Antroponímia Sueva (II de V)




Abstract: An study on the personal names of the Suevi, a Germanic people which settled in Galicia and northern Portugal in 410 A.D.





1.- HERMERICUS ˂ PG *ERMENIRĪKAZ: 'Grande Rei'


Este é o nome do primeiro rei dos suevos da Galiza, que reina ao menos desde a sua entrada na península o ano 409, e até que abdicou no seu filho o ano 438, morrendo de morte natural no 441. Polo que eu sei, a única fonte primária e independente que nos fala del é a Crónica de Hidácio, sendo outros como Isidoro apenas transmissores das notícias deste:
'Inter Gundericum Vandolorum et Hermericum Suevorum reges certamine orto' (Idat. Chron. 63)
'Suevi sub Hermerico rege medias partes Gallaciae depraedantes' (Idat. Chron. 81)
'Hermericus pacem cum Gallaecis' (Idat. Chron. 91)
'Hermericus rex morbo oppressus' (Idat. Chron. 106)
'Rex Suevorum, diuturno per annos IIII morbo afflictus moritur Hermericus' (Idat. Chron. 114)
É um nome composto correspondente ao proto-germánico *Ermenirīkaz 'Grande Rei, Rei entre os Reis', com primeiro elemento *ermenaz 'grande' (cf. antigo alto alemám imingot 'Grande deus, Deus, Deus entre os deuses'), e segundo elemento *rīkaz 'poderoso, rico', empréstimo tal vez tomado do celta *rīg. 'rei' ˂ proto-indo-europeu (PIE) *rēg- 'rei' (a nossa verba rei provem do latino REGEM). O 'H' transmitido por Idacio nom tem valor fonético, e da-se provavelmente por atracçom gráfica de formas gregas como Hermes, Hermógenes... Assi mesmo, a desinência masculina -az é a equivalente proto-germánica do latino -us ou do celta -os, no entanto que a vocal de enlace entre os elementos, polo geral a, i ou u, pode por diversos processos fonéticos ou de adaptaçom apresentar-se como quaisquer vogal, de jeito que *Ermenarīkaz é o mesmo nome que *Ermenerīkaz, *Ermenirīkaz, *Ermenorīkaz ou *Ermenurīkaz. Essa vogal é átona, e consequentemente pode-se perder.
Com respeito à própria idiossincrasia do nome suevo, é notável como o elemento *ermen- acha-se reduzido a *erm-, dando-se umha aparente perda do /n/ intervocálico moito antes de que este fenómeno seja comum em galego ou português, polo que nom se pode atribuir à nossa língua. Máis importante, este fenómeno é case geral na antroponímia germánica galego-portuguesa, e assi fronte a um nome tipicamente castelhano como Hermenegildo, de reigame goda, temos o nosso Hermegildo, frequentíssimo.
Os seguintes som exemplos da vitalidade deste nome, Ermerico, na Galiza medieval (as formas com /g/ devem-se ao fenómeno de leniçom de oclusivas do romance):
Guiricus ts. Ermoricus ts. (Sobrado 858)
Sendamirus presbiter (signum) Ermericus presbiter (signum). (Mondonhedo 871)
vinea de Ermorigo que tu habes comparato (Celanova 936c)
Sando, testis. Ermorico, testis. Frediulfo, testis. (CODOLGA: Santiago 947)
vde neptos senatoris Siserici et Esmorice (Santiago 954)
Teodulfo. Ranimiro. Vegito. Ormorigo. Fafila. (Celanova 951)
Magito, Nunni, Hermorigo, Brunildi (Celanova 952)
Victimirus diaconus cf. [sig.], Ermorigus presbiter cf. [sig.], Lucidus diaconus cf. [sig.], (Sobrado 961)
Azoi ts. Rando ts. Ermerigo Arias ts. (Celanova 961)
Gonterigu Armariz scripsit. (Celanova 961)
Bergila diaconus cf., Ermoricus presbiter, Meitulfus cf. (Sobrado 962)
Guimirus cf., Hermoricus cf., Ildebredus cf., (Sobrado 964)
molino quod est in arrogio subtus domo Ermoriz (Samos 982)
Ermerigus abba quos iudicauit [sig.], (Sobrado 992)
Ermorigus presbiter confirma (Lugo 993)
Vimara Ragianiz. Ermorigo. Tructemondo. (Celanova 997)
Petrus, Taicremondu, Ermorigu. (Celanova 1000)
Randulfo ts.; Teodero ts.; Armarico ts (Celanova 1001)
ego Potenzo Hermariz vobis domno Cresconio (Celanova 1001)
hereditates in Avellaneta et in Parata que fuerunt de Ermorigo et Sindilleva (Celanova 1011)
Uisandus presbiter cf., Ermorigus presbiter cf., Froresindus diaconus ts. (Celanova 1023)
quod comparavimus de Veremudo Ermoriquiz (Samos 1031)
Gesmiro ts. Ermorigo ts. Daniel ts. (Celanova 1035)
ego Ero Dagarediz tibi Armentario Ermoriquiz (Samos 1047)
Danihel testis. Gontato testis. Ermarico testis. (Santiago 1059)
Aluano testis., Velleco testis., Ermoricus testis. (TA 1061)
Ermorigus, aba, cf. Veremudus, aba (Lourençá 1067)
ego frater Ermorigo (Celanova 1090)
Rodericus Armariz, presbiter, cf (Caaveiro 1099)


Este mesmo nome é recolhido por Förstemann no seu Altdeutsches Namenbuch só três vezes (ADN: 473), fronte a umha vintena de Ermanarico e similar; estes três som o mesmo rei suevo, um bispo de Lanhovre de quem já havemos falar máis tarde e que acode ao terceiro concílio de Toledo, e um tal Ermerich em França o ano 853.
Deste nome provém umha extensa série toponímica na Galiza e Portugal (repare-se em que nom hai rasto de /n/):

  • Almariz (61 hab.- Ramirás, Ourense)


  • Sam Cristovo de Armariz (214 hab.- Nogueira de Ramuim, Ourense) ˂ 'villa vocitata quam nuncupant Armarici, territorio Bubalo, subtus castro Litorie discurrente rivulo Laonie' (Celanova 975); 'id est villa quam dicunt Armariz quomodo se levat et discurrit per aqua de Eires, et quomodo discurrit aqua de Lavandaria que vadit per terminointer Armariz et Eclesiola, et de alia parte dividet cum sancto Christovalo' (Celanova 1065); 'in villa de Armarit, loco predicto Requeisio' (CODOLGA: Rocas 1199); 'item in ualle de Elmiriz terras et pomares in Sancto Christoforo et in Sancto Petro' (Sobrado s.d.); 'in feligresius Sancti Christofori de Armariz, Sancte Marie de Foramontanos, Sancti Michaelis de Campo' (CODOLGA: Ribas de Sil 1214c)


  • Sam Salvador de Armariz(365 hab.- Junqueira de Ambia, Ourense) ˂ 'que iacent in territorio Limie, vocabulo ecclesie sancto Salvatore de Armarizi, non longe a monasterio sancta Marina de Aguas Sanctas, discurrente rivulo Arnogia, id sunt, hereditas de castro de Armariz' (Celanova 1085); 'in Requeixu, quamtum ibi habeo de aviis meis, et in Armariz quantum ibi habeo et in Bulpilanes quantum me conpetet0' (CODOLGA: Rocas 1214)


