˃ [i] pola iode) ˃ irijola (palatizaçom de [s] pola iode) ˃ irijoa (perda de /l/ intervocálica).
Sancovade (Santiago) (1033 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Julianus de Maurenti. S. Petrus de Lancobos S. Cucufatus. S. Martinus de Nosti. S. Salvator de Ladra' ((CODOLGA: Mondonhedo 1128) )
*Sancti Cucufati ˃ *Sanccucufati ˃ Sancu cufati (reinterpretaçom) ˃ Sam Cufati ˃ Sam Covade
Santa Locaia (Sam Pedro) (320 hab.- Castro de Rei), de Sancta Leocadia.
Santa Balha/Santaballa (Sam Pedro) (617 hab.- Vilalva), de Sancta Eulalia ˃ Santa Olalia ˃ Santa Ualha (por perda de /l/ interocálico e palarizaçom de [ly] ˃ [λ] ˃ Santa Balha (consonantizaçom de wau)
Santa Cristina (Sam Jiao) (366 hab.- Cospeito) ˂ 'eu, Tareyia Peres, morador en Santa Christina de Goaa' (TMILG: Vilarente 1381)
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C.- ORÓNIMOS
11 freguesias.
Cospeito (Santa Maria) (199 hab.- Cospeito) ˂ ' Sanctus Iohannes de Sistalio, Sancta Maria de Conspectu, Sancta Maria de Germiar' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) CONSPECTU(M) é latim: 'o que é visível no redor'; [ns] ˃ [ss] e [kt] ˃ [it] som evoluçons standard da nossa língua.
Sam Simom da Costa (Sam Simom) (504 hab.- Vilalva) ˂ 'Sanctus Simon, Sanctus Iacobus de Goerit, Sancta Eulalia de Romani' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). É transparente no seu significado. De acô vem o afamado queixo de Sam Simom.
Sam Jiao de Mós/San Xiao de Mos (Sam Jiao) (236 hab.- Castro de Rei). Do latim MOLAS 'pedras de muinho; pedras grandes', como em 'sive in villare de Molas' (Celanova 922): MOLAS ˃ moas ˃ moos ˃ mos, ainda que o resultado máis frequente no norte da Galiza é moas.
Monzelos/Moncelos (Santiago) (240 hab.- Abadim). Ou de MONACELLOS, diminutivo em -ello de MONACOS 'monges', ou de MONTICELLOS, diminutivo em -cello de MONTES.
Montouto (Santa Maria) (114 hab.- Abadim). Topónimo moi frequente, de Montem Altum ˃ Montalto˃ Montauto ([lt] ˃ [wt], vocalizaçom da lateral em posiçom implosiva) ˃ Montouto.
Santalha de Pena/Santalla de Pena (Santalha) (150 hab.- Begonte). Santalha é evoluçon de Santa Eulália. Ignorando possíveis asteriscos: Sancta Eulalia ˃ Santa Olalia ˃ Santaolalia ˃ Santalalia ˃ Santaalha ˃ Santalha. Por diversos processos de assimilaçom, e palatizaçom ou perda de /l/. Pola sua banda, Pena ˂ latim PINNAM, co valor de 'castelo' ou 'castro', que aparece por vezes acompanhado de nomes de persoa: Pena Folenche ˂ *Pinna Fulgentii 'Castro de Fulgêncio', Penagundim ˂ *Pinna Gundini 'Castro de Gondinho'.
Nom é esta freguesia mais outra, Sam Lourenço da Pena em Cenlhe, a que se cita no seguinte fragmento: ' sic in ripa Minei alia villa quam inquiunt Pinna' (Celanova 942)
Sam Vicente de Pena (Sam Vicente) (89 hab.- Begonte).
Roca (Sam Jiao) (93 hab.- Guitiriz) ˂ 'villa quo dicunt Teodemiri, territorio Parricense ad Sanctorum Iulianum a Roca' (Lourençá 922). As verbas roca 'pedra, penedo' e rocha 'idem, pequeno espaço, curruncho', que nom som latinas, tem orige discutido.
Outeiro (Santa Maria) (372 hab.- Castro de Rei), do latim ALTARIUM 'Altar' que no noroeste da península ibérica chega a ter o valor de 'monte, curuto', seguramente por ter sido os montes, na religiom indígena, importantes lugares de culto. Nom estará de máis lembrar que a meados do século VII Sam Valério junto com outros cristáns intolerantes estragaram um altar pagám, em uso, no alto dum monte do Berzo: 'Embora no cume da alta montanha o povo, na estúpida e perversa loucura da sua cegueira, vivia impiedosamente e tolamente venerando os terríveis altares dos demónios, conforme os ritos pagãos. Esta injuriosa obscenidade seria, finalmente, destruída com a ajuda dos fiéis cristãos. E com o auxílio do senhor Todo-Poderoso uma basílica seria ali edificada em nome de São Félix Mártir.' (R. Frighetto, Valério do Bierzo: 113)
Prevesos (Santo Estevo) (184 hab.- Castro de Rei). Do latim PERVISOS 'previstos'. Acha-se em posiçom elevada com respeito à chaira, ao pé do Monte Pedras Alvas.
Seixas (Sam Pedro) (134 hab.- Cospeito, Lugo) ˂ 'S. Petrus de Seixas' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) ˂ 'in Monte Nigro ecclesiam sancti Petri de Saixis' (Lugo 897). Do latim SAXA 'pedras', com desinência romance de plural, saxas [saksas] ˃ *saisas [saisas] ˃ saixas [sai∫as] ˃ seixas [sei∫as].
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D-. CASTROS E MEGALITOS
Lousada (Santo André) (211 hab.- Germade), derivado da verba indo-europea de substrato lausa 'lousa', como em 'et fundauit aliam eclesiam que est sita in locum qui dicitur Lausata' (Celanova 942). O adjectivo 'lousada' pode referir-se neste caso a umha ponte, umha estrada, ou a umha casa ou edifício ou megalito.
Muimenta (Santa Marinha) (918 hab.- Cospeito) ˂ 'in concambium pro Coca concedo totum Villarentem cum toto ipso monte de Meda, per furcam sancti Martini, sicut diuiditur per Monimenta et per Martoy et per Arenam Aluam et per riuum de Goaa, et per terminum de Moar' (CODOLGA: Meira 1187). MONIMENTA é um neutro de plural latino 'monumentos, tumbas'.
Muras (Sam Pedro) (384 hab.- Muras, Lugo) ˂ 'hec est noticia de renda monasterium Uillenoue de Laurenzana. in primis, de Benbriue, XXX solidos. de Calende, La solidos. in Galgano LXa solidos. in Muras XX solidos.' (Lourençá s.d.) Origina-se penso no colectivo neutro MURIAS 'muros', por perda do iode: 'de ganato et comparato ubi habitavit Egica casas duas, murias, vineas, pumares' (Celanova 1002)
Pedrafita (Sam Mamede) (174 hab.- Guitiriz, Lugo). Do latim PETRAM FICTAM 'Pedra Erguida', que pode fazer referência a um miliário romano, ou a um menir, marco ou lapa: 'et invenimus alia petra iuxta carrariam fictam, ascendimus sursum in directo et invenimus arca terrenia et iusta eam alia petra ficta, et inde per ageres terream iam prope castro. invenimus in alia petra burgarios scubtos' (Celanova 950)
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E.-HIDRÓNIMOS
26 freguesias.
Ambosores (Santa Maria) (13 hab.- Muras). O seu nome fai referência à sua localizaçom, na confluência do curso alto do rio Sor e o Xantos, ambas correntes de semelhante importáncia.
O rio Sor recebia na antiguidade o nome Saure:
'in Saure ecclesiam s. Mariae, quae fuit de Arcismatica (…) item in ripa de Saur in Urticaria ecclesiam sancti Jacobi de Cerceda' (CODOLGA: Lugo 897);
'territorio Gallecie, in locum Quonicularia, intus mare, in face Saure' (CODOLGA: Mondonehdo 1095);
'divisiones fiunt a flumine Euuo usque ad flumen Saurium' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
A evoluçom Saure ˃ Saur ˃ Sour ˃ Sor é standard, com [aw] ˃ [o] em sílaba travada por vibrante.
Tal vez do PIE *seu- ('virar' IEW: 2741), compare-se co lituano siaũras (*seu-ro-) `schmal, eng' (estreito).
Azúmara/A Azúmara (Sam Joám) (88 hab.- Castro de Rei). Recebe o seu nome do rio Azúmara.
O rio Azúmara já presenta este nome desde as suas primeiras noticias:
'in Azumara, villa Edrosa' (Lourençá 969),
'in ripa de Azumara hereditate que vocitant Kers' (Lourençá 1131),
'ereditate quam habeo in terra d'Azumara in uilla que uocitant Edrosa, discurrente ad ecclesiam santi Petri de Sancta Leocadia, uidelicet, quantam habeo auorum meorum et parentum meorum, scilicet, hereditatem. et determinatur cum uilla regaenga de Coca [por Coea], et ex alia parte cum regaengo de Ueiga Sancte Leocadie, et currit per illam fluuius que uocitant Azumara.' (CODOLGA: Meira 1132)
Podemos ter acô umha forma PIE, possivelmente celta, *Ad-sum-r-a, baseada num grau zero do PIE *swem- 'mover-se, nadar' (IEW: 2445) derivada mediante um sufixo *-ro (compáre-se seara/senra ˂ sénara, do (?) PIE *sen- 'preparar, traballar sobre', IEW: 2415), que produz adjectivos, e prefixada coa preposiçom *ad-, que actua a miúdo a jeito de superlativo, o que nos levaria a algo assi como 'que corre moito'. Desconheço se o Açúmara e um rio notavelmente mais rápido que outros rios da regiom, ou se o era hai dous mil anos.
Balsa/A Balsa (Santa Maria) (118 hab.- Muras). O seu nome deve fazer referência a algum encoro ou lagoa loca. Outro lugar do mesmo nome temos em 'ad Iohannem Arie de Balsa meam capam pellem,' (TTO 1220)
Duarria (Santiago) (1139 hab.- Castro de Rei, Lugo). Penso que é umha forma de plural neutro latino supervivente até o dia de hoje, DUA *RIA 'dous rios', onde *RIA seria umha forma de plural neutro refeita sobre um latim vulgal singular masculina *RIU ˂ RIVUM 'rio'.
Goá (Sam Jurjo) (635 hab.- Cospeito).
Goás/As Goás (Sam Pedro) (121 hab.- Abadim) ˂ 'in sancto Petro das Goaas' (Lourençá 1246)
Fominhá/Fomiñá (O Salvador) (155 hab.- Pastoriça) ˂ 'hereditatis sancti Saluatoris de Fonte Mineana' (Meira 1156). Acô temos umha das fontes do Pai Minho, expressada em puro latim.
Ambas derivam do antigo nome do rio Anlho ou de Abadim, Guada:
'Villa in Ripa de Guada (…) in Ripa Guada, villa Sisuerti; (…) in Ripa de Guada, Villa de Cultrage que fuit de dompna Godegeua' (Lourençá s.d.)
