Amoeja (Antas de Ulha)
Abstract: Amoeja/Amoexa [Amo'e∫a] is a place and parish in the council of Antas de Ulha, province of Lugo, in central Galicia. Its name corresponds to the local standard evolution of an hypothetical form *Admonija -and the form Amonegia [Amo'neja] is documented- which can only be based on the proto-celtic *monijo- 'mount' (Pokorny, IEW, 726), prefixed with the particle, either celtic or latin, *ad- 'at'. Amoeja is 630 m high, by a mountain range that rises near the 1000 m.
Amoeja (ortografia RAG: Amoexa) é lugar de 38 habitantes da freguesia de Santiago de Amoeja, pertencente ao concelho luguês de Antas de Ulha. Acha-se a uns 630 metros de altitude, ao pé do monte Outeiro do Castro, extremo dumha serra do sistema central galego, que separa a Galiza atlántica da minhota e interior, e que tem acô alturas que chegam aos 900 metros.
Falando já do topónimo, localmente oe-se tanto Amoeja [Amo’e∫a] como Amonja [A’moŋ∫a], ambas as formas provem dum medieval *Amõeja ˂ Amoneja, a primeira por desnasalizaçom da vogal, e a segunda por restituçom da nasalizaçom em posiçom implosiva. Como exemplo do exposto temos os pares gado/gando ˂ gãado ˂ ganado, tedes/tendes ˂ tẽedes ˂ tenedes, cal/canle ˂ cãale ˂ canale, e outras (vide M. Ferreiro, Gramática Histórica Galega, páginas 131 e seguintes).
É umha freguesia da que temos boa documentaçom medieval, pois um lugar que a ela pertence, a actual Caira, antiga Canaria, caiu baixo os interesses económicos do mosteiro de Sobrado no ano 1033, quando esta vila é vendida por um home chamado Paio:
“Ego Pelagius (...) facio cartam uenditionis de uilla Canaria quam habui de patre meo Atane et de matre mea Trastina et iacet ipsa uilla in loco predicto Canaria, sub Sancto Iacobo de Amonegia” (Sobrado, 1033)
Logo de algo menos dum século, achamos umha nova referência, seguida por outras moitas:
“uilla uocitata Canaria et Amonegia” (Sobrado, 1120)
“hereditas in territoria Dorra, subtus castro de Monegia, pernominata Canaria, sub aula sancti Iacobi de Amonegia” (Sobrado, 1160)
“et iacet ipsa in territorio Dorra, subtus castro de Amonegia, uilla pernominata Canaria de Iusaa et iacet sub aula sancti Iacobi de Amonegia;” (Sobrado, 1165)
"nos fratribus de Ursaria dedimus fratribus Hospitalenses kasal de Amoeja" (Oseira, 1174)
Neste último caso já temos o topónimo actual, co'a perda do /n/ entre vogáis. Temos tamém documentaçom em galego:
"moravedis et Nuno Nuniz cavallero d'Amoega" (Oseira, 1258)
"Pedro Muniz Diez d'a Moenga" (Vilar de Donas, 1274)
Destes documentos anteriores é o datado no ano 1160 o máis interessante. Nel fala-se de Caira, baixo o castro de Monegia, e pertencente a Aula de Santiago de Amoeja. Certamente Caira está ao pé de Amoeja, como Amoeja está embaixo do Outeiro do Castro, e este embaixo do das Pereiras, que sobe para a Pena da Cruz.
O singular destes topónimos é que achamos duas formas distintas, Castro de Moneja e Santiago de Amoneja, onde a segunda pode formar-se a partires da primeira se a prefixamos mediante *ad- 'junto a', prefixo conhecido das línguas celtas e máis da latina. Teríamos *ad-moneja ˃ *ammoneja ˃ *amoneja, num processo de todo ponto comum na evoluçom do galego e dos romanços ibéricos (vide M. Ferreiro, Gramática Histórica Galega, v. II: 71-72). E ainda nom sabendo o significado da verba *moneja, que nom é latina nem germánica, devemos fazer notar que Castro de Moneja é formalmente um orônimo, isto é, o nome dum monte, o que leva a suspeitar a natureza oronímica remota da própia forma *moneja. Agora poderíamos fazermos umha pergunta (cal é a orige desta verba?) que tem a sua resposta no Pokorny (IEW: 726). É conhecida das línguas celtas umha série de verbas que implicam umha derivaçom comum desde umha forma especificamente proto-céltica *monjio- ou *monijo- 'serra; range':
bretóm menez, galés mynydd, córnico meneth 'monte; mount'; nas línguas celtas vivas a iode média converte-se num primeiro momento na fricativa [ð] (A. Ramat, Las Lenguas Indoeuropeas: 467).
gaélico escocês monahdh ‘Serra; mountain range’ (McBain, An Etymological Dictionary of the Gaelic Language, s.u. Monahdh).
Todos eles estam a sua vez relacionados coas verbas de orige latinas monte, eminente, iminente... procedentes dumha raiz proto-indoeuropea que Pokorny reconstrue como *men- 'erguer-se sobre; to tower'. Consequentemente, pode-se propor a seguinte evoluçóm:
*Ad-Monij-a 'Junto a Serra; by the mountains', onde *Monija seria um plural neutro, e teria um perfeito calco nos topónimos, própios e exclusivos do noroeste da península, Somoça ˂ Submoncia ˂ Submontia = sub-mont-ia 'cabo/baixo dos montes; by/under the mounts'. Em ambos os casos o plural neutro expressa-se por umha desinência -a, originada já no proto-indoeuropeo -ā. Entom:
*Admonija ˃
˃ *Ammonija (asimilaçom -dm- ˃ -dd-)
˃ *Amonija (reduçom da geminada)
˃ Amoneja ( i breve ˃ e, evoluçom normal dos romanços ocidentais)
˃ Amõeja (perda no /n/ entre vogais)
˃ Amoeja/Amonja (ambas as formas actuais, com perda da nasalização, ou com geraçom dum /n/ implosivo).
Em resumo, Amoeja é um topónimo de orige pre-latina e céltica, co significado de 'acarom dos montes', o que se ajusta plenamente à geografia física do lugar.
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