Alguns antropónimos (dos) galaicos (I)
A publicaçom
por José María Vallejo Ruiz ("Intentos de definición de un área antroponímica galaica", no anexo 64 de Verba, do 2009) dum exaustivo repertório de antropónimos
galaicos, os mais deles compartidos por lusitanos, ástures ou
celtíberos, abre a porta a um estudo etimológico da antroponímia
galaica autóctone. Embora, este vai ser máis que um post,
umha coleçom de etimologias:
1.- ABANA /
APANA f.; APANUS m.; APANICUS m.
Abana
(Ourense, OU) {Calpurnia Abana Aeboso}
CIL II 2527 + IRG IV 74.
Apana
(Lugo, LU) {Apana Ambolli f. Celtica
Supertam(arica) [>] Maiobri} HEp 7, 397 + HEp 13, 436.
Apanicus
(Vilarinho Frio, em Sarriaos, OU) {Q. Apanicus
Capito} HEp 4, 585.
Apanus
(Lugo, LU) {Apanus} HEp 7, 397 + HEp 13,
436.
Distribuiçom:
fundamentalmente Lusitánia e Gallaecia; temos umha 'gente
Abaniciorum' em Seabra, um 'Abani Bouti f(ilii)' em Leom (era um
cántrabro vadiniense), assi como 7 outras inscriçons contendo os
nomes Apana, e duas com Apano/Apanoni (gen.), na
Lusitania.
Etimologia:
Significado e orige para mim nom evidente, tampouco tenho atopado
nengumha proposta etimológica para estes nomes no material do que
disponho. Abana semelha ser o
resultado fraco (por leniçom ou sonorizaçom) de Apana.
Para mim umha possibilidade interessante é fazê-los proceder dumha
forma indo-europea *apn- 'riqueza, posse' (Falileyev 2007: Dictionary
of Continental Celtic Place-Names s.v. anavo-), do
indo-europeu *he1- 'to grab, to take'
(Oxford: 271), com vogal epentética (cf. trovo
'colmea' < trebano, se do céltico *trebno- 'house',
Matasovic 2009: 385). Por outra banda, o resultado céltico normal do
grupo -pn- é -wn- (cf. Matasovic 2009: 9), resultado anterior à
perda do *-p- em Céltico Comum. Consequentemente, o nome nom semelha
ser céltico. Contodo, a presença do sufixo velar -ko- engadido a um
antropónimo indígena, Apanicus,
tem sido interpretado por Vallejo (Paleohispanistica 10: 636) como um
indício de celtismo, o que evidentemente nom implica que o
antropónimo seja celta em si.
2.-
ALLUQUIUS / ALECIUS m.
Alecius?
(Codessedo, em Sarreaus, OU) {Alec[io]?
[B]ibali? f. Nemetobrica} HEp 4, 586 + HEp 7, 548 + AE 1991, 1040.
Alluquius
(Valença, VCA) {Alluquius Andergi f. /
Clutimo Alluqui f. / Macro Alluqui f.} CIL II 2465.
Distribuiçom:
É um nome de distribuiçom
eminentemente Lusitana, onde apresenta as formas Aluquius, Alluquius,
Allucquius. Tamén chega até a Bética (Alluquius).
Etimologia:
Prósper tem proposto o étimo *Ad-luk-wo- 'moito brilhante' (Prósper
2002: 396), que seria em princípio indiscernível de *ad-luk- 'moito
visível, evidente' (Oxford: 326), cumha formaçom similar ao galês
amlwg
'evidente'. Por outra banda o emprego da partícula *ad- na formaçom
de compostos, e cum valor de reforço, é certamente um emprego
normal nas línguas célticas (Delamarre 2003, s.v. ad- 'vers'), sem
ser exclusivo delas, pois o seu uso tem paralelos nas línguas
germánicas e itálicas. Consequentemente
temos, *Ad-luk-wo-yos > *Allukwyos
(a assimilaçom -dl- > -ll- é quase trivial aqui; o tratamento
/kw/ = /kw/
é próprio mais nom exclusivo das línguas celtas), que em grafia e
usos latinos é Alluquius.
Por outra banda, grafias
como Allucquius revelam uma tendência -kw-
> -kk- / -k- na(s) língua(s) (ou nalgumha das línguas) do
Noroeste
da península ibérica. Similar evoluçom temos em:
- ICCONA (inscriçom lusitana de Cabeço das Fráguas) < *Ekwonâ 'Deusa dos Cavalos' (Witczak 2009 “Lusitanian personal names with the equine motivation”: 158) forma autóctone da divindade céltica da Gália EPONA. À marge da adscriçom que fagamos da língua Lusitana, o nome desta divindade poderia ser céltico, ainda sendo a inscriçom lusitana.
- Antropónimo DOQUIRUS / DOCQUIRUS / DOCIRUS, amossando alternáncia /kw/, /k:/, /k/.
- Antropónimo ARQUIUS / ARCIUS / ARCCONIS.
- Antropónimos SECOILIA e SEGUIA (ver de seguido).
Tamém
poderia este fenómeno explicar a nosso galego crica
'vulva', se procede como penso do céltico krîkwâ
'furrow': *krîkwa > *krîkka > gal. crica,
aínda que tamém pudesse ter estar forma umha orige simplesmente
hipocorística.
Nom
esqueço as ilhas Cíes, antigas Sías,
as Siccae insulae
de Plínio,
que se nom
admitimos o significado latino máis evidente ('Secas'), poderia
proceder dum étimo *sikwo- > *sikko-, de *seik- 'to reach'
(Oxford: 388)?
3.- SEGUIA;
SECOILIA. f.
Secoilia
(Astorga, LE) {Secoilia Coedi f.
[Celtica Superta(marca) > Elaniobrensi]} CIL II 2902 = CIL II 5667
+ IRPL 109 + HEp 7, 375.
Seguia
(Gerdiz, em Ourol, LU) {Seguia}
IRLugo 80.
Distribuiçom:
Estes nomes semelham
exclusivos de pessoas procedentes da Gallaecia lucense. Nom conheço
outros similares nem na Celtibéria nem na Lusitánia.
Etimologia:
Penso que estamos ante dous antropónimos femininos derivados do
céltico *sekwo-
'seguir', e 'dizer' (Matasovic. s.v.), pola sua vez do PIE *sekw-
de igual significado (Oxford: 326 e 359), suponho que co valor de
'Companheira'. Foneticamente, e si a etimologia é correta, temos
umha interessante grafia -coi- por -qui-, que semelha adiantar a
tendência galega a converter /kw/ em /ko/: quaresma > coaresma
> coresma, ou
a produzir os ditongos decrescentes como hiatos. Por moi debatida
que seja a teoria substratística na evoluçom das línguas romances,
nom podo senom fazer notar que alguns desses fenómenos que vam a
operar no galego já semelham estar a operar hai 2000 anos, mais ou
menos, sobre as línguas pré-romanas do país. Com respeito a
Seguia, amossaria sonorizaçom ou leniçom /k^w/ > /g^w/. Por
outra banda o sufixo -ilyâ em Secoilia
temo-lo noutros antropónimos galegos como CAMILIA
ou MACILIA,
ou em nomes galos como CELTILIUS.