'in Azumara, villa Edrosa. in Cerceta Froylane incartaciones Trasarici. in Guada, quamtumque habeo.' (Lourençá 969)
'in terra vero de Monte Nigro per aquas de Guada ad impronum' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
'in terra uero de Monte Nigro per portum de Bizacanes et per pontem de Culmia et per portum de Storia et per montem de Meis et per aquam de Guada' (Lourençá 1128)
'...quod do et in concambium pro Coca concedo totum Villarentem cum toto ipso monte de Meda, per furcam sancti Martini, sicut diuiditur per Monimenta et per Martoy et per Arenam Aluam et per riuum de Goaa, et per terminum de Moar, et inde per pontem de Leyros' (CODOLGA: Meira 1187)
'Pelagius de Goaa' (CODOLGA: Meira 1129)
'eu, Tareyia Peres, morador en Santa Christina de Goaa' (TMILG: Vilarente 1381)
'uos, Lopo Afonso et Maria Rodrigues, uosa moller, moradores en Goaa, toda a minna meetade ... de San Jurgo de Goaa, que ias hu chaman Villares' (TMILG: Vilarente 1407)
O nome tamém era aplicado à freguesia de Santa Cristina, em Cospeito, no curso do rio Guisande que desauga na lagoa de Cospeito, mais que é apenas umha derivaçom do própio rio Anlho, que verque no Minho por cursos diversos, e baixo diversos nomes (Anlho, Pequeno, Guisande). Com respeito a sua etimologia, dou-lhe um 5% do árabe *wadī 'rio', que nom se acha ao norte do Douro e nunca vai só (Guadi-Ana, Guadi-Aro...); e un 95% do proto-germánico (ver Köbler, G, Germanisches Wörterbuch 2007) *wadan 'vau, lugar de augas baixas', nome apropiado pra boa parte da Terra Chá, e para um rio de curso diverso e dividido que alimenta a lagoa de Cospeito e as chairas asulagáveis perto dela.
*Wada ˃ Guada ˃ *Goada (perda de /d/ intervocálica e [w] germánica ˃ [gw] ˃ [go]) ˃ Goaa ˃ Goá.
Galgao (Sam Martinho) (73 hab.- Abadim), penso que do acusativo *rivulu *Gallicanu, surpreendente hidrónimo:
'inter aquas de Galganu et Rical baucas de Fraamir.' (Lourença 1087)
'in Galgano VI tercias. in Ricimir XII tercias. in Uillapol VIIII tercias.' (Lourençá sd)
*Rivu o *Rivulo Gallicanu havia ser hoje 'Rio Galego' (desde tempos de Hidácio gallicano/galliciano e galleco/gallecio som formas em competência para designar aos galegos), ou 'Rio Galo (da França)'. Existe um lugar chamado Galgáns em Carral, Crunha: *Gallicanos. Ou 'Gentes da Gália' (c. Báscuas ˂ Bascones, Astoráns ˂ Asturianos, Francos...), ou Galegos ('Solidos Gallicanos'), como tantos outros lugares na Galiza que falam provavelmente das lavouras de repovoaçom da Alta Idade Média.
Galgao acha-se no cámbio de vertente entre o Cantábrico é o val do Minho, perto de Mondonhedo e Bretonha... Pode ser que os Bretons de Mailoc vinheram da França junto com gente de estirpe gálica? Que o alto val de Minho estivesse povoado por gentes de fala latina e germánica, e o de Lourençá por gentes de fala autóctone 'gallicana'?
Outra possível etimologia passa polo germánico *galg- 'cruze', de onde poderíamos ter um latino *Galganum '(rio originado) no cruze', fazendo referência a estar situado ou nascer no cámbio de vertente..
Ínsua/Insua (Sam Bartolomeu) (299 hab.- Vilalva) ˂ 'in monte Nigro, insula; in Parriga, uilla Onosendi, Santo Iuliano, Lagustelli' (Sobrado 1037). Do latim INSULA 'ilha', coido que por estar situado entre os rios Ladra e Labrada.
Ladra (Sam Salvador) (149 hab.- Vilalva). Situado no rio Ladra:
'villas quas abemus inter Minio et Latera' (Celanova 871),
'sancte Marie uirginis cuius baselican fundata est in territorio Latera' (Mondonhedo 871),
'in territorio Latera, uilla Lorarius cum adiunctionibus suis;' (Sobrado 959),
'per aqua de Latra' (Lourençá 1064).
Provavelmente dum céltico *lat-r-, do PIE *lat- 'pantanho, lameiro, lama, lodo' (IEW: 654-5). O seu significado seria algo como 'Rio Lento, Empantanado, Sujo'.
Lagoa (Sam Joám) (157 hab.- Pastoriça). Do latim LACUNAM.
Ludrio (Santa Maria) (162 hab.- Castro de Rei) ˂ ' et est hereditas illa in sancta Maria de Ludrio' (CODOLGA: Meira, 1182). Possível hidrónimo, o seu étimo coincide co do lugar de Ludro (Rairiz de Veiga, Ourense):
'tertium villarem quod fuit de Lico in ripa Lutrii' (Celanova 962)
' aliam villam que iacet inter ipso Lutrio et Savariz nomine Albam' (Celanova 1086)
' Petro Pelagii prelato ecclesie de Ludro' (CODOLGA: Ourense 1288)
É atractivo ponhe-lo em relaçom co latino vulgar *lutra 'londra, lontra, ludra', *(rivulum *lutrium 'auga das londras'. Mais o /u/ parece ser originalmente longo (ou é inflexom pola iode) e nom sei se esta formaçom seria admissível em latim. Preferível, tal vez, partirmos de PIE *lowə-ter- 'Banho, rego' (IEW: 692), de onde galo lautro 'banho' ˃ *loutr- ˃ *lūtr- (com [ow] ˃ [u:] prelatino como celtibero bou-stom 'lugar-do-boi, estábulo', actual e topónimos busto 'Llosa, terreno de monte cercado, en el cual se deja ceibo el ganado para pastar.' (DdD, Carré 1972). Nesta hipótese, Ludrio e Ludro teriam como étimo o prelatino *Lūtryo 'Do banho', ou similar.
Parga (Santo Estevo) (544 hab.- Guitiriz).
Sam Vreixo de Parga/San Breixo de Parga (Sam Vreixo) (108 hab.- Guitiriz, Lugo) ˂ 'in ualle Parriga, uilla Bademundi cum sua ecclesia, uilla Salamiri cum adiunctionibus suis, uilla Sancto Uereximo cum sua ecclesia' (Sobrado 1019). A evoluçom Veríssimo ˃ Vreiximo ˃ Vreixo é comum na Galiza.
Sam Salvador de Parga (Sam Salvador) (138 hab.- Guitiriz).
Santa Cruz de Parga (Santa Cruz) (169 hab.- Guitiriz) ˂ 'damus et concedimus ecclesiam Sancte Crucis de Parrega' (CODOLGA: Caaveiro 997)
Santa Locaia de Parga (Santa Locaia) (164 hab.- Guitiriz) ˂ 'in ualle Parriga, uilla que dicunt Sancta Leocadia' (Sobrado 966).
Tras-Parga/Trasparga (Santiago) (195 hab.- Guitiriz) ˂ 'in Parrega, Sancto Iacobo de Trasparriga medio' (Sobrado s.d.)
O Rio Parga e os seus afluentes recolhem as augas do concelho de Guitiriz e boa parte do de Friol, num sistema fechado sobre si e cercado por umha série de cordais (Ousá, Cova da Serpe, Montouto...) O seu val é pois umha terra bem delimitada, e aberto ao Minho por Baamonde, onde o Parga verque-se no Ladra logo de atravessar.
O seu nome medieval era Párrica ˃ Párrega ˃ Parga:
'in territorio Parrice, uilla de Sala media cum adiuntionibus suis, ecclesie sancte Leocadia media, villa de Uirini media, cum ecclesia sancti Martini media. medietate de illo comitato de ipsa Parrega et medietate de illo uenario de illo ferro.' (Sobrado sd)
'in Parrega, Sancto Iacobo de Trasparriga medio, media de Sancta Leocadia' (Sobrado sd)
'concedimus uillam quam dicunt Pelagio, que est inter duos riuulos Parreca et Lanera' (TA 920)
'villa quo dicunt Teodemiri, territorio Parricense ad sanctorum Iulianum a Roca' (Lourenzà 922)
'in ualle Parriga, uillam que dicunt Sanctam Leocadiam mediam secundum nobis debitam manet, uilla Malarici media (...) et illo uenario de Parriga medio; (Sobrado 966)
'isti sunt: de comitatu de Mera IIIa, de Nallare IIIIa sicut cum heredibus uestris debitum diuisistis per nostram concessionem usque nunc, necnon et Parriga media et IIIIa de comitato Nemitos' (Sobrado 968)
'in ualle Parriga, uilla Sancte Leocadie cum adiacentiis suis, uilla Saxoni cum ecclesia sancti Pelagii, uilla Uerani, alia ibi ubi Arias habitat, ecclesia sancti Martini, uilla Malariz cum ecclesia sancte Eolalie de Spanar.' (Sobrado 971c)
'Parriga media, Mera media, quarta in Nallare' (Sobrado 978)
'uillam meam propriam quam uocitant Malarici qui est subtus montem Navefracte, territorio Nalare et Parrigue' (Sobrado 984)
'damus et concedimus ecclesiam Sancte Crucis de Parrega supra nominata monasterio Sancti Iohannis de Calavario' (CODOLGA: Caaveiro 997)
'in ualle Parriga uilla quam dicunt Sancta Leocadia media' (Sobrado 1016)
'in ualle Parriga, uilla Bademundi cum sua ecclesia, uilla Salamiri cum adiunctionibus suis, uilla Sancto Uereximo cum sua ecclesia (…) adicimus in ualle Parriga, uilla Lupiani que fuit de nostras tias.' (Sobrado 1019)
'divisiones fiunt a flumine Euuo usque ad flumen Saurium. similiter sit de Laurentiana, vel dividamus per medium caracterem, vel habeamus per medium, per manum nostrorum sagionum. in terra vero de Montenigro per aquam de Guada ad impronum. per portum de Buzacanes. per pontem de Porto. per aquam de Vincenti Infesto. per Gandera de Sancto Pelagio. per Fontem frigidum. per aquam de Barrazoso ad impronum usque intrat in Ladra. Ladra infesto usque ad pontem de Nousti, & inde per castrum de Vigil per montem de Meir de illa parte usque ad Cordal de Parrega, & infra ipsos terminos inter Euve & Masme devenerunt in partitionem' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
'in terra Parrice, Uillanoua, Bacim, Uillar Plano, Sancto Uincentio, Castro Potamio, Uasconos, Sancta Maria (…) in monte Nigro, insula; in Parriga, uilla Onosendi, Santo Iuliano, Lagustelli, Sancto Martino, Namaria, Dureyxa, Cabanas' (Sobrado 1037)
'de uilla noua de Parrega' (Sobrado 1157)
'in terra de Parriga uillare Amariz et Azeu{e}do et casale de Luzo.' (Sobrado 1186)
'in terra Parrega, in villa nu{n}cupata Recimir, que iacet inter Tarulio et Sancti Iohannis de Lagostelli' (CODOLGA: Caaveiro 1188)
'in Parrega in uilla que uocatur Osendi de Sancta Cruce' (Sobrado 1204)
Monteagudo propom (Hidronimia Gallega, in Anuario Brigantino nº 22, 1999, p. 294) como etimologia deste rio unha forma *perks-ika 'rio truchero o salmonero', que é semanticamente atraente, mais que acho evolutiva e morfologicamente difícil. Unha etimologia indo-europea máis simples pode ser PIE *prs-ik-a ˃ parrika, de *pers- 'cinzas, faiscas' com preservaçom de p-, mais com outros tratamentos fonéticos similares às línguas celtas e itálicas (carros ˂ *crsos). Mais este tema nom é produtivo nas línguas indo-europeas ocidentais. Agora bem, parrica é com exactidue a verba germánica predecessora do actual parque (herdado via do francês), cujo significado primeiro é cercado, e ácha-se emparentado coa verba parra:
Parra: 'la PARRA es una armazón sostenida con estacas y puntales de madera, hierro o piedra, para que por debajo de ella puedan circular libremente las personas y los carros de bueyes. Las parras gallegas no son sólo la vid, porque precisamente las vides proceden de las cepas, lo mismo que las parras, pero éstas en las zonas vitícolas del país, y especialmente en el Ribeiro de Avia y otras comarcas forman un emparrado a modo de cobertizo, cubriendo así los caminos aldeanos, permitiendo al mismo tiempo que por ellos circulen a la sombra los carros de bueyes cargados de frutos o de estrume.' (DdD: Eladio Rodríguez, 1953).
