-nr- ou -rn- > -rr-

Entre os fenômenos fonéticos de assimilaçom que se dam na língua galega ou portuguesa, este resulta, para mim, insuspeito. Mais é relativamente frequente:

  • Temo-lo na forma verbal medieval verrá "virá" < *venra (por perda de vogal pretónica) < venir ha.
    "Sedia-m'eu na ermida de San Simión
    e cercaron-mi as ondas, que grandes son.
    Eu atendend'o meu amigo. E verrá?" (Meendinho)
  • Assi mesmo, A “Gramática Histórica Galega” de Manuel Ferreiro recolhe outras formas que tamém sofrirom assimilaçom: marrei, porrei, terrei... (pg. 170).
  • Tamém no topónimo Berrimes (56 hab.- Lousame, A Crunha) < Uernimes (tombo de Sobrado, anos 955, 966, 971.) Num exemplo do 971:
    "in Pistomarcos, uilla Lonio, uilla Uernimes, uilla Curugito et ecclesia Sancti Christofori, quam dicunt Celis"
    Penso que o passo requere dum intermédio *Venrimes.
  • E em Verrande (130 hab.- Vilardevós, Ourense) < *Venrandi < *Vernandi (do protogermánico *Wērinanþaz). Ainda que nom acho o nome *Vernando documentado na Galiza ou em Portugal, Förstemann recolhe no Altdeutsches Namenuch o nome Werinant (col. 1536). Outra opçom, provavelmente preferível, é fazer vir este topónimo do antropónimo latino Venerandus, cum genitivo Venerandi > *Venrande > Verrande. Temos este nome recollhido no tombo de Sobrado:
    "Adila, Gundinus, Cresulfus ts. [sig.], Rodericus ts. [sig.], Uenerandus ts.,
    Adimirus ts., Baltanus ts., Sauarigus ts.” (Sobrado, 865)
  • E tamém um topónimo português como Correlhã (Ponte de Lima, Viana do Castelo) foi afectado por esta assimilaçom, e é assi que o achamos coa forma Corneliana na documentaçom medieval:
    “ et damus in ripa Limie villam quam vocitant Cornelianam cum uiculis et
    adiacenciis seu cunctis prestationibus” (Tombo A de Santiago, 915c)
    Som moitos os contra-exemplos a esta evoluçom (genro, tenro, venres...), polo que devemos indicar que esta mudança é pontual, melhor que geral.

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