Como
último ponto, estes nomes nom podem ser lusitanos, se é que esta
língua transforma PIE *kw
em p (Prósper 2002: 396).
4.-
COEMIA / COAMEA f.
'Amada, Fermosa'
Coamea
(Ogrove, PO) {Coamea(e) Dan(nui)
fil(iae)} CIRG II 118 + HEp 6, 748.
Coemia
(Cangas do Morraço, PO) {Coemia} CIRG
II 14 + HEp 6, 721.
Distribuiçom:
Este
nome da-se
tamém na Lusitánia umha vez na forma Coimia,
sendo bem mais frequentes na Celtibéria baixo as formas Coemea
/ Quemia,
Ali tamém temos o nome Anqueme
/ Ancoema.
Etimologia:
Prósper (2002:
404) propunha *koymo-
'amado, fermoso' (cf. Matasovic s.v.; Oxford: 223).
Em tal caso as grafias Quemia
por Coemia
podem estar a amossar umha ultra-correçom, onde o resultado
é tomado como resultado de (note-se o nome Secoilia).
O nome Ancoema
'Moi Amada' está
reforçado cumha partícula intensiva an(d)- (Delamarre 2003: 45).
Por outra banda, note-se a grafia do ditongo /oy/ como , ao
modo latino. Note-se tamém a alternáncia gráfica -ea / -ia; ainda
hoje nom é difícil sentir Noea
por Noia nas terras dos antigos Postamarcos.
5.-
CLOUTIUS m.; CLOUTUS m.; CLOUTAIUS m.; CLUTOSIUS m. 'Famoso'
CLUTAMUS
m.; CLUTIMO m.; CLODAMEO m.; VESUCLOTIUS m. 'Moi
Famoso/a'
ACLOUIANA
f.
Clodameo
(Viana do Castelo, VCA) {Clodameo
Corocaudi f.} CIL II 2462 = CIL II 5611 + HEp 10, 744. Leitura
corrigida por Armando Redentor (2008) Inscrições sobre
guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações. in
Revista Portuguesa de Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp.
195–214.
Clouta'i'us
(Caldas de Reis, PO) {Adalus Cloutai}
CIL II 2543 + CIRG II 73.
Clouta'i'us
(El Repilado, Huelva) {Talauius Cloutius
Cloutai f. (Limicus)} CILA Huelva 24.
Cloutius
(Pinhovelo - Macedo de Cavaleiros, BRA) {[---]naria Clouti
f.} EBrag 74 + ERRBragança 88.
Cloutius
(LU) {Siluanus Clouti} HEp 1, 458 + HEp
3, 247 + HEp 4, 505 + HEp 7, 402.
Cloutius
(Ronfe - Guimarães, BGA) {Celea Clouti}
CIL II 5563.
Cloutius
(El Repilado, Huelva) {Talauius Cloutius
Cloutai f. (Limicus)} CILA Huelva 24.
Cloutius
(Salona, Dalmacia) {Cloutius Clutami f.
duplicarius alae Pannonior. Susarru(s) domo Curunniace} CIL III 2016.
Cloutus
(Vale - Vila Nova de Famalicão, BGA) {Cloutu(s)
Munu{s}Apii f(ilius) P()Iappioppensis} HEp 12, 561.
Clutamus
(Lugo, LU) {Vecius Clutami f.} CIL II
2584 + IRLugo 25.
Clutamus
(Salona, Dalmacia) {Cloutius Clutami f.
duplicarius alae Pannonior. Susarru(s) domo Curunniace} CIL III 2016.
Clutimo
(Valença, VCA) {Clutimoni Alluqui f.}
CIL II 2465.
Clutos'i'us
(A Corredoira – Vegadeo, Ast) {Nicer Clutosi
> Cariaca principis Albionum} AE 1946, 121 + ERA 14.
Vesuclot'i'us
(Lugo, LU) {Cara Vesucloti
f.} EE IX 286 + IRLugo 39.
Aclouiana
Alongos (Toém, OU) {Aclouiana} CIL II
5625 + ALBERTOS (1972), 297 + IRG IV 77.
Distribuiçom:
Fortemente centrada nos Ástures
Zoelas, mais com importantíssima presença no val do Minho, com
extensom tamém cara ao Sul, nas terras entre Tejo e Guadiana, e cara
ao Leste, polo val do Douro. Contodo, o nome composto Vesuclotus,
e máis dos nomes formados arredor da forma em grado cero *klut-,
dam-se com máis frequência na Gallaecia, onde atopamos umha maior
diversidade de nomes baseados neste tema.
Etimologia:
Cloutus,
Cloutius,
Cloutaius,
Cloutina,
som derivados do céltico *klou-to- 'sona, fama' (Zeidler 2007
“Celto-Roman contact names in Galicia”, Verba, anexo 58: 47) do
IE *klew-to- idem (Oxford: 118) Nom amossan leniçom /t/ > /d/,
pode que por causa da semivogal do ditongo /ow/. Por outra banda,
Clutamus
está formados desde o grado cero *klut- e é formalmente o
superlativo 'O/A máis famoso/a'. Similar é Clodameo,
com leniçom; ainda que Armando Redentor considera que presenta
reduçom /ow/ > /o:/ (2008: 201), eu penso que é um derivado em
grau zero, polo que nom presentaria essa reduçom, ainda que si
leniçom ou sonorizaçom do /t/. Clutosi
tamém semelha ser um derivado em grado zero; um comparativo como os
construídos na nossa língua 'grandeiro', 'pequeneiro'.
O
interessantíssimo Vesuclotus
é um nome composto cum primeiro elemento *wesu- 'bó, excelente'
(Matasovic 2003: 418; Oxford: 337) e o segundo *klout-, com
monotongaçom do ditongo /ow/ > /o:/ (Zeidler 2007: 47), fenómeno
fonético proposto por Prósper (2002: 423-424) para o hispano-celta
ocidental; o segundo elemento tamém poderia ser o grao zero *klut-,
com abertura /u/ > /o/. Por outra banda, existe um nome Ilírio
quase idêntico VESUCLEVIUS.
(cf. Oxford: 118).
Ainda
que Vallejo o interpreta como A
C Loviana,
penso que o antropónimo Acloviana
(NIMPHIS SILON(I)S ACLOVIANA EX VOTO F(ACIENDUM) C(URAVIT), CIL 02
05625, em Alongos – Toém, Ourense) está tamém formado a partir
da base IE *klew- > céltico *klow- 'ouvir, sona': *Ad-klow- 'Moi
Afamada' > *acclou- > ACLOV-.
