BRIGS e BRIGĀ (II)

B.- BRIGS E BRIGĀ COMO PRIMEIRO ELEMENTO:

B.1.- +AETIOBRIS* (topónimo antigo; nom localizado)
Este topónimo está implícito no adjectivo em dativo AETIOBRIGO < *AETIOBRICO, aplicado ao deus galaico-lusitano Bandue, sendo um derivado do topónimo AETIOBRIS* mediante sufixo velar, um recurso típico das línguas celtas em geral e das línguas pré-latinas hispánicas em particular:
[3]CIUS / AVI(T)I F(ILIUS) BA/NDU(A)E AET/IOBRIGO / V(OTUM) L(IBENS) A(NIMO) S(OLVIT) (Sarreaus, Ourense; HEp-07, 00547)
Nom tenho umha boa etimologia para o primeiro termo; tal vez provenha do particípio PIE *h2eg-et-, conhecido em latim e nas línguas célticas co valor de 'guiado' ou 'conduzido' (IEW: 4-6); ou melhor de *aito-, particípio de *ai- 'dar' (cf. Prósper 2002: 283). Neste último caso podemos interpretar *Aitiobris como 'O Castro do que é entregado' (= 'Castro da Dote'?)

B.2.- +ABOBRICA (topónimo antigo; nom localizado) 'Monte do Rio?'
Oppidum mencionado em forma adjectival (derivada co sufixo *-ko-, e em boa medida equivalente ao nosso Ourense < Auriense ao compararmo-lo co topónimo do que procede, Auria) por Plínio no livro IV da sua Historia Natural, depois das Ilhas Cíes, e segundo descrevia a costa caminho do sul:
'a Cilenis conventus Bracarum Helleni, Grovi, castellum Tyde, Graecorum subolis omnia. iae Siccae, oppidum Abobrica.' (Plinio IV, 112)
Abobrica remete-se, penso, a um topónimo base *Abobrixs. O seu primeiro elemento pode ser o tema hidronímico céltico *ab- 'rio' (antigo irlandês ab 'idem', IEW: 1); consequentemente *Abobrix = 'Monte / Castro do rio' (Santa Tegra na Guarda?).

B.3.- +ADROBRIS* (topónimo antigo; nom localizado)
Cidade situado por Pompónio Mela numha extensa ria de estreita embocadura, nas terras dos ártabros, cujas terras para el chegavam até as terra dos Ástures. Consequentemente, Adrobrica podia estar em quaisquer lugar da costa norte da Galiza (tal vez na ria de Ferrol?).
'Adrobricam urbem' (Mela, CHOROGRAPHIA, III.9)
O seu primeiro elemento poderia-se ser, outra vez, *ad-ro- 'rio' (Curchin 2008: 115). Adrobrica seria umha forma adjectival.

B.4.- +AGUBRI (topónimo antigo; nom localizado)
O topónimo aparece em ablativo numha inscriçom asturiana, indicando a orige dumha mulher de nome Bodogena Aravi:
BODOC/ENA AR/AVI F(ILIA) C(ASTELLO) / AGUBRI / AN(NORUM) XII H(IC) S(ITA) E(ST) (Belmonte; HEp-05, 00039 )
Prósper interpreta-o como umha forma sonorizada do elemento PIE *ak- 'agudo, aguzado', mais penso que é máis simples fazer vir o primeiro elemento do PIE *ha- 'conduzir' e 'loitar' (ou incluso de *h1eĝh- 'vaca', donde irlandês ag 'vaca', (Oxford: 140) termos bem representado nas línguas celtas (cf. Matasovic s.v. *ag-o-; Falileyev, s.v. ag-; Oxford: 280).

B.5.- +AIOBRIGIĀ* (topónimo antigo; nom localizado)
Castro mencionado em dous importantes documentos epigráficos, e que num deles cambia de mans, dos Gigurros aos Susarros, polo que penso que deve situar-se em terras do Courel, de Valdeorras, ou do ocidente do Berço, mesmo no próprio Sam Pedro de Esperante, onde se descobriu o bronze do Courel.
IMP(ERATOR) CAESAR DIVI FIL(IUS) AUG(USTUS) TRIB(UNICIA) POT(ESTATE) / VIII{I} ET PROCO(N)S(ULE) DICIT / CASTELLANOS PAEMEIOBRIGENSES EX / GENTE SUSARRORUM DESCISCENTIBUS / CETERIS PERMANSISSE IN OFFICIO COG/NOVI EX OMNIBUS LEGATIS MEIS QUI / TRANSDURIANAE PROVINCIAE PRAE/FUERUNT ITAQUE EOS UNIVERSOS IM/MUNITATE PERPETUA DONO QUOSQ(UE) AGROS ET QUIBUS FINIBUS POSSEDE/RUNT LUCIO SESTIO QUIRINALE LEG(ATO) / MEO EAM PROVINCIAM OPTINENTE{M} / EOS AGROS SINE CONTROVERSIA POSSI/DERE IUBEO / CASTELLANIS PAEMEIOBRIGENSIBUS EX / GENTE SUSARRORUM QUIBUS ANTE EA(M) / IMMUNITATEM OMNIUM RERUM DEDE/RAM EORUM LOCO RESTITUO CASTELLANOS / AIIOBRIGIAECINOS EX GENTE GIGURRO/RUM VOLENTE IPSA CIVITATE EOSQUE / CASTELLANOS AIIOBRIGIAECINOS OM/NI MUNERE FUNGI IUBEO CUM / SUSARRIS / ACTUM NARBONE MARTIO / XVI ET XV K(ALENDAS) MARTIAS / M(ARCO) DRUSO LI/BONE LUCIO CALPURNIO PISONE CO(N)S(ULIBUS) (Bierzo ; HEp-11, 00286)
APPIO IUNIO SILANO P(UBLIO) SILIO / NERVA CO(N)S(ULIBUS) / TILLEGUS AMBATI F(ILIUS) SUSARRUS / |(CASTELLO) AIOBRIGIAECO HOSPITIUM / FECIT CUM LOUGEIS CASTELLANIS / TOLETENSIBUS SIBI UXORI LIBE/RIS POSTERISQUE SUIS EUMQ/UE UXOREM LIBEROSQUE EIUS / IN FIDEM CLIENTELAMQUE SUA/M SUORUMQUE IN PERPETUO CAS/TELLANEI TOLETENSIS RECEPERUNT / EGIT TILLEGUS AMBATI IPSE / MAG(ISTRIS) LATINO ARI ET AIO TEMARI (S. Pedro de Esperante; HEp-08, 00334)
O seu primeiro elemento poderia ser o PIE *haóyus- 'força vital' (Oxford: 195; donde o antigo irlandês āes 'vida, idade'), que nas línguas célticas vem dar verbas co significado de 'idade, eternidade, longevidade' (Delamarre s.v. aiu-) que se reflexa tamém na antroponímia indígena, incluído o magistrado AIO TEMARI. O segundo elemento, -brigā, é máis típico da toponímia dos povos ástures e galaicos brácaros, fronte as formas em -bre máis frequentes entre os lucenses.

B.6.- SANTA BAIA DE ALCAVRE / ALCABRE (freguesia com 3139 hab.- Vigo, Pontevedra)
Nom conheço documentaçom antiga deste topónimo, mais semelha cousa razoável supo-lo relacionado com outros posteriores, como Alcobre. O /a/ tónico como vogal de uniom no composto (a vogal de uniom máis comum nos compostos célticos é /o/) da-se tamém noutros topónimos extintos: Arcabria ou Artabria.. Com respeito ao primeiro elemento, alc-, poderia remeter ao nome do alce (cf. Delamarre, s.v. *alco-), lembremos que os cérvidos eram bestas totémicas na nossa velha Galiza, como amossam os petroglifos do nosso país. Poderia tamém ter-se originado -como o seguinte topónimo- por dissimilaçom de vibrantes.