E outra verba galega que deve ter similar orige é:
Parga: 's. f. Montón hecho con los monllos de trigo, centeno, etc., de modo que resguarde el grano de la lluvia. V. meda y murgueiro.' (DdD: Carré, 1928-31)
Isto recolhe Gerhard Köbler (GWB s.v. *parrik-) sobre a forma protogermánica *parrik-:
*parrik-, germ., Sb.: nhd. Pferch, Gehege; ne. enclosure; RB.: ae., ahd.; I.: Lw. mlat. parricus; E.: s. mlat. parricus, M., Einfriedung; vgl. iberisch *parra, Sb., Spalier, Kluge s. u. Pferch; W.: ae. pearroc, st. M. (a), Pferch, Hürde, Einschließung, Einfriedung, eingezäuntes Land; an. parrak, st. N. (a), Not, Beklemmung; W.: ahd. pfarrih* 9, pharrih*, pferrih*, st. M. (a?, i?), Pferch, Gehege, Hürde; mhd. pferrich, pherrich, M., Einfriedung; nhd. Pferch, M., Pferch, Umzäunung, enger Raum, eingepferchte Herde, DW 13, 1673
E o diccionario anglo-sajom Woswoth-Toller recolhe:
pearroc, es ; m. An enclosure :-- Pearroc, pearuc clatrum, Txts. 50, 224. Pearruc, Wrt. Voc. i. 34, 7. Pearruc cauea, Germ. 400, 62. On ðisum lytlum pearroce búgiaþ swíðe manega þeóda hoc ipsum brevis habitaculi septum plures incolunt nationes, Bt. 18, 2 ; Fox 62, 27. Ðis sindon ða landgemǽro. Ǽrest . . . on Bogeles pearruc; of Boceles pearruce, Cod. Dip. Kmbl. v. 277, 11. Hié (the English) bedrifon hié (the Danes) on ánne pearruc, and besǽton hié ðǽr útan, Chr. 918 ; Erl. 102, 35. Pearruca clatrorum, Hpt. Gl. 489, 75. Pearroca, Wrt. Voc. ii. 18, 63. Of pearrocum de clatris, 26, 52: 18, 62. Of pearrucum, Hpt. Gl. 484, 44 : 508, 29. Ðæs gemǽre is on eásthealfe spachrycg, on súðan plumwearding pearrocas, Cod. Dip. Kmbl. i. 258, 12. [O. H. Ger. pferrih, pfarrih. From Celtic : Welsh parwg.]
Este último dicionário atribue orige celta à verba, conhecida no galês parwg, mais o dicionário etimológico das linguas celtas de McBain da o caminho inverso: parwg ˂ inglês médio parroc.
Quer-se dizer: *parrik-: 'feche, curral, terras valadas; cova, sítio pequeno; grelha, trançado'. Nom sei se ligado ao latin SPARUS e ao germánico *speru- 'lança'., assi como ao latim PARIES 'parede', todos do PIE *(s)per- 'poste, lança'.
O nome viria-lhe ao rio ou bem da forma do seu val, fechada e rodeada de montes, contrastando co resto da Terra Chá, ou polo estreitamento que atravessa antes de chegar ao Ladra e com el ao Minho, como a porta dumha fortaleça. É a melhor etimologia que eu conheço para o nome, e penso que vem reforçada pola existência dos apelativos parra 'trançado ou grelha para tender as vides' (sinónimo portanto de lóvio, ambas formas tidas por germánicas) e parga 'resguardo feito com molhos de trigo ou centeo para protecçom do grau'. Bem poidesse ser que num primeiro momento estas pargas estivessem feitas mediantes postes apoiados os uns nos outros, ou num poste central, e logo cobertos coa palha. Parrica seria nesta proposta '(o feito) com postes'.
Pígara (Sam Pedro) (503 hab.- Guitiriz). O seu nome corresponde-se co nome antigo do rio Lavrada, afluente do Ladra que corre paralelo a este mesmo:
' et est ipsa ecclesia inter ambas aquas, Pigara et Ladra.' (CODOLGA: Caaveiro 1077)
' et est ipsa ecclesia iuxta rivulo Pigara, subtus montis de Trabe, territorio de inter ambas aquas' (CODOLGA: Caaveiro 1086)
Em Germade um lugar junto a um afluente do Lavrada leva o nome de Pigaroa ˂ *Picarola, compare-se com Ulhoa ˂ Uliola, no alto curso do Ulha.
Com respeito a sua etimologia, provavelmente é do PIE *pik-ro- 'colorado, tinto' (IEW: 794-795), com clarísima preservaçom de p. Equivalente a um 'Rio Tinto', ainda que desconheço se isto se ajusta ao rio.
Regueira/A Regueira (Sam Vicente) (351 hab.- Pastoriça). Deve proceder dum romance *rigaria, do latim RIGARE 'regar' ou do prelatino rego. No dicionário Rodríguez de 1853: 'Sitio costanero por cuyo centro pasa un arroyo.' (DdD, Rodriguez 1853).
Ribeiras de Lea (Sam Joám) (554 hab.- Castro de Rei). Refere-se ao rio Lea, cujo nome deve provir de *Lena, coincidindo cum rio asturám e coa mesma evoluçom de Tea ˂ Tena. A sua provável etimologia é PIE *lē-no- 'suave, mol' (IEW: 666).
Rio Avesso/Rioaveso (Sam Jurjo) (407 hab.- Vilalva).˂ 'Sanctus Georgius de Riuulo Auerso cum Sancta Eulalia' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
Rio Avesso/Rioaveso (Santalha) (241 hab.- Cospeito) ˂ 'Sanctus Georgius de Riuulo Auerso cum Sancta Eulalia' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) Do latim RIVUM ADVERSUM 'Rio Torto, Rio Revirado'.
Támoga (Sam Jiao) (125 hab.- Cospeito) ˂ 'sub urbe lucense Tamega' (Celanova 934). Nas beiras do rio Támoga, cujo nome é idêntico ao do rio Támega, afluente do Douro que passa por Verim e Chaves, e sofreu idêntica alternáncia Tamega/Tamoga ˂ *Tam-ĭka/Tam-ŭka:
'in Baroncelli, rivulo Tamega,' (Celanova 931),
'territorio Baroncelli prope rivulo Tamuga' (Celanova 953),
'territorio Baroncelli, discurrente rivulo Tamega' (Celanova 1036)
Do PIE *Tā- 'fundir-se, apodrecer' (IEW: 1053-1054), coma o Tambre e máis o Támesis.Triavá/Triabá (Sam Pedro) (619 hab.- Castro de Rei) ˂ 'in ualle Ortigaria, Quintanella, Triauada, Egecani, Uendena' (Sobrado 1037). Do latim TRIA VADA 'Tres vaus'. Perto de onde o rio Anlho verque no Minho, que ali separa por uns quilómetros a sua corrente, recebendo em parte o nome de Rio Velho.
Úbeda (Sam Joám) (117 hab.- Pastoriça).Da raiz indo-europea *up- 'auga' (IEW: 1149), *Up-eta?
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F.- ASENTAMENTOS E ACTIVIDADES ECONÓMICAS HUMANAS
29 freguesias.
Bóveda (Santalha) (168 hab.- Begonte). Do latim *VOLVITAM 'volta', ou dum germánico *bōww- 'granja, edifício'. As formas máis antigas documentadas destes topónimos tém a forma Bovata: 'in Lemos sancta Eulalia; in Armena Bouata et eclesia ibidem sanctae Mariae' (Celanova 942) De nom ser pola tonicidade da verba, umha boa etimologia havia ser a forma latina medieval BOVATA TERRAE 'lote de terra do tamanho que pode ser lavrado por um boi ˂ BOVEM' (DuCange, s.v. BOUATA).
Coromines considerava estas formas toponímicas serem germánicas, de *buwitha, do PG *būwan 'construir, morar', e teria um paralelo exacto no antigo alto alemám selida 'casa', do PIE *sel- 'vivenda'. O certo é que a conjugaçom débil do verbo būwan havia levar-nos (e se nom estou trabucado nesta matéria) a um particípio de preterito *būwad- 'hgabitada', que de acordo coas outras tendências das formas germánicas do noroeste, chegaria a ter o seguinte aspecto *bovat- o *buvat-. E isso é o que temos.
Burgo/O Burgo (Santa Maria) (128 hab.- Muras). Verba popularizada no latim, do germánico *burg- 'castro, cidade fortificada', ou do grego πυργοσ 'torre, fortaleça'.
Cabaneiro (Sam Bartolomeu) (62 hab.- Abadim), dumha forma romance *capannariu 'cabana', derivada do prelatino capanna 'cabana': 'et in Paredes III casalia et IIIIor cabaneyros' (CODOLGA: Ourense 1229); 'et per illo quoto de Nozeta usque Capanna Marzani' (CODOLGA: Oviedo 905).
Cabreiros (Santa Marinha) (305 hab.- Germade). Do latim CAPRARIOS.
Castro de Rei (Sam Joám) (177 hab.- Castro de Rei). Do latim CASTRUM 'castro'.
Castro Maior/Castromaior (Sam Joam) (201 hab.- Abadim).
Castro/O Castro (Santa Maria) (114 hab.- Begonte).
Granha de Vilarente/A Graña de Vilarente (Santa Maria Madanela) (264 hab.- Abadim). Granha é evoluçom galega autóctone da forma medieval *Grangia, que da orige tamém a granja.
Governo/Goberno (Sam Martinho) (119 hab.- Castro De Rei, Lugo). Do latim GOBERNARE.
Lavrada/Labrada (Sam Pedro) (284 hab.- Abadim). De TERRAM LABORATAM 'Terra Trabalhada / Lavrada'.
Lavrada/Labrada (Santa Maria) (320 hab.- Guitiriz).
Lamas (Sam Martinho) (83 hab.- Cospeito). Do prelatino *lama ˂ PIE *lāmā 'pantanho, lodeiro, charco, terreno assulagável'. No primeiro milénio deveu ter um valor económico concreto penso que na produçom de pastos, originando-se os nomes de lugar Lama Belide/Lamabelide ˂ *Lama Belliti, Lamacemom/Lamacemón ˂ *Lama Simoni, Lama Marim/Lamamarín ˂ Lama Marini, Lama Ansiám/Lamansián ˂ *Lama Ansilani...
Negradas/As Negradas (Sam Vicenço) (106 hab.- Guitiriz). Literalmente 'enegrecidas'; pode fazer referência a roças e queimas agrícolas das terras.
Oleiros (Sam Mamede) (443 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Mames de Ollarios' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Ou bem os habitantes locais eram oleiros de sona, ou havia no lugar algum velho campo de enterramento em urnas ou olas, como tinha achado Sarmiento em Oleiros da Barbança.
Pácios/Pacios (Sam Salvador) (175 hab.- Castro de Rei), do latim PALATIOS, com perda esperável de /l/ intervocálico.
Sam Martinho de Pácios/Pacios (Sam Martinho) (267 hab.- Begonte).
Pastoriça/Pastoriza (O Salvador) (196 hab.- Pastoriça) ˂ 'in Pastoriza ecclesiam sancti Salvatoris integra cum suis adiunctionibus' (Lourençá 969). Derivado do latim PASTUM 'pasto'.
Pousada (Santa Catarina) (260 hab.- Pastoriça). 'Estalage, Mesom', do latim PAUSATAM 'pausa no caminho'. De se achar em costa pode acair-lhe melhor o significado etimológico.