6.-
ANDAMUS m.; ANDAMIONIUS m.
Andamionius
(Dalmácia) {Andamionius
Andami f. eq. coh. I Lucens(ium)} AcS I 138 + CIL III 8486.
Andamus
(Dalmácia) {Andamionius
Andami f. eq. coh. I Lucens(ium)} AcS I 138 + CIL III 8486.
Andamus
(LU) {Nobbius Andami}
HEp 1, 458 + HEp 3, 247 + HEp 4, 505 + HEp 7, 402.
Distribuiçom:
Nome pouco frequente. Temos outras duas ocorrências na Lusitánia.
Zeidler (2007: 46) indica tamém um par de casos na Dalmácia, mais
som de facto estes galegos: o soldado Andamionius, morto na Dalmácia
ao serviço de Roma, e máis o seu pai.
Etimologia:
Andamus
semelha ser a mesma palavra que o Irlandês annamh
'unaccompanied,
rare',
dum étimo *andâmos (Ward. s.v.), que Zeidler (2007: 46) interpreta
como procedente dum PIE *ndh-mmo-
'o máis baixo', cognato do latim infimus.
Andamionius
é um derivado por médio dum sufixo -yon-, penso que com valor
hipocorístico: notem-se os rios Deça e Ávia co nomes das terras
banhadas polos seus cursos altos, Doçom < Decione e Aviom
(antigos hidrónimos, provavelmente); note-se tamém o outeiro do
Castroviom, altura menor do monte Castrove, e os topónimos e
orónimos Briom se de *brig-yon- ? '*outeirinho/*castrelo/*cidadela'.
Penso que este sufixo actuava já na formaçom do léxico patrimonial
do proto-céltico, ou ao menos do goidélico: antigo irlandés imbliu
< *ambliyon- 'embigo', onde o sufixo se engade a umha forma que já
significava, per
se,
'embigo' (Matasovic 2009: 33); antigo irlandês íriu
'terra (fértil)' < *fîweryon, onde o PIE piHwer- 'grosso, gordo'
(Matasovic 2009: 131); antigo irlandês noidiu
'meninho'
< *ne-wêd-yon-, onde *ne 'nom' e *wêdo 'presença, vista'
(Matasovic 2009: 404).
7.-
ARTIUS m. '(do)
Osso'
Artius
(Achacám – Rodeiro, PO) {Artius}
CIRG II 87 + HEp 6, 765.
Distribuiçom:
Nome único na península ibérica. Na Gália conhece-se um Artio:
D(is) M(anibus) Artio (CIL 13, 2689), asi como um Artemonis
na Celtibéria.
Etimologia:
Derivado do céltico *arktos 'osso', tema que participa na formaçom
de antropónimos na Gália (Delamarre 2003: 56), e que nas ilhas
británicas chega a significar 'guerreiro, herói' (Matasovic 2009:
42-43).
8.-
TRITEUS m.; TRITES m.; TRIDIA f. 'Terceiro/a'
Tridia
(Felgueiras - Moncorvo, BRA) {Tridiae
Modesti f. Seurr[a]e Transm(iniensi) exs > Serante} AE 1934, 19 +
ERTOM I.
Trites
(Vila Real) {Trites Mebdii} CIL II 5556.
Triteus
(Braga) {Paugenda Tritei} CIL II 2445 +
ALBERTOS (1977) Correc, 47.
Triteus
(Braga) {Pinarea Tritei} CIL II 2445.
Distribuiçom:
Tritius/Tridius,
Tridia, Triteus, Trites, Tridallus, Tritaius/Tridaius...
som nomes comuns na meseta norte e na Estremadura espanhola.
Etimologia:
Provavelmente celta, do ordinal PIE *tri-to- ou *t(e)r(e)tiyo-
'terceiro' (Oxford: 311), donde
o ordinal britónico e galo *tritiyo- 'terceiro' (Matasovic 2009:
390). O nome da seurra Tridia
amossa leniçom / sonorizaçom do /t/ > /d/, fenómeno que na
antroponímia é máis frequente ao norte do Douro.
9.-
CAMBAVIUS m.
Cambauius
(Padrom - AC) {Cambauius Corali f. SENA
Fories (Forum Iriensium)} CIL II 5629 + CIRG I 13 + HEp 4, 338.
Cambi(...)
(Dalmácia) {Bracaraugustanorum annorum X(...)
h.s.e. Cambi(...)
h(eres) p(osuit)} ILJug-03, 1929
Distribuiçom:
Cambavius
é, junto co nome fragmentário Cambi-,
um dos poucos nomes autóctones da península ibérica contendo o
elemento PIE *(s)kamb- 'curva' (Oxford: 299), donde céltico *kambo-
'curvo, torto' (Matasovic 2009 s.v.). Outro pode deduzir-se do
gentilício salmantino Cambaricum.
O
antropónimo Cambus
é tamém conhecido na Bélgica e nas Gálias; Cambuxa
na Aquitánia; em Roma Cambicius;
em África Cambius;
Camburo
em Venetia; Cambia
e Cambaria
na Gália Narbonense.
Etimologia:
Do PIE *(s)kamb- 'curva' (Oxford: 299), particularmente produtivo nas
línguas célticas na forma *kambo- 'curvo, torto' (Matasovic 2009
s.v.), ou 'curva, meandro' (Delamarre 2003 s.v.). O sufixo
-awyo-/āwyo- é tamém produtivo na formaçom de nomes célticos.
10.-
NANTIUS m.; NANTIA f.
'Guerreiro/a'
Nantia
(Lugo) {Nantie} CIL II 2591 + IRLugo 46.
Nantia
(Láncara, LU) {Aureliae Nantiae} CIL II
2588 + IRLugo 78.
Nantius
(Castro de Rei, LU) {Nantius} HEp 7,
392.
Distribuiçom:
Nomes únicos na península ibérica. Na Gália temos ao menos
Nantiorix,
e máis um Nantonius
na
Británia.
Etimologia:
Ainda que tenho lido etimologias que partem do céltico *nantu- 'val,
regato', é preferível partir do PIE *nant- 'combate, loita'
(Oxford: 282), donde o céltico *nant- 'loita, batalha' (cf.
Matasovic 2009: 283), tal e como propom Zeidler
(2007: 48). Este tema só é conhecido nas línguas célticas e
germánicas; nestas últimas produz nomes pessoais como Fernando,
onde nand- vale por 'bravo, valente'.
11.-
VECIUS 'Guerreiro'
Vecius
(Lugo) {Vecius Clutami f.} CIL II 2584 +
IRLugo 25.
Vecius
(Lugo) {Veci[us]} EE IX 286 + IRLugo 39.
Vecius
(Lugo) {[Ve]cius
Veroblii f. Luce(n)s(ium), miles corti(s) tertia(e)} CIL II
2585 + IRLugo 34.