  • Santa Marinha de Esmeriz (56 hab.- Chantada, Lugo) ˂ 'et in ecclesia sancte Marine de Ermeriz et in ecclesia sancte Marie de Vermue' (CODOLGA: Oseira 1238); 'discurrente ad ecclesiam sante Marine de Hermeriz' (CODOLGA: Oseira 1223); 'sancte Marine de Ermiriz, in terra de Asma' (CODOLGA : Oseira 1250); 'in parroquia sancte Marine de Yrmiriz' (CODOLGA : Oseira 1252); 'sancte Marie de Vermee, sancte Marine de Ermeriz, sancti Iacobi de Villaiuste' (CODOLGA : Oseira 1253)


  • Esmoriz (66 hab.- Chantada, Lugo) ˂ 'unum cassale quod habeo in Ermuriz et alium in villa de Pinayro et aliud in Ermeriz' (CODOLGA: Oseira s. XIII)


  • Esmoris / Esmorís (19 hab.- Cabana de Bergantinhos, Crunha)


  • Esmoris / Esmorís (6 hab.- Curtis, Crunha)


  • Esmoris / Esmorís (54 hab.- Ordes, Crunha) ˂ 'et inde per inter Leyra et Palacios et inde per terminos de Ermoriz' (CODOLGA: Santiago 1140)


  • Esmoris / Esmorís (19 hab.- Carvalho, Crunha)


  • Esmoris / Esmorís (9 hab.- Estrada, Ponte Vedra)


  • Esmoriz (6 hab.- Alfoz, Lugo)


  • Esmoriz (42 hab.- Padrenda, Ourense)


  • Esmoriz (6 hab.- Arvo, Ponte Vedra)


  • Esmoriz (19 hab.- Vila de Cruzes, Ponte Vedra)


  • Esmorique (10 hab.- Curtis, Crunha) ˂ 'uendo uobis meam porcionem de Hesmorica pro solidos VI' (Sobrado 1190) ˂ 'uendo meam porcionem integram de casale de Hermorica' (Sobrado 1165)


  • Esmoriza (s.d.- Cabana, Crunha), provavelmente de Esmorice ˂ Ermorici.


  • +Hermorici (extinto, Sarria, Lugo): 'in villas prenominatas: Pinaria, Hermorici et Nesperaria' (Samos 951)


Em Portugal:



  • Almoriz (Monção, Viana do Castelo)


  • Esmorigo (Ponte de Lima, Viana do Castelo)


  • Esmoriz (Baião, Porto)


  • Esmoriz (Marco de Canaveses, Porto)


  • Esmoriz (Braga, Braga)


  • Esmoriz (Guimarães, Braga)


  • Esmerizes (Vila Verde, Braga)


  • Esmoriz (Ovar, Aveiro)


Frequentemente, por dissimilaçom de vibrantes, temos que o primeiro /r/ dos topónimos torna-se num /s/, de jeito que topónimos que som na Idade Média Ermeriz som hoje Esmeriz. Temos outros casos similares na toponímia galega:
Vilaresmo (Tavoada, Lugo) ˂ vilar ermo.
A dissimilaçom de vibrantes tamém pode tomar outro caminho, tornando um dos /r/ em /l/, como nos topónimos Almariz e Almoriz, Almorfe do genitivo Hermulfi, ou Almofrei de Hermefredi. A evoluçom fonética é:



Ermorici (genitivo do nome) ˃
˃ Ermoriz ( /ki/ ˃ /ze/ e perda posterior do e átono final logo do /z/) ˃
˃ Armariz (/e/ átono inicial /a/) ˃
˃ Almariz (com possível dissimilaçom r..r ˃ l..r) ,
ou ˃ Esmoriz (disimilaçom rm..r ˃ sm..r)




2. HERMIGARIUS ˂ PG *ERMENIGAIZAZ '(O que brande) a Grande Lança'



Nome dum nobre suevo morto no Guadiana logo dum choque cos vándalos de Gaiserico, perto de Mérida. Ainda que o que segue nom nos é transmitido assi por Idacio, Procópio recolhe no século VI entre os vándalos de África a tradiçom de que o rei vándalo Gunderico, irmao de Gaiserico, morrera em Hispania executado por uns 'germanos' cos que combatera:
'Os vándalos nom estam de acordo com esta versom [que Gunderico morrera a mans do seu irmao], mais afirmam que Gunderico fora capturado em batalha com germanos em Hispánia e que de seguido fora espetado, e que Gaiserico era o único rei dos vándalos quando passarom a Líbia. Isto tenho-o eu ouvido dos mesmos vándalos.' (História das Guerras, III.III.33)
Idacio, pola sua banda, só nos fala da tópica morte do rei vándalo em Sevilha, sem a descrever e logo dum acto profano; justo no parágrafo posterior narra-se a morte de Hermegario a mans de Gaiserico (e depois de ultrajar Hermegario a igreja de Santa Eulália, em Mérida):
'Gaisericus rex de Baeticae provinciae litore cum Vandalis omnibus eorumque familiis, mense Maio ad Mauritaniam et Africam relictis transit Hispaniis; qui priusquam pertransiret, admonitus Heremigarium Suevum vicinas in transitu suo provincias depraedari, recursu cum aliquantis suis facto predantem in Lusitania consequitur; qui aud procul de Emerita, quam cum sanctae martyris Eulaliae iniuria spreverat, maledictis per Gaisericum caesis ex his quos secum habebat, arrepto, ut putavit, Euro velocius fugae subsidio in flumine Ana divino brachio precipitatus interiit; quo ita exstincto mox quo caeperat Gaisericus enavigavit' (Idat. Chron. 80)
Ainda que hoje seja indemonstrável, penso que é possível que Gunderico morrera a máns dos suevos de Hermigario, e que esta morte fosse vingada depois por Gaiserico. Tamém é possível que um estranho assassinato fosse logo explicado polos vándalos, nas suas histórias, como umha morte em loita cos germanos na Hispánia. Por certo, que os germanos por excelência eram para os autores do Império Romano os suevos, nomeadamente os marcomanos. E na data da morte de Gunderico só havia em Hispánia suevos e vándalos.
~o~o~o~
O nome de Hermigarius é um composto, cum primeiro elemento que é o mesmo do nome de Hermerico, e um segundo que é umha tranformaçom temperá do elemento proto-germánico *gaizaz 'lança'. Curiosamente, esse mesmo elemento acha-se pressente no nome do vándalo Gaiserico, que adquire moi diversa forma segundo cada autor (Gaisericus para Idacio, Gizericos para Procópio, Geisericus para Victor Vitense...) Este elemento sofre grandes transformaçons nas línguas germánicas:
- O ditongo [aj] tende a reduzir-se em [æ:] (eventualmente interpretável em romance como [e:] ou [i:]), com possível evoluçom em [a:].
- O /z/ de gaiz- tende a converter-se em /r/, num processo de rotacismo conhecido de todas as línguas germánicas modernas (mais nom se conhece na língua gótica de Ulfilas, no século IV).



