Minhocas

Já tem passado um longo tempo desde a última vez que escrevim um novo post, desculpas a leitores e amigos, mais a vida tem sido dura por momentos nestes últimos meses -a minha companheira e máis eu, que levamos algum tempo à busca de meninhos, tivemos um aborto hai já algumhas semanas... Mais a vida segue, e nos seguimos coa nossa teima :-) 
Com todo, nom queria eu deixar passar outro mês em branco, e com este agalho hei escrever algo dum bicho cujo nome é per se fermoso, a minhoca. Primeiramente, heis o que nos contam alguns dos nossos dicionários (do Dicionário de Dicionários):
Sarmiento (s. XVIII): miñoca 'gusarapo'
Bernardo Vicente Payzal (1800c): miñoca 'lombriz'
Francisco Javier Rodríguez (1854c): miñoca 'Gusano, lombriz de tierra. Es buena para el reumantismo, frita en aceyte. En port. se pron. igualmente.'
X. L. Franco Grande (1972): miñoca 'Lombriz, gusano de tierra, perteneciente a los anulares o anélidos, familia de los abranquios cerdíferos; cagulo.'; mioca 'lombriz de tierra.'
Por outra banda, som moi interessantes a variedades dialectais recolhidas por diversos autores; as principais som desde logo minhoca e mioca (mïoca remarca Aníbal Otero Álvarez no Vocabulario de San Jorge de Piquín, Universidade de Santiago, 1977), onde a primeira é de seguro umha forma com nasal anti-hiática derivada da segunda, como tamém semelha ter orige anti-hiática o /ʃ/ de mixoca / mijoca. No ocidente das Astúrias sentem-se tamém outras formas como miroca, onde se nom minto, o r nom pode ser epentético, mais etimológico... Semelha que todas as anteriores formas bem se poderiam explicar desde um étimo *miloca, por sua vez derivado dum máis antigo *mīlocca, onde o -occa é um sufixo hipocorístico, provavelmente céltico. E máis o *mīlo-? Surpresa ou nom, o Matasovich informa:
Proto-Celtic: *mīlo- 'animal' [Noun]
Old Irish: míl [o n]
Middle Welsh: mil
Middle Breton: mil [m]
Cornish: mil
Proto-Indo-European: *meh1lo- 'small animal'
Page in Pokorny: 724
IE cognates: Gr. me̋lon, OCS malъ 'small'
References: LEIA M-51, De Bernardo Stempel 1999: 44.
Em consequência, suspeito que a nossa minhoca é, com toda propriedade, umha “bichoca”. Será, nom si? Como tantas outras vezes, quando umha verba galego-portuguesa nom é conhecida ou nom é comum em castelám, é frequentemente porque tem a sua orige quer nas línguas pre-latinas, quer nas germánicas, ou quer em latinismos arcaizantes. E nestes casos é frequente que o asturiano ou o leonês coincidam coa nossa língua; efectivamente, o asturiano conhece as suas próprias variedades (cf. Diccionario Asturiano de La Nueva España): miruca, moruca, muruca, moluca, meluca, moruga, miroca, mirucu, morucu, moluco, morúcana, e máis um moi interessante milu / miriu... Estas formas penso que confirmam o étimo proposto no tema *mīlo- 'bicho', ainda que provavelmente presentam interferência dalgumha outra palavra relacionada (ou bem temos mi > mo por mor da consoante bilabial: Mendunietum ˃ Mondonhedo). Com todo, para a nossa língua penso que a seguinte evoluçom é moi provável:
*mīlocca ˃ *miloca ˃ gal. miroca / mioca ( ˃ minhoca / mijoca)
Prometo outro dia falar de alboios 'galpom' ˂ PCl *are-bowio- 'Para-Vacas', dos meninhos ˂ PCl *menwo- 'pequeno', das tonas, e demais verbas vivas e bem vivas que nos achegam aos galegos que aqui amavam, sofriam, suavam, sorriam hai já dous-mil anos... E que, entia non sunt multiplicanda, seica falavam celta ou algo do estilo. 

Comentarios

  1. Cossue:
    Moitos azos, moita forza e graciñas unha vez máis, ah..., e moita minhoca para unha boa pesca

    ResponderEliminar
  2. Moito ánimo Cossue, eu tiven dous abortos, un cando tiña 37 anos e outro aos 38. O que me pasaba era que xa estaba coa menopausia, pero a ninguén se lle ocurreu mirarme os niveis hormonais porque pola idade non cadraba... Penso que se os meus problemas co meu ciclo, que xa viñan dende os 33, mos mirasen ben no seu momento non tería chegado a esta situación, coa cantidade de técnicas que hai para provocar a ovulación (cando todavía podía ovular).
    Bicos
    Andregoto

    ResponderEliminar
  3. Moitos folgos e os meus millores desexos nos tempos por vir.
    Un saúdo
    Antón (o buxato da Celti)

    ResponderEliminar
  4. Apertas, bicos e grazas, Buxato :-) E apertas, bicos e grazas, Andregoto. Moito me alegrei de saber de ti, e moito me amolou saber... Nos estamos nesas idades tamén, e de momento xa nos puxemos nas mans dun centro privado de Vigo, porque xa levávamos algún tempo intentando ser pais...
    Polo momento estamos ilusionados, pero xa veremos o que pasa. Moitos bicos e moitas gracias por compartires algo tan íntimo e tan importante.

    ResponderEliminar
  5. Parabéns pelo trabalho!!
    Ótimas considerações...
    Em 2008 escrevi um artigo sobre o tema da origem da palavra minhoca e que foi publicado agora em 2010 na Acta Zoológica Mexicana. Pena que não tinha essa sua pesquisa na época.

    ResponderEliminar
  6. Muito obrigado!! E excelente artigo para a consulta de todos os leitores :-)

    http://www1.inecol.edu.mx/azm/AZM26-esp%282010%29/AZM-Esp-2-Schiedeck%20et%20al.pdf

    ResponderEliminar

Publicar un comentario

Deixe o seu comentario:

O máis visto no último mes