Quintela (Santa Maria) (96 hab.- Castro de Rei) ˂ 'in ualle Ortigaria, Quintanella, Triauada, Egecani, Uendena' (Sobrado 1037). Quintanella era diminutivo de quintana, adjectivo relativo à quinta parte de algo, e por extensom, à parte das propiedades adquiridas por herdança (e finalmente, a umha propiedade).
Saavedra (Santa Maria) (459 hab.- Begonte), da forma Sala Vetera, 'Casa ou Paço Velho', da verba germánica *salan 'Casa, granja, paço', com extraordinário rendemento toponímico da Galiza e norte de Portugal, no soar de assentamento dos suevos.
Hai na Galiza ao menos outro lugar de nome Sá Vedra, e outro Xara Vedra.
Samarugo (Santiago) (184 hab.- Vilalva). Segundo os dicionários, samarugo é peixe novo de caisquer espécie, e significa tamém 'tastarudo, marulo', e neste senso achamo-lo na documentaçom medieval: 'Petro Pelagii corrigiario filio Pelagii Samarugo' (CODOLGA: Ourense 1208) Por outra banda, samarugueira é 'rede que se estende entre as beiras do rio'. Suspeitava eu que aqui Samarugo lembraria algumha velha pesqueira no rio, das que se compram e vendem nos textos medievais, mais o pequeno Rego do Paço passa a máis de dous centos metros.
Sisto/O Sisto (Santa Maria) (16 hab.- Muras). Sisto/Sesto é topónimo moi frequente na Galiza, e si nom vem de SEXTUM 'Sexta parte' (a documentaçom medieval nom voga a prol desta idea), pode ser que agache umha realidade prelatina. Tomando busto de modelo proponho, sei que sem provas, *segi-stom 'Sementeira/Cabaceiro', literalmente 'lugar-semente': PIE *seg- 'sementar' (IEW: 887), e *stom de *stā- 'estar, permanecer' (IEW: 1004-10). A forma teria passado ao latim da gallaecia como *segistom ˃ *seistom ˃ sisto/sesto, com pérdida de /g/ e reducçom das vogáis em hiato ainda prelatinas.
Sistalho/Sistallo (Sam Joam) (584 hab.- Cospeito) ˂ 'S. Johannes de Sistalio' (CODOLGA: Mondonhedo 1128); 'Uillanoua ad aulam Sancti Johannis baptiste hic in Sistalio' (Lourençá 1077). Se o anterior é correito, suspeito que o que temos acô é um derivado latino *sistaculo 'pequeno sisto = pequena sementeira/pequeno cabaceiro'. E se nom o é, nom sei o quê é.
Torre/A Torre (Santa Maria) (192 hab.- Vilalva). Do latim TURREM 'torre, cidadela'. Acha-se em lugar elevado, entre os rios Ladra e Lavrada.
Vila Donga/Viladonga (Santiago) (119 hab.- Castro de Rei) ˂ 'facimus cartulam de ecclesia sancti Iacobi de Villadonga' (Lourençá 1130). Do baixo latim VILLA DOMINICA ˃ VILLA DOMNECA ˃ VILLADONGA 'Vila do Senhor/Amo/Dono':
'et fuit ipse Petrus hiriensis seruus et habitauit in Villa dominica' (Santiago 899),
'per illo rego que uenit de illa fonte de Uilla Domneca' (Lourençá 1089)
'facimus cartulam de ecclesia sancti Iacobi de Villadonga' (Lourençá 1130)
Vila Alva/Vilalba (Santa Maria) (5482 hab.- Vilalva) ˂ 'alcaldes de Uilla Alba, Johannes Trapel et Adrianus Pelagii' (Lourençá 1240). Do latin VILLAM ALBAM 'Vila Branca/Auspiciosa'.
Vilar (Santa Maria) (33 hab.- Cospeito). Do latim medieval VILLARE 'aldea, granja'.
Vilar (Santa Maria) (60 hab.- Guitiriz).
Vilares/Os Vilares (Sam Vicenço) (609 hab.- Guitiriz).
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G.- ANTROPÓNIMOS NOM GERMÁNICOS:
Som 19 freguesias, todas derivadas de formas em genitivo.
Abadim/Abadín (Santa Maria) (313 hab.- Abadim). Procede de Abbatini, genitivo do antropónimo Abbatinus, coido que derivado do latim eclesiástico abbas 'abade', do siriaco abbā 'pai':
'ut partificassent ipsos homines et suos filios nominibus Abdino et Goda,' (Samos 1003),
'Lilli presit maritum in Onitio nomine Abdino' (Samos s. XI)
'vobis Martino Arie, dicto Abbatino, ecclesie Beati Iacobi canonico' (CODOLGA: Santiago 1179)
'ego Abbatinus sacerdos' (Samos 1195)
Arcilhá/Arcillá (Sam Paio) (146 hab.- Cospeito). Do genitivo Arciliani, do nome latino Arcilianus.
*Arciliani ˃ *Arceliane ([i] breve ˃ [e]) ˃ *Arcelhãe ([ly] ˃ [λ] e perda de /n/ intervocálico) ˃ *Arcelhãa (assimilaçom) ˃ Arcelhá.
Begonte (Sam Pedro) (339 hab.- Begonte) ˂ 'et pumares in Sancto Christoforo et in Sancto Petro ad Boconti' (Sobrado 966). Do genitivo Bocontii do antropónimo prelatinoBocontius, conhecido dumha inscriçom (latina) de Leom: 'D M S VAL(ERIA) IRENE FLAVIO BOCONTIO COIIVGI PIENTISSIMO F C' (Valéncia de Don Juan, Leom)
O nome Bocontius semelha ter por étimo *dwo-kont-yos 'dous-dez = vinte' (como latim bis- ˂ *dwis-).
Sam Martinho de Corvelhe/Corvelle (Sam Martinho) (320 hab.- Pastoriça) ˂ 'villa in Laurenzana que dicunt Corueli' (lourençá s.d.) ˂ 'scripture de illa nostra hereditate de Radigosa et de Coruelli' (Lourençá s. XII). De Corvelli, genitivo do antropónimo Corvellus, diminutivo de Corvus 'Corvo':
'Uigila ic testis (sig). Corbellvs ic testis (sig)' (Oviedo 812)
'uel heredum meorum, Uittine, Gunderannus, Ruderici et Curuelli' (Sobrado 818)
Corvelhe/Corvelle (Sam Bartolomeu) (317 hab.- Vilalva). Coa mesma orige: E topónimo moi frequente na Galiza baixo as formas (oficiais) Corvelle, Vilar Corvelle e Curbel.
Corvite (Sam Pedro) (98 hab.- Abadim) ˂ 'Villa Coruiti que dedit Gudesteu et Gota a Guterri Osoriz' (Lourença' sd); 'et hereditatem de Curuiti et hereditatem de Saium, quas possidemus uel habere debemus' (Meira, 1210). Do genitivo *Corvitti, do antropónimo *Corvittus, diminutivo tamém de Corvus. O topónimo é frequente nas formas Corvite e Corbite.
Crecente (O Salvador) (185 hab.- Pastoriça) ˂ 'pars Miniutu discurrente per tempus ad ecclesia sancti Saluatoris de Crescenti' (Lourença 1127) Interessante notícia que nos fala dum cámbio de curso do Minho, Miniuto, ao passo de Crecente. O topónimo provem do genitivo Crescentii, do antropónimo latino Crescentius:
'uenerunt cum domino Aloito de Asturias iste sunt: Sumemirus Senior Crescentius Teodemirus item Sumiemirus Aufila Daniel Quorimio' (Sobrado 818)
'vinea nostra propria quos habeo de parentibus meis Cegio et Crescente' (Celanova 989)
Tamém dá topónimos frequentes, incluído o concelho pontevedrês de Crecente, na Paradanta.
Dom Alvai/Donalbai (Sam Cristovo) (192 hab.- Begonte), procendete dumha forma genitiva *(villa) Domini Albani '(Vila) de Don Alvám', do antropónimo latino Albanus:
'Eldemirus, Aluitus, Albanus, Gundesindus' (sobrado 929)
'qui presentes fuerunt: Albanus ts. Alvarus confirmans. Kintila cfr.' (Celanova 952)
A evoluçom geral dos vários topónimos deste nome (Donalbai, Donalbán, Albá, Albán) é Albani ˃ Alvane ˃ Alvãe, de onde parten várias opçons: Alvae ˃ Alvai (com desnasalizaçom), ou Alvaa ˃ Alvá (assimilaçom), ou Alvãe ˃ Alvám (com reapariçom da nasalidade em posiçom explosiva: ganado ˃ gãado ˃ gado/gando). O seguinte é, penso, um testemunho temperám de Alvám (Coles, Ourense) ˂ 'et posuit placitum ad ipsum fidemiussorem villa nomine Albani' (Celanova 995)
Gaivor/Gaibor (Sam Jiao) (246 hab.- Begonte) ˂ 'uilla Boniti cum aiacenciis suis, uilla Gauioli cum aiacenciis suis et pomares in Felmiri' (Sobrado, 966). Do genitivo Gavioli do antropónimo *Gaviolus, provavelmente latino (Ferreolus, Piniolus...) Em Itália hai apelido Gavioli. A evoluçom é Gavioli ˃ Gaivoli, com metátese de iode ˃ Gaivor (-l ˂-˃ -r).
Germade (Santa Maria) (325 hab.- Germade). Da forma genitiva *Iermiati, do nome cristám em orige hebreu Germias:
'Dexterico, Mito, Ero, Iermias.' (CODOLGA: Carboeiro 956)
'Odinus Senuz conf. Germias Sentariz. Suarius Sendiz conf (Lugo 993)
Som vários os topónimos similares (Germade/Germiade) na Galiza, e um deles, Germeade (Muinhos, Ourense) era 'in Tabolatella hereditate quos fuit Citi Gundesindiz media, in Germiati hereditate quos fuit de Menindo Gundesindiz integra' (Celanova 1051).
Ilhám/Illán (Santiago) (127 hab.- Begonte), da forma genitiva *Iliani, do antropónimo latino Ilianus:
'et nos quidem per nosmedipsos ab integro commissum, quos Ilianus diligatus habuit' (TA, s IX)
'Honoratus confessus. Ilianus confessus. Sonarigus diaconus' (Celanova 910)
'quos tenet domno Vilifonso, Fakimo, Froila, Recilli, Iliano, Aloyto' (Celanova, s XI)
Hai outro Ilhám em Ponte Areas (Pontevedra).
Lagostelhe/Lagostelle (Sam Joám) (1917 hab.- Guitiriz) ˂ 'in Parriga, uilla Onosendi, Santo Iuliano, Lagustelli' (Sobrado 1037) Do genitivo *Lacustelli do antropónimo latino *Lacustellus, diminutivo de Lacustus.
Santa Marinha de Lagostelhe (Santa Marinha) (189 hab.- Guitiriz).
Miraz (Sam Pedro) (79 hab.- Germade). Do genitivo Mirachi, do antropónimo Mirachius 'Ascaricus prs. confirmans. Sigeredus prs. ts. Mirachius prs. ts. Viliulfus prs' (Cuntis 898).
Som vários os lugares chamados Miraz ou Mirás na Galiza. A um deles (Mirás, Fisteus em Cúrtis?) deve corresponder este testemunho: 'quarta de nasario de Sancto Acisclo et alio nasario de Miraci integro cum sua deuesa' (Sobrado, 966).
Mourence (Sam Jiao) (286 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Eulalia de Trastemir. S. Julianus de Maurenti. S. Petrus de Lancobos S. Cucufatus. S. Martinus de Nosti.' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Maurentii do Antropónimo latino Maurentius. Topónimo moi frequente na Galiza. A pronúncia -nce por vez de -nte deve ser por pressom de antropónimos como Vicenço.