A resultas disto, gaiz- pode achar-se na antroponímia germánica nas formas gais-, gas-, gar-, ges-, ger-, gis- e gir-. Na Galiza medieval podemos citar: Abragasia ˂ PG *Abragaizō "(A portadora da) Lança Terrível, Lança Fortíssima"), Tudiscaisum ˂ PG *Þeudisgaizaz "Lanza do Povo", Gasuildi ˂ PG *Gaizohildi "(A que) Loita com Lança", Gesa/Gira/Gerane ˂ PG *Gaizaz 'Lança', Gesmiro ˂ *Gaizamēriz 'Afamado pola sua Lança', Gesmondo/Germundo ˂ PG *Gaizamunduz 'Protector com Lança', Gisovredus ˂ *Gesofredus (em galego [f] intervocálica ˃ [v] ˃ [β]) ou Gisulfus/Ierulfus ˂ Gaizawulfaz 'Lobo com Lança'.
Porém, Hermigarius ˂ PG *Ermenegaiz(j)az '(O que brande) a Grande Lança'. Este nome é recolhido por Förstemann noutros lugares de Europa; em França Ermger e Ermgar (ADN: 471), sendo algo máis frequentes as formas Ermenger e Ermengar (ADN: 477).
Nom tem deixado, polo que sei, topónimos associados.






3. RÉCHILA ˂ PG *RAIKILAN ou *RĪKILAN 'Pequeno Rei'



Filho de Hermerico, é feito rei polo seu pai doente no ano 438. Baixo o seu comando os suevos obtém Mérida, Mértola e Sevilha, expandindo-se da Galécia à Lusitánia, à Bética e à Cartaginense, combatendo e derrotando a romanos e godos (nomeadamente ao duque Andevoto e ao magister ustrisque militiae Vitus) em diversos encontros. Morre invicto e pagám em Mérida, o ano 448:
'Hermericus rex morbo oppressus Rechilam filium suum substituit in regnum.'(Idat. Chron. 106)
'Rechila, rex Suevorum, Emeritam ingreditur.' (Idat. Chron. 111)
'Censorius comes qui legatus missus fuerat ad Suevos, residens Martyli obsessus a Rechila in pace se tradidit.' (Idat. Chron. 113)
'Rex Rechila Hispali obtenta, Baeticam et Carthaginiensem provincias in suam redigit potestatem.' (Idat. Chron. 115)
'Rechila rex Suevorum Emeritae gentilis moritur mense Augusto' (Idat. Chron. 129)
Isidoro de Sevilha, que é fonte secundária para o conhecimento do reinado deste home, recolhe as formas Recchilanem, Recchila, Recchilanis.
O seu nome é já um diminutivo sobre um tema verbal *raikjan 'alcançar, alçar-se, endereitar' (antigo alto alemám recchen idem.), com evoluçom standard em *rēcci-, por médio da reduçom do ditongo e reduplicaçom germánica ocidental de /k/ ante iode, ou um diminutivo do adjectivo *rīkjaz 'rico, poderoso, rei', com reduplicaçom da consoante causada pola iode: PG *rīkjaz ˃ *rīkkjaz, fenómeno típico e esperável nas línguas germánicas ocidentais, mais nom da língua gótica de Wulfila (segunda metade do século IV); nom obstante, esse mesmo fenómeno da-se em antropónimos godos (do século VI!) como Reccaredus, ou na própia verba rico, que provem necessariamente dumha forma *riccu, nom de *ricu. Foneticamente a primeira possibilidade semelha máis correcta.
O nome Rechila é empregado em toda a Europa: Förstemann recolhe (ADN: 1257), amais do rei suevo, um tal Rikilas (Procópio), Richilo (Baviera, ano 806), vários Ricilla ou Riccilla ou Rixilla nos concílios de Toledo, e um Recila num recompilatório alemám, assi como dous nomes de lugar: Richilinga "de Richil" y Richilincheim "Fogar de Richil". Na Galiza é abundante nas formas Riquila (Samos 785), Rikila (Sobrado 818), Rizila (Sobrado 958), Requilanus (CODOLGA: Santiago 987) ou Riquilla (Celanova 939):
Riquila testis., Adileovo testis., Sonna testis. (Samos 785)
per scripturam filii Rikilani suas portiones quantum ibidem habebant inter suos heredes ab integro, ipsi filii Riquilani nominibus Uilloi Auolna, Astaguerra, Gasnildi et Trassaricus (Sobrado 818)
Veremudo Adefonsiz ts. Gundulfo Riquilaniz ts.(Celanova 873)
Iuuatus ts., Ricila ts., Rendulfus ts.(Sobrado 895)
qui est filio de suprino meo Riquilani, et ipsi Riquila fuit filio de meo jermano Quijane (CODOLGA: Lugo 910)
Vimara ts., Rikila presbiter ts., Eika presbiter ts.(Sobrado 936)
Iohanne testis. Aloittus testis. Rikila testis.(Santiago 937)
hereditate quam abemus ego et Leouegoto, de pater meo Riquila, in uilla quam dicent Regini;(Celanova 939)
Riquila ts. Paulo ts. Lelino ts.(Celanova 951)
Gundesindus ts. [sig.], Rizila ts. [sig.], Fafila ts. [sig.],(Sobrado 958)
Astrulfus confessus cf. [sig.], Riquila confessus cf. [sig.] (Sobrado 961)
Riquila cf., Martila cf., Leouegildus cf.(Sobrado 963)
Leouegildus cf., Riquila cf., Guimirus cf., Hermoricus cf.(Sobrado 964)
Euenandus confessus cf., Riquilanem confessus cf. [sig.] (Sobrado 964)
Gundesindus abbas cf., Rikilanus abbas cf., Galindus abbas cf.(Sobrado s. X)
Alvarus ts., Riquila ts., Manoy ts.(Samos 967)
Rizila et Teodildi in hac cartula manus nostras (Sobrado 976)
que fuit de Riquila et de suo germano Froila (Samos 982)
Teodila confessor cfr. Rizilani confessor cfr. Bonento confessor cfr.(Celanova 982)
Eledemirus ts. Riquila ts. alio Riquila (Celanova 986)
Rudericus confr. Nuno confr. Requilanus abbas confr. (Santiago 987)
Dadeo Riquilaz. Gunderedo Sanbati. (Celanova 988)
Eldemirus confessus cfr. Riquilani confessus cfr. Gundesindus confessus cfr. (Celanova 989)
Petrus abbas cf., Rikila abbas cf., Gunsendus abbas cf. (Sobrado 995)
Egilani. Patrono. Riquilani. Gontoi. (Celanova 996)
Riquila diaconus cfr.; item frater Riquila cfr.; (Celanova 1000)
Tello Arianiz cfr.; Cresconio Riquilaz cfr.; Oduario Gudesteiz cfr.(Celanova 1001)
Dauto Vilieniz presit mulierem Godina Riquilaz (Samos s. XI)
Feles presbiter cfr. Rikila presbiter cfr. magister Salvatus cfr. (Celanova 1041)
de Quandila et de Riquilo, filius de Riquila (Samos 1064)
ego Riquila presbiter (Samos 1068)
Ranemirus presbiter conf. Riquilani presbiter conf. (Samos 1074)
Riquila testis, Gundesindus testis, Veremudus testis.(Samos 1076)
Godina Riquilaz ad Caurel;(Samos 1084)
Teodemirus et Rizila corte cum XXi III salinas (Samos 1104)
Rechilas cantor cf. archidiaconus Petrus cf.(CODOLGA 1188)



Nom sei se o seguinte é o mesmo nome:
Gontrigo ts., Vimara ts., Sagato ts., Avolino ts., Racila ts. (CODOLGA: Rocas 1007)
Salvator ts., David ts., Toderigu ts., Raquila ts., Sidi ts., Balteiru notuit. (CODOLGA: Braga 1073)



Na toponímia som moito máis frequentes os resultados com /e/que com/i/, sugerindo que nom estamos ante umha forma com ī.

