Celanova

Abstract: The Latin words CELLA and CELLARIUM, origin of English cellar, can be found naming several Galician villages, parishes and towns.


A verba latina CELLAM 'quarto, estáncia, mosteiro, celeiro, cabaceiro' deu em galego-português a verba cela, que achamos moi bem distribuída por toda a geografia galega e portuguesa:


Santa Maria da Cela (freguesia com 16 hab.- Lóvios, Ourense)

Cela (83 hab.- Padrenda, Ourense)

Santa Maria de Cela (freguesia com 2044 hab.- Bueu, Pontevedra)

Sam Pedro de Cela (freguesia com 1268 hab.- Mos, Pontevedra)

Sam Juliám de Cela (freguesia com 412 hab.- Cambre, Crunha)

Cela (11 hab.- Boimorto, Crunha)

Cela (14 hab.- Irijoa, Crunha)

Cela (10 hab.- Becerreá, Lugo)

Cela (35 hab.- Cervantes, Lugo)

Cela (32 hab.- Friol, Lugo)

Sam Joám de Cela (freguesia com 107 hab.- Corgo, Lugo)

Santa Maria de Cela (freguesia com 297 hab.- Outeiro de Rei, Lugo)


Celas (40 hab.- Carral, Crunha)

Santa Maria de Celas (freguesia com 897 hab.- Culheredo, Crunha)


Cela (Arouca, Aveiro)

Cela (Castro Daire, Viseu)

Cela (Chaves, Vila Real)

Cela (Felgueira, Porto)

Cela (Melgaço, Viana do Castelo)

Cela (Montalegre, Vila Real)

Cela (Vieira do Minho, Braga)

Cela (Vila Verde, Braga)

Cela de Moldes (Arouca, Aveiro)

Celas (Coimbra, Coimbra)

Celas (Marco de Canaveses, Porto)

Celas (Vinhais, Bragança)


A sua presença documental, como topónimo, é temperá. Abondem os seguintes exemplos, referidos aparentemente a Sam Juliám de Cela, sobre o rio Mero, cujo nome mais antigo seica era Gondomar:


'scm. Uincentium ad cella Gundemari in ripa de Mero (…) scm. Vincentium de Cella' (CODOLGA: Santiago 830)


'siue et alia quam dicunt Cella que est in territorio Nemitos iuxta flumen Mero' (CODOLGA: Santiago 916)


Achamos tamém esta verba em topónimos compostos, dos que temos a fortuna de contar com boa informaçom diacrónica. É o caso de Cela Vente, Celaguantes e Cela Nova:


1.- Sam Joam de Cela Vente / Celavente (freguesia com 123 hab.- Bolo, Ourense) 'Lar/Mosteiro de Valente'

Celavente está composto dum primeiro elemento cela ˂ CELLAM, e um segundo Vente ˂ Valenti, genitivo do antropónimo latino Valens/Valentius. Achamos este lugar citado já em documento do século XI: 'in valle Rovoreda Caldesinus, Sancto Iohanne, Sorveira, Omoso, Castro Malo, Cella Valenti' (Celanova 1029). Caldesinus é Caldesinhos (Viana do Bolo), Omoso é Umoso (Viana do Bolo), Castro Malo é Castro Mau (Veiga), sempre em concelhos limítrofes.



2.- Sam Juliao de Celaguantes (freguesia com 67 hab.- Peroja, Ourense) 'Mosteiro Os Aqui Orantes'

Celaguantes é um topónimo ainda máis interessante que o anterior, e do que temos boa documentaçom medieval:


'in ripa Minei ubi dicunt Cella Hic Orantes' (CODOLGA: Lugo 854)


'in Buvalense loco ubi dicunt Sanctum Iulianum Cellahicorantes' (CODOLGA: Samos 872)


'in Bubal, eglesiam quam dicunt Cella Hic Orantes' (Samos 922)


'in terra de Bubal ecclesiam sancti Iuliani de Cellagoantes' (Samos 1175)


'videlicet cum sancta Maria de Beecam, cum Sancto Iuliano de Celaguantes' (Osseira 1178)


Poderíamos traduzir o seu étimo original, Cella Hic Orantes, como 'Mosteiro Os que aqui Oram'. A sua evoluçom diacrónica vem sendo:


Cella Hic Orantes ˃

˃ *Cellacorantes ˃

˃ *Cellagorantes (leniçom [k] ˃ [γ]) ˃

˃ Cellagoantes (perda de r intervocálico, rara, que achamos tamém na evoluçom Braga ˂ Bragaa ˂ Bracara ou Carançovre ˃ Cançovre: -cara ˃ -gaa ˃ -ga e cara- ˃ caa- ˃ ca-, fronte a -cora- ˃ -goa- ˃ -gua-) ˃

˃ Celaguantes ([l:] ˃ [l] e [oa] ˃ [wa])



3.- Sam Rosendo de Cela Nova / Celanova (freguesia com 3439 hab.- Celanova, Ourense) 'Mosteiro Novo'.