Romám/Román (Santalha) (493 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Jacobus de Goeriz. S. Eulalia de Romani. S. Mames de Ollarios' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Romani do antropónimo latino Romanus:
'sca. Maria de Vilarino quam fecit Romanus cum suis gasalianis, et duas subditas de Piauela' (Sobrado 951). Topónimo moi frequente na Galiza em formas Romám, Romá e Romai: Romani ˃ *Romane ˃ Romãe ˃ Romai/Romãa ˃ Romá/Romám.
Tardade (Santa Maria) (79 hab.- Vilalva). Do genitivo Tardenati do antropónimo Tardenatus 'Nascido Tarde':
'Laurentinus, Petrus, Tardenatus, Vimara, Eila,' (Samos 930)
'Ortromirus ts. Tardenatus ts. Adala ts' (Celanova 933)
Outro topónimo galegos de igual orige é Tardeado (Jalhas, Negreira), do acusativo Tardenatu.
Vila Pedre/Vilapedre (Sam Mamede) (212 hab.- Vilalva). Do genitivo Petri do nome Petrus. Som moitos os lugares chamados Pedre, Pidre e Perre na Galiza.
Seivane de Vilarente (Sam Joám) (239 hab.- Abadim) ˂ 'et in illa partitione de terra de Villaarenti' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) ˂ 'in Villalaurenti, ecclesia que dicunt sancti Johannis et sancti Jacobi' (Lourençá 947), 'ecclesiam sancti Joannis Villa Laurenti cum suis adjunctionibus' (Lourençá 969). Do genitivo Laurentii do antropónimo latino Laurentius, com perda de /l/ por fonética sintáctica: Villa Laurenti ˃ Villalaurenti ˃ Vilaaurenti ˃ *Vilaarente ˃ Vilarente. Na Povra de Brolhom temos um outro lugar chamado Lourente.
O nome Lourenço nom semelha ser empregado na alta idade média, mais reaparece nó século XIII como nome de baptismo dum escravo mouro chamado Ali Muogu ( ˂ Monacu, monge): 'Menendus Uelasquit emit Ali Muogu, textor, qui postea dictus est Laurentius in baptismo' (Sobrado s. XII-XIII)
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H.- ANTROPÓNIMOS GERMÁNICOS:
Som 42 freguesias, todas derivadas de formas em genitivo/locativo.
Aldige/Aldixe (Sam Pedro) (95 hab.- Abadim) ˂ 'in Montenigro, uilla Eldigi' (Sobrado 971c) 'in Montenigro uilla Eldigii' (Sobrado 959). Do genitivo Hildigii do antropónimo germánico Hildigius ( ˂ Proto-germánico, PG, *Hildiweigiaz 'Batalha-combate', ADN: 838), que nom atopo em fontes galegas, mais si o seu feminino 'que fuit de Badamondo et de sua filia Eldigia' (Celanova 1010).
Álvare (Santa Maria) (167 hab.- Pastoriça). Do genitivo Alvari do antropónimo germánico Alvarus ( ˂ PG *Aþalwarjaz? 'Noble-habitante', ADN: 76 e 180): 'Savildi in hanc kartulam venditionis manu mea (signum) feci. abbas Alvarus ts. Ostofredo. Saluta presbiter ts. Lallus presbiter ts.' (Celanova 923)
Ansemar (Sam Salvador) (146 hab.- Castro de Rei) ˂ 'in casale de Auteiro et in Ansamar ocatauam partem de uno casale' (Meira 1196). Do genitivo Ansemari do antropónimo Ansemārus ( ˂ PG *Ansemēriz 'Deus-afamado', ADN: 129), evoluçom esperável nas línguas germánicas modernas desde o germánico Ans-V-mēr-, que está bem pressente nas nossas fontes.
'Vademirus testis, Ansemirus testis, Ordonius testis.' (Samos 907)
'Sisualdus ts., Ansemirus ts., Merila presbiter ts.' (Sobrado 946)
'Sedes conversi. Sesmiro conversi. Ansemir conversi.' (Celanova 989)
Na Galiza som vários os topónimos Ansemil, que provém directamente desta forma. Por outra banda, a mesma variabilidade das formas com /e:/ ou /a:/ da-se em toda Europa na alta idade média.
Baamonde (Santiago) (369 hab.- Begonte) ˂ 'in ualle Parriga, uilla Bademundi cum sua ecclesia' (Sobrado 1019). Do genitivo Badamundi do antropónimo germánico Badamundus ( ˂ PG *Baudamunduz 'Mandatário-protecçom', ADN: 256):
Baldomar (Sam Joám) (60 hab.- Begonte) ˂ 'Riuotorto, Villadorga, Conspectu, Baldomar' (Meira 1188) ˂ 'territorio Rabbati uilla Boniti cum suas adiectiones, Calabogii, Onorici, Karrari, Baldemari, Iudeus et uilla Rauioli' (Sobrado 959). Do genitivo Baldemari do antropónimo Baldemarus ( ˂ PG *Balþemēriz 'Forte-afamado', ADN: 240), nom moi frequente nesta forma na documentaçom:
'et per manum sagionis Mondini Baldemariz' (Samos 985)
'uno homine de lancea nomine Baldemaro' (Celanova 1056)
Hai ao menos 6 topónimos Baldomar na Galiza, junto com 3 Baldomir e un Baldemir.
Baltar (Sam Pedro Fiz) (130 hab.- Pastoriça) ˂ 'de Anlio Malo, illum qui iacet secus Sancti Felicis de Baltar' (Lourençá 1122). Do genitivo Baltarii do antropónimo germámico Baltarius ( ˂ PG *Balþharjaz 'Forte-guerreiro', ADN: 238-9)
'Badamundus abbas testis. Hysmael abbas ts. Eugenius abbas ts.' (sobrado 818)
'Balteiru, Badamondu, Pellagiu, Auolinu' (Ourense 938)
'que fuit de Senatrudia et de filiis suis Badamondo et Favila' (Celanova 1007)
'in Ripella quam nobis dedit frater Leovegildo que fuit de Badamondo et de sua filia Eldigia' (Celanova 1010)
Som vários os lugares chamados Baamonde e Bamonde na Galiza.
Baroncelhe/Baroncelle (Santiago) (184 hab.- Abadim). Do genitivo Baronzelli, do antropónimo Baronzellus, diminutivo do antropónimo, penso que germánico, Baronza ( ˂ PG *Beranzaz ? 'Aturar', ADN: 267):
'Placidus ts, Baltarius ts., Vitiza ts' (Sobrado 858)
'Didacus, Balzario, Segundinus' (Samos 878)
'Adolino frater ts. Vitiza frater ts. Baltario ts.' (Celanova 885)
Hai umha trintena (!) de topónimos Baltar, Balter, Balteiro e Bouteiro na Galiza.
Bazar (Sam Pedro) (351 hab.- Castro de Rei). Do genitivo Bazarii do antropónimo germánico Bazarius ( ˂ PG *Bazharjaz 'Nu-guerreiro', ADN: 254):
'Sarracenus, Bazarius cellararius ts., Gutier ts.' (Sobrado 922)
'Tructino ts., Baronzello ts., Teodulfo ts.' (Sobrado 942)
'Iohannes presbiter ts. Baronza Siloniz ts.' (Celanova 946)
'Mito ts. Cindo ts. Argemiro ts. Asoi ts. Sindila ts. Baronza cfr.' (Celanova 961)
Ambos nomes tém rendimento toponímico: Baronzás ˂ 'Petro Pelaiz de Barunzanes in X modios' (Celanova 1165); Baroncelle (Ourense) ˂ 'ad aliam archam sic lapideam qui dividet inter Vilazam et Baronzelli' (Celanova 950)
Becín (Sam Jiao) (128 hab.- Guitiriz). ˂ 'in terra Parrice, Uillanoua, Bacim, Uillar Plano, Sancto Uincentio, Castro Potamio, Uasconos, Sancta Maria' (Sobrado, 1037). Se nom me trabuco, note-se o possível betacismo, do genivo Wacini do antropónimo germánico Wazinus ( ˂ *Wazinaz 'Habitante', ADN: 1550):
'Auderigu, Foffu, Lezenio, pro nostras mulieres, Senda, Ansemondo, filius Bazari pro nos' (Celanova 934)
Som vários os lugares com este mesmo nome em toda Galiza.
Belesar (Sam Martinho) (422 hab.- Vilalva). ˂ 'S. Martinus de Belsar' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Belisarii do antropónimo germánico Belisarius ( ˂ PG *Belisharjaz '?-gerreiro', ADN: 255):
'pomerium medium, quod comparaui de Belesario in uilla Palatio de Sildares' (Santiago 904)
'Fradiulfus abba conf. (signum). (Christus). Belsarius presbiter conf. (signum). (Christus).' (Samos 904)
'Froila Sarraceni ts., Vimara Uaciniz ts., Iuacino ts.' (Sobrado 949)
'Vimara Vilifonsiz mazanaria Ia, Guazino Elias mazanarias IIas' (Celanova 1093)
Boizám/Boizán (Santiago) (204 hab.- Vilalva). Da forma genitiva Bonizani, do antropónimo germánico Boniza ( ˂ PG *Bonizaz, ADN: 327): 'Honoratus abbas ubi presens fui et testis (signum) Boniza presbiter ubi testis (signum )' (CODOLGA: Mondonhedo 871)
Burgás (Santa Baia) (241 hab.- Germade) ˂ 'S. Eulalia de Burganes' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Com reservas, penso que provem da forma genitiva Burgalani, do antropónimo germánico Burgala ( ˂ PG *Burgalaz 'Fortaleça, Cidadela', ADN: 348)
Candamil (Sam Miguel) (77 hab.- Germade). Do genitivo Kindamiri, do antropónimo germánico Kindamirus ( ˂ PG *Kinþamēriz 'Gente-afamado'), com ki- ˃ ke- ˃ ka-, fugindo da tendência latina temperá a palatizar o anterior grupo:
'Aloitus diaconus Celsius diaconus Quendamiro diaconus' (Samos 960)
'Abolino Citiz, Guto suos filios, Cendamiro Citiz cum suos filios' (Celanova 1002)
Hai em Palas de Rei um Quindimil, coa mesa orige penso, e diversa evoluçom.
Cazás (Sam Juliám) (354 hab.- Germade) ˂ 'S. Julianus de Cazanes' (CODOLGA: Mondonhedo 1128), 'quinione que habeo in ecclesia Sancti Iuliani de Cazanes' (CODOLGA: Caveiro 1077). Da forma genitiva Cazani, do antropónimo, que nom acho documentado na Galiza, Caza ( ˂ PG *kazam 'Nave', ADN: 363). Hai e houvo outros lugares com nomes baseados no mesmo tema *caz-. Assi, no documento número 105 de Portugalia Monumenta Historicae (Diplomata et Chartae), do ano 972, fala-se da vila de Kazumanes, topónimo derivado dum antropónimo Kazuma o Kazuman (Chezeman/Kezeman/Kezzman, ADN: 364). Por outra banda, o lugar de Cazuim em Sam Pedro de Feás (antigo Sancto Petro de Cazuin), Aranga, remete-se a umha forma genitiva, ou genitivo-locativa, *Cazuini, dum nome Cazwin/Cazuinus (Cazoin, ADN: 364).
Damil (Sam Salvador) (179 hab.- Begonte). Do genitivo Damiri, do antropónimo germánico Damirus ( ˂ PG *Danmēriz, 'Campamento-afamado', ADN: 402):
'de parentibus meis, nominibus Damiri et Christine' (Samos 951)
Hai outros dous Damil na Galiza.