B.7.- ALCOVRE / ALCOBRE (23 hab.- Pilonho, Vila de Cruzes, Pontevedra)
Temos bastante documentaçom deste lugar, sendo a mais antiga na forma Arcobre, o que etimologicamente liga-o, pode que junto com o Alcabre viguês, à Arcobriga celtíbera, entre Saragoça e Sória, ou à Arcobriga da inscriçom da fonte do ídolo, em Braga (Moralejo 2010: 474). Pouco máis tarde é já Alcobre, por dissimilaçom r..r > l..r:
'et est ipsa Pastoriza territorio Deza super Pilonio monasterio iuxta Arcobre.' (CODOLGA: TA 991)
'arca de illo plano qui diuidet Mercia et Alcobre' (CODOLGA: Carvoeiro 1062)
'in ualle nuncupatu Pilonio inter flumen Ulie et Deze subtus castro Alcobre medietatem ex eo, quam michi euenit inter fratres meos per sucessionem genitoris mei Fredernandi et genitricis mee regine domne Sancie, cum omni suo debito et bonis eius uel adiuncionibus per omnia sua loca. ipsam medietatem integram confero de premisso monasterio post partem sancte ecclesie et eius apostolo Sancto Iacobo, et de aliis monasteriis que similiter sunt fundata in eodem territorio Pilonii, uidelicet: Auriolos et Alacobre' (CODOLGA: TA 1087)
'in ualle nuncupata Pilonio, inter duo flumina Uliam et Dezam subtus castrum Alcobre' (CODOLGA: TA 1100)
'sicut iste audiuit. postea presens fuit iste in castello de Alcobre in diebus illis quando archiepiscopus P. Suerii fecit castellum ipsum' (CODOLGA: Carvoeiro 1246)
Interessa ver como Alcobre é chamado várias veces castro ou castelo. Por outra banda, etimologicamente, o primeiro elemento do composto remete-nos provavelmente ao PIE *h2erk- 'guardar, proteger, possuir' (Oxford: 271), de onde o latim arca 'arcóm, cofre' e arx 'castelo, fortaleza' (cf. Martínez Lema 2010: 78) Quer-se dizer, Arcobre < *Arcobrixs = Arcobriga 'Castro Protegido / Guardado'. É provável a relaçom co deus Arco (Cuchin: 116), ou cos epítetos de Lugus: LUGUBO ARQUIENOBO.
Contodo pergunto-me se podemos desbotar umha possível relaçom com formas céltica como o galês archen 'roupa, calçado', bretom arc'henna 'calçar sapatos', irlandês médio accran 'sapatos, roupa' (Cf. William Owen, A dictionary of the Welsh language). Lembremos que Lugus é tido por padrom dos sapateiros, e que na Galiza temos umha inscriçom LUG ARQUIEN.

B.8.- +ALCABRIA (extinto, por Goo, Oíncio, Lugo)
Este topónimo teria derivado de *Alcabriga ou de *Arcabriga. Temos outro idêntico em Portugal, nom longe de Longroiva: 'Ordinamus nostros castellos id est Trancoso Moraria Longobria Naumam Uacinata Amindula Pena de Dono Alcabria' (PMH: 960):
'cautum de Uilla Saturnin et de Sala sicut antiquitus predictis reges cum regia uoce Deo et prefato monasterio dederunt, per suos terminos, quomodo incipit per deum uallati antiquum de Alcabria et uadit ad illos linares ueteres et idem per illam aquam usque ad montem de rege et inde per illum alceanum ad aream de Mauris et inde per montem Medariz ad Lacum de Ledania et inde tornat ad fontem de Regina et postea per penam usque ad pectum et inde ad (...) per uulturarium, deinceps ad auri(...) que diuidunt inter Saturnin et Sendin, deinde regreditur per ipsa aqua discurrente usque ad terminum de Alcabria' (CODOLGA: Santiago 1153)
'villam Sancti Saturnini, Villam de Saa, que sunt in Tria Castella, in ripa Minii, cum omnibus regalibus de [Biris] ad se pertinentibus, per hos terminos: per vallatum antiquum de Alcabria, et per linares ueteres, et per illum patronum qui diuidit inter Saa et Sanctam Mariam de Gua et Montem de Rege, et inde in directum per ipsum [veranum] ad aream de mauris et per montem Melariz, et ascendit ad montem ad locum Ledanie, et tornat ad fontem de regina que antiquo ita uocata est iuxta montem de Penna usque ad Petritum, et inde ad Rogitorium, et inde per Uusturariam et descendit ad collem montis, ubi stat patronus fixus qui diuidit inter Saturnin et Senym ........ villam Senym, et inde per illas Saleyras ad ........ et Saa ........ Alcabria et per ipsum uallum [exit] ad alium patronum unde incoauimus. Constitit' (CODOLGA: Santiago, 1228)
Note-se que, como nos máis destes topónimos situados no S da província de Lugo e na província de Ourense, o segundo elemento deriva do máis antigo *-brigā. Com respeito a primeiro elemento, de ser primário e nom umha evoluçom de *ark-, seria tal vez o PIE *hxók^is 'alce' (cf. Delamarre s.v. alco-; Oxford: 139).

B.9.- ARCABRIA ou ARTABRIA (antigo nome de Parada? Castrelo de Minho, Ourense)
Este topónimo é conhecido apenas polo testemunho dos Tombos de Sobrado, e A de Santiago, que recolhem senlhas variantes dum mesmo diploma do rei Ordonho II, do ano 922. Resulta ser o antigo nome polo que era conhecido o lugar de Parada, na freguesia de Ponte Castrelo, em Castrelo de Minho, Ourense:
'tam de illa parte Mineo quam de ista, per omnes suos terminos anticos et cum edificiis et uineis, salto, uel omni prestatione sua, et uocitant ipsam uillam Arcabriam et Parata, et fuerunt de Uizoi et Giluira.' (TA 922)
'tam de illa parte Minei quam de ista, per omnes suos terminos antiquos et cum omnibus edificiis, uel uineis, salto uel omni procuratione sua; et uocatur ipsa uilla Artabria et Parata et fuerunt de Uizoi et Geloire.' (Sobrado 922)
A cópia de Sobrado é provavelmente posterior, e inclue alguns elementos adicionais e estranhos como o emprego do ano do nascimento de Cristo para datar o documento. A minha impressom é que o topónimo original é Arcabria; nom penso que o escrivám pudesse ver-se atraído na sua cópia polos Artabros, pois careceria seguramente de acesso aos autores clássicos que falam deste povo. Em todo caso, de ser Arcábria é o mesmo topónimo que os anteriores, se é Artábria, é 'O Castro do Osso', ou algo similar (cf. PIE *h2rtkˆos 'osso, urso', donde antigo irlandês art, idem; Oxford: 138; IEW: 875).

