Nomes 'Vándalos'
Tanto na toponímia como na antroponímia germánica da península podemos achar umha referência indirecta do povo dos vándalos, que fugazmente passárom por entre nos (estivérom assentados na Andaluzia e em parte da Galécia) antes de partirem à África.
1.- Vandaliscus ‹ PG *Wandaliskaz 'Vándalo, relativo aos vándalos; Vandal'
Este nome de persoa, com estar ausente da documentaçom galega, nom o está na leonesa:
'Armandus testis. Handaliscus testis. Loepinus presbiter scripsit.' (CODOLGA: San Millán, 800) Sendo o H erro de leitura ou transmissom por B.
'Arias Bandalisqui de Laria.' (CODOLGA: Oviedo, 905)
É notável o betacismo que nos transmitem ambas formas, já presente no nome ostrogodo Βανδαλάριος (pai de Theoderico o Grande), que vem confirmado num topónimo asturiano:
Bandalisque (Carávia, Astúrias)
Pola contra, os seguintes topónimos galegos amossam o máis típico tratamento da wau germánica como o grupo [gw]:
Gondaisque (Santa Maria) (83 hab.- Vilalba, Lugo) ‹ 'Sancta Maria Maior, Sanctus Martinus de Sterit, Sancta Maria de Guandaisco, Sanctus Iacobus de Buigani, Sanctus Martinus de Belsar' (CODOLGA: Mondonhedo 1128)
Quer-se dizer, provem dumha forma Vandalisci com preservaçom do carácter oclusivo do cê devido a umha tardia introduçom, ou bem dumha forma Vandalisco com /o/ final ›/e/:
*Wandalisco ›
› *Guandalisco (Adaptaçom da wau germánica [w] › [gw])
› Guandaisco (perda do /l/ intervocálico)
› *Goandaisco › *Goondaisco (assimilaçom de vogais em hiato)
› *Gondaisco (crase de vogais idénticas)
› Gondaisque ([o] final › [e], desusual mais nom extraordinário)
A mesma orige tem:
Gondarisco (Vigo, Pontevedra)
Acô a evoluçom do topónimo vem modelada por um fenómeno que compete coa perda do /l/ intervocálico, que é a sua conversom num /r/:
*Wandalisco › *Guandalisco › *Guandarisco › *Goandarisco › Gondarisco
O nome é um derivado do tema *wandal- polo sufixo germánico de pertença ou relaçom -isk-, que acha bom acomodo nas línguas hispánicas, desenvolvendo verbas como mourisco 'dos mouros' (que tem rendimento toponímico na Galiza), berberisco 'dos berberes', ou marisco 'do mar'. E já que estamos acô, marisco é verba conhecida no ámbito galego-português desde o século XII:
'et non comparent piscatum nec carnem nec mariscum neque pulpos neque locustas neque lampredas neque yrces neque poma' (Historia Compostelana, 1133)
'et piscatum aut mariscum quod ad casam de bonis hominibus uenerit' (Desc. Portug. Supl. 366.4 – vide DdD do Galego Medieval, s.u. marisco).
Em ámbito castelám que eu saiba só desde o 1252: 'Otrossi mando que nenguno non coma mas de dos pescados desta guisa: que coma el marisco e que non sea contado por pescado.' (CORDE)
2.- Vandalarius ‹ PG *Wandalaharjaz 'Comandante Vándalo; Vandal Comander'
O antropónimo, desusual, é recolhido por Förstemann no seu Altdeutsches Namenbuch (1529), e tem um equivalente pleno no antropónimo rúnico escandinavo Suabaharjaz 'Comandante Suevo; Suebi Commander'. Na Galiza mom acho este antropónimo documentado directamente, mais si a través da toponímia:
Gondar (Santa Maria) (95 hab.- Lugo, Lugo) ‹ 'parte alia adversus Orientem Texero, Ameneda, cum Villari frigido, Berreda, Vandalar, & Rimiam.' (CODOLGA: Lugo 1178); 'in Guandar medietatem de ipsa ecclesia,' (CODOLGA: Lugo 1160); 'Diego Rodrigues et Ruy de Saldanje et Afonso de Goondar clerigos de coro de la dita iglesia de Mondonnedo' (TMILG: Mondonhedo 1478)
Gondar (Sam Tomé) (834 hab.- Sam Genxo, Pontevedra) ‹ 'mamola Tanuici, et inde ad burgus de super villa de Gondalar, et inde ad mamola de super Vimannes' (Samos, 1104)
Fonéticamente:
Vandalari [wanda'lari] ›
› *Guandalar ([w] é frequentemente interpretado no romance como [gw] , perdendo-se o /e/ ‹ /i/ final tras /r/)
› *Guandaar › Guandar (perda do /l/ intervocálico) › *Goandar
› Goondar › Gondar
Hai outros lugares de nome Gondar na Galiza, mais sem dados diacrónicos é impossível precisar se provém do nome Vandalarii ou de Gondarii (ambos expressados coma genitivos).
Trato a través de aqui de contactar com Onnega.
ResponderEliminarDesculpe a volta, mas o celtiberia.net foi fechado às intervençoes.
O meu interesse era comentar um artigo sobre o porco-bravo e o oso como símbolos empregues polos Andrade.
Simplesmente acrescentar que foi Fernan Perez de Andrade, o Boo, o que "mecenou" a traduçom da Crônica Troiana, (considerada a primeira "novela" em galego). Livro, talvez iniciático na boas e corretas maneiras de ser guerreio, cavaleiro.
Isto indica que nom estamos diante dum "isolado" aldeam?
É de duvidar que nom tivesse ele, os seus mestres, os conhecimentos suficientes como para saber que o Oso é o símbolo de Artemisa, e o Javali o de Ares. Ambos os dous deuses da guerra.
Quem dera poder visitar a biblioteca na que foi educado naqueles tempos.
É casual que Artemisa presida a fonte da praça dos Irmaos Garcia de Betanços, cidade ártabra?
Agradecido, fico por aqui lendo o seu interessante blogue.
Graças polas suas palavras. Foi umha mágoa o feche da Celtibéria, mas compreendo e respeito os motivos de Silberius para o fazer...
ResponderEliminarDiz que a Onnega pode ser achada, baixo outro nome, no blogue Arqueotoponímia, nas ligaçons :)