Distribuiçom:
Nomes únicos na península ibérica. Na Itália som frequentes
Vecilia
e Vecilius.
Em Zamora conhece-se um possível antropónimo
Ariveciu(s)
.
Etimologia:
Provavelmente derivados do IE *weik- 'força, energia, batalha'
(Oxford: 282) melhor que de IE *weik- 'casa, assentamento'; donde o
céltico *wēk- (com /ey/ > /e:/) e, com grado zero, *wik-
'combate' (Delamarre 2003: 318), frequente como componente de
antropónimos na Gália. Zeidler (2007: 50) considera que estes nomes
galaicos som celtas.
12.-
CAMALUS m.; CAMALA f.; CAMILIA f.
Camilia
(Braga) {Camilia
Rufin(a)} AE 1973, 301.
Cam(---)
(Burgo de Osma, Sória) {Cam(---)
Gallaeca} HEp 7, 941.
Camal(---)
(Paradela, LU) {Camal} IRG II 86.
Camala
(Braga) {Camala
Camali}
CIL II 2445.
Camala
(Estoraos - Ponte de Lima. VCA) {Camala
Arqui f. Talabrigensis} AE 1952,
65.
Camalus
(Braga) {Camala
Camali} CIL II 2445.
Camalus
(Braga) {Reburrus Camali}
CIL II 2447 = CIL II 5609 + HEp 4, 1008.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Airg. Camali}
CIL II 5601.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Caturo Camali}
CIL II 5590.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Coroneri Camali}
CIL II 5595.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {C(o)ron(eri) Camali}
CIL II 5592 + GARCÍA MARTÍNEZ (1995), 158, nº 34.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Medamus Camali}
CIL II 5594 + HEp 5, 968.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {[Ca]turoni Camali}
GARCÍA MARTÍNEZ (1995), 158, nº 33.
Camalus
(Caldas de Vizela - Guimarães, BGA) {Medamus Camal(i)}
CIL II 2402 + GARCÍA MARTÍNEZ (1995), 148, nº 1.
Camalus
(Arcos de Valdevez, VCA) {Soupi Camal.
f.} AE 1983, 565.
Camalus
(Braga) {Bloena Camali
f. Valabric(e)nsis} EE VIII 119 + J. DOS SANTOS ET ALII, Bracara
Augusta 37 (1983), 196, nº 23.
Camalus
(Braga) {Carisius Camali
f.} EE VIII 118.
Camalus
(Santiago de Compostela - AC) {Procula Camali
f. Crouia} CIL II 2550 + IRG I, 12 + CIRG I 50.
Camalus
(Santo Tirso, POR) {[L]adrono Camali
f.} AE 1977, 451.
Camalus
(Bargés - Muinhos, OU) {Fuscus Camali
filius} AE 1981, 536.
Camalus
(Pentes - Gudinha. OU) {Niger Camali}
AE 1984, 546.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Camal(i)}
CIL II 5589 + TRANOY (1981), 241. n. 350.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Camal(i)}
CIL II 5588 + TRANOY (1981), 241. n. 350.
Camalus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Camali}
GARCÍA MARTÍNEZ (1995), 157, nº 28.
Camalus
(Dume - Braga, BGA) {[Ca]malo
Melg[aeci fili]o Bracara[u]gustano} CIL II 2426 + HEp 13, 819.
Camalus
(Fiães - Valpaços, VRE) {Camalus
M[el]o[n]is} CIL II 2496 + HALEY (1986), 242 + HEp 2, 884 + HEp 7,
1253.
Camalus
(Redondela - Chaves, VRE) {Camalus
Borni f.} CIL II 2484 + EE IX p. 102 + HEp 2, 853.
Camalus
(Rubiães - Paredes de Coura, VCA) {Cam[al]us
Coru[nis] f.} HEp 6, 1077.
Camalus?
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Camal?}
CIL II 5604.
Distribuiçom:
Nome frequente na Gallaecia Bracarense, entre os ástures zoelas, e
na Lusitánia (ver mapa em Vallejo 2009: 240).
Etimologia:
Tem sido posto em relaçom co nome da divindade gala Camulus
'campeom', e coa verba irlandesa cumal
< *kamulâ 'serva', cuja etimologia nom é simples (cf. Delamarre
2003: 101).
13.-
ARQUIUS / ARCIUS / ARCUIUS m., ARCISUS m.
Arc(---)
(Castrofeito - Pino, AC) {Arc(---)}
CIRG I 58 + HEp 4, 342.
Arcius
(Vila da Feira, AVE) {Arcius
Epeici f. Bracarus} AE 1954, 96 b.
Arcius
(Ponte da Barca, VCA) {Arcius}
HEp 5, 1055.
Arcius
(Vila Real) {Arcius}
CIL II 5556.
Arcuius
(Minhotâes - Barcelos, BGA) {Arcuius}
HEp 4, 1003.
Arqui(us)
(Carriça - Maia, POR) {S. Arqui(us)
Cim(---) l(ibertus)} CIL II 2373.
Arquius
(Estoraos - Ponte de Lima. VCA) {Camala Arqui
f. Talabrigensis} AE 1952, 65.
Arquius
(Valença, VCA) {Aeturae Arqui
f.} CIL II 2465.
Arquius
(Braga) {[A]rquius
Cantab[ri]} HEp 1, 664.
Arquius
(Braga) {Arquius
Cantabr(i)} AE 1973, 307.
Arquius
(Braga) {Arquius
Viriati f. > Acripia} CIL II 2435 + MORESTIN (1979), 495 + HEp 4,
1011.
Arqul'i'us
(São Joao de Campo - Terras de Bouro, BGA) {Anicius Arquli}
CIL II 2458 + TRANOY (1981), 277.
Arquibus
(Dume – Braga, BGA) {Apil[us] Arqu[i]}
CIL II 2433.
Arcisus
(Celanova, OU) {Medamus Arcisi f.
caste[l]lo Meidunio} CIL II 2520 + IRG IV 130.
Distribuiçom:
O nome Arquius/Arcius
atopa-se entre galaicos bracarenses, lusitanos e vettones, com algo
de presença entre os ástures e na Celtibéria. Arqulius
é nome único.
Etimologia:
Tem-se atribuído ao PIE *ark-wo- (Luján 2006: 718) 'dobrado / torto
/ curvo'; mais , junto cos topónimos Alcobre < Arcobre e
Arcobriga, devem máis bem derivar do *h2erk-
'guardar, proteger, possuir' (Oxford: 271), de onde o latim arca
'arcóm, cofre' e arx
'castelo, fortaleza' (cf. Martínez Lema 2010: 78). É provável a
relaçom co deus Arco
(Cuchin: 116), ou com epítetos de Lugus, como em LUGUBO ARQUIENOBO.
14.-
MEDAMUS m.