B.10.- +ALOBRE (antigo castro em Vila Garcia)
Temos vários documentos medievais em referencia a umha igreja de Sam Cristobo de Alobre, ou mesmo a Alobre como nome alternativo da própria Santa Baia de Area Longa; Area Longa remete-nos ao velho areal de Vila-Garcia, desde Carril a perto de Vila Joám. O topónimo remete, de facto, aos restos arqueológicos hoje chamados 'Casto de Alobre' (Cf. Bouza-Brey 1957):
'et cum Sancta Eulalia de Arena Longa et Sancto Christoforo qui uocatur Alobre cum omnibus suis bonis, cum suo stario integro et combonas integras que sunt inter ambas ipsas ecclesias et intus in passales in toto circuitum de ipsas ecclesias, sicuti intrant in mare; et sunt ipsas eclessias cautate in toto giro per petras erectas et scriptas. et ecclesiam Sancti Uincentii de Ogrobre cum totis suis directuris et familia.' (CODOLGA: Santiago 912)
'et de Arauca medietatem de hea, cum sua ecclesia et cum suis salinis; Sanctam Eulaliam de Alobre que nuncupant Arenalonga, et Sanctum Christoforum cum bonis suis; Sanctum Uincencium de Ogobre cum suis terciis et cum omnibus' (CODOLGA: Santiago 912)
'sanctam Eulaliam de Arenalonga et sanctum Cristophorum quem nuncupant de Alobri' (CODOLGA: Santiago 1115)
O primeiro fragmento é extraordinário. Por umha banda revela que Area Longa estava na beira-mar; por outra, amossa que o couto estava formado por pedras ergueitas e 'escritas', com petroglifos ou marcas das que chamavam characteres na documentaçom medieval. Finalmente, é tamém a máis temperá cita da verba galega pré-latina comboa / camboa / gamboa 'Pesquera a la orilla del mar con estacada o paredilla de piedras, donde quedan cautivos los peces al bajar la marea.' (DdD: Elixio Rivas); 'La COMBOA está generalmente cercada con muro, vallado o seto y una puerta de madera, la cual se cierra en la pleamar para que en el reflujo queden allí los peces que hubieran penetrado. En la ensenada de Ferrazo, al sur de Villagarcía, hay un estero natural que se llama CAMBOA, y ha dado origen a coplas marineras; y en Vigo existe la calle de la Gamboa, que según Rodríguez Elías tamién se llama camboa, y a cuyo final estaba la puerta de la Gamboa, famosa porque en ella recibió cuatro balazos de las tropas napoleónicas el héroe gallego Cachamuíña, en el año 1809.' (DdD: Eladio Rodríguez), do céltico galaico *combonā, do celta *kambos 'torto, revirado, curvado' ou *kumbā 'val' (cf. Ward s.v.).
Sobre a etimologia do nome, *alo- pode por-se em relaçom co galés al 'descendência, gente, povo' (IEW: 1300), do PIE *hael- 'medrar, engendrar' (Oxford: 192). Assi, *Alobre seria 'O Castro do Povo', tendo um equivalente semántico no composto germánico Teutoburgo. Mais nom desboto outras possibilidades, como a raiz hidronímica *el-/*ol- 'fluir' apontada por Prósper (2002: 376), quem tamém aportava os topónimos, aparentemente idênticos, Alúbriga (Santa Engracia, Rioja) e Alovergium (Britania). Poderia ser tamém que Alobre seja umha grafia de **Allobre ou **Aliobre? Nesse último caso este seria o mesmo topónimo que a Aliobrix mencionada por Ptolomeu no ocidente da Ucránia (cf. Falileyev s.v. Aliobrixs), remetendo-nos, como já indicara Bouza-Brey, a um primeiro elemento *allo- ou *alyo- 'o outro, segundo': 'Castro ou Monte de alô?'. Cf. cos nossos topónimos Alemparte.

B.11.- ALGIVRE / O ALXIBRE (Rio Torto, Rio Torto, Lugo)
Nom tenho máis infomaçom deste lugar. Prósper (2002: 380) propom Algivre < *Alisi-brem, de *Alisi-bris ou *Alis-yo-bris 'Castro / Monte dos Amieiros', do PIE *haéliso- 'amieiro' (Oxford: 158).

B.12.- ANÇOVRE / ANZOBRE (92 hab.- Armentom, Arteijo, Crunha)
De Ançovre temos boa informaçom diacrónica. Etimologicamente, Prósper (2002: 376) fai-no vir dumha forma (nominativa) *Antyo-bris, cum primeiro elemento indo-europeu *h2enti- 'ante'. Mais o feito de coincidirem as duas citas máis antigas em formas que situam umha vocal entre o /n/ e o /t/, e presentar a terceira um hiato de vocais idênticas, com nasalidade em posiçom implosiva, aconselha ao meu entender a busca doutras possibilidades (pace Moralejo 2010: 474). Por exemplo Ançovre < Aançovre < *Ãaçovre < Anazobre < Anezobre < *An-et-yo-brigs, cum primeiro elemento formado pola partícula, de valor intensivo ou negativo, *an-, máis a preposiçom *eti 'além': Ançovre nom está longe dos confins entre as antigas terras de Faro e Bergantinhos, polo que o seu nome poderia fazer referência a esta condiçom fronteiriça entre grupos tribais. Por outra banda Delamarre e Ward reconstruem um elemento *anat- 'alento, alma' com certo rendimento onomástico em antropónimos e etnónimos (porém, cf. Falileyev s.v. anat-). Tampouco pode desbotar-se um tema indo-europeu como o que origina o latino anta (cf. Oxford: 224; IEW: 42).
'in uilla Bracantinos, uilla Anezoure quas emimus de fratres de Destriana' (CODOLGA: Sobrado 966)
'in Bragantinos, uilla Guntilani et uilla Anazobre. in Pistomarcos, uilla Lonio, uilla Uernimes, uilla Curugito et ecclesia sancti Christofori, quam dicunt Celis. ' (CODOLGA: Sobrado, 971)
'quarum videlicet nomina sunt: Veranio, Aancoure, monasterio Viones cum suis haereditatibus siue hominibus, Carris cum suis directis, medio de Castro et Limodre' (CODOLGA: Crunha 1122)
Nom sei se haverá quaisquer relaçom entre Ançovre < Anezobre < *Anetiobre e máis o monte dos Pirenéus Aneto.

B.13.- SAM PEDRO DE ANHOVRE / AÑOBRE (freguesia com 119 hab.- Vila de Cruzes, Pontevedra)
Pósper interpreta este topónimo como procedente 'posiblemente de Amno-bris (…) No se pueden escluir protoformas como *Ambyo-bris o *(p)anyo-bris' (Prósper 2002: 376). Mais, ao contrario que em castelám, em galego nunca os grupos consonánticos -mn- ou -nn- dam orige à nasal palatal [ɲ] (Moralejo 2010: 474). Porém, a documentaçom medieval fornece umha possibilidade ainda máis surpreendente: a forma antiga do topónimo poderia ser Arnovre, cum primeiro elemento hidronímico que achamos no rio italiano Arno -em Florença- ou no rio Arnego < *Arnaico?, que desauga no Ulha, ou do rio Arnóia, afluente do Minho.
'qui diuidet de Palacios cum ecclesia de Arnobre ab integro' (CODOLGA: Camanço 1122)
'quantam hereditatem cum plantatibus et omnibus aliis suis directuris ipsi habent et habere debent in Bendania de alende, que est versus Camancium, in filigresia sancti Petri de Arnoure, cum quanto dominio terre ipsi habent in illa hereditate, ita' (CODOLGA: Camanço 1273)
'Dominicus Dominici de Arnoure;' (CODOLGA: Camanço 1286)
O passo do grupo /rn/ à nasal palatal é inaudito, até o ponto de Moralejo (2010: 474) negar a identidade de Anhovre e Arnoure, mais esta identidade semelha inquestionável à vista do testemunho indicando a filigresia de sancti Petri de Arnoure (1273). Pode ser que o étimo for *Arn-yo-brigs?

B.14.- ANHOVRES / AÑOBRES (75 hab.- Moraime, Mugia, Crunha)
Aparentemente estamos ante um topónimo que provém do caso em nominativo, e para o que se pode sugerir o étimo *Anyobris, composto co primeiro elemento *ano- 'devanceiro' (IEW: 36-7), ou *āno- 'anel' (cf. Ward s.v.), ou *(p)ano- 'auga, lamaçal, esteiro' (cf. Matasovic s.v. *feno; Falileyev s.v. ano-).