Distriz (Sam Martinho) (175 hab.- Vilalva). ˂ 'S. Martinus de Desterit' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) ˂ 'concedo ibidem in uilla de Desterici hereditatem quos mihi uendiderunt filios de Moderario' (Lugo 1030). Do genitivo Desterici do antropónimo germánico Destericus. O primeiro tema do nome nom é recolhido por Förstemann, mais na Galiza acho Destericus/Testericus, Destoy e Destilli:
'Vitiza presbiter ts. Erus presbiter ts. Desterigus aurifice ts.' (Celanova 927)
'Silus presbiter cf. [sig.], Destericus presbiter cf. [sig.], Teton presbiter cf. [sig.]' (Sobrado 952)
'Argisindus presbiter similiter. Destrericus similiter. Suniemirus similiter.' (Celanova 955)
'Recemundus ts., Busgalla ts., Arosidus ts., Siniorinus ts.' (Sobrado 835)
'Bisotus, filii Analsi et presbiter, ts. Fulgentius, filii Burgalani, ts.' (Samos 951)
Hai vários Distriz e Desteriz por Galiza.
Fanoi (Santa Maria Madanela) (147 hab.- Abadim). Dumha forma genitiva *Fannoni do antropónimo Fanno, penso que variante com assimilaçom de Fando ( ˂ PG *Fanþjô 'Guerreiro (Infante)', ADN: 496):
'de Leocadia et de viro suo Elderigo et comparavit illam Fannus Suariz' (Samos 1057)
'Godinu Vadamondiz conf. Dugaredo Fandiz conf.' (CODOLGA: Lugo 993)
Do mesmo tema som:
'Fandila test.' (PMH 1008)
'IIIa laria in illo concluso de tia Fandina' (Celanova 1026)
'homines dicti Pelagii Facundi et Fernandus Fandino' (CODOLGA: Santiago 1316)
Felmil (Santiago) (173 hab.- Begonte) ˂ 'uilla Boniti cum aiacenciis suis, uilla Gauioli cum aiacenciis suis et pomares in Felmiri' (Sobrado, 966) Do genitivo Filimiri do antroponimo germanico Filimirus ( ˂ PG*Felimēriz 'Moi-afamado', ADN: 505-6):
'Vitisclus diaconus confessor cfr. Felmirus presbiter confessor cfr.' (Celanova 982)
'Felmiro et suo germano cum filios' (Celanova 1044)
Son vários os lugares chamados Fermil e Felmil, coa mesma orige.
Fraiás (Sam Pedro) (70 hab.- Abadim). Da forma genitiva Fredilanis, do antropónimo Fredila ( ˂ PG *Fridilaz 'Amado', ADN: 528-9):
'Teodegontia ts., Froila ts., Fradila presbiter ts., Mundericus ts.,' (Sobrado 989)Hai Fraián de Arriba e Fraián de Abaixo em Bezerreã.
Germar/Xermar (Santa Maria) (310 hab.- Cospeito ˂ 'S. Maria de Germiar' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) Do genitivo Germiarii do antropónimo germánico Germiarius ( ˂ com possível primeiro elemento o latino germanus *Germenharijaz 'Alemám-guerreiro', ADN: 629).
Ainda que nom acho o nomer Germarius na documentaçom medieval, si conhecemos, por exemplo, umha Iermogildi.
Goiriz (Santiago) (795 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Jacobus de Goeriz, S. Eulalia de Romani' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Goderici, do antropónimo germánico Gaudericus/Godericus ( ˂ PG *Gaudereikaz, ADN: 619-20):
Hai outro Xermar em Cerceda.
Gondaísque (Santa Maria) (83 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Maria de Guandaisco'. (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Wandalisci do antropónimo Wandaliscus ( ˂ PG *Wandaliskaz 'Vándalo'): 'Arias Bandalisqui de Laria.' (CODOLGA: Astúrias 905):
Wandalisci ˃ Guandalisci ˃ Goandalisce ˃ Goondalisce ˃ Gondalisce = Gondalisque
Gueimonde (Sam Mamede) (72 hab.- Pastoriça). Do genitivo Wenimundi do antropónimo germánico, que nom acho na Galiza, Wenimundus ( ˂ PG *Wenimunduz 'Amigo-protector', ADN: 1616).
'Iulianus confessor abba. Gauderigus ts. Dominicus presbiter notuit.' (Celanova 1010)
Os seguintes fragmentos remetem-se ao mesmo lugar, de igual nome: 'et per uineam monasterii sancti Claudii, que uocatur Goeriz' (CODOLGA: Sam Clódio 1274) ˂ 'et vinea in villare Goderici, que plantavit Iuliano' (CODOLGA: Sam Clódio 928)
Joivám/Xoibán (Sam Salvador) (64 hab.- Vilalva). Da forma genitiva Iuwilani do antropónimo germánico Iuwila ( ˂ PG *Juwila 'Novo, jovem', ADN: 984):
'Aloytus cfr. Iuvilani presbiter et cfr. Franchemirus presbiter' (Celanova 986)
'Munnio ts. Iuvilani ts. alio Medoma ts. Avolino ts.' (Celanova 1025)
Iuvilani ˃ *Iuviane (perda de /l/ intervocálico) ˃ *Ioivane (metátese de iode) ˃ Joivám
Justás/Xustás (Santiago) (296 hab.- Cospeito). Do genitivo Justilanis do antropónimo germánico Justila, possível híbrido co latim Iustus (ADN: 984), ou bem um tratamento especial da wau no tema *west-, de jeito que teriamos Justila ˂ Wistila (ADN: 1560).
*Iustilanis ˃ *Iustianes (perda de /l/ intervocálico) ˃ *Iustães (perda de iode e de /n/ intervocálico) ˃ *Iustããs (assimilaçom) ˃ Justás
Mariz (Santa Eulália) (197 hab.- Guitiriz) ˂ 'in ualle Parriga, uillam que dicunt Sanctam Leocadiam mediam secundum nobis debitam manet, uilla Malarici media;' (Sobrado 966); 'uillam meam propriam quam uocitant Malarici qui est subtus montem Navefracte, territorio Nalare et Parrigue ' (Sobrado, 984). Do genitivo Malarici do antropónimo germánico Malaricus ( ˂ PG *Mahlareikaz ? 'Parlamento-rei', ADN 1087)
'Malerigus testes. Iodemirus ts. Osorio confirma' (CODOLGA: Carvoeiro 788). É tamém o mesmo nome do suevo Malaricus, que se revelou contra os visigodos como pretendente a rei, e segundo é transmitida esta notícia no crónica de Joám de Biclaro.
Hai quase umha dezena de lugares chamados Mariz, Maariz, Vilamariz e Castromarigo na Galiza.
Momám/Momán (Sam Mamede) (297 hab.- Germade). Da forma genitiva Medumani do antropónimo germánico Meduma ( ˂ PG *Meduma 'Médio'):
Hai um Xustáns em Ponte Caldelas.
Momám/Momán (Sam Pedro) (160 hab.- Cospeito).
Mondriz (Santiago) (97 hab.- Castro de Rei) ˂ 'in Oricion homines cum hereditatibus. in Mondiriz homines cum hereditatibus suis' (CODOLGA: Lugo 1160). Do genitivo Munderici do antropónimo germánico Mundericus ( ˂ PG *Mundereikaz 'Protector-rei', ADN: 1135):
'Rauparium Gundisalviz ts. Tanon ts. Cesarium Meduma ts.' (Celanova 923)
'Asoi ts. Medoma et Gundon ts.' (Celanova 956)
'in villa de Sancta Eolalia prope domum Medomani' (Celanova 1021)
Medumani ˃ *Meumani (perda de /d/ intervocálico) ˃ *Momani ([ew] ˃ [o]: Oseve ˂ Eusebi, Ogém ˂ Eugenii, Ugia ˂ Eugenia...) ˃ *Momãe ˃ Momám
Som vários os lugares de nome Momán, Miomás e Meamán, incluindo:
Noche (Sam Martinho) (285 hab.- Vilalva). ˂ 'Ladra infesto usque ad pontem de Nousti (…) S. Martinus de Nosti' (CODOLGA: Mondonhedo 1128). Do genitivo Nausti do antropónimo germánico Nausti ( ˂ PG *Naust- 'Nave'):
'Trudilli testis; Aroaldus testis; Nausti clericus testis; ' (Celanova 879)
'Nausti abba conf.' (Samos 904)
'Uisterlanem cum filiis nominatis: Naustum, Hermecotonem, Uitilanem diaconem, et Animiam' (TA 912)
Nausti ˃ Nousti ˃ Nosti ([ow] ˃ [o] em sílaba travada) ˃ Nosche (palatizaçom -ti, típicamente galega: [ti] ˃ [t∫e]) ˃ Noche (absorçom de [s] em [t∫])
Ovuriz/O Buriz (Sam Pedro) (427 hab.- Guitiriz) ˂ 'in Sancti Petri de Ovoriz' (CODOLGA: 1136) Coido que do genitivo Eborici do antropónimo Eburicus ( ˂ PG *Ebureikaz 'Porco Bravo-rei', ADN: 445), mesmo nome do rei suevo Eurico/Eborico, filho de Miro que foi destronado por Audeca.
Hai outro Buriz na Galiza (em Muras), e maís um rio Evoriz, de topónimo hoje extinto: 'in ualle Trasancos subtus alpe Sancti Georgii, discurrente riuulo Euoriz, concurrente ad aulam Sancti Iohannis de Esmaheli, scilicet per nominata Nueregonni et Euoriz' (Sobrado 1136)
Quende (Santiago) (235 hab.- Abadim). Do genitivo Kalendi do antropónimo germánico Galindus/Kalindus ( ˂ PG *Galinduz, referente a um povo báltico nom germánico já conhecido por Ptolomeu, Γαλινδοι, ADN: 591) Note-se o enxordecemento da /g/ inicial, esperável na segunda rotaçom consonántica germánica:
'Tanagildus test. Besnace test. Monderico test. (CODOLGA: Guimarães 870)
'Fradila presbiter ts, Mundericus ts., Oldoricus ts.' (Sobrado 989)
Outros topónimos da mesma orige som Mondariz e Mundris (Avanha).
'Fredenanda ts., Galendus ts., Ansuetus presbiter ts.,' (Sobrado 887)
'media que commutavi cum ipso Osorio et cum Kalindo;' (CODOLGA: Caaveiro 933)
'in Dei nomine. ego Galindus et uxor mea Creusa, vobis Rudesindi diaconi.' (Celanova 958)
'Furtunius Quintilaz. Kalendus Sanationi. Auri Vita Muniniz' (Celanova 973)
Hai seis lugares chamados Guende na Galiza, junto cum Vila Guende, e o nosso Quende:
Guende (Araújo, Lóvio) ˂ 'alias villas in valle de Araugio: in Frexenedo villa qui fuit de Florenzo et uxor sua Senatrudia, septimas IIa et media villa que fuit de Dadilo quartas III. in Galendi villa que fuit de Gualamiro medietate integra' (Celanova 1024)
Quende/Guende ˂ Kaende/Gaende ˂ Kalende/Galende ˂ Kalindi/Galindi
Ramil (Santa Marinha) (143 hab.- Castro de Rei). Do genitivo Ranmiri do antropónimo germánico Ranemirus ( ˂ PG *Rahnamēriz 'Ataque-afamado' ?, ADN: 1245)
'Quintila ts., Eruigio ts., Ranemirus ts., Prouecendus cf.' (Sobrado 803)
É um nome e um topónimo moi comum.
Roás (Sam Miguel) (334 hab.- Cospeito) ˂ 'Villa de Castro iusta Raudanes que fuit de Froyla' (Lourença s.d.) Do genitivo Raudanis do antropónimo germánico, que nom acho na documentaçom galega, Rauda ( ˂ PG *Raudaz 'Vermelho' ?, ADN: 1249-50).
Hai outro lugar chamado Roán em Santiago.