Medamus
(Miranda - Arcos de Valdevez, VCA) {Talus? Medami
f.} FE 297.
Medamus
(Rubiães - Paredes de Coura, VCA) {Corun[is] Medam[i
f.] Cantiens[is]} HEp 6, 1077.
Medamus
(Briteiros - Guimarães, BGA) {Medamus
Camali} CIL II 5594 + HEp 5, 968.
Medamus
(Cadós - Vande, OU) {Medamus Arcisi f.
caste[l]lo Meidunio} CIL II 2520 + IRG IV 130.
Medamus
(O Rosal, PO) {Medamus
Corali f.} CIRG II 141 + HEp 6, 768.
Medamus
(Freixo - Marco de Canaveses, POR) {Medamo}
HEp 10, 738.
Medamus
(Penafiel, POR) {Medamu[s]} AE 1973,
321.
Fora da
colheita de Vallejo temos:
Medamus
(Cória, Cáceres) {Bassus Medami f. Crovus C(astello) Verio} CIL II
774 + HEp 8, 69
Distribuiçom:
Nome presente, para além da Galécia Bracarense, na Venétia
(Medama)
e na Lusitánia.
Etimologia:
Do céltico *medamos 'middlemost' (Ward s.v.), pola sua vez do PIE
*medhyos 'médio' (Oxford: 290), ou de *medamū 'juiz' (Ward s.v.
Meditro).
O antropónimo germánico Meduma,
cognato deste nome, tamém se documenta na Galiza na Alta Idade
Média, sendo responsável de topónimos como Miomás
e Momám.
É quase um berro seco reivindicando os vários episódios de
indo-europeizaçom do nosso país: celtas, lusitanos, romanos,
germanos... E quem sabe que outras gentes.
15.-
TEMARUS m.
Temar'i'us
(Esperante - Folgoso do
Caurel, LU) {Aio (dat.) Temari} IRLugo
55 + Hep 8, 334.
Distribuiçom:
Nome único, ainda que uns poucos nomes baseados num tema *tem- som
conhecidos na Gália, Británia e Itália (Zeidler 2007: 47).
Etimologia:
É provavelmente umha formaçom adjectival *temaro- '*escuro,
moreno', do PIE *temH- 'escuro', na opiniom de Zeidler (2007: 47) e
de Prósper (2002: 352). Relacionado, consequentemente, co irlandês
médio teim, temen
'escuro, gris', bretóm teffal
`finster' (IEW: 1063-1064).
16.-
AIUS m.
Aius
(Esperante - Folgoso do
Caurel, LU) {Aio (dat.) Temari} IRLugo
55 + HEp 8, 334.
Distribuiçom:
Os nomes Aius,
Aio,
Aia
f. dam-se mormente na Celtiberia e máis entre os Cántabros
Lancienses, na península ibérica. Fora, é comum na antroponímia
celta e na Ilíria (Delamarre 2003 s.v. aiu-).
Etimologia:
Do proto-céltico *aiu- 'força vital > eternidade, longevidade'
(Zeidler
2007: 46; Delamarre
2003 s.v. aiu-), do PIE *haóyus
'vida' (Oxford: 195).
17.-
ANDERCUS m.; ANDERCA f.
Anderca
(Arcos de Valdevez, VCA)
{Anderca Caturoni f.} AE 1904,
156.
Anderg'i'us
(Valença, VCA)
{Alluquius Andergi f.} CIL II
2465.
Distribuiçom:
Som nomes nom moi frequentes. Andercia
documenta-se umha vez perto de Cáceres. Andercus
/ Andercius
em três ocasions adicionais, na Lusitánia. Forma tamém nomes na
Gália (cf. Delamarre 2003: 139-140).
Etimologia:
Do proto-céltico *derk- 'ver' (Matasovic s.v.), do PIE *derk^-
'botar umha olhada' (Oxford: 326), por médio dumha partícula
negativa *an- (cf. Vallejo 2009: 116) ou dum aumentativo *and-,
significando consequentemente ou bem 'cego' ou 'moi visível', ou
similar.
18.-
BLOENA f.
Bloena
(Braga) {Bloena
Camali f. Valabric(e)nsis} EE VIII 119 + J. DOS SANTOS ET
ALII, Bracara Augusta 37 (1983), 196. nº 23.
Bloena
(Carrazedo - Amares, BGA)
{Bloena} AE 1973, 320 + AE
1974, 391.
Bloena
(Cores - Ponteceso, AC)
{Bloena Sabini} CIRG I 67 + HEp
4, 345.
Distribuiçom:
Nome exclusivo do NW da península ibérica, conhece-se tamém por
outras duas inscriçons achadas perto de Bragança, Baixo as formas
Bloena,
e Blena.
Etimologia:
Como mera possibilidade, mais com dúvidas, dum étimo *Blowenā (com
o longo?) do PIE *bhleh2-wo- 'louro' (IEW: 160), derivado
co sufixo -en- 'que se caracteriza por ser (-)' (Oxford: 57).
Consequentemente 'A que é loura'. A forma
proto-celtica correspondente é blāwo- (cf. Matasovic. s.v.).
19.-
CILURNIUS m.
Cilurn'i'us
(Pinhovelo - Macedo de Cavaleiros, BRA) {[---] Cilur[ni]}
EBrag 74 + ERRBragança 90.
Cilurn'i'us
(Pinhovelo - Macedo de Cavaleiros, BRA) {Laboena Cilurni}
EBrag 37 + HEp 7, 1172 + ERRBragança 61.
Distribuiçom:
Nome conhecido só por estas inscriçons. Note-se tamém a gente
ástur dos Cilurnigorum.
Etimologia:
Inquestionavelmente do céltico *cilurno- 'caldeiro' (Delamarre 2003:
116; Matasovic s.v. *kelfurno-), verba relacionada co latim calpar
'pichel', de orige grego, e máis co nome da gens Calpurnia.
Moi interesante. Agora ben, fas demasiado caso ao punto de vista inmovilista (cáseque decimonónico) de Prósper. Por exemplo, ¿a etimoloxía proposta para ALLUQUIUS é válida tamén para o celtibero ALLUCIUS que se toma normalmente de *all- 'otro, segundo' + suf. -uk-yo-s?
ResponderEliminar¿O lusitano ICCONA, ICCINUI é diferente ao galo ICONNA, ICONII, ICCUS, etc., hispano celta NP ICONIUS, ICCONIUS, brit. ICENI, ICIANI e celtib. IKENION, etc., etc., etc. que se pretenden dunha forma *ikk- 'río'? E se se deduce dunha forma suposta *ikkos 'cabalo', ¿cómo podes explicar que a poucos quilómetros teñas EQUOTULLAICENSI, onde tes *ekwo- e non *ikko-?