B.15.- SANTA MARIA DE OMBRE (freguesia com 522 hab.- Pontedeume, Crunha)
Temos moita documentaçom referida a este topónimos, cuja forma primitiva era Anobre:
'et im Prucius, VIIIa de Sancta Maria de Anovre, cum omnibus aiunccionibus suis, intus et foris, cum quantum ad prestitum hominis est; et ibi in Anovre una servicialia, et media de villa de Grandal, cum omnibus suis directuris; et IIIIa de Villa Plana, integra, cum omnibus aiunctionibus suis; et nostra porcione integra de Sancto Iohanne de Caliovre;' (CODOLGA: Caaveiro 1114)
'et illas duas partes de Sancta Maria de Anovre, et cum VIIIa de Sancto Iuliano de Mugardos, et cum meo quinione de Sancta Marina de Tabulata.' (CODOLGA: Caaveiro 1117)
'in terra Prucius, in valle de Nugeyroa, de ecclesia Sancte Marie de Anovre' (CODOLGA: Caaveiro 1138)
'territorio Prucius in cauto de Nogueirosa, scilicet, longo usque dum hereditate de Anobre' (CODOLGA: Carvoeiro 1151)
'Luba Menendiz de Anovre, do et offero et concedo et testamentum facio omnipotenti Deo et monasterium Sancti Iohannis de Kalavario et canonicis eiusdem loci, hereditatem meam quam habeo et habere debeo de abiorum et parentorum meorum, sive de ganancia quomodo de comparatione; et est nominata in villa que vocitant Ouvre de Radreiro, et est una servicialia integra cum tota sua directura, intus et foris, cum quantum ad prestitum hominis est, per ubicumque eam melius potuerint invenire; et iacet in terra Prucii, in cautum de Nugeirosa, discuarente ad Sancta Maria de Oovre.' (CODOLGA: Caaveiro 1221)
'nostra porcione integra de ecclesia Sancte Marie de Oovre' (CODOLGA: Caaveiro, 1236)
'Et outrosy en este día miismo veemos a Sancta María d-Oovre et achámoslle tanta herdade que lle fora dada per homes boos per que se podía dar et pagar esta renda que le fora posta per ella' (Caaveiro, 1240)
A evoluçom fonética nom é complexa (cf. Moralejo 2007: 176):
Anobre >
>
Anovre (leniçom de /b/ > /β/) >
>
Ãobre (perda de /n/ intervocálico com nasalizaçom da consoante precedente) >
>
Õovre (assimilaçom de vocais em hiato) >
> *
Õvre (crase de vocais idênticas) >
>
Ombre (desnasalizaçom da vocal, com regeneraçom de nasal em posiçom implosiva. Este fenómeno é típico do ocidente da Galiza).
Ombre é o máis comum deste tipo de topónimos derivados de compostos rematados em *-brigs, o que indica que o seu significado devia ser comum para a civilizaçom dos habitantes dos castros da Galiza. Etimologicamente, procede dum composto cum primeiro elemento ano-, pode que de *āno- 'anel' ou de *(p)ano- 'lamaçal, esteiro'.

B.16.- OMBRE (9 hab.- Pastor, Pinho, Crunha)
Mencionado num documento do século X:
'in ripa Nantone iuxta castrum Zamarone, monasterium sancte Marie Mosoncio cum omni debito suo, uilla Cardario. in ualle Bauegio, uilla Anobre cum adiacentiis suis, uilla Oseui cum adiacentiis suis, prope Sanctum Iacobum, monasterium de Ranneta cum totum suum debitum in omni giro.' (CODOLGA: Sobrado 971)

B.17.- OMBRE (78 hab.- Almeiras, Culheredo, Crunha)
B.18.- OMBRE (207 hab.- Vila Nova, Minho, Crunha)
B.19.- OMBRE (27 hab.- Viceso, Briom, Crunha)
Coa mesma orige que os anteriores.

B.20.- A HORTA DE OMBRE (Minhortos, Porto d'Oçom, Crunha)
Junto ao lugar do castelo, perto da igreja paroquial de Minhortos, o que semelha ser um velho castro que vejo no SIGPAC que está a ser comesto por novas vivendas uni-familiares. Guardo-me os qualificativos e pergunto-me onde é que se fam as catas arqueológicas. Ombre < Anobre, antigo nome de Minhortos?

B.21.- +ANOBRE (extinto, por San Vicente de Vilouchada, Traço)
Temos algumha documentaçom medieval referida a este topónimo hoje extinto:
'uilla uidelicet nuncupata Anobre cum omni sua prestantia, que est in territorio Montanos, iuxta ecclesiam sancti Uincentii, ripa Tamaris.' (CODOLGA: Sobrado 1023)
'et tempore sit ipsa uilla de Anobre (…) hec est notitia uel inuentario de uillis de Anobre. id sunt: uillas de Froila Ermigildis et de sua muliere, quas fuerunt de ipso Ermegildo et domna Toda, integra Anobre et Attanidi per suos terminos antiquos.' (CODOLGA: Sobrado 1027)
Com el som seis ou sete os topónimos galegos com idêntica etimologia, os mais deles a nom mais dum quilómetro da costa ou na beira do rio Tambre. Tamém existe em Condeixa-a-Nova, Coimbra, Portugal, um lugar de nome Anobra, que pudesse ser o equivalente desta serie toponímica desde a forma *Anobriga > *Anobria > Anobra, com preservaçom moçárabe de /n/ intervocálico.

B.22.- +AVILIOBRIS (topónimo antigo, pola Costa da Morte)
Conhecemos este lugar por umha inscriçom latina cumha saúda a Júpiter polo próprio castro:
I(OVI) O(PTIMO) M(AXIMO) / |(CASTELLUM) AV/ILIOB/RIS PR(O) S(ALUTE) (Cores; HEp-04, 00344 )
O primeiro elemento do composto é provavelmente o céltico *awelā- 'vento' (Curchin 2008: 117; Falileyev s.v. Aviliobris), do PIE *awe- 'soprar' (IEW: 81-4). Teríamos um topónimo similar aos actuais Ventoso ou Pena Ventosa.

B.23.- +AOBRIGĀ* / AVOBRIGĀ* (topónimo antigo; nom localizado)
Documentado no padrão dos povos de Chaves (CIL II 2477) como AOBRIGENSES. O primeiro elemento deve ser ao- < *awo-, remetendo-nos ao mesmo ou similar topónimo que AVOBRIGENSE (in CIL II, 4247; Cf. Curchin: 117). Logo, 'Castro do Rio', se de *awo- 'afastar-se' (Falileyev s.v. *au-, *auo- 'moving away'), sem desbotar outras possibilidades, como *aw-yo- 'proteger' (Matasovic s.v.).

B.24.- +AZOBRE (extinto, por Culheredo, Crunha)
Topónimo extinto que conhecemos polo seguinte testemunho, que o situa por Culheredo:
'in terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et ecclesia sancta Maria, et uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla Basobre, uilla de Azobre.' (CODOLGA: Sobrado c. 1001)
De *Āk-yo-bris 'Castro-do-pico' ou 'Castro-agudo'? (cf. Ward s.v. āKUS).

B.25.- BAIOBRE (58 hab.- Brançá, Arçua; e Besenho, Touro, Crunha)
De *Bad-yo-bris 'Castro Dourado' (PIE *badyos 'amarelo, pardo', Oxford: 334) ou de *Bāg-yo-bris 'Castro das faias' (PIE *bhehaĝós 'faia', Oxford: 112), ou de *Bāg-yo-bris 'Castro da Loita' (PIE *bhegh-, IEW: 115 e Falileyev s.v. bagos-). Cf. Irlandês antigo bāg 'combate', buide 'dourado'. Desconheço se terá quaisquer relaçom com outros topónimos galegos como Baiom.