  • Receá (18 hab.- Frades, Crunha)


  • Receá (10 hab.- Messia, Crunha)


  • Requiá (11 hab.- Moeche, Crunha)


  • Requiám / A Requián (29 hab.- Pastoriça, Lugo)


  • Requiám / O Requián (13 hab.- Palas de Rei, Lugo)


  • Santiago de Requiám / Requián (freguesia de 675 hab.- Betanços, Crunha) ˂ 'uillare Riquilani, uillare de domno Suario, Pontelias, ecclesia de Calambre cum adiacentiis' (Sobrado s.d.)


  • Requiám / Requián (46 hab.- Teo, Crunha)


  • Requiám / Requián (2 hab.- Ourol, Lugo)


  • Requiám / Requián (13 hab.- Parada de Sil, Ourense)


  • Requiám / Requián (37 hab.- Estrada, Ponte Vedra) ˂ 'et est ipsa hereditate conclusa in omnique giro per suos terminos antiquos id est per fenales iusta domus Catoni et inde ad Causelio et inde per Fouea Uentuosa et per terminos de Magani. de alia parte per terminos de Exeuerneco. per terminos de Sancto Mamede. et inde per arca que diuidet inter Cordario et uilla Riquilani et feret ipso termino in Pedroso et plicat ad porta de fratres' (CODOLGA: Santiago 947)


  • +Ricilani (extinto, por Sobrado, Crunha): 'faceremus uobis cartulam de nostris pumaribus quos habemus in uilla Ricilani et in uilla Gunderedi' (Sobrado, 952)


  • Riquiám / Riquián (10 hab.- Viveiro, Lugo)




Em Portugal:

  • Recião (Lamego, Viseu)


  • Requião (Barcelos, Braga)


  • Requião (Guimarães, Braga)


  • Requião (Monção, Viana do Castelo)


  • Requião (Paredes de Coura, Viana do Castelo)


  • Requião (Vila Nova de Famalicão, Braga)




Os anteriores partem dumha forma em locativo, com valor genitivo na documentaçom medieval, Ricilani ou Rickilani. Os seguintes dum genitivo latino em -nis:

  • Santiago de Requiás (freguesia de 266 hab.- Muinhos, Ourense) ˂ 'quomodo dividet ipsa villa cum Riquilanes per illa aqua de Psallare et per termino de Guntimiri' (Celanova 1074); ' et dividivit inter Sallare et Barroso et per Riquilanes usque in termino de Randini' (Celanova 1100)

Em Portugal:

  • Requiães (Barcelos, BR)




Com respeito à evoluçom destes topónimos, o ponto máis importante é a alternáncia entre formas com q [k] e formas com c [z]. No entanto a evoluçom destas segundas nom tem mistério, as primeiras requerem, aparentemente, partir dum étimo com q [kw], nom com dupla c [k:]. Escrevo aparentemente por quanto este seria o requerimento de estarmos ante umha verba latina, mais estamos ante umha verba germánica que sofre um processo de reforço articulatório causado polo iode seguinte, *rîkjaz ˃ *rîkkjaz ˃ riccus (de onde a nossa verba rico!), ou *raikjaz ˃ *rēkjaz ˃ *rēkkjaz. Quer-se dizer, suspeito que podemos estar ante o resultado da interferência entre dous processos antagónicos e simultáneos: um, romance, de debilitamento articulatório, e outro germánico reforçativo. O resultado final maioritário é o fonema /k/, e em menos medida o /z/. No seguinte nom empregarei asteriscos, por eu suspeitar que toda as formas devem ter documentaçom aqui ou acolá:
Por outra banda, outros topónimos como Quindimil, Quintiám, Maquiám, Tanquiám, Franqueám ˂ Frankilani mantém a pronuncia da consoante velar ante a vocal anterior... Tal vez a melhor explicaçom é que o processo fonético latino polo que /ke//ki/ som palatalizados, já deixava de estar activo para o século V-VI. Ou bem os grupos germánicos /k-/ /kk/ /nk/ tinham umha pronuncia singular que os fazia só parcialmente vulneráveis.



Ricchilanis [rik:i'lanis] ˃
˃ Riquilanis [riki'lanis] por reducçom da geminada.
˃ Requilanes [reki'lanes] os [i] breves átonos abrem-se em [e].
˃ Requianes [reki'anes] por perda de /l/ intervocálico.
˃ Requiães [reki'ães] perda do /n/ com nasalizaçom.
˃ Requiaes [reki'aes] desnasalizaçom.
˃ Requiaas [reki'aas] assimilaçom das vogais em hiato.
˃ Requiás [reki'as] crase das vogais idênticas no hiato.



Alternativamente, Ricchilanis [rik:i'lanis] ˃ Rizilanis [rizi'lanis], etc.