Verbo de SECOILIA, ¿tiveches en conta DLG2: 269s., NPC 231, GPN 254, EDPC 327, entre outros, que observan unha forma hipocorística do tema *sego-: cf. NP galo SECCIA, SECCIUS, SECCUS? ¿No será mellor SECOILIA facela partir de *sego(w)ilia?
¿Para ti o lusitano semella ser unha lingua distinta á lingua celta? ¿en qué te basas para tal afirmación? ¿pola presenza do P, que é aínda máis frecuente no stock antroponímico galo e celtibero que no lusitano? ¿no tema do F, exemplificado no galo TARFONNA, de *tarwos?
Buff. Polo final: Sobre a natureza do Lusitano, essa é umha _guerra_ viva entre profissionais na que me declaro agnóstico, porque
ResponderEliminara) obviamente nom a podo ganhar, e
b) porque nessa guerra me podem canear de aqui a Ortigueira sem ter eu nengum benefício, sequer moral, polo risco assumido.
Polo que respeita a minha visom do mundo, hai na península ibérica línguas com P preservado, sequer parcialmente, e línguas com perda de p. O Lusitano, que sabe a celta no seu léxico como todo o mundo minimamente informado reconhece, apresenta nas suas inscriçons P, quer por preservaçom (PORCOM), quer por transformaçom (PVPPID). Pessoalmente penso que essa preservaçom de p é o único rasgo que o separa dumha língua céltica de livro (nom me convencem a resoluçom das sonantes indo-europeas em geral propostas por Prósper para esta língua). E sobre o F, acho que sempre se pode trair sem moito conflito de w (e por veces com resultado ótimo: FIDUENEARUM = *WIDUGENYÂ)
Em todo caso, nem me convence Prósper coa sua definiçom 'itálica' do Lusitano (polo dito arriba), nem o recentemente finado Untermann ou o nosso Carlos Bua cumha visom monolítica onde todo o material linguístico indo-europeu do ocidente da península entra dentro dumha única língua.
Sobre as etimologias propostas:
ALLUCIUS pode ter a mesma orige que ALLUQUIUS? Penso que si, admitindo que falamos dumha proposta etimológica entre outras, e como ARQUIUS e ARCIUS podem ser o mesmo nome, ainda que esta possibilidade é desbotada por Vallejo (2005: 185).
SECOILIA < *sego(w)ilia? Si, por que nom, como grafia inversa (CO por GO). Mais nom penso que tenhamos aqui um derivado tirado dum hipocorístico! Tamém gosto da minha proposta que nom vejo inferior à outra.
Sobre os distintos resultados do mesmo étimo em poucos quilômetros (*ekwo- / *ikko) estes podem ser devidos ao feito de terem sido postos por escrito
- em distintos tempos,
- por distintos escribáns com distintas tradiçons gráficas,
- que mesmo podiam falar distintas variedades linguísticas.
Incluso dentro dum mesmo documento galego medieval podemos achar grafias distintas para um mesmo termo, diferenças que se magnificam entre documentos redatados por distintos notários, ainda no caso dos que trabalham no mesmo lugar e no mesmo tempo (Cf. Para unha escriptoloxía do galego de Xulián Maure). E, por suposto, pode ser que Wodtko se trabuque na sua etimologia.
Saúdos.
Quer-se dizer, Witczak, nom Wodtko!
ResponderEliminarBoas :)
ResponderEliminarAo meu entender, o tema do lusitano é en realidade un prexuizo motivado por razóns políticas. As súas lecturas poden non ser imparciais e estar voltadas a unha teoría determinada, p.e., PVMPI CANTI lése como o numeral 500, sen referencia a qué se refire, e que se tirasemos do latín poderiamos lér: 'cantos fastuosos'.
Tamén creo que, tralos 400 anos de ocupación romana ata a data da feitura dos epígrafes lusitanos, debeu reproducirse un fenómeno, moi habitual nestes casos, chamado 'diglosia' e que rematou coa adopción total da lingua latina. Este fenómeno é moi visible na antroponimia e así se explican exemplos como os NP galos PORCIA, PORCIUS, PORCUS (ademais de documentarse na Limia un deus MOCIO, celta *mokk- 'porco').
Non pretendía ser crítico coas túas fontes etimolóxicas, que me parecen de interés, senón en facer ver que non todos os autores opinan igual, e que estas opcións deberían ser amentadas tamén.
Eu tiro máis pola opción inglesa, representada por Guerra e Almagro na Pen. Ibérica, por P. Brun en Francia. Fíome máis do arqueólogo Lemercier e da antropóloga suiza Desideri, que dos dogmas lingüísticos hispánicos.
Hai pouco me sorprendeu un comentario de Patrizia de Bernardo en certo artículo, creo que de 2011, sobre a PENTIA vaccea, ou algo así, na que afirmaba que descoñecía a procedencia das testemuñas en lingua celta rexistradas no occidente hispánico ou se istas orixinariamente se tiñan formado na metade occidental peninsular.
Pois algo así penso eu....
Verbo de ICCONA e ICCINUI sego sen entender as razóns polas que se pretende aillar dos numerosos exemplos similares que se recollen en Britannia, Galia, Lepontica, Galatia e Celtiberia. ¿Por qué precisamente lusitano e por qué non os galos Icciodurum ou os chamados ICCO, ICCIUS, ICCALUS, ICCAVUS ou os teónimos ICONNA e ICOVELAUNA. ¿Acaso non semella o lusitano ICCINUI ao ICENII britano e ao IKENION celtibero? Con abundantes exemplos que explican a variabilidade consonántica kk - k en celta: cf. amma - ama, anna - ana, arro - aro, atto - ato: galo NP ICCO - ICO, celto-hispánico NP ICCONIUS - ICONIUS.
Ademáis, os exemplos hispánicos maioritarios suliñan a forma *ekwo-: cf. EQUEIS na Celtiberia, EQUENOBO entre os ástures, EQUAESII entre os callaecos ou os EQUOTULLI na Lusitania, os celto-hispánicos NP EQUASIUS, EQUALUS, etc.. ¿Debemos logo presupoñer una forma 'aillada' que parte precisa e exclusivamente da interpretación particular deses dous epígrafes? ¿Una forma que aínda por riba sofriu o mesmo fenómeno que nin máis nin menos aconteceu en...xónico?
Polo tanto o término EQUOTULLO é a única mostra sen contaminar que temos na Lusitania para coñecer a designación de 'cabalo', o demáis é simple especulación
Saúdos (e escusas por non facer o propio na miña anterior resposta).
Saúdos.