B.26.- BANHOVRE / BAÑOVRE (8 hab.- Lavrada, Guitiriz, Lugo).
B.27.- A Ponte de BANHOVRE / BAÑOBRE (ponte, Ferreira, Sam Sadurninho, Crunha)
B.28.- BANHOVRE / BAÑOBRE (272 hab.- Santa Maria de Castro, Minho, Crunha)
Prósper (2002: p. 377) pensa vir este topónimo, 'sin duda', de *Bannobris 'Castro do Monte' (de *bando- 'pico, cúmio', cf. Matasovic s.v., Delamarre s.v. banno-), sem reparar em que em galego nunca o grupo -nn- da umha nasal palatal (cf. Moralejo 2010: 474); na nossa língua as nasais palatais procedem em geral dum grupo de n mais iode [ny] (Espanha < latim HISPANIAM), ou dum [i] ou [e] em hiato (minha < mia < latim MEAM; dialectal senha 'seja' < seea, do latim sedere). Um étimo como *Bannobri teria dado **Banovre em galego. Nom obstante, umha forma *Bann-yo-brixs coa mesma etimologia, si poderia ter levado ao resultado actual. Outra possível etimologia: de *Bānyobrixs, 'Castro-branco'. Cf. antigo irlandês bān 'branco' (Matasovic s.v. bāno-), de PIE *bhā- 'brilhar' (IEW: 104-5), veja-se máis adiante Vendabre, e repare-se nos topónimos Vilalva, Casa Branca... Nom me convence a proposta de Moralejo (2010: 474), que parte de *Blaniobris com dissimilaçom de líquidas/vibrantes, por quanto a própria leitura BLANIOBRENSIS é debatida: Hispania Epigráfica prima a leitura ELANIOBRENSIS.
Só acho duas citas antigas (na segunda coido que já o é grafia dumha nasal palatal ):
'et est ipsa hereditate in villa que vocitant Baniovre, territorio Prucii' (CODOLGA: Caaveiro 1143)
'Vermudo in Villar et in Nogueirosa et in Banobre et do ibi habere meum' (CODOLGA: Pontedeume 1151)

B.29.- BARALHOVRE / BARALLOBRE (18 hab.- Bravio, Betanços, Crunha)
B.30.- BARALHOVRE / BARALLOBRE (8 hab.- Carvalho, Friol, Lugo)
B.31.- Santiago de BARALHOVRE / BARALLOBRE (freguesia com 1859 hab.- Fene, Crunha)
Este último dispom de boa documentaçom medieval:
'in ecclesia Sancti Iacobi de Baralouvre' (CODOLGA: Caaveiro 1107)
'Froyla presbiter ecclesie sancti Iacobi de Baraliobre confirmo. Froyla presbiter ecclesie sancti Mametis de Laragia confirmo. Iohannes presbiter ecclesie sancte Marine de Seliobre confirmo. Ordonius presbiter ecclesie sancti Saluatoris de Seliobre confirmo.' (Historia Compostelana 1110)
'et est ipsa hereditate in terra de Bisaquis, secus flumen Iubia, sub aula Sancti Iacobi de Baralovre' (CODOLGA: Caaveiro 1115)
'in terra Bisauquis de aecclesia sancti Stephani de Herenes, de medietate aecclesia ipsius quinta, et alia medietate sexta, similiter et laycali hereditate. de aeclesia sancti Jacobi de Francia quarta integra. de aecclesia sancti Jacobi de Barallobre porcionem nostram totam.' (CODOLGA: Júvia 1125)
'porcionem eclesie sancti Martini de Aares et meam porccionem de Varaloure' (CODOLGA: Júvia 1125)
'et de ecclesia Sancti Iacobi de Baralovre et de ecclesia Sancti Salvatoris de Maninos nostras ibi damus integras portiones' (CODOLGA: Caaveiro 1133)
'secus flumen Iubie, discurrente ad aulam Sancti Iacobi de Baralovre' (CODOLGA: Caaveiro 1157)
Provavelmente da palavra baralha, de orige desconhecida, que nas fontes medievais vem significar 'assemblea, reuniom, juízo, debate, parlamento, discurso, discussom, peleja, tumulto'. Nom acredito na possibilidade de proceder do moi tardio varal 'vara', nom usado antes do século XV, de onde poderíamos tirar um interessante 'Castro da Paliçada' ou similar. Porém, suspeito e imagino que estes castros seriam lugares principais, onde as gentes de castros vizinhos viriam a se reunir para a toma de decisons de natureza jurídica. De aí, *Baraliobrigs (nom.) > Baralhovre (ac.) = 'Castro do Parlamento'. No post 'Baralhovre', de Frornarea, estudei mais a fundo, com maior ou menor fortuna, este topónimo junto coa palavra baralhar.

B.32.- +BASOBRE (extinto, por Culheredo, Crunha)
'in terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et ecclesia sancta Maria, et uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla Basobre, uilla de Azobre' (Sobrado s.d., antes do s. XII)
O primeiro elemento do mesmo pode talvez proceder do proto-celtico *banssu- 'pacto, tradiçom, costume' (Matasovic s.v. *banssu-), que teria evoluído em galego até *basso-. Semanticamente, 'Castro do Pacto'. Menos provavelmente do mesmo IE *bed-to- que da orige ao latino bassus 'grosso, fértil' (IEW: 96).
Hai um par de topónimos de aparência pré-latina que amossam nomes similares: Basonhas (Porto do Som), e Basadre (freguesia em Agolada) co seu diminutivo Basadroa < *Basadrola. Consequentemente, nom acho necessário recorrer ao antropónimo latino Bassus para explicar o primeiro elemento deste topónimo (cf. Moralejo 2010: 475).

B.33.- BEDROVE / BEDROBE (129 hab.- Cavaleiros, Tordoia, Crunha)
A única forma antiga que conheço, Bredovre, permite reconstruir um étimo *Brito-brigs 'Castro do Juízo', do proto-céltico *briti- 'juízo' (literalmente 'levada', do PIE *bher- 'levar': galo vergobreto 'máximo magistrado, entre as civitas dos Aeduos', irlandês brith 'juízo'; IEW: 128-132; Matasovic s.v. *briti-), que teria evoluído no actual Bedrove por dissimilaçom de vibrantes:
'et Johan Afonso et Afonso Rodriges moradores en Bredovre' (TMILG: Santiago 1385)
Moitos dos topónimos rematados em -rove procedem de formas que têm sofrido perda dumha vibrante por dissimilaçom (cf. Prósper 2002: 375, que confunde castelám e galego) : Bedrove < Bredovre, Castrove < *Castrobri, Cortove < *Cortobri, Landrove < *Landrobri, Lestrove < *Lestrobri, Montrove < *Montrobre, Ogrove < Ogrovre...

B.34.- Sam Miguel de BIOBRA (83 hab.- Ruviá, Ourense)
Nom conheço documentaçom antiga deste topónimo. O segundo termo deve proceder com seguridade da forma, comum no sudeste da Galiza, -brigā > -bria > -bra. Para o primeiro elemento temos um importante número de candidatos: *bedo- 'cal, cárcova' (cf. Matasovic s.v.; Delamarre s.v.), *widu- 'bosque' (IEW: 1177), ou incluso *biwo- 'vivo' (IEW: 467-9; Matasovic s.v.). Eis a importáncia de contar com boa informaçom diacrónica à hora de interpretar um topónimo.