4. RECHIARIUS ˂ PG *RAIKIHARJAZ ou *REKIHARJAZ 'Comandante Poderoso' ou '(O que comanda) um Poderoso Exército'



Filho do rei Réquila, herdou del a coroa em 448, sendo católico, e foi sem dúvida o máis ambicioso dos monarcas suevos do século V. Casou ao pouco cumha princesa visigoda, filha do rei Theoderico, e iniciou umha agressiva campanha de expansom cara o este, coa indissimulada intençom de se fazer co controlo da província Tarraconense. Os seus repetidos ataques sobre desta província, e especialmente aquel do ano 456, ocasionárom um aumento da tensom com Roma e a sua intervençom militar, co envio dum grande exercito de federados (visigodos e burgúndios cos seus respectivos reis, Theoderico II , Hilperico e Gundramno, e máis com outras 'gentes de moitas outras naçons', em verba de Hidácio), que derrota as forças suevas em batalha campal perto de Astorga. Requiário foge, mais e capturado em Porto. Morre feito executar polo seu cunhado o rei visigodo Theodorico no mês de Dezembro do ano 456. Foi tamém o primeiro monarca germánico europeu em emitir moeda no seu próprio nome.
Del temos notícias independentes por Hidácio, Iordanes e máis polas suas moedas, coa lenda “IVSSV RECHIARI REGES”, quer-se dizer, 'Por orde do rei Requiário'. De Iordanes (DE ORIGINE ACTIBUSQUE GETARUM, XLIV) é:
'Post cuius decessum Theoderidus germanus eius Vesaegotharum in regno succedens, id mox Riciarium Suavorum regem cognatum suum repperit inimicum. hic etenim Riciarius affinitate Theoderidi presumens, universam pene Spaniam sibi credidit occupandam, iudicans oportunum tempus subreptionis incomposita initia temptare regnantis. quibus antea Gallicia et Lysitania sedes fuere, quae in dextro latere Spaniae per ripani Oceani porriguntur, habentes ab oriente Austrogonia, ab occidente in promuntorio sacrum Scipionis Romani ducis monumentum, a septentrione Oceanum, a meridie Lysitaniam et fluvium Tagum, qui harenis suis permiscens auri metalla trahit cum limi vilitate divitias. exinde ergo exiens Riciarius rex Suavorum nititur totas Spanias occupare, cui Theodoridus cognatus suus, ut erat moderatus, legatos mittens, pacifice dixit, ut non solum recederet a finibus alienis, verum etiam nec temptare presumeret, odium sibi tali ambitione adquirens. ille vero animo pretumido ait: 'si hic murmuras et me venire causaris, Tolosam, ubi tu sedes, veniam; ibi, si vales, resiste', his auditis aegre tulit Theodoridus compacatasque cum citeris gentibus arma movit in Suavos, Burgundzonum quoque Gnudiuchum et Hilpericum reges auxiliarios habens sibique devotos. ventum est ad certamen iuxta flumen Vlbium, qui inter Asturicam Hiberiamque pretermeat, consertoque proelio Theoderidas cum Vesegothis, qui ex iusta parte pugnabat, victor efficitur, Suavorum gente pene cuncta usque ad internicione prosternens. quorum rex Riciarius relicta infesta hoste fugiens in nave conscendit adversaque procella Tyrreni hoste repercussus Vesegotharum est manibus redditus. miserabilis non differt mortem, cum elementa mutaverit.'



As seguintes notícias provem da crónica de Hidácio:
'Rechila rex Suevorum Emeritae gentilis moritur mense Augusto; cui mox filius suus catholicus Rechiarius succedit in regnum, nonnullis quidem sibi de gente sua emulis, sed latenter. Obtento tamen regno, sine mora ulteriores regiones invadit ad predam.' (Idat. Chron. 129)
'Rechiarius accepta in coniugium Theodori regis filia auspicatus initium regni, Vasconias depraedatur mense Februario.' (Idat. Chron. 132)
'Rechiarius mense Iulio ad Theodorem socerum profectus, Caesaraugustanam regionem cum Basilio in reditu depraedatur. Irrupta per dolum Elerdensi urbe, acta est non parva captivitas.' (Idat. Chron. 134)
'Legati Gothorum rursum veniunt ad Suevos; post quorum adventum rex Suevorum Rechiarius cum magna suorum multitudine regiones provinciae Tarraconensis invadit, acta illic depraedatione, et grandi ad Gallaeciam captivitate deducta.' (Idat. Chron. 165)
'Mox Hispanias rex Gothorum Theudoricus cum ingenti exercitu suo, et cum voluntate et ordinatione Aviti imperatoris ingreditur. Cui cum multitudine Suevorum rex Rechiarius occurrens duodecimo de Asturicensi urbe milliario, ad fluvium nomine Urbicum, tertio nonas Octobris die, sexta feria inito mox certamine superatur: caesis suorum agminibus, aliquantis captis, plurimisque fugatis, ipse ad extremas sedes Gallaeciae plagatus vix evadit ac profugus.' (Idat. Chron. 166)
'Rechiarius ad locum qui Portucale appellatur, profugus regi Theuderico captivus adducitur: quo in custodiam redacto, caeteris qui de priore certamine superfuerant, tradentibus se Suevis, aliquantis nihilominus interfectis, regnum destructum et finitum est Suevorum.' (Idat. Chron. 168)
Occiso Rechiario mense Decembri rex Theudoricus de Gallacia ad Lusitaniam succedit. (Idat. Chron. 171)



É um nome composto *Raikj-V-harjaz 'Comandante/Guerreiro que se eleva' ou *Rīkj-V-harjaz 'Comandante/Guerreiro Poderoso', com primeiro elemento o verbo *raikjan 'alçar-se', ou o adjectivo *rīkjaz 'poderoso, rico', e segundo o substantivo *harjaz 'exército, guerreiro', do proto-indo-europeu *coryos 'guerreiro'. Devo fazer notar que entanto Hidácio recolhe o nome com e, e máis ch, Rechiarius, como nas moedas, Iordanes um século máis tarde recolhe-o como Riciarius, com /i/ por /e/, e /c/ simples. Esta última forma é a única que reaparece, e umha única vez, na idade média na Galiza:
'post discessum eius dimisit in iure supprinibus, Riziarius, Adriziarius et Gundisaluus. ipse Riziarius cum consensu fratrum fecerunt testamentum scripture ad Eustochia' (Lourençá 1010)
Nom obstante, é nome moi frequente na Europa germánica, e Förstemann recolhe umhas 23 instáncias (ADN: 1264-5): Richari, Richeri, Richar, Richer, Ricocher, Rikheri, Rihhari, Rihari, Riheri, Rihheri... Recolhe tamém um longo número de topónimos associados: Richersperge, Rihherispurga, Riherispuren, Richeriscreberin, Richerisheim, Richershoven, Ribherishusa, Richeresneida, Ricberisdorf. Tamém se da na Catalunha medieval como nome de provável orige gótico, como quer deduzir-se da ausência de metafonia (pola que -hari ˃ -heri): Richarii 963, Richario 1002, Ricarius 1011... (S. Cugat)
Como topónimo nom conheço nengum máis que um extinto, citado num inventario do mosteiro de Sobrado, e que se remete directamente a umha forma genitiva idêntica à conhecida pola crónica hidaciana, e diversa da forma medieval Riziarius:

  • +Rechar (extinto, por Sobrado, Crunha): 'INUENTARIUM DE HEREDITATIBUS SANCTI IACOBI DE SUPERADDO ET DE UILLIS SUIS in territorio de Presens uilla que dicitur Abtuni, Gundree, Taucii, Martelo, Uilar Plano, Marzane, Codessoso, uilla de Rechar, ecclesia Sancti Iuliani de Colimbrianos media cum uilla Petrauco' (Sobrado s.d.)



A minha pessoal suspeita é que o nome puido sofrer entre os suevos algum tipo de damnatio memoriae, a jeito de nome de mal agoiro, reduzindo em moito o seu emprego. Ainda assi, e dado que dificilmente podia ser o único suevo com esse nome, o antropónimo nom desapareceu de todo, mais viu danada a sua popularidade.