De Celanova hai moito e moi pouco que dizer. Foi fundaçom monástica do próprio Sam Rosendo (Rudesindo), home da alta nobleza do reino que chegou a ser bispo de Dume-Mondonhedo e de Íria. A fundaçom vem recolhida no Tombo de Celanova, em documento do ano 936, 'no lugar até agora chamado Vilar e desde hoje Cela Nova':


'locus quod usque nunc vocatus fuit Villare, et dehinc vocatur Cella Nova' (Celanova 936)


Das instalaçons primeiras do mosteiro ainda se conserva hoje o fermoso oratório de Sam Miguel, moçárabe, dotado por Froila - irmao de Sam Rosendo e proprietário primeiro do lugar de Vilar- segundo inscriçom preservada ata hoje sobre a porta. Boas images deste fermoso edifício podem ser disfrutados no blogue O Románico na Gallaecia, aqui.


Por certo, que em castelám o latim CELLAM tem originado as verbas celda 'quarto, compartimento' e cilla 'horro, cabaceiro'; em Leom existe o lugar de Cillanueva:



Visualizar o mapa ampliado


E mais existiu tamém um Cella Nova perto de Sahagún e o rio Valderaduey:


'Campis loco certo prope uillam Sancti Facundi inter uillas nominatas Cella Noua et uillam Humani, discurrente fluuio Aradoy' (CODOLGA: Santiago 1141)


~o~o~o~


Na toponímia som frequentes tamém os derivados, já plenamente romances e galegos, celeiro ˂ CELLARIUM 'Cueva, bodega, despensa etc., en donde se recoge y de donde se toma lo perteneciente á la mesa' (Valladares 1884), mesma verba que o inglês cellar 'soto', que já temos no diploma do rei Silo, do 775: 'ut darent eis locum orationis in cellario nostro qui est inter Iube et Masoma', ou num diploma de Sobrado do 867, onde forma lista coas verbas casas, horros, cocinhas e muínhos: 'id est, domos, orrea, cellaria, quoquina et molendinum cum omnibus intrinsecis domorum ipsorum' (hai em Ribeira umha rua chamada 'do Meendinho', coido que procedente da verba latina MOLENDINUM).


Celeiro (6 hab.- Sárria, Lugo)

Santiago de Celeiro (freguesia com 1885 hab.- Viveiro, Lugo)

Santa Cristina de Celeiro de Marinhaos (freguesia com 224 hab.- Barreiros, Lugo)

Celeiros (28 hab.- Bolo, Ourense)

Sam Martinho de Celeiros (97 hab.- Chandreja de Queixa, Ourense)

Celeiros (7 hab.- Merca, Ourense)

Sam Fins de Celeiros (freguesia com 225 hab.- Ponte Areas, Pontevedra)


E máis os aumentativos celeirón e os diminutivos celeiró ˂ CELLARIOLUM ('quanta visa sum abere in villa de Moraria seu in Cellariolo', Celanova 1001) e celeirote:


Celeirom / Celeirón (32 hab.- Maceda, Ourense)

Celeirom / Celeirón (12 hab.- Parada de Sil, Ourense)

Celeirom / Celeirón (31 hab.- Toém, Ourense)

Celeirom / Celeirón (49 hab.- Estrada, Pontevedra)

Celeirons (21 hab.- Estrada, Pontevedra)


Celeiró (41 hab.- Pedrafita do Cebreiro, Lugo)

Celeirós (5 hab.- Riba de Eu, Lugo)

Celeirós (24 hab.- Teixeira, Ourense)


Celeirote (12 hab.- Cospeito, Lugo)

Celeirote (21 hab.- Abadim, Lugo)

Celerotes (1 hab.- Pontes de Garcia Rodrigues, Crunha)


E como diz o provérbio galego, 'bacorinho no celeiro nom quer companheiro'.



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