B.35.- Sam Joám de CALHOVRE / CALLOBRE (freguesia com 225 hab.- Minho, Crunha)
Som ao menos quatro as freguesias e lugares chamados Calhovre / Callobre, cum primeiro elemento que Prósper (2002: 377) considera é o mesmo pressente na verba calhau, que o dicionário galego de Rodíguez define 'Pedazo grande de piedra ó piedra bastante grande pero que se pueda mover facilmente y aun arrojar. En portugues se pronuncia igualmente.' (DdD: Rodríguez 1855). Supostamente, do céltico *kaliawo, do PIE *kal- 'duro' (IEW: 523-24), ainda que eu nom desbotaria umha possível relaçom co termo céltico *kallī- 'bosque' (Matasovic s.v.), do que poderia se originar o nosso étnico 'Galegos < Callaicos' e indirectamente mesmo o nome do país, Galiza. No primeiro dos casos, deve ter relaçom co topónimo antigo Caladunum, na Gallaecia Bracarense. Moralejo (2010: 476) indica tamém, entre outras possibilidades, o proto-céltico *kalyo- 'spot' (pinta).
Para este freguesia do concelho de Minho conheço ao menos estas citas medievais. Repare-se na inesperada grafia Cayovre no documento de Vilar de Donas, que parece indicar que o notário da Ulhoa sentiu algo estranho:
'sub aula Sancti Ioannis de Callobre medio de uno cassale, sub aula Sancti Georgii de Torres tres cassales, uno medio, alio integre et alio mediato' (CODOLGA: Monfero, 1088)
'et im Prucius (…) et nostra porcione integra de Sancto Iohanne de Caliovre;' (CODOLGA: Caaveiro 1114)
'Domingo Eanes de Cayoure e morador en Betanços' (TMILG: Vilar de Donas 1339)
'Dada et outorgada enna nosa Granna de sante Ysidino da fiiglesia de Seoane de Calobre seys dias do mes de março anno Domini milesimo quatuorcentesimo bicesimo tercio.' (TMILG: Mondonhedo 1423)
É um topónimo frequente, do que presumo um significado comum para a cultura dos nossos devanceiros; pode que equivalente a 'Vilar do Mato'. Tém um provável cognato em -brigā na antiga sede episcopal de Caliabria, no norte da Lusitánia.
A vila de Caiom na Laracha era na idade média Calion.

B.36.- CALHOVRE / CALLOBRE (107 hab.- Cuinha, Oça dos Rios, Crunha)
Temos algumha documentaçom medieval referente a este lugar de Oça dos Rios:
'in Nemitos Generozo, Uiuenti, Caliobre, Uendabre, Pontelia, Teoderici, Heletes cognomento Limenioni, Crendes, uillare Porcimilio' (CODOLGA: Sobrado 887)
'et alias archas et decorias que diuident inter Lemenioni et ipsas Parietes et Caliobre. et concludent per fontem bonam in directo usque ad ipsam archam quem primiter inceperunt inter Codais et Parietes.' (CODOLGA: Sobrado 942)
'in Dei nomine. ego Iohannes Calioure, filius Martini Ouequit et Guntrode Froyle de Calioure, uobis fratribus Sancte Marie Superaddi dono per cartam donationis et testationis omnem hereditatem patris et matris me, quam habeo in Calioure intus et foris cum omnibus pertinentiis suis, quantum pertinet ad uocem patris et matris mee, quia ego solus remansi ex omnibus filiis eius et totam hereditatem quam habeo ex parte patris mei in Parrega in uilla que uocatur Osendi de Sancta Cruce.' (CODOLGA: Sobrado 1204)

B.37.- SAM MARTINHO DE CALHOVRE /CALLOBRE (482 hab.- Estrada, Ponte Vedra)
B.38.- CALHOVRE / CALLOBRE (sd.- Céltigos, Ortigueira, Crunha)
B.39.- Monte CALLOBRE (cultivo, Magalofes, Fene, Crunha)
B.40.- O CALLOBRE (arboredo, Briom, Briom, Crunha)
B.41.- Rua de CALLOBRE (extinto, Santiago de Compostela)
Idênticos aos anteriores. Monte Callobre em Fene, e O Callobre em Briom, som lugares nom habitados. A Rúa de Callobre de Santiago é a moderna Rua da Caldeiraria (Rúa da Calderería).

B.42.- +CALUBRIGA* (extinto, por Valdeorras, Ourense)
Conhecemos este(s) topónimo(s) por duas inscriçons latinas, umha achada em Valdeorras e a outra em Celorico de Basto, em Portugal. Pola primeira delas sabemos que este lugar (ou um deste lugares) pertencia aos Gigurros, de cujo nome vem o actual Valdeorras ( < Valle d'Orras < Valle d'Orres < Valle de Iorres < Valle de Gigurris):
L(UCIO) POMPEIO L(UCI) F(ILIO) / POM(PTINA) REBURRO FABRO / GIGURRO CALUBRIGEN(SI) / PROBATO IN COH(ORTE) VIII PR(AETORIA) / BENEFICIARIO TRIBUNI / TESSERARIO IN |(CENTURIA) / OPTIONI IN |(CENTURIA) / SIGNIFERO IN |(CENTURIA) / FISCI CURATORI / CORN(ICULARIO) TRIB(UNI) / EVOC(ATO) AUG(USTI) / L(UCIUS)FLAVIUS FLACCINUS / H(ERES) EX T(ESTAMENTO) (Cigarrosa; HEp-02, 00583)
ARTIFICES / CALUBRIGENS/ES ET ABIANIEN(SES) / F(ACIENDUM) C(URAVERUNT) (Refojos de Basto; HEp-10, 00717)
O segundo elemento é -brigā, o esperável na zona; o primeiro poderia ser o já visto PIE *kal- 'duro' (IEW: 523-24).

B.43.- CANÇOVRE / CANZOBRE (60 hab.- Morás, Arteijo, Crunha)
Prósper (2002: 377), por desconhecimento da seguinte informaçom diacrónica, interpreta a primeira parte deste topónimo como a preposiçom *kmti- 'com'. Nom obstante, dada a seguinte história evolutiva, Cançovre < Caançovre < Caranzobre, o étimo deste topónimo deve ser a forma céltica *Carantiobrigs, de *kar-ant- 'amigo' (IEW: 515; Matasovic s.v. *karant-). No seguinte, o lugar de Begoa é Brégua, em Culheredo, limítrofe com Cançovre:
'Jtem en Caançoure media de hũa seruiçaya et en Begoa meadade doutra' (TMILG: Santiago 1390)
'Yten, outro tarreo da pereyra d'Eldara Peres que se departe do tarreo de Pedro Fernandes e ten fondo do tarreo de Joaquin de Caranzobre (…) Yten, o tarreo da pedra d'Eldara Peres que fas cabo do tarreo de Maria de Ben e do tarreo de Juan de Caranzobre' (TMILG: Crunha 1399)
A evoluçom com perda de r intervocálico é mui similar à que se produz na evoluçom de Braga < Bragaa < Bracara, com dissimilaçom entre vibrantes. Hai outros topónimo similares na Galiza para os que nom se da esta perda de r, por quanto nom tem contexto para a dissimilaçom,:
Carantonha / Carantoña (87 hab.- Lousame, Crunha) < 'ennas villas de Chave et Carantono, et en toda a frigresia de San Pedro de Tallares' (TMILG: Noia 1342) < 'hereditate nostra propria quam habemus de suscepcione auorum nostrorum et jacet in loco nominato Beesar et sunt margines tres sub aula Sancti Petri in uilla Carantonio' (Tumbo de Tojos Outos 1151)
Carantonha / Carantoña (21 hab.- Porto do Som, Crunha)
Sam Martinho de Carantonha / Carantoña (720 hab.- Vimianço, Crunha)
Sam Juliám de Carantonha / Carantoña (166 hab.- Minho, Crunha) < 'in villa nuncupata Sala, concurrencia ad ecclesiam Sancti Iuliani de Carantonia' (CODOLGA: Caaveiro 1154)
Carantos (54 hab.- Coristanco, Crunha)
Resumidamente, Cançovre deve ser 'Castro Amado', ou 'Castro Bo', ou 'Castro dos Amigos'. Som moitos os topónimos franceses de similar étimo: Carantec, Carentan, Charenton... E máis o antigo Carantomagus (Falileyev s.v.).