5. AGIULFUM ˂ PG *AGIWULFAZ 'Lobo (con) Espada/Lanza'



Umha ou duas pessoas levam este nome, seguindo a crónica de Hidácio. De ser duas pessoas, um seria um suevo, do que só saberíamos que teria esganado ao conde Censório em Sevilha, e o outro um varno, que teria chegado à Galécia junto com o exercito dos visigodos e burgúndios. Ambos compartiriam nome. De ser a mesma, sabemos que é varno, e afundaria na suspeita de ser os suevos umha aliança de gentes germánicas diversas, os mais deles suevos, mais nom todos eles suevos. Seja como for, apresenta-se num primeiro momento como aquel que mata ao conde romano Censório em Sevilha, quando esta cidade estava baixo controlo suevo e o conde era um prisioneiro relevante. Máis tarde já é um cliente godo que entra em rebeldia no ano 456 e se intitula rei dos suevos, a invitaçom de alguns destes. Provavelmente foi um jogador que cambiava de bando e obediência segundo o seu proveito. Foi apressado e morto polos comandantes do rei godo Teodorico no ano 457.
'Per Agiulfum Spali Censurius iugulatur.' (Idat. Chron. 131)
'Aioulfus deserens Gothos in Gallecia residet.' (Idat. Chron. 173)
'Aiulfus dum regnum Suevorum spirat, Portucale moritur mense Junio.' (Idat. Chron. 180)
Iordanes, que trabuca o seu nome por Agrivulfus, descreve a sua rebeldia e derrota, e nos informa da sua orige varna:
'Theoderidus vero victor existens subactis pepercit nec ultra certamine saevire permisit, preponens Suavis, quos subegerat, clientem proprium nomine Agrivulfum. qui in brevi animu praevaricatione Suavorum suasionibus commutans neglexit imperata conplere, potius tyrranica elatione superbiens credenaque se ea virtute provinciam obtinere, qua dudum cum domino suo ea subigisset. vir si quidem erat Varnorum stirpe genitus, longe a Gothici sanguinis nobilitate seiunctus, idcirco nec libertatem studens nec patrono fidem reservans. quo conperto Theodoridus mox contra eum, qui eum de regno pervaso deicerent, destinavit, qui venientes sine mora in primo eum certamine superantes congruam factorum eius ab eo exigerunt ultionem, captus namque et suorum solacio destitutus capite plectitur, sensitque tandem iratum, qui propitium dominum crediderat contemnendum.' (Iordanes, XLIV. )
O nome, comum entre os teutons de toda a Europa (ADN: 26-27), é um composto *Agiwulfaz 'Lobo com Pica/Espada', dos temas proto-germánicos *agiz 'agudo' e *wulfaz 'Lobo' e poeticamente guerreiro. Na crónica hidaciana alternam as formas Agi- e Ai-, como em geral em toda Europa. Tem continuidade na Idade Média na Galiza:
'Ermedrudia filia Sonifrede majore alia filia Sonifrede minore Aciulfus Recedrudia Uanda' (CODOLGA: Santiago 954)
'ego Agigulfo et filiis meis vobis pater nostro domno Cresconio preposito' (Celanova 995)
'Sando ts. Viliulfo ts. Agigulfo ts. Pelagius prolis Ariani notuit' (Celanova 1030)



E na toponímia:

  • Ajulfe / Axulfe (16 hab.- Chantada, Lugo), do genitivo Agiulfi.







6. MASSILA



Hidacio escreve Massilia, como o antigo nome da cidade de Marselha. Isidoro corrige-o, considero que com bom tino, como Massila. De el tam só sabemos que foi o pai do rei Maldras, mais podemos supor que era home influente, que nom precisava introduçom na narrativa para ser reconhecido.
'Suevi qui remanserant in extrema parte Galleciae, Massiliae filium nomine Maldras sibi regem constituunt.' (Idat. Chron. 174)
O seu nome é um diminutivo baseado no tema *mas-, de significado desconhecido. Förstemann apresenta (ADN: 1107) vários nomes derivados o compostos com este tema: Masuus (um suevo semnon recolhido por Dion Cassio), vários Maso ou Masso, o feminino Masa, Masuco, Maselin, Masilidis f, Masenda, Masembold, e máis Massila. Pode ser que a este mesmo grupo pertença o nome Mazon, dum documento de Samos (Lugo) do ano 785? Deste nome provém os seguintes topónimos:
Mazoi / Mazoi (33 hab.- Lugo, Lugo) ˂ *Mazoni
Mazom / Mazón (13 hab.- Pastoriça, Lugo) ˂ *Mazoni



Os seguinte proviriam dum nome derivado *Masito:
Sam Tomé de Maside (910 hab.- Maside, Ourense)
Maside (1 hab.- Pantom, Lugo)
Sam Pedro de Maside (100 hab.- Sárria, Lugo)






7. MALDRAS ou MALDARA



Foi feito rei polos suevos que habitavam nos extremos da Gallaecia polo ano 456, e é apresentado por Hidácio como um home maligno, adicado ao roubo e ao saco desde Lisboa e até o Douro, e que nom duvida em atacar aos mesemos suevos de Porto. Morre degolado, provavelmente pola sua própia gente, no ano 460 da nossa era.
'Suevi qui remanserant in extrema parte Galleciae, Massiliae filium nomine Maldras sibi regem constituunt.' (Idat. Chron. 174)
'Suevi in partes divisi pacem ambiunt Galleciorum; e quibus pars Framtanum, pars Maldras regem appellat. Solito more perfidiae Lusitaniam depraedatur pars Suevorum Maldarem sequens. Acta illic Romanorum caede praedisque contractis civitas Ulixippona sub specie pacis intratur.' (Idat. Chron. 181)
'Iubente Maldere Suevi in solitam perfidiam versi regionem Galliciae adherentem flumini Durio depredantur.' (Idat. Chron. 183)
'Suevi nihilominus Lusitaniae partes cum Maldare, alii cum Rechimundo Galleciae depraedantur.' (Idat. Chron. 188)
'Maldras germanum suum interficit et Portocale castrum idem hostis invadit.' (Idat. Chron. 190)
'Maldras in fine mensis Februarii jugulatus merito perit interito.' (Idat. Chron. 193)
É um nome peculiar, e o emprego por parte de Hidácio dum ablativo Maldare e dum acusativo Maldarem sugere -penso- um tema em consoante, Maldar*, para o que o cronista nos da um nominativo Maldras, provavelmente um derivado dum tema *mald- por médio dum sufixo átono -r-, como nos nomes germánicos medievais galegos Ildras, Gonara ou Wímara (este último, moi frequente, as vezes é declinado cum acusativo Vimarem e ablativo Vimare). Por outra banda, o tema *mald- está provavelmente relacionado co alemám moderno melden 'notificar, anunciar'. Deste tema recolhe Förstemann os que seguem (ADN: 1085-6): Maldeberta (Francia, s VII), Maldefrid (bispo italiano, 1045), Maldegar e Maldegis (Países Bajos), e Maldgunt, Malthildis, Maldalelda, Maltman, Maldomaris, Maldarih, Maldaviu, Maeltuini.
Os seguintes topónimos provavelmente nom esta relacionados co nome Maldras, senom com outro antropónimo germánico, *Mandila, que nom acho empregado enquanto antropónimo, mais si as formas relacionadas Mandinus, Mandulfus e poida que Máncius:
Sam Pedro de Mandrás (108 hab.- San Cristovo de Cea, Ourense)
Mandrás (56 hab.- Celanova, Ourense) ˂ 'in villa de Mandrianes villa quos fuit de Stefano ab integro' (Celanova 1011); 'lias villas de nostra ganantia una quam dicunt Mandrianes, et alias inter sancto Pelagio, et sancta Maria de Ansimir' (Celanova 1043); 'villam mediam quam nuncupant Mandranes quam ganavimus de filios Adaulfo, Licenis, Pelagio, Ruderico et Toda' (Celanova 1095); 'adicimus etiam in Cellariolos de illa portione de Mandilanes medietatem integram' (Celanova 1095)