Romariz (Sam Joam) (188 hab.- Abadim) . Do genitivo Romarici do antropónimo germánico Romaricus ( ˂ PG *Hrōmareikaz 'Gloria-rei', ADN: 884):
'uir quidam nomine Romaricus, quem in cognomento Ceruam appellant' (TA 883)
'Fromarigu testis. Ranemiro testis. Romarigu testis.' (Lugo 910)
Hai máis de umha vintena de lugares chamados Romariz, Romaris e Romarigo na Galiza.
Roupar (Sam Pedro Fiz) (389 hab.- Germade) Do genitivo Rauparii do antropónimo germánico Rauparius ( ˂ PG *Rauphajaz 'Roupa/Saco/Tesouro Roubado-guerreiro', ADN: 1278):
'Arvaldus presbiter ts. Rauparium Gundisalviz ts. Tanon ts.' (Celanova 923)
'Adefonsus ts. [sig.], Rauparius ts. [sig.], Donnitus ts. [sig.], Rambatus ts. [sig.]' (Sobrado 958)
'Froila Gudesteoz, Raupario Guandilaz, item Raupario' (Celanova 1026)
A preservaçom do caracter oclusivo do pê deve-se a se achar em contacto coa wau do ditongo [aw].
Silám/Silán (Santo Estevo) (84 hab.- Muras) Do genitivo Segillani do antropónimo germánico Segila ( ˂ PG *Segilaz 'Vitória', ADN: 1318-9). A geminaçom do ele è frequente nos nomes germánicos galego-portugueses formados com sufixo -ila ou -ilo: Melilla, Vistilla...
'et per manum sagione Sigila.' (Celanova 1008)
'filios de Seila qui fuit carpentario de Cellanova' (Celnova 1044)
Som vários os lugares chamado Seilán, Selán e Silán na Galiza.
Sisoi (Santalha) (77 hab.- Cospeito) . Do genitivo Sisoi do antropónimo germánico Sisoi (de debatida etimologia e significado, ADN: 1345-7):
'Ermegildus, Sesoi, Rodericus' (Samos 909)
'qui presentes fuerunt: magister Sesoi. Vimara Kegitiz cfr. Veremudo Leovegildiz cfr'. (Celanova 1040)
Uriz (Santo Estevo) (92 hab.- Begonte) ˂ 'in territorio Rabati uilla Boniti cum suas adiectiones. Calabogii. Onorici. Carrari. Baldemari. Iudeus. et uilla Rabioli.' (Sobrado 959) Do genitivo Honorici do antropónimo germánico Honoricus ( ˂ PG *Hūnareikaz 'Novo, jovem-rei', atraído polo nome latino Honorius, ADN: 934):
'Abolus ts., Cendas ts., Senor ts., Honericus ts. '(Sobrado 787)
'Onorigus pbr. cum omne mea hereditate in hanc testamentum manu mea' (Lugo 816)
'Spanosindus abbas confirmans. Honoricus presbyter testis. Gundemarus prs. ts.' (Cuntis 898)
Som vários os lugares chamados Ourigo, Ourís, Ouriz, Uriz, Vilauriz, Vilouris, Vilouriz e Viloriz.
Viám/Vián (Santa Maria) (165 hab.- Pastoriça) ˂ Da forma genitiva Vegilani do antropónimo germánico Vegila ( ˂ PG *Weigilaz 'Combate', ADN: 1578):
'Vegila Ennegiz' (Celanova 994)
'mortua Flamula uenit ipse iam dictus Uegila (…) et medii parti Uegilani' (TA 999)
A perda do gê intervocálico ante ê é moi frequente, e compete coa sua palatizaçom.
Vila Pene/Vilapene (Santa Maria) (173 hab.- Cospeito). Do genitivo Penni do antropónimo germánico Pennus, variante evolucionada de Bainus ([aj] ˃ [e:] e alongamento compensatório da consonante seguinte, PG *Bainaz 'Dereito', ADN: 232):
'Sideges diaconus cfr. Penus diaconus cfr. Maximinus diaconus cfr.' (Celanova 879)
'Penus in hanc scriptura contramutationis a me facta' (Celanova 931)
'Bademiro ts. Pennino monacho ts. Carito ts. Sendino ts.' (Celanova 962)
Hai outra Vila Pene no Corgo.
Viris/Virís (Santa Helena) (95 hab.- Begonte). Do genitivo Wirici do antropónimo germánico Wiricus ( ˂ PG *Weigireikaz 'Combate-rei', ADN: 1587-8):
'Ostouredus ts. [sig.], Guiricus ts. Ermoricus ts. [sig.].' (Sobrado 858)
'abuit intemptio et iuditio cum Guirigo' (Celanova 1010)
Hai outros Virís e Virigo.
H.- OUTROS POSSÍVEIS ANTROPÓNIMOS:
Balmonte (Sam Salvador) (49 hab.- Castro de Rei). Suspeito que do genitivo Baldmundi/Baldmunti, dum antropónimo germánico Baldemundus ( ˂ PG *Balþemunduz 'Valente-protector', ADN: 244): 'in uita mea toto pro de Ozia et de Petro Diaz de Balamondi uolo ut contineam me inde in monasterio.' (Sobrado 1151)
Ou de Bello-monte, com estranha orde nas palavras.
Bejám/Bexán (Sam Paio) (80 hab.- Cospeito). Com dúvidas, coido que provem da forma genitiva *Begiani, do antropónimo germánico Bega ['Βeya] ( ˂ *Bēg- 'Peleja': ADN: 231) que penso vem representado nas seguintes:
'Adefonsu Uimaraz ts., Bega Sendegulfizi ts'. (CODOLGA: Ourense 942)
'Mellilla cum filiis suis, Fructuoso, Donello, Froisendo, Baga, Giloira, Merla;' (Samos, 958)
'Sisulfus confessus cfr. Baiesindus confessus cfr. Liuvila confessus cfr.' (Celanova 941)
Bestar (Santa Maria) (73 hab.- Cospeito) ˂ 'in Sancta Maria de Balestar, uillas et familias. item in Balestar iuxta ecclesiam sancte Eolalie uillam' (Lugo 897). Este topónimo tem a sua orige no genitivo *Balestari, do antropónimo Belastar/Balestar, de duvidosa orige. A sua cita máis antiga dá-se em La Rioja:
'ego Eugenius presbiter cum socios meos, id est, Belastar et Gersius et Nonna' (CODOLGA: San Millán, La Rioja, 807)
Carral (Sam Martinho) (195 hab.- Begonte) ˂ 'uilla Carrari' (Sobrado 971c); ' in territorio Rabati uilla Boniti cum suas adiectiones. Calabogii. Onorici. Carrari. Baldemari. Iudeus et uilla Rabioli.' (Sobrado 959) Pode que dum antropónimo latino Carrarius 'Condutor de Carros', em locativo Carrari. Ou da presença dumha estrada.
Dumpim/Dumpín (Santalha) (60 hab.- Castro de Rei). Tem o vivo aspecto de ser em orige um genitivo ou locativo dum antropónimo *Dumpinus ou *Dumpinius, mais nom o acho documentado nengures. O proto-indo-europeu *dump- é 'pene' ou 'cola' (IEW: 227).
Nete (Sam Cosme) (270 hab.- Vilalva) ˂ 'S. Cosme de Neti' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
Puidesse ser do genitivo *Nitti, do antropónimo Nitto (ADN: 1157), do mesmo tema que Nitigisius, suevo bispo católico de Lugo ao menos entre os anos 571 e o 589.
I. OUTROS TOPÓNIMOS PRELATINOS:
Cándia (Sam Pedro) (94 hab.- Abadím). Provavelmente de *Candena '(que é) branca', do PIE *kand- 'brilante' (IEW: 526). Ver Véndia, máis adiante.
Coea (Sam Salvador) (26 hab.- Castro de Rei, Lugo). O seu étimo pode ser *Cauleia ou *Caulegia, a xulgar pola documentaçom dos lugares de Coeses e Coeo (Lugo):
'in ripa Minei, uilla Cauleses cum ecclesia Sancto Petro' (Sobrado s.d.)
'in ripa Minei ad colegeses uilla de Sco. Petro' (Sobrado 959)
'per Villam planam, & per aquam de Vermenoso, & de Cauleo, & per mamolam de Sistello, & per montem Varon,' (CODOLGA: Lugo 897)
Provavelmente do PIE *kaul- 'talho, palha, osso; longo e oco' (IEW: 537). Nom sei moi bem como o interpretar.
Duancos (Santa Maria) (87 hab.- Castro de Rei). ˂ 'Villam de Duancos' (CODOLGA: Lugo 1120). Penso que de *Dūganticos 'Dos que veneram, Dos Piedosos', nom sei se do PIE *dheugh- 'tocar, premer' (IEW: 271), entre outras moitas opçons. Numha inscriçom gala de Alise-Sainte-Reine temos a forma DVGIIONTIIO que é traduzida por 'que veneram' (Ramat, p. 462). Lembre-se tamém Salamanca ˂ Salamanticam.
Loêntia/Loentia (Santo Estevo) (299 hab.- Castro de Rei). Higino Martins em 'As Tribus Galaicas' (p.213) dá o étimo *Lowentena, ao que me adiro. De low- 'lavar' (IEW: e daqui 'Lavante', co sufixo -ēnā, que tamém possue a verba laja/lage ˂ lagena ˂ PIE *plag-ēnā '(que é) amplo e chám', com perda do /n/ intervocálico. Assemade, a perda do wau entre /o/ e /e/ ou /i/ é moi frequente no material linguístico paleo-hispánico: oilam por ovilam, Doiterus por Doviterus... Daquela, Loêntia seria (?) 'A que é banhada' ou 'A que se banha' ou ' a que lava (Lavandeira)'. A igreja matriz está situada num alto, junto ao lugar de Castro e nom lonje do das Lagoas. Por ali correm vários regos tributários do Lea.
Assemade é um fermoso advérbio galego, e provém do tatino AD-SUMATIM 'engandindo à suma'.
Saldanje/Saldanxe (Sam Miguel) (129 hab.- Pastoriça) ˂ 'ecclesiam sancti Saluatoris de Crescenti et est uilla pernominata Saldanni' (Lourençá 1133); 'et de Uilla Seca et de Placii et de Saldangi damus inde medietas' (Lourençá s. XI)
Temos aqui um topónimo coa mesma orige que Saldaña (Castela) e Saldanha (Bragança), mais com distinto tratamento de iode, um partindo do nominativo:
*Saldania [sal'danya] ˃ Saldaña [sal'daηa] Palatizaçom de /n/ pola iode.
E o outro penso que dum locativo:
*Saldanie [sal'danye] ˃ Saldanje [sal'dan∫e]
Um caso similar temos em Rianjo (Crunha) / Rianho (Viveiro, Lugo) e Riaño (vários).
De *sal-d- 'salgado' (IEW: 878-9)?
Soejo/Soexo (Santa Maria) (73 hab.- Vilalva). Tem sonoridade prelatina, mais nom acho documentaçon diacrónica para o topónimo. Está ao pe da Pena do Mirador... *Sub-Legio/*Sub-Levio/*Sub-Ledio????
Trovo/Trobo (Santa Maria) (170 hab.- Begonte) ˂ 'hereditate que ad uocem meam pertinet in Saamir et in Trobouum' (Sobrado 1219) ˂ 'in Monte nigro villam quae vocatur Trobano cum cauto suo' (CODOLGA: Lugo 1178).
Quer-se dizer: Trobano ˃ Trobõõ ˃ Trobo. A forma antiga Tróbano acha outra relizaçom nas Astúrias, na forma Truébano.... Trovo é hoje 'colmea'. Etimologicamente, provem dumha forma indo-europea *terəb-no- 'casa, alojamento' (IEW: 1090). É umha pequena maravilha ver que os trovos tém umha certa semelhança cumha palhoça. Consequentemente, é umha verba prelatina máis da longa série da paisage e a vivenda humana: leira, senra/seara, busto, gándara, bouça, várcia, *tei, cabana... Em orige trovo = cabana.