B.44.- +CANIBRI
B.44bis.- +CANOBRI
Senlhos topónimos registados no Ravennate, Canobri na beira-mar, polo atual norte de Portugal, Canibri tamén na costa, mais bem passada Brigantium, pode que nas Marinhas de Lugo ou já nas Astúrias. Ambos compartem o primeiro elemento, do celta *can- 'cana' (Curchin 2008: 119), ou melhor, penso, do proto-céltico *kani- 'bom, fermoso' (Matasovic s.v.).

B.45.- CASTROVE (monte, perto de Ponte Vedra)
Monte duns 600 metros que delimita a ria de Pontevedra ao norte e defende o val do Salnês. É bem visível tamém desde o mar de Arousa. Ainda que foneticamente semelha ser um híbrido latino-céltico, *Castrobre, a informaçom diacrónica nem o confirma nem o desminte, sendo contodo a forma máis antiga conhecida Castovre. Prósper (2002: 334 e 376) sugere relaçom cum proto-indo-europeu *kns-to- > *kansto- > *kasto- 'notorio, destacado', de onde latim censeō 'valorar, estimar', presente na antroponímia celta da Gália no nome Casticus; o monte é visível desde dúzias de quilómetros à redonda. Nom obstante, Mallory e Adams (Oxford: 356), incidindo na semántica do PIE *kˆe(n)s-, sinalam que esta está máis próxima do campo das solenidades judiciais e cultuais, que do relevo físico:
'in territorio salinensis ad radicem alpe Castovre' (CODOLGA: Santiago 1025)
'et est in territorio salinensis ad radicem alpe Castovre' (CODOLGA: Santiago s. XI)
'illud monasterio de Sancta Maria de Armentaria et Guandiis et Castrum malum, ex illa Arinada del Conde usque ad Genguvi et de Pines usque ad Castrum Sancti Cipriani et de illud Portum de Barrantes usque ad illud portum de Serem et ex inde usque ad illam fontem de Castrove.' (CODOLGA: Armenteira 1151)
'cacumen montis de Custodiis et inde per cacumen montis de Castroue et inde quomodo ferit per saltum de Olidi, et inde per montem de Bazar, et inde per Sanctum Iohannem de Ramo, et inde quomodo diuidit de terra de illa Fraga, et inde quomodo intercluditur per flumen Lerce et ferit ibi.' (CODOLGA: TA 1169)

B.46.- SAM SALVADOR DE CECEVRE / CECEBRE (freguesia com 1322 hab.- Cambre, Crunha)
A sua primeira mençom é Zercebre, o que nos remete a um étimo que poderia estar relacionado co vento Cérceo < latim CERCIUM (verba de orige gala ou hispana), e máis co latim CIRCULUM, do PIE *(s)ker- 'virar, dobrar' (IEW: 935-938), raiz que da orige a numerosas palavras celtas. Poderíamos estar ante um 'Castro / Monte do Curro', em referência as próprias fortificaçons, cercas, do castro. Embora, Moralejo (2010: 476) considera a leitura Zercebre espúria, assumindo consequentemente um étimo baseado num primeiro elemento *keke/io- vel sim:
'in Nemitos, eclesia Sancti Saluatoris et uilla Zercebre quod michi concessit plus pater domnus Sauaricus episcopus' (CODOLGA: Celanova 942)
'in ualle Nemitos, uilla de Adois cum adiacentiis suis, uillar Spelunce, uilla Barbeito, uilla Uarzena cum adiunctionibus suis, uilla Melangos cum adiunctionibus suis, uilla Illobre cum pumaribus de Ponteliar, uilla Calambre cum adiacentiis suis et cum sua creatione, uilla Zezebri.' (CODOLGA: Sobrado 971)
'Spelunca, uillare Riquilani, uillare de domno Suario, Pontelias, ecclesia de Calambre cum adiacentiis suis, uilla Odroci, uilla Prauio, uilla Cicebre, uilla de Noz, uilla de Oix cum adiacenciis suis. in terra de Faro, Sancta Eolalia de Cariolo et ecclesia sancta Maria, et uilla de Orrio, et ecclesia de Ozia, uilla Basobre, uilla de Azobre.' (CODOLGA: Sobrado 1001c)
'et mediam ecclesiam de Sarantes et uilla de Ceceure' (CODOLGA: Sobrado 1165)
A perda de r no grupo -rc- nom é frequente, mais neste contexto, -rce- é foneticamente equivalente a -rs-, que evolue regularmente em -ss-: ursum > osso, Santum Thirsum > Santisso, persicum > pêssego > pêxego. Tamém Somoça < Submontia. Por último, conhecemos por umha inscriçom de Ourense um topónimo similar, LARI CIRCEIEBAECO PROENEITAEGO (Prósper 2002: 364); a dedicaçom ao Lar de Circeieb- sugere a existência dum topónimo *krikyobris ou *kerkyobris.

B.47.- CEÇOVRE / CEZOBRE (s.d.- Borrajeiros, Agolada, Pontevedra)
'Item mando a o moesteyro de San Andre d'Orrea o meu cassal de Çezobre que he meu.' (TMILG : Osseira 1335)
Poderia ter a mesma orige que o anterior topónimo, ou ser máis bem a evoluçom dumha Caitiobris – idêntica ao étimo de Setúbal, em Portugal, que Ptolomeo recolhia como Καιτοβριξ (Prósper 2002: 359). Provavelmente de *kayto- 'bosque' (Matasovic s.v.) com latinizaçom do ditongo /aj/ em /ae/, e posterior monotongaçom. Para Setúbal, em Portugal: Caetobriga > *Cetobria > *Cetobra e, com interferência da língua árabe, Setúbal.

B.48.- CILHOVRE / CILLOBRE (70 hab.- Sésamo, Culheredo, Crunha)
B.49.- CILHOVRE / CILLOBRE (39 hab.- Cornado, Touro, Crunha)
B.50.- As Torres de CILLOVRE / CILLOBRE (53 hab. - Torás, Laracha, Crunha)
Um possível étimo para estes topónimos pode ser *Kail-yo-brigs 'Castro-auspicioso' > *Cēliobre > *Cėliobre > *Ciliobre, com feche da vogal átona por inflexom por iode (Ferreiro: 50). O tema *kaylo- 'augúrio' (Matasovic s.v.) tem boa presença nas línguas indo-europeas, especialmente nas línguas célticas (IEW: 520):
galês coel 'pressagio', antigo bretom coel 'adivinho', antigo irlandês. cēl 'augúrio'.
Gótico hails, antigo alto alemám heil 'íntegro, saudável' (e 'Saúde!')
Outras opçons som *Kēl-yo-brigs ou *Kil-yo-brigs 'Castro-companheiro' (antigo irlandês ceile, galês cilydd < *keil-iyo-s 'companheiro', IEW: 539-40, Matasovic s.v. *kēlyo-). Ou mesmo *Koyl-yo-brigs 'Castro-Magro', de *koylo- (Matasovic s.v.) 'estreito, magro, delgado', idêntico ao nome autóctone de Castromao (Celanova), Κοιλιοβριγα (Prósper 2002: 359), capital dos Coilernos. Assi que se nom é um 'Castro Bo', será um 'Castro Pequeno', ou um 'Castro dos Companheiros'.

B.51.- +COILIOBRIGA (Castromau, Celanova, Ourense).
Topónimo citado por Ptolomeu (Κοιλιοβριγα) como principal cidade dos coelernos, tem sido identificado co castro de Castromao, em Celanova; é topónimo em -brigā, como é comum entre os nomes de lugar da Gallaecia Bracarense e máis da Asturicense. O seu primeiro elemento deve ser o céltico *koylo- 'magro, delgado' (IEW: 610), senom é *kaylo- 'augurio' (IEW: 520), que origina algumhas palavras celtas como galês coel 'pressagio', antigo bretom coel 'adivinho', antigo irlandês. cēl 'augúrio'.