8. FRAMTAN



Feito rei por umha facçom sueva durante o ano 457, morre um ano máis tarde, nom sabemos em que circunstáncias:
'Suevi in partes divisi pacem ambiunt Galleciorum; e quibus pars Framtanum, pars Maldras regem appellat.' (Idat. Chron. 181)
'Framtane moritur per pascha et pentecosten' (Idat. Chron. 182)
O seu nome é, como o de Maldras, um hápax, de difícil interpretaçom, cum nominativo Framtan ou Framtanes, que lembra ao nome do historiador godo Jordanes. Penso em duas opçons:

  1. Framtan é um derivado trivial do proto-germánico *framadjaz 'estrangeiro', que origina vários nomes europeus: Frandus e Frandildis/Frendonildis (ADN: 517) . O primeiro destes nomes é tardiamente documentado na Galiza:
    'Saluator presbiter monacus, P. Frantus diaconus, G. Fernandi diaconus' (CODOLGA: Ramirás 1245)


  2. Framtan é um derivado do tema *fram- 'diante, primeiro, sobressair, avançar' ˂ PIE *promo-, mediante o sufixo -ntan- que achamos noutros nomes germánicos da Galiza (Maurentan, Ermenton) e Europa (Maorinzan, Coranzan, Peronzan, ADN: 1672).

Este nome nom tem deixado toponímia na Galiza (cousa que si tém feito os nomes do tema *fram: Frameám, Framinhám, Framám...)






9. FRUMARIUS ˂ PG *FRUMAHARJAZ: 'Guerreiro Excelente' (?) ou '(O que comanda) um exército excelente'.



Régulo dumha facçom sueva, parece que como sucessor de Maldras, desde o ano 460 até o 464, e em competência polo reino com Rechimundo. No ano 460, logo dum asalto godo contra os suevos que habitavam nos arredores de Lugo, e pola delaçom de três galaico-romanos, Frumarius detém durante três meses ao bispo Hidácio, saqueando a igreja e o território de Chaves.
'Pars Gothici exercitus a Sunierico et Nepotiano comitibus ad Galleciam directa Suevos apud Lucum depraedatur habitantes; que Dictynio, Spinione et Ascanio delatoribus spargentibus ad terrorem propriae venena perfidiae indigata recurrit ad suos. Ac mox hisdem delatoribus quibus supra Frumarius cum manu Suevorum quam habebat inpulsus capto Ydatio episcopo septimo kalend. Augusti in Aquaeflaviensi ecclesia eundem conventum grandi evertit excidio.' (Idat. Chron. 196)
'Inter Frumarium et Rechimundum oritur de regni potestate dissensio.' (Idat. Chron. 198)
'Frumario mortuo, Rechimundus omnibus Suevis in suam ditionem regali iure revocatis pacem reformat elabsam.' (Idat. Chron. 219)
O seu nome é um composto do elemento PG *frumaz 'primeiro, anterior', com *harjaz 'ejército, guerreiro'; seria 'O guerreiro extraordinário' ou '(O que comanda) Um exército excelente'. Penso que reaparece umha única vez na documentaçom medieval galega, num temperám instrumento copiado no tombo de Sobrado:
'Viliatus ts., Ansuetus presbiter ts., Senta ts., Onesindus ts., Fromari ts., Abolus ts., Cendas ts., Senor ts., Honericus ts.' (Sobrado 787)
Temos tamém um único topónimo baseado neste nome, topónimo que tem a particularidade de ser um sintagma latino formado por um primeiro elemento tamém germánico e suevo (conhecemos o elemento dos longobardos, com rendemento toponímico) sala 'casa':

  • Sanformar (1 hab.- Negueira se Munhiz, Lugo).

Na evoluçom do topónimo teríamos o passo do /l/ a /n/, por dissimilaçom de nasais num contexto de fonética sintáctica:
*Sala Frumari ˃ *Salfromar ˃ Sanformar
A mesma dissimilaçom temos em casos bem conhecidos:
Conimbriga ˃ Colimbria ˃ Coimbra; Nepotiani ˃ Lebozán; Soutomil ˂ Saltomeri (Celanova 1044) ˂ Santomeri (Celanova 1044)
Assemade, o cámbio inverso /lf/ ˂ /nf/ temo-lo no topónimo Santalla de Alfoz ˂ 'sancta Eolalia de Amfeoz' (Celanova s.d.), generado polo genitivo do antropónimo Amphilocius, por perda de /l/ intervocalico.
O Altdeutsches Namenbuch de Förstemann apresenta várias persoas com este mesmo nome, nom excessivamente frequente, com formas como Frumiheri, Frumihere, Frumehere, Frumari, e Frumar, asi como um topónimo, Frumiherestorph, "Casario de Frumario" (ADN: 545).






10. RECHIMUNDUS ˂ PG *RAIKIMUNDUZ ou *RĪKIMUNDUZ: 'Poderoso Protector'



Régulo suevo desde o ano 458, quando parece suceder a Framtan na sua facçom. As suas acçons aparecem restringidas à Galécia Lucense e Bracarense, no entanto os seus rivais Maldras e Frumário preferem a Lusitánica e a Galécia Bracarense. No ano 464 recebe umha embaixada goda em Lugo, e desde esse momento deixamos de ter noticias del, coincidindo no tempo co momento em que Remismundo se converte no único rei suevo, à morte de Frumário. Eu suspeito que Rechimundus e Remismundus poidam ser a mesma persoa, mais nom hai jeito de o provar.
'Suevi nihilominus Lusitaniae partes cum Maldare, alii cum Rechimundo Galleciae depredantur.' (Idat. Chron. 188)
'Rechimundus vicina sibi pariter Auregensium loca, et Lucensis conventus maritima populatur.' (Idat. Chron. 197)
'Inter Frumarium et Rechimundum oritur de regni potestate dissensio.' (Idat. Chron. 198)
'Cum Palegorio viro nobili Galleciae, qui ad supra dictum fuerat regem, Cyrila legatus ad Gallaeciam veniens euntes ad eundem regem legatos obviat Rechimundi: qui regressi in celeri revertentem Cyrilam in Lucensi urbe suscipiunt;' (Idat. Chron. 215)
É um nome composto do PG *raikjan 'alçar-se' ou de *rīkjaz 'poderoso, rico', máis o substantivo *munduz 'mám, protecçom'. Podemos entende-lo como '(O que tem) umha Mám Poderosa', no senso de ser um poderoso patrom e protector. É um nome popular na Galiza na Idade Média:
'Recemondus pbr.ubi presens. Recemondus abba ubi presens fuit' (Lugo 816)
'Espallo ts., Recemundus ts., Busgalla ts.' (Sobrado 835)
'Sisoaldus ts., Recamundus ts., Vimara ts.,' (Sobrado 867)
'Sandinus, Recemundus, Ermegildus' (Samos 878)
'Assemundus ts., Seniaredus ts., Recemundus ts.' (Sobrado 887)
'ipsam ecclesam quod edificauit Reccamundus sacer uel abba' (Samos 904)
'Egila, Sandon, Recemundus, Gundivadus' (Samos 909)
'rationem de Lubello filii Recemundi' (Sobrado 936)
'meos avos nominibus Rekamondo et Miron' (Celanova, 940)
'Gundesindus Aloitiz cf., Recemondus cf., Arias Aloitiz cf.' (Sobrado 968)
'quam tenemus per testamentos domni Recamondi abbatis' (Samos 1009)
'Viliario, Lalli, Recamondo et Placidia' (Celanova 1022)
'et in carrare ubi Rekamondo est habitante.' (Celanova, 1025)
'damus vobis ipsa hereditate in casare de Recemondo' (Celanova 1025)
'Petrus ts. Recamundus ts. Simpronius ts.' (Samos 1026)
'Rekamondo, Stephano Ariastriz, Gudesteo Teodemiriz' (Celanova 1026)
' fuit Recamondo et sua mulier Fulgenza, parentes de Analso et de Manualdo' (Celanova s. XI)
'Gualtado testis., Recemondus testis., Citi testis.' (Samos 1031)
'Froila Recamundici, iudex, conf.' (TA 1087)
'Recacamundus abbas monasterii magne Salagie' (Santiago 1105)
'ego Recemundus Arnaldi canonicus subscripsi.' (CODOLGA: Lugo 1194)


A toponímia derivada deste nome é ainda máis numerosa. Note-se a alternáncia entre as formas com /k/ e as formas com /s/ ou /θ/. Como dixem arriba, umha explicaçom para ela penso que passa por assumir que para os séculos V-VII a tendência latina a palatalizar /ke/ ou /ki/ deixara de ser produtiva na Galiza, afectado só parcialmente à antroponímia e toponímia germánicas:

  • Racamonde (28 hab.- Friol, Lugo)


  • Racamonde (8 hab.- Vilalva, Lugo)


  • Racamonde (12 hab.- Sam Sadurninho, Crunha)


  • Ricamonde (31 hab.- Tui, Pontevedra)


  • Rasamonde (60 hab.- Vimianço, Crunha)


  • Risamonde (16 hab.- Mugia, Crunha)


  • Santa Maria de Raçamonde / Razamonde (freguesia com 172 hab.- Cenlhe, Ourense) ˂ ' in ripa Minei; ecclesiam sancte Marie de Recemundi. cum sua concurrentia' (CODOLGA: Santiago 1142).


  • Recemonde (9 hab.- Cesuras, Crunha) ˂ 'et de Recemundi et de Lubamorta et de Sancto Georgio de Guargiane' (Sobrado 1201); ' in Curtis, in Ladruce, in Recemundi, in Recarei, in Guargiane et in omnibus aliis locis' (Sobrado 1205); ' Guardan, et Texeiro, kasal de Sancio, Espinito, Recimundi, Gunteriz, Villarulio, Oexi' (Sobrado 1160)


  • Recemonde (8 hab.- Pontes de Garcia Rodríguez, Crunha)


  • Recemunde (39 hab.- Pobra do Brollom, Lugo)


  • +Recemundi (extinto, por Cacheiras, Teo, Crunha), em 'concurrentes ad ecclesiam Sancti Simeonis de Aonis, videlicet in Recemundi' (CODOLGA: Santiago 1182). O padroeiro de Cacheiras é Sam Simom de Ons.


  • +Recamundi (extinto, por Monciro, Pol, Lugo), em 'Capite montis, quem Cirium vocant super rivulum aquae Recamundi nuncupatae discurrente ad aquam de Ameneda' (CODOLGA: Lugo 1130).


  • +Ricimundi (extinto, por Sam Romao da Retorta, Guntim, Lugo), em 'quam habeo et habeo debeo in Ricimundi et in/ [+- 2 rus] sub signo sancti Romani de Ritorta' (Lugo 1186, AHN Clero Carpeta 1325G/23, ediçom de Pilar Solís Parga).


  • +Recamundi (extinto, por Satrejas ˂ 'Septem Ecclesias', Monte Roso, Lugo), em 'territorio Septem Ecclesiarum, subtus Monteroso (…) qui habitant in Recamundi; Leouegildum Fafilaci, qui habitat in uilla Leoueredi' (TA 1022)




Surpreendentemente é moito menos frequente em Portugal:




  • Quinta de Recemonde (Lousada, PO)


  • Rocamondo (Guarda, Guarda)




Em Castela e Cantábria temos, partindo dum acusativo e originados provavelmente durante a plena ou baixa Idade Média:

  • Rezmondo (22 hab.- Rezmondo, Burgos)


  • Rocamondo (42 hab.- Valderredible, Cantábria)




É nome relativamente frequente a nivel Europeu, e Förstemann (ADN: 1268) recolhe várias formas como: Rihmund, Rihmunt, Richmund, Richmunt, Richmont, Rycmund, Recamund, Reccimund, Recemund.



Comentarios

  1. Hola, Cossué.

    Te hice caso y ya me hice con el libro de Bascuas: “Estudios de Hidronimia paleoeuropea gallega” , también del mismo autor: “Hidronimia y léxico de origen paleoeuropeo en Galicia” que con: “Indoeuropeos y no indoeuropeos en la Hispania prerromana”, me llevo para éste verano.

    ¿Me recomiendas algún otro o con estos tres tengo suficiente para calentarme la cabeza?.

    Tengo la sensación que, al pie de una hermosa palmera, vamos a discutir algunas tardes de verano con el Sr. Bascuas, ya hojeé uno de los libros y eso de Iria, Pria...como que nó.

    ¡Cómo se echan de menos las tertulias de Celtiberia.net.!

    Un saludo y que pases buen verano.

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  2. Uau!!! Calentita, calentita y echando humo :-) Ojo con el aceite de coco, que es muy inflamable.
    Bascuas da para discutir y mucho (mis ejemplares están llenos de anotaciones y algún que otro juramento en arameo), pero sus análisis suelen antojárseme muy serios y poco autocomplacientes. De Villar poco se puede añadir, aunque suele ser algo descuidado con la toponimia no castellana, de modo que con frecuencia presupone étimos imposibles o muy improbables (podría dar muchos ejemplos.)
    En línea con los anteriores aconsejo de Prósper 'Lenguas y Religiones Prerromanas del Occidente de la Península Ibérica', si no lo has leído. Aunque con frecuencia me encuentro en desacuerdo con sus tesis, más que con sus análisis (especialmente donde ejerce una cierta dote de prestidigitación, como cuando pretende dar por bien fundamentada una tendencia del 'galaico-lusitano' a sonorizar el grupo -nt- > -nd- que no se ve en absoluto confirmada por la toponimia actual, ni es adecuadamente tratada o demostrada en el libro).

    Con respecto a la celti... no pierdo la esperanza de que Silverio tenga un ataque de morriña.

    Buen y provechosos verano.

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