EliminarSobre o artigo de de Bernardo, nom me convence. Quer-se dizer, entendo que separa etimologicamente a Pintia vaccea da Pintia galaica... Por quê? Por outra banda, a primeira converte-a num topónimo “galoide”, com kw > p, do que “deduz” que os vacceos seriam imigrantes recentes procedentes da centro-europa; e ademais separa-a de outros topónimos da mesma área como Pallantia ou Pisuerga < Pisoraca, aos que considera topónimos de substrato. E todo ao tempo que considera o Lusitano como unha lingua italoide, na linha de Villar/Prósper/Vallejo (universidades de Salamanca e do Pais Basco). Ao final o que temos é unha proposta etimológica interessante e factível, mas toda a construçom de hipóteses que elabora sustentando-se nela nom é sólido. O curioso é que postos a buscar possíveis resultados kw > p em topónimo inequivocamente célticos hai que vir à Galiza (Peçovre < *Pettiobrixs, cf. em Delamarre 'Noms de Lieux...' Pessac < *Pettiacon, Pessan < *Pettianon, Pezou < *Pettiauon; Pantinhovre, cf. Pantigné < *Pentiniacom, Pantin < *Pentinon). Por outra banda, a evoluçom kw > p para o Lusitano, implicitamente aceitada por de Bernardo, já foi proposta por Prósper por exemplo para explicar PUPPID < kwodkwid.
Sobre Iccona < *Ekwona, a proposta de Witzak, correta ou nom e coa que se pode estar em desacordo, é plenamente honesta, sendo umha de várias presentadas num artigo titulado “LUSITANIAN PERSONAL NAMES WITH THE EQUINE MOTIVATION”. Em particular, el considera que
1º- ICCONA é um cognato exato do Galo EPONA < *ekwo- 'cavalo'
2º- Os nomes lusitanos Icconius son derivados do nome da divindade
3º- Os nomes “Galos” Icconius, etc, som belgas (para el, eu nom o tenho claro) polo que a língua belga e Lusitana teriam o mesmo desenvolvimento do PIE *ekwos.
Pode nom ser certo, mais a salvo de comprovar a adscriçom belga dos Icconius, etc, é umha proposta honesta, correta ou nom, mais sen “intencionalidade política”.
Sobre Equaesus, Equalius, etc, Witzak assume tentativamente que devem corresponder ao resultado de *ekwos numha língua celta-q (contodo, o autor pensa que os Equaesi som ástures, quando som de facto galaicos); assi como os nomes tamém lusitanos Eponeilus, EPARUS e EPEICUS, aos que atribue umha orige “céltica” (dos "célticos" da bracarense! Nom vai sobrado de conhecimentos geográficos e étnicos da Hispania de hai 200 anos).
Como isto é um trabalho de amor, nom umha enciclopédia, nego-me a incluir cada possível etimologia de cada antropónimo. Por outra banda, este mesmo artigo está na minha lista de “artigos a atualizar” desque disponho do "Antroponimia indigena de la Lusitania romana" de Vallejo. Pero na minha nova condiçom de pai, nom tenho tempo.
Se acaso, é notável que de Bernardo e Witzak cheguem independentemente (?) à conclusom de terem existido ao tempo um celta-q, um celta-p, e máis o Lusitano, como línguas vivas no ocidente peninsular hai 2000 anos.
Sobre escolas de pensamento, eu nom me dou a nengumha, ainda que declaro o meu fundo e cético interesse polo projeto “Celtic from the West” de Koch e Barry Cunliffe, que som nomes, e que atribue umha língua céltica, pode que emanada ou re-emanada desde o sudoeste peninsular, ás elites do bronze atlántico. É notável tamém um recente artigo coletivo no que se descobre que as gentes do vaso campaniforme chegadas à Alemanha eram genéticamente ibéricos; como corolário os autores, biólogos e nom linguistas, atribuem a expansom das línguas célticas a esta mesma cultura.
Saúdos.
E desculpade as minhas ausências, mais nom dou feito...
ResponderEliminarOla novamente. Moitas grazas por responderes.
ResponderEliminarEu, como Koch, tamén tiro por aí, emporiso cito a Desideri, a Lemercier ou a Brun. Por certo, é Desideri quen primeiro fixo o descubremento antropolóxico desa expansión dende a Pen. Ibérica das xentes do campaniforme cara o norte de Europa ata Chequia. É Lemercier quen arqueolóxicamente dexerga esta expansión no SE francés e val do Ródano. E é Patrice Brun quen indica que a Cultura Atlántica debe indentificarse con a lingua celta, coa que se relaciona non só os elementos da cultura material campaniforme, senón tamén as estelas antropomorfas (que agora se veñen atopando nas mámoas), estelas de guerreiros (como a recén descuberta en Tameirón, Ourense) e os aspectos relixiosos (ofrendas ás augas) [se queredes pásoos os seus traballos].
Respecto a ICCONA/ICCINUI, queda fora da isoglosa indoeuropea oriental como o xónico ikkos, polo que malamente se pode reproducir. Nas distintas linguas celtas leese *ikos/*ikkos, que KGP I 225 traduce como 'limpo, puro', por exemplo:
nome étnico alpino ICONII, nome deidad gala ICONNA, nome persoal galo ICO/ICCO (con diversas ampliacións), nome étnico britano ICENI/ICCENI (var. ICINOS, ICIANOS), celtibero ikenion, ogámico irlandés ICORIGAS.
Non creo que o térmo lusitano ICCONA/ICCINUI se poida obviar en canto a súa estructura formal das linguas indoeuropeas do ámeto occidental e veciñas.
Verbo do meu comentario de Patrizia de Bernardo, non me refería a Pintia en particular, (que ela non arreda da Pintia galaica), senón que esta estudiosa da un grande salto cuantitativo na súa concepción neogimbutiana ao afirmar que a lingua celta falada no occidente hispánico ou ben é o máis antigo coñecido sen que poidamos deducir a súa procedencia ou ben "DESENVOLVEUSE NA PROPIA PENINSULA". E non só se refire as xentes vacceas, senón a todo o occidente peninsular.
O stock celta galo e lepóntico está cheo de nomes coa p etimolóxica indoeuropea, por exemplo, PALLO, PANA, PEDO, PELLIUS, PENTIS, PIXTILUS, PLOTIA, COPIRUS, TAPURUS, etc, etc, etc., moitos dos cales son idénticos aos que non se consideran celtas na Península. Estes autores que rexeitan a celticidade da tales antropónimos da Península nunca amentan estes exemplos galos (por qué será?): por exemplo, nomes persoais galos TAPARUS (2), TAPETIUS, TAPPIUS, TAPPO, TAPPONIUS, TAPPU (3), TAPPUS, TAPURUS, similares ao occidental TAPORUS.
Pero o tema do p en celta chega a extremos moi extraños, pois hoxe admítese unha rarísima forma fricativa bilabial */φ/ protocéltica para non recoñecer a súa equivocación ou non darlle a razón a Untermann ao respecto. Naturalmente, quen afirma a carencia do p en protocelta difícilmente pode explicar o p etimolóxico en galés, por exemplo
- galés Peallaidh < *pealldae (eG); anglosaxón -feldy '[name of a water-sprite]',
- galés pan(t) 'hollow, valley' e voilà o galego Pantiñobre,
- bretón par-, galés par(r)- 'field, parcel of land, plain' voilá páramo, forma hispánica con superlativo celta (unha forma superlativa que é rasgo distintivo do celta respecto das demáis linguas indoeuropeas, logo se páramo non é celta, a forma do superlativo *-amo non sería só exclusiva da lingua celta).