Da mesma raiz indo-europea temos em Rianjo, Trebonços ˂ *Trebontios 'Dos Moradores', topónimo conhecido tamém do Sul da Fraça (aqui hai documentaçom medieval del).
Vêndia/Béndia (Sam Pedro) (94 hab.- Castro de Rei) ˂ 'in ualle Ortigaria, Quintanella, Triauada, Egecani, Uendena;' (Sobrado 1037) ' Triauada, media, Vendena, media; Insula media iuxta Albam;' (Sobrado s XII)
Provavelmente do céltico *windena 'branca' (IEW: 1125-27), menos provavelmente ou de *wendena 'torta, revirada' (IEW: 1148) ou de *wendena 'belosa' (IEW: 1148).
J.- OUTROS:
Aguarda/A Aguarda (Sam Martinho) (86 hab.- Pastoriça). De guardar, que se origina no germánico *wardōn 'vigiar'. Penso que deve ser topónimo recente.
Alva/Alba (Sam Joám) (403 hab.- Vilalva) ˂ ' Triauada, media, Vendena, media; Insula media iuxta Albam' (Sobrado s. XII) Do latim ALBAM 'branca, auspiciosa'.
Bretonha/Bretoña (Santa Maria) (847 hab.- Pastoriça) ˂ 'quos iacent sub monte Zeural et iacent inter Bretonia et Pastoriza' (Lourençá 1142) Suspeita-se ser esta povoaçom a capital dos bretons que se estabelecerom na Galiza no século VI, mais o seu étimo *Brittonia, bem puidesse ser prelatino (conhecemos um Eburobrittum na Lusitánia). Hai outras Bretonhas na Galiza:
Bertonha/Bertoña (13 hab.- Capela, Crunha)
Bretonha/Bretoña (297 hab.- Barro, Pontevedra)
Bertonha/Bertonia (s.d., Sober, Lugo)
O concelho da Capela foi no passado conhecido como 'Território Bretonia': 'cuius ecclesia dignoscitur in villa que dicitur Calavario, territorio Bretonia, iuxta fluvio Eume' (CODOLGA: Caaveiro 914); 'in territorio Bisaquis, Uaulata sicut nobis debita permanet; in Bretonia, Aluariza media' (Sobrado 966).
Lançós/Lanzós (Sam Martinho) (623 hab.- Vilalva) ˂ 'Sanctus Petrus de Lanceolos' (CODOLGA: Mondonhedo 1128) O latino *LANCĔAM, de possível orige céltico hispánico, é o étimo da nossa verba lança. Lanceolos é o seu diminutivo masculino plural.
Lançós/Lanzós (Sam Salvador) (57 hab.- Vilalva).
Loboso (Santo André) (51 hab.- Pastoriça). ˂ *LUPOSUM, lugar com abundáncia de Lobos.
Santa Comba de Orizom/Orizón (Santa Comba) (67 hab.- Castro De Rei) ˂ ' in Oricion homines cum hereditatibus' (CODOLGA: Lugo 1160) Nada tenho que dizer, mais que acho um micro-topónimo Auricioni em Córsega.
~o~o~o~
Totalizando, de 168 topónimos analisados, entre 61 e 67 tém orige antroponímico, um 36-40% porcento. Deles, entre 42 e 46 som formas genitivas (as vezes formalmente locativas, empregadas do mesmo jeito para indicar relaçom de parentesco, tipo Wittiza filius Mironi, e nom o correcto Mironis) de antropónimos germánicos, um 25-27%, aos que podemos sumar 12 máis cujos nomes som em parte ou no todo germánicos (Goá, Goás, Aguarda, Burgo, Bóveda, Saavedra e vários Parga). Quer-se dizer, até 58 topónimos contém elementos germánicos no seu contido. Um surpreendente 34%.
Por outra banda, 22 topónimos (especialmente os hidrónimos) som ou contém elementos prelatinos, céltico e/ou nom, um 13%. Dous rios tém ou tiverom nome provavelmente germánico, Guada e Parrica, o que deve ser um caso único na península ibérica. Sabemos por Hidácio que havia suevos assentados perto de Lugo, e que os godos chegarom a mobilizar parte do seu exercito para os assaltar. Assemade, no prefácio alto-medieval da Divissio Theodemiri assegura-se que a cidade fora feita metrópole do reino junto com Braga pola sua situaçom central com respeito a outros bispados do reino (Íria, Bretonha?, Astorga, Ourense) e pola importante presença sueva que sempre tivera (ad ipsum locum Lucensem grandis semper erat conventio suevorum).
Olá.
ResponderEliminarSaúdos.
Sobre Galgao e o cruze.
Poderia ser que galganum, nom significasse "no cruze", e sim umha característica do rio "cruzado", que se pode cruzar, que tem ponte?
Galgar, para mim, é andar a grandes passos, passar, saltar.
Obrigado.
Olá, O. Moi interessante. Logo de lhe botar umha olhada ao Dicionário de Dicionários (http://sli.uvigo.es/ddd/ddd_pescuda.php?pescuda=galga*&tipo_busca=lema&acentos=n&comodins=s) acho que no galego das Astúrias, nom longe:
ResponderEliminar'galga. (Del celta gal, piedra) Piedra que se lanza desde lo alto de un monte y se precipita a grandes saltos hasta el valle. Antiguamente era arma de guerra. A.' (Bernardo Acevedo, 1932)
, entre outras acepçons bem notáveis como 'vento frio do monte'.
'Rivulo Galgano' = 'rio das pedras chás (das que saltam e chimpam!)'???
No dicionário da Real Academia Española, galgo dizem provir de gallicus canis.
ResponderEliminarUmha pequena suspeita, depois de ter consultado muitas etimologias desta Academia, é que som algo afrancesados, e que olham mais para o que está além dos Pirineus que para o que às vezes inclusive consideram "espanhol", os bables.
Palavrinhas emparentadas trasmontanas som:
Galga: Mó de eixo horizontal, nos lagares do azeite.
Galgalicho: Bica, (eu diria picha) de pedra por onde corre auga para tanque ou fonte.
Talvez a raiz Walha, do hipotético antigo germano, que deu nome a tanta celticidade, esteja detrás?
Muitos hidrônimos que som considerados tautológicos deveriam ser revisados, pois alguns poderiam levar o nome de "Rio da Ponte".
Moi boas. Parabéns por este artigo, e en xeral polo blogue, que veño de descubrir. Soamente quixese facer un par de puntualizacións que ao mellor che son de interese. A freguesía de MOS non pode remitir o seu nome a MOLAS (ao contrario do que ocorre co MOS do Suroeste de Galiza, que si ten esa orixe e atópase na zona de implantación da solución -oa >-ó). Pola contra, o MOS chairego está documentado como MAL(L)ONES en varios textos medievais, o que nos permite interpretalo quizais como un xentílico co sufixo tónico -ONE(S) formado a partir da raíz *mal(l), con ou sen reduplicación da consoante. Sería así un cognado d'AS MALVAS, que tamén aparece como MALLONES na documentación altomedieval, se ben neste caso a sufixación debeu ser átona (*Máloes), e produciuse a consonantización da semivogal velar e a posterior asociación co fitónimo "malva". Navaza explica con máis detalle a cuestión deste topónimo en varios artigos, así como na súa tese.
ResponderEliminarCanto a GALGAO, teño visto que se explica a partir do acusativo do etnónimo GALLICANUS, a través claro está do seu uso antroponímico. No Tombo de Lourenzá aparece en dúas ocasións como GALGANO, segundo o CODOLGA.
Sam Jiao de Mós/San Xiao de Mos (Sam Jiao) (236 hab.- Castro de Rei). Do latim MOLAS 'pedras de muinho; pedras grandes', como em 'sive in villare de Molas' (Celanova 922): MOLAS ˃ moas ˃ moos ˃ mos, ainda que o resultado máis frequente no norte da Galiza é moas.
Interesantísimo, grazas. Non me decatara na relación entre o medieval St. Iuliani de Mallones e o actual S. Xiao de Mós; a evolución do primeiro ao último é directa se consideramos o l xeminado como un artefacto ou como unha variante; penso tamén que o sufixo podería ser átono: Málones > *Máones > *Máões > *Móos > Mós. Desboto a miña hipótese inicial, que como ben indicas é propia do sudoeste do país, non da Terra Chá! Un saúdo, e novamente grazas.
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarEstupendo artigo, estupendo blogue, en quantidade e qualidade.
Unha cousa: estaba escribindo sobre "Rio Sor" (adxunto blogue, estou comezando cos blogues) e atopei o teu comentario. O do "Saure" ou "Saur" sempre me preguntei se sería real ou se sería un falso latinismo do(s) escribán(s). Non cres que puido ser un falso latinismo e que a orixe fose xa "Ser", análogo a outros como o "Sar"?.
http://notasdelinguaetc.blogspot.com.es/2013/04/a-punta-de-perguntoiro-san-fiz-manon.html
Pois si e nom :-) Quer-se dizer, seguindo este artigo do finado Edelmiro Bascuas, Saure e similar si seriam grafias etimológicas, pero o próprio tema *saur- estaria etimologicamente relacionado cos nossos outros rios Sar e Ser:
Eliminarhttp://www2.lingue.unibo.it/studi%20celtici/6-Bascuas.pdf
Um resumo:
“Saure es un derivado de tipo paleoeuropeo de la raíz *ser-,
‘fluir’, *serHw- en reconstrucción laringalista, ai. sara84 ‘río’, sármahfl ‘flujo’, lat. serum ‘suero’, y ríos como el Sar (afl. del Ulla), el Saar o Sarre, el Sarno (golfo de Nápoles), el Sorna Zorn, afl. del Rin, y otros muchos en toda Europa (...)
En las raíces disilábicas en laringal es muy frecuente que
este fonema al vocalizarse dé lugar a una alternancia de a / au
/ u / u, pudiendo ser la /a/ un grado pleno, o bien el resultado de la vocalización de /Hw/ o de una sonante (...)
De acuerdo con estos hechos, Saure y Sur (en principio,
*Sur) pueden analizarse como simples variantes fonéticas
procedentes de un grado ø *SºHwº-ri- > *Sauri / *Suri > Sor /
Sur, con las dos vocalizaciones indicadas de la laringal,
anticipada por metátesis a la sílaba anterior. Sar, atestiguado
como Sars por Mela (III, 11) y constantemente como Saris,
Sarem o Sare desde comienzos del siglo X, es de suyo una
formación atemática en -i-, *Sari- (no *Saros, como supone H.
Krahe), con la raíz en grado pleno /o/ en alternancia con el
grado ø de Saure y Sur."
Saúde.
Vaites! Já conhecias o artigo de Bascuas! Som-che un trosma, hehehe.
EliminarCossué: moitas grazas pola clarificación (ainda que as grazas cheguen tarde, non vira a resposta antes). O artigo de Bascuas reparei nel despois, e actualicei o artigo. En calquer caso, quería ver a túa opinión tamén.
Eliminarsaudos
Mhhh... Som moitas as vezes em que se menciona o rio como Saure e variantes; por outra parte, nom vejo a possível necessidade dos escribas para preferir esta forma a **Sor-... Por economia de hipóteses penso que é preferível assumir que saur- é etimologico. Por outra banda, e tendo em conta que a reduçom do ditongo au > ou > o em sílaba travada (rematada em consoante) é normal em galego, tampouco a evoluçom amossa elementos difíceis que aconselhem desbotar o étimo. Dixem :-)
EliminarSaúde, meu.
OK, grazas. A pregunta no seu momento interesábame para explorar a posibilidade dunha relacion directa co río "Salor", cunha queda do -l- no caso do Sor; porén, despois reparei en que a data de "Saure" xa remontaba moito atrás, antes da queda do -l-, co cal desbotei ese camiño.
Eliminar