B.52.- CIOVRE / CIOBRE (s.d.- Val, Narom, Crunha)
A informaçom que temos deste lugar é serôdia, sendo praticamente impossível ter certeza da consonante perdida entre i e o. Poderia ser /l/ ou /b/, /d/, /g/ ou /v/, ou pode que /n/.
'hereditatem de Ciobre quae est in terra Trasanquis' (CODOLGA: Júvia 1162)
'hereditas de uilla Cornelli diuiditur per ubi se diuidet de Ciobre et quomodo se diuidit de ualle Malo et inde per Grandalem et inde ad Lamam Molinum.' (CODOLGA: Sobrado 1173)
'in Trasanquos. et de monasterio de Narahon et de laycali quam de aecclesiastica totum meum directum. in sancti Mamete de Atenos portione meo integro et in uilla de Cioure meo portio integro, et in rrio Malo portio mea. et in terra de Ortigaria totas meas hereditates' (CODOLGA: Júvia 1188)
Tam só como possibilidade: de *kiwo- 'brétema, nevoeiro' (Matasovic s.v.) Note-se a interessante entrada que Moralejo (2010: 476) dedica a este topónimo.

B.53.- COEVRE / COEBRE (16 hab.- Loureda, Cessuras, Crunha)
Pace Moralejo (2010: 476), moi provavelmente era Colobre em 935:
'uillas que uocitant Coua [Vilacova, Avegondo] cum adiacentiis suis, Uilores [Viós, Avegondo], Colobre, Preseto [Presedo, Avegondo]' (CODOLGA: Sobrado 935)
Certamente, Viós e Presedo som freguesias próximas a Vilacova, como o é a freguesia de Loureda, em Cessures, à que pertence Coevre. Suponho umha historia evolutiva mediada por um episódio de dissimilaçom: Colobre > *Colovre > *Coovre > Coevre. Tal vez de *Kwolobris, do Pie *kwolo- 'roda, volta' (IEW: 639-40; Matasovic s.v. kwolu-), que da o antigo irlandês cul 'carro, vagom' < *kwolō, būachail 'vaqueiro' ( 'torna-vacas' < PIE *gwou-kwolos, cf. Oxford: 283). Teríamos assi um possível 'Castro / Outeiro da Reviravolta / Curral'.

B.53bis.- O COBRE (bosque, em Ames, Ames, Crunha)
Poderia ou nom ter as mesma orige que o anterior.

B.54.- Santo Adrám de COVRES / COBRES (1446 hab.- Vilaboa, Pontevedra)
B.55.- Santa Cristina de COVRES / COBRES (1183 hab.- Vilaboa, Pontevedra)
Recebiam o nome de o Coobre ou os Coobres, e nalgures lim tamém Coovre, na documentaçom galega medieval, o que leva a considera estes topónimos como derivados dum antigo *Colobres, coa mesma orige etimológica que Coevre. Sem desbotar um possível Canobris (ver máis arriba) > *Caovres > Coovres .
'aforo et dou em aforamento a vos Gonçalvo do Coobre, morador na fiigresia de Santo Andre de Figerido (...) o dito Gonçalvo do Coobre (…) Et eu o dito Gonçalvo do Coobre' (Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1433)
'Testemoyas que foron presentes, Juan Rodrigues de Verdusedo, escudeiro, et Lourenço dos Coobres, mareantes' (Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1435)
'Lourenço dos Coobres, mareante.' (Copus Xelmirez: Minutario Pontevedra, 1437)

B.56. +COOZOVRE (extinto, perto de Sam Miguel de Raris, Teo, Crunha)
'ecclesie sci. Michaelis de Raariz (...) predicte ecclesie de Raariz hereditatem quam habeo in casali de Coozoure' (CODOLGA: Santiago 1269)
As vocais idênticas em hiato revelam a perda segura dumha consonante, provavelmente /l/ ou /n/, sem descartar /d/, /b/ ou /v/. Umha possibilidade razoável é fazer vir este topónimos dum hipotético *Konet-yo-brig-s: *Conetiobri > *Coneçobre > *Cõeçovre > Cõõçovre (assimilaçom), que teria rematado num *Conçovre / *Coçovre / *Cosovre. Similar resultado teríamos partindo de *Kolet-yo-brig-s ou similar.

B.57.- CORTOVE / CORTOBE (51 hab.- Burres, Arçua, Crunha)
De *Korto-brigs (Prósper 2002: 374; Falileyev s.v. corto-), cum primeiro elemento *korto- que poderia ou nom estar tamém no celtibérico KorToniKum (que penso representa um elemento *gorto-, cognato do latin hortus, germánico gard- 'recinto'). A perda do /r/ teria-se dado por dissimilaçom: *Cortobre > Cortobe.
Ou de *Koret-o-brigs, relacionado com *koretyos 'pedrafita, menir' (Ward s.v. corets).

Comentarios

  1. Hola, Cossue, muy interesante esto de las -brigas. Me encuentro muy liado y trataré de leerlo con más atención y ...tiempo.

    Abobriga y Avobriga son bien distintas.

    Abobriga creo que ya ha sido identificada como lo que hoy llaman: "Santa Trega" (no Tegra) y la con "uve" (Avobriga) es posible lo sea la Citania de Briteiros a la orilla del "Ave".

    Un saludo amigo Cossue y adelantandome un poco te deseo unas felices fiestas de Navidad en compañía de los tuyos.

    Un saludo

    ResponderEliminar
  2. y dentro de las -brigas te falta: Berobriga (Castro de Donón, Cangas do Morrazo). Donde un Santuario y aras dedicadas al Dios de Berobriga y también al Dios Lar de Berobriga.

    Perdón...ya paro, ya paro.

    Abo.

    ResponderEliminar
  3. Boas Cossue...os meus parabéns mási sentidos polo exhaustivo traballo de recopilación das terminacións en -obre e a súa documentada análese interpretativa.


    Seguramente coñeces o estudio pra os mesmos de Luis MOnteagudo no Anuario Brigantino de 1996, dentro dun amplísimo e fermoso estudo sobor dos "outeiros" e outros aspectos da sacralidade da Callaecia.

    Como fose o caso de non me parecer miralo entre a documentada bibliografía que citas, e polo que teño o atrevemento de che acercar a url onde poderás ler o PDF, valaí vai:
    http://anuariobrigantino.betanzos.net/Ab1996PDF/1996%20011_118.pdf

    No número 22 de dita revista, ano de 1999, aporta un interesante estudio de toponimia sobre os nomes rematados en -es, que supón de base etrusca, no que d enovo incide brevemente nos rematados en -obre. Este é o enderezo:

    http://anuariobrigantino.betanzos.net/Ab1998PDF/1998_045_066.pdf

    Reiterando os meus parabéns polo blogue e o artigo, xa me vou despedindo, mandando un saúdo pra todos e todas.

    Rafael.

    ResponderEliminar
  4. Graças, meu! Botarei-lhe umha olhada aos trabalhos que me indicas. E desculpas por minhas vagáncias...

    ResponderEliminar
  5. Abo! Grazas, meu, e desculpa polo tempo transcorrido: collinme unhas necesarias vacacións de min mesmo... O mellor neste ano que comeza para ti e máis os teus.

    Sobre Abobriga e Avobriga, totalmente de acordo en que son dous topónimos e lugares distintos. Sobre Berobr- do Lar Berobreo... Preferín deixalo fóra polo momento, mais éche ben certo que é topónimo a engadir a colección... Para a próxima revisión!

    ResponderEliminar

Publicar un comentario

Deixe o seu comentario:

O máis visto no último mes