Góstame iso de amor ao que estades a facer e a vosa independencia respecto as escolas lingüísticas. Iso váleme mais ca todo o que se poida dicir.
Unha pregunta. Uns amigos meus están a facer un importante traballo sobre as mámoas galegas (altura, posición, aliñamento, etc.). En Escairón oimos falar a unha anciá do lugar, cando procurabamos unha mamoa que non dabamos atopado, de dúas grandes figuras en pedra (montábase nelas cando era nena), que ela definiu como "forma cabalo", "semellante a dous burros" e que ao parecer estaban na entrada do castro que hai perto da mamoa amentada. Segundo ela, desapareceron de sócato. ¿Oistes falar algunha vez de tal cousa?
Unha aperta. Saúde.
É hora xa de desenmascarar tal farsa, pois sendo celtas en galo, han de selo obviamente tamén nas linguas occidentais hispánicas.
podes indicarme a qué traballo colectivo (sobre do campaniforme) te refires?
ResponderEliminarBoas:
ResponderEliminarhttp://www.nature.com/ncomms/journal/v4/n4/full/ncomms2656.html
Com analise aqui:
http://dienekes.blogspot.com.es/2013/04/mtdna-haplogroup-h-and-origin-of.html
Apertas.
Boas....
ResponderEliminarPensei que se refería á cultura material o tal traballo colectivo amentado.
Este traballo xenético sucédese a outros neste sentido, por exemplo, o descobremento dos das primeiras pegadas do haplogrupo R1b1b2 (hispánico), pola mutación de M269, nun xacemento do campaniforme en Kromsdorf, Alemaña (Lee et al., 2012); a imposibilidade de movementos poboacionais norteños de tipoloxía cultural Lausitz (urnenfelder,celtas p) cara o sur, como se deduce, en de Beule (2010), ao asentar I-L38 nos xacementos urnenfelders do Sur de Alemaña, Bohemia e Austria, de Halstatt e de La Tène no centro Europa, e logo xa en Bélxica, Norte de Francia e Illas Británicas, faltando na metade sur de Francia, Alpes,Italia, Pen. Ibérica e Holanda.
A todo isto hay que xuntarlle o tema do Hg S116, con orixe no SW hispánico, e que, dende logo, coincide xeográficamente coa difusión do campaniforme e coa denominada área celta, e da que derivan, curiosamente, S21/U106 (celtas renanos), S28/U152 (celtoalpinos), L21/S145 (celtas insulares).
Todo isto coincide estrepitosamente cos descobrimentos arqueolóxicos en Flandes, centro de Francia (área de Paris), SE de Francia e Alpes, e en Aquitania, datos que, ao mesmo tempo, coinciden co importante estudio antropolóxico realizado por J. Desideri (2007, 2010), que vencellan todos este achádegos coa Pen. Ibérica.
O problema, Cossue, son os novos neogimbutiáns, inmovilistas e, por tanto, partidaría do tradicional movemento poboacional dende centro Europa cara o sur, mais que a mesma xenética, antropoloxía e arqueoloxía desminte e contradí. En Dienekes, precisamente, está moi estendida a idea, por certo errónea (pois cré que só R1a é indoeuropeo), do xenetista ruso Klyosov. Considera que S116 non é indoeuropeo, senón como proto aquitano-ibérico (M153, M167).
Naturalmente é unha parvada o que dí Klyosov e os seus seguidores do Dienekes. Non teñen en conta que a presenza vasca na Pen. Ibérica é tardía, dende Aquitanía, se cadra cun desplazamento inicial cara os Pirineos en época urnenfelder e penetración posterior en territorio hispánico, en época galo-romana, que se vai afianzar ao longo da Idade Media (Reino de Navarra). Tampouco que a presenza urnenfelder (iberos) no mediterráneo hispánico supón o fin da indoeuropeización daquela zona; vascos e cataláns conservan xenéticamente ese vencello: SRY2627, que na metade occidental hispánica está prácticamente ausente.
Por outra parte, a Escola Lingüística Tradicional española vive ensemesmada na súas propias especulacións, allea á realidade aos datos que aportan as outras disciplinas, na súa propia burbulla e baixo da batuta caciquil dos seus gurús. Curiosamente representa a situación política actual de España.
Ninguén deles vai admitir o punto de vista de J. Koch o P. Brun, con unha importante tradición teórica e documental que xurde partir do primeiro terzo de século pasado (especialmente McWhite, polos anos 40).
Pero hai unha evidencia incuestionable, o pobo das estelas antropomorfas e menhires, que na súa orixe ollamos nas tribus yamnaia, e polo tanto kurgáns. Con eles non só se reutilizan as mámoas (mais xa como enterramentos individuais) ou se introduce o campaniforme, senón novas prácticas relixiosas de tipo indoeuropeo (p.e. ofrendas aos ríos), as cales permanecen (aínda hoxe) no concepto do mundo espiritual dos chamados tradicionalmente celtas, en todo este espacio campaniforme, amáis da imposición dunhas elites comúns en todas estas rexións e do nacemento dun importante espacio cultural, chamado Cultura Atlántica, caracterizado polo súa actividade comercial e que vai pervivir ata ben entrada a Idade de Ferro en todo este ámeto xeográfico.
Tocante ao aspecto lingüístico, tómase como modelo o galo, unha lingua que é relativamente recente, que mantén importantes diferencias funcionais e estructurais, dentro das linguas celtas, co lepóntico, celtibero, hispano-celta e ogámico. Tanto nas linguas celtas insulares como no propio galo pódese distinguir unha capa substrática non indoeuropea (ausente en celto-hispano).
Saúdos
Por certo, unha boa cita ao respecto, dun dos más prestixiosos arqueólogos do mundo, Richard Harrison, é:
ResponderEliminar"The comparison extends to include the immigration of the Yamnaya populations from the northern Pontic steppes into east and southeast Europe, and ends with the emergence of the Bell Beaker phenomenon on the west of the Iberian Peninsula. This is all set into the wider transformation horizon between 2900 and 2700 BC.".
Concho o detetor de spam! Chupara-se os dous últimos comentários, mais já estám onde deviam... Um saúdo, e graças por partilhar!
ResponderEliminarAlguns nomes aquí podem ser explicados por outras origens não celtas como Cloutus, presente em varios ramos do IE e Vesu- presente na Iliria e Italia. As linguas nativas do Oeste Ibérico parecem ter seu proprio ramo, embora haja afinidades com